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Carlos Henrique Andreassa do Amaral – 1 Psicologia – Turma B

FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS

Referências Bibliográficas:

Cuche, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. 2.ed. Bauru: EDUSC, 2002.
255 p. (Coleção Verbum). ISBN 85-86259-59-4.

Resumo:

Abordagens do texto:

A importância da palavra nos seus sentidos etimológicos e semânticos nas ciências sociais,
antropologia, sociologia e etnologia e a relação desses sentidos com aqueles que a utilizam;
A evolução da idéia de cultura e as diversas concepções que a palavra “cultura” adquiriu;
A cultura como conceito científico;
O surgimento da etnologia como ciência autônoma;
Os entraves franco-germânicos como motivadores de correntes de pensamento opostas e o
que cada corrente contribuiu para a evolução das ciências sociais;
a evolução do sociologia e etnologia em cada um dos países;
A importância e evolução da antropologia cultural americana;

Capítulo 1

Gênese Social da Palavra


e da Idéia de Cultura
Neste capítulo é retratada a importância da palavra como símbolo
nomeador e seu peso diante da problemática ou solução de determinado contexto em que é
aplicado, e no caso, do texto fichado que indaga sobre a denominação da palavra “cultura”.
E para compreensão da palavra
“cultura” se vê necessário a busca de suas raízes, da genealogia desta palavra
e a avaliação dos diversos valores semânticos que carrega devido as influências
regionais no contexto social que é aplicada.

Evolução da palavra na língua francesa da Idade Média


XIX ao século

A evolução semântica da palavra “cultura” ocorre na França em sua fase iluminista na qual
não foi a influência predominante para a mudança do seu valor semântico,
e sim da evolução natural da língua, pois já era usada no século XVI
com o sentido de ação, oposto aos séculos anteriores que denominava estado –
cultivo do gado ou da terra – e passa a relacionar-se ao ato de cultivar a terra e que pode ser
associada metaforicamente ao fato de trabalhar para desenvolver algo. Somente no século
XVII esse valor metafórico adquire força e passa a ser usado como
complemento de outras faculdades, como cultura da arte ou cultura das ciências.
Somente no século XVIII a “cultura” se desprende dos seus complementos e começa a ter
uma certa autonomia seguindo o caminho inverso observado anteriormente retomando o valor de
estado, mas com o sentido de “estado do indivíduo que tem cultura”. Os pensadores
iluministas concebem a cultura como oposta a natureza, pois pra eles cultura é a acumulação de
conhecimento transmitidos pela humanidade, ao longo de sua história, conhecimento acumulado
pelo individuo. Denominação totalmente condizente com os ideais iluministas, que
se referiam ao progresso,
1evolução do individuo como mola propulsora da evolução da sociedade,
evolução que foi denominada como “civilização”, os progressos coletivos.
A palavra “civilização” relaciona-se as melhorias sociais, como educação,
legislação e instituição e denota o conceito de racionalidade e cultura do individuo, sendo assim
eram selvagens aqueles que não possuíssem esses tais atributos e ficava o dever dos
“civilizados” ajudar os mais atrasados a saírem desse estado de selvageria,
mostrando a posição nada relativista dos iluministas.

O Debate franco-alemão sobre a cultura ou a antítese


“cultura”-
“civilização”

Surge na língua alemã a palavra Kultur devido à influências dos


iluministas que utilizam uma palavra homóloga, cultura. No entanto, Kultur evolui mais
rapidamente dando-lhe um sentido mais restrito devido a divergências entre burgueses intelectuais
alemães e a corte alemã que tanto imitava os franceses. Esses entraves que os
afastavam geraram a motivação para dar uma conotoção diferente a dos
franceses do significado da palavra cultura, associando cultura ao
enriquecimento intelectual e espiritual enquanto civilização estaria relacionada à superficialidade,
aparência brilhante e assim evocando a antítese entre cultura e civilização
e opondo-se aos franceses que acreditavam que cultura e civilização tinha o mesmo valor
semântico mas aplicados a objetos diferentes.
A Intellegentsia (intelectuais alemães burgueses) utiliza a oposição
entre cultura e civilização no âmbito político para consolidar a unidade
nacional alemã e refrear a influência francesa através da culturalização do povo, que até
então era rotulado como aculturado.
Com a revolução Francesa emergindo a qualquer momento a palavra
Kultur começa a abranger toda a nação alemã e “civilização” perde o valor aristocrático
e passa a evocar outra nações, como a França para provar da unificação política alemã e sua
superioridade, assim como a Intellegetsia referia-se à aristocracia alemã devido a busca da sua
legitimidade social. Sendo assim Kultur tende a delimitação e consolidação das diferenças nacionais.
Herder foi o grande opositor ao universalismo francês utilizando do particularismo como
base para a definição de cultura. Ele concebia a cultura como descontinua,
não excluindo as particularidades de outros povos e as influências trocadas entre os mesmos.
É válido lembrar que, no conceito alemão, cultura estava relacionada a “expressão da alma
do povo”e civilização opunha-se com uma definição de progresso ligado ao
desenvolvimento econômico.
A França toma um rumo diferente na questão da evolução da palavra. Cultura passa a ter
um caráter generalizado e toma uma dimensão coletiva, mas
continuando o pensamento universalista. Mas surge o conceito de “Cultura Humana” que
engloba as diferentes culturas.
A rivalidade franco-alemã dá continuidade e acirra-se no século XX com as guerra de 1914-
1918 e as concepções de cultura começam a ser utilizadas como armas ideológicas, e com isso há
um refreamento no avanço do conceito de cultura nas ciências sócias.
Capítulo 2

A Invenção do
Conceito Científico de Cultura
Surge no século XIX a sociologia e a etnologia como resultado da reflexão sobre o homem e a
sociedade e as diversidades dos povos e costumes a que isso remete. O
foco principal dos primeiros etnólogos, que tem sua origem no Iluminismo, é de resolver a
problemática a respeito da diversidade na unidade, ou seja, a diversidade da cultura humana e não a
“raças”diferentes.
O pensamento etnológico divide-se em dois postulados, o evolucionista
que minimiza a diversidade, reduzindo-a a sua temporaneidade e o outro que foca a diversidade
e sua relação com a unidade fundamental da humanidade.
É a “cultura” que será a base para os estudos desses dois postulados deixando o sentido
normativo classificando-a para ter um sentido descritivo somente descrevendo como ela é.
A oposição entre as duas escolas que tem suas origens na universalismo e particularismo,
utilizando o conceito (cultura) no singular e no plural (culturas) respectivamente.

Tylor e a Concepção universalista da cultura

O antropólogo britânico Edwad Burnett Tylor2 influenciado por etnólogos


alemães é o primeiro a dar uma definição etnológica de cultura que consiste na expressão da
totalidade da vida social do homem caracterizada pela dimensão coletiva sendo
adquirida com caráter e origem inconscientes. Acreditava que a o entrave
das diferentes definições de cultura e civilização relacionavam-se ao contexto
histórico da época, e que a palavra cultura, com sua nova definição etimológica
abrangia a toda a humanidade, não excluindo os povos ditos “primitivos”, mostrando um
pensamento mais relativista.
É a partir do seu livro Cultura Primitiva que a etnologia é
inaugurada como ciência abordando os diversos tipos de sociedades e seus aspectos
particulares. E através dos seus estudos, baseados num método comparativo,
conclui que os “povos primitivos contemporâneos representavam globalmente a cultura
original da sociedade”.
Tylor tentava provar que as diversas sociedades diferenciavam-se apenas pelo seu estágio
evolutivo e que o selvagem caminharia rumo a civilidade, um conceito
evolucionista, mas ainda assim ele tinha hipóteses difusionistas que consistiam
na troca cultural entre duas culturas diferentes que poderiam estar em
estágios diferentes, sendo assim explicando algum traços culturais similares.

Franz Boas e a concepção particularista de cultura

Franz Boas, foi o inventor da etnografia, pois foi o primeiro


a fazer pesquisas por observações diretas, in situ, estudando diversos povos.
O conceito etnológico de Boas consistia em desmontar a noção de “raça” e
conceituou, através de métodos estatísticos, que seria impossível classificar o
homem por raças devido a mutabilidade de caracteres raciais que dificultavam a definição
precisa de “raça”. Sendo assim as diferenças entre os povos é puramente “cultural”e não racial.
Surgindo assim o relativismo cultural que para ele é um princípio metodológico.
Acreditava que somente pelo método da observação sem
preconceito, prolongada e sistemática, do detalhamento minucioso do cotidiano do povo a ser
estudado, aprendendo a língua deste, seria capaz de entender a complexidade da cultura desse
povo, de que fazia a originalidade deste, e a ligação do indivíduo e sua cultura.
Opostamente a Tylor, Boas acreditava em diferentes culturas e não
em uma unidade cultural. Devido ao seu rigor científico, tentava provar
todas suas pesquisas empiricamente, rejeitando qualquer falsa construção histórica e
positivista.
Boas precedeu a antropologia cultural norte-americana que viria a ser desenvolvida.

A idéia de cultura entre os fundadores da etnologia francesa

É na França que surge a sociologia como disciplina científica, que acabou sendo o freio para o
desenvolvimento da etnologia francesa, pois a sociologia ocupa todo o espaço da pesquisa sobre as
sociedades humanas.
A concepção francesa de cultura ainda tem um sentido elitista e individualista bloqueando o
conceito descritivo de cultura, além da falta de pesquisas de campo e o entrave com os alemães,
criando uma tentativa de afirmação perante o vizinho e dificultando o
desenvolvimento da etnologia francesa, na qual a alemã se desenvolveu tanto.

Durkheim e a abordagem unitária dos fatos de cultura

Emile Durkheim, um sociólogo etnólogo, foi o criador da revista O Ano Sociológico e através
desta consolidou a antropologia francesa. Ambicioso em compreender o social
em todos as suas dimensões e aspectos através de todas as formas
de sociedade concebeu um pensamento etnológico francês que há tempos estava
incubado no meio intelectual francês.
Adepto ao relativismo social, não concebia diferenças de natureza
entre primitivos e civilizados, recusando teorias redutoras e unilineares de
evolução que consistiam num futuro idêntico para toda a humanidade, afirmando que a
normalidade é relativa a cada sociedade e seu nível de desenvolvimento.
Apesar de não utilizar a palavra cultura, substituída por civilização, ele se preocupava com a
cultura, na qual acreditava que fazia parte de fenômenos simbólicos que
estavam diretamente relacionados aos fenômenos sociais, portanto contrariando a
concepção dualista de civilização e cultura, pois ambas estão integradas.
Ele definia civilização como um conjunto desses fenômenos sociais ligados a um organismo
social particular, que se estendem e influenciam outras sociedades, a base da teoria difusionista na
qual acrescentou a noção de “período” mesmo sendo contra a reconstituições históricas imprecisas,
pois utilizava um procedimento empirista e não aceitava o comparativismo especulativo.
Durkheim afirmava a prioridade da sociedade sobre o indivíduo e fez
hipóteses sobre o consciente coletivo, na qual acreditava ser a realizadora da unidade e coesão de
uma sociedade.

Lévy-Bruhl e a abordagem diferencial

Lévy-Bruhl não teve tanta repercussão quanto Durkheim, mas foi de grande
importância para a fundação da etnologia francesa, com sua concepção de cultura diferencial.
O centro de sua atenção são as diferenças de “mentalidade” na qual não se distanciava da
acepção etnológica de “cultura”, termo que praticamente não utilizava. E através desse
conceito diferencial, classificou a “mentalidade” em civilizada e primitiva. Apesar de ter
uma conotoção etnocêntrica ele se preocupou em definir esses dois conceitos como
derivados um do outro, “são dois momentos de uma mesma evolução”, naada mais é
que uma ferramenta para pensar a diferença. Pois ele afirmava que “o que difere os
grupos são os modos de exercício do pensamento e
não suas estruturas psíquicas profundas”. E através desse pensamento criticou a
unidade do psiquismo humano, vindo de Durkheim e o animismo dos primitivos conceituado por
Tylor.
Os dois conceitos de mentalidade não são modos de classificar as diversas sociedades, mas
de definir qual deles é mais proeminente em uma determinada sociedade, coexistindo numa mesma e
indicando uma orientação geral desta, pois o raciocínio dentro de uma mesma cultura não poderia ser
estável e homogêneo.

Capítulo 3

O triunf o do
Conceito de Cultura

O conceito de cultura não se desenvolve igualmente em todos os


países, mas tem sua melhor acolhida nos Estados Unidos e na
antropologia americana que torna-se sinônimo de antropologia cultural pois nela não há
declínios e age de maneira acumulativa.
Tal acontecimento deve-se a identidade americana considerada pluriétnica
composta de imigrantes e resulta num “federalismo cultural” que consiste na continuidade da
cultura de origem do imigrante com influências de outras culturas de outros imigrantes com seu
palco em um novo ambiente social. E por isso privilegia a pesquisa sobre os
fenômenos de imigração e relações interétnicas. Enquanto a etnologia francesa atrasou-se a
desenvolver-se devido a exaltação nacional e idéia de representação unitária de nação.
A antropologia americana tem abordagens teóricas diferenciadas
conotadas como culturalistas: a primeira é a cultura vista pela perspectiva histórico cultural, a
segunda elucida as relações entre coletivo e individuo e a terceira a cultura como sistema de
comunicação.

A herança de Boas: a História cultural

Boas dá grande contribuição a etnologia através da sua pesquisa


sobre a dimensão histórica dos fenômenos culturais, que serão retomados mais
tardiamente, por outros etnólogos que se utilizam do difusionismo, mas de maneira mais
refinada, usando a noção de “área cultural” e
“traços culturais” em que a primeira é formada pelo menor componente de uma cultura,
que é a segunda. Tal conceito tem seu ponto negativo, pois só é bem aplicado em áreas geográficas
mais ou menos coincidentes, mas em áreas em que as fronteiras não são muito nítidas existe a
dificuldade os traços culturais mais significativos.
Outra grande contribuição de Boas é o conceito de “modelo cultural” que
“designa o
conjunto estruturado dos mecanismos pelos quais uma cultura se adapta a seu meio ambiente.
Através desses estudos, surge a oportunidade de pesquisas voltadas a aculturação e trocas
culturais e novas perspectivas de como essas trocas ocorrem.

Malinowski e a análise funcionalista da cultura

Malinowaski teve como motivação os excessos interpretativos de alguns


difusionistas, se opondo a tentativas de escrita da história das culturas de
tradição oral. Criticou o difusionismo voltado para o passado e o evolucionismo voltado para
o futuro e propõe o funcionalismo centrado no presente. E através desse pensamento
desenvolve o método de observação participante, seu grande mérito, que consiste na
participação efetiva do observador na cultura a ser estudada.
Ele acredita na harmonização entre os elementos formadores de um sistema cultural, que
tem como função satisfazer as necessidades do homem (teoria da
necessidade), levando ao equilíbrio e conservação da cultura idêntica em si mesma. Essa
proposta subestima a tendência a alterações próprias de cada cultura. A criação de
instituições designa as soluções coletivas, a funcionalidade referente as
necessidades do individuo. Ele coloca como primeira a instituição diante dos
traços culturais que a compõe, pois esses traços de nada valem sem a
organização conseguida pela instituição.
Sua teoria acaba por gerar um impasse e ele retoma os estudos da natureza humana. Seu
funcionalismo mostra suas limitações por não conseguir enxergar as mudanças
internas de uma cultura.

A escola “cultura e personalidade”

A partir da década de 30, a antropologia começa tomar outro caminho, pois


o estudo da cultura se fez de maneira abstrata demais e a relação
individuo/cultura não foi levado em consideração.
A base conceitual dessa escola é a definição de cultura
como inexistente fora dos indivíduos, mesmo que haja uma independência em relação
aos indivíduos. A cultura passa a ser vista como totalidade e o foco é direcionado às
descontinuidades entre as diferentes culturas.
Os métodos dos pesquisadores dessa escola divergem na priorização de
qual entidade influencia e qual é influenciada – a cultura influencia o individuo e a outra o
individuo estimula a cultura.
Sua hipótese fundamental é que a pluralidade de culturas corresponde a
pluralidade de tipos de personalidade.

Ruth Benedict e os “tipos culturais”

Ruth Benedict, aluna e em seguida assistente de Boas aplicou-se a


definição dos “tipos culturais” caracterizados pelas suas orientações gerais e escolhas significativas
feitas entre opções possíveis. Tais opções estariam dentro de um “arco cultural” que teria uma
limitação ao número de tipos culturais possíveis, sendo assim passiveis de classificação.
Ela utiliza a idéia de “modelo cultural” que implica a idéia de totalidade
homogênea e coerente. Esse modelo é definido de acordo com seus objetivos
que organizados em instituições moldarão todos os seus comportamentos. Assim a cultura
ofereceria o esquema inconsciente para as atividades a vida.

Margaret Maed e a transmissão cultural

Margarete Mead estudou como o indivíduo recebe a cultura e as conseqüências


que isso provoca na sua personalidade através da análise de modelos de educação. E através do
estudo de três sociedades da Oceania descobriu que a personalidade individual
independe de caracteres biológicos e se explica pelo “modelo”cultural que influencia o
individuo desde o seu nascimento e na idade adulta ele se conforma com os
princípios fundamentais da cultura. É o processo de
“enculturação”. A partir dessas análises afirmou que existe um estreito vínculo entre
modelo
cultural, método de educação e tipo de personalidade dominante.
Linton, Kardiner e a “personalidade básica”

“Personalidade básica” é o conceito usado por Ralph Linton daquilo que é comum a todos
os membros de um determinado grupo, no qual acredita ser o objeto de estudo da
antropologia, pois o que confere aos aspectos individuais relaciona-se a psicologia.
A partir desse conceito Linton afirmou que as variações entre culturas
se dá através da predominância de um tipo de personalidade. E que cada
individuo adquire esse fundamento através do sistema educativo próprio de sua sociedade.
A aquisição da personalidade básica será objeto de estudo de Kardiner, que trabalha com
Linton. “Ele estudará como se forma a personalidade básica no individuo através das “instituições
primárias” (família e sistema educativo) e como essa personalidade básica reage sobre a cultura do
grupo produzindo um mecanismo de projeção, as “instituições secundárias” (sistemas de valores e
crenças) que compensam as frustrações provocadas pelas instituições primárias, levando a cultura a
evoluir insensivelmente.”
Acreditava que nenhum individuo carrega todo o conhecimento de sua
cultura, gerando modulações de maior ou menor grau de uma
mesma personalidade básica que são as
“personalidades estatuárias”. Além de afirmar que as mudanças na cultura ocorrem pela maneiras
diferentes de cada individuo adquirir a cultura da sociedade em que vive, resultando em altera ções
na personalidade básica e assim levando evolução interna de cada cultura.

Lévi-Strauss e a análise estrutural da cultura

O Francês Lévi-Strauss retomou o conceito de totalidade cultural sob


nova perspectiva, influencia da antropologia americana, na qual teve poucos adeptos na França.
Ele tomou emprestado algumas idéias essências de Ruth Benedict, como o modelo cultural, a
limitação de números de culturas, as sociedades primitivas como
objeto de estudo para determinar as combinações possíveis de elementos
culturais. Mas a influência da antropologia americana cessa por ai, pois deixa o
particularismo de lado e passa a analisar as invariabilidades da Cultura, as invariantes, aquilo
que é comum a diferentes culturas. A partir desse novo foco de pesquisa
cria a antropologia estrutural, que pretende retornar aos fundamentos
universais da Cultura.

Culturalismo e sociologia: noções de “subcultura” e de “socialização”

A sociologia americana recebe grande influencia da antropologia americana,


utilizando a noção de cultura e até apropriando-se dos métodos de pesquisa antropológicos.
Através da utilização dessa noção de cultura surge o conceito de “subcultura” em que cada
grupo social faz parte de uma subcultura particular e deste modo aumenta nos EUA o
estudo de comunidades urbanas.
Outro conceito surge, o de “socialização” que é entendido como o processo de integração do
individuo a uma determinada sociedade ou grupo social pelo modo de pensar, agir e sentir.
A abordagem interacionista da cultura
Surge uma nova abordagem com Sapir que acreditava que a
cultura situava-se nas interações sociais. Posteriormente essa idéia foi
sistematizada e outro autores interacionistas focarão na produção dos sentidos que as
interações entre os indivíduos produzem.
Na década de 50 surge outra corrente que leva em consideração tanto a linguagem verbal
quanto a não-verbal entre os indivíduos. A intenção dos seguidores dessa
corrente é analisar os processos de interações que produzem sistemas culturais de
troca em um determinado contexto, tornando possível pensar a
heterogeneidade de uma cultura ao invés de uma pseudo-
homogeneidade.
Os interacionistas utilizam o conceito de subcultura que a concebem
como parte de um todo globalizado, a cultura, mas sem excluí-las como culturas inteiras.

Conclusão em Forma de paradoxo: Um bom uso do relativismo cultural


e do etnocentrismo

A palavra cultura, no decorrer de sua existência, tomou vários significados, começando pelo
sentido semântico estritamente etimológico até ser carregada de outros significados de acordo com
as correntes antropológicas, sociológicas e etnológicas, gerando algumas discrepâncias a
respeito do seu significado, interpretada por alguns como um eufemismo da palavra
“raça”. Mas pelas ciências sócias foi utilizada como um conceito base para os estudos dessa
ciência.
Com o conceito de cultura melhor definido, o relativismo cultural tomou corpo e se tornou
um alicerce para os estudos antropológicos, mesmo carregando vários
conceitos sobre ele, observados nos capítulos anteriores, levando a uma ambigüidade.
O etnocentrismo é considerado como fenômeno normal que faz
parte de qualquer sociedade. Ele tenta assegurar a afirmação e preservação de uma
sociedade em relação as outras, elegendo-se como superior para não haver uma
desagregação dessa sociedade. É válido elucidar que o etnocentrismo só deve
ser considerado como aceitável para as sociedades e não nas pesquisas
antropológicos, pois carrega o pesquisador de preconceitos levando a um
julgamento errado da sociedade estudada.

Notas: 1 - em itálico - por mim.


2 - “cultura é o conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a
moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos
pelo homem enquanto membro da sociedade.” E. B. Tylor

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