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Brasília, 7 a 11 de abril de 1997 - Nº 66

Data (páginas internas): 16 de abril de 1997

Este Informativo, elaborado pela


Assessoria da Presidência do STF a partir de
notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Crimes Dolosos Contra a Vida: Inquérito
Defensoria: Atuação perante Tribunais
Estabilidade Financeira: LC 43/92 de SC
Lei de Segurança Nacional
Pensão Alimentícia
Protocolo de Las Leñas
Reclamação: Cabimento
Reincidência
Soldo e Salário Mínimo
“Sursis”
Suspensão de Segurança: Competência

PLENÁRIO
Protocolo de Las Leñas - 1
Com a entrada em vigor do Protocolo de Las Leñas
(Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em
Matéria Civil, Comercial, Trabalhista, Administrativa,
concluído pelos governos da Argentina, do Brasil, do
Paraguai e do Uruguai, em 27 de junho de 1992, no âmbito
do Tratado de Assunção, e promulgado pelo Decreto 2.067,
de 12 de novembro de 1996), as sentenças estrangeiras
oriundas dos países integrantes do MERCOSUL poderão ser
homologadas e executadas no Brasil mediante carta
rogatória, à vista do que dispõe o art. 19 do Protocolo (“O
pedido de reconhecimento e execução de sentenças e de
laudos arbitrais por parte de autoridades jurisdicionais será
tramitado por via de cartas rogatórias e por intermédio da
Autoridade Central.”).

Protocolo de Las Leñas - 2


Com esse entendimento, o Tribunal julgou
procedente agravo regimental interposto contra decisão que
indeferira, na linha da jurisprudência do STF, exequatur à
carta rogatória originária da República Argentina ao
argumento de que ela tinha caráter executório (CR 3.237 -
RTJ 95/46, CR 5.705, CR 5.707, CR 5.715, entre outras).
Determinou, ainda, a devolução dos autos à Procuradoria-
Geral da República para que se pronuncie sobre a satisfação
dos requisitos do exequatur, à vista dos arts. 18 a 20 do
referido Protocolo. CR 7.613-Argentina (AgRg), rel. Min.
Sepúlveda Pertence, 3.4.97

Suspensão de Segurança: Competência


Não compete ao Presidente do STF o julgamento
de pedido de suspensão de liminar concedida em primeira
instância e confirmada por tribunal em sede de agravo de
instrumento. Com base neste fundamento, o Tribunal,
julgando agravo regimental interposto contra decisão do
Presidente em exercício que indeferira suspensão de liminar
requerida pelo Estado de Santa Catarina, não conheceu do
pedido de suspensão, dando por prejudicado o julgamento do
agravo regimental. A liminar cuja suspensão se pretendia
determinou a liberação de R$ 67.634,36 para o tratamento de
saúde, a ser feito no exterior, de portador de doença rara
denominada distrofia muscular de Duchenne. Precedentes
citados: SS 582-RJ (RTJ 150/695) e PET (AgRg) 810-DF
(DJU de 8.4.94). Petição 1.246-SC (AgRg), rel. Min.
Sepúlveda Pertence, 9.4.97.

Crimes Dolosos Contra a Vida: Inquérito


Julgada medida cautelar em ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada pela Associação dos
Delegados de Polícia do Brasil - ADEPOL contra a Lei
9.299/96 que, ao dar nova redação ao art. 82 do Código de
Processo Penal Militar determina que “nos crimes dolosos
contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar
encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça
comum.” Afastando a tese da autora de que a apuração dos
referidos crimes deveria ser feita em inquérito policial civil e
não em inquérito policial militar, o Tribunal, por maioria,
indeferiu a liminar por ausência de relevância na argüição de
ofensa ao inciso IV, do § 1º e ao § 4º do art. 144, da CF, que
atribuem às polícias federal e civil o exercício das funções de
polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares. Considerou-se que o dispositivo impugnado não
impede a instauração paralela de inquérito pela polícia civil.
Vencidos os Ministros Celso de Mello, relator, Maurício
Corrêa, Ilmar Galvão e Sepúlveda Pertence. ADIn 1.494-DF,
rel. orig. Min. Celso de Mello, rel. p/ ac. Min. Marco
Aurélio, 9.4.97.

Reclamação: Cabimento
A recorribilidade da decisão que usurpa a
competência do STF ou desafia a autoridade de suas
decisões não impede que, desde logo, seja ajuizada a ação de
reclamação perante esta Corte (CF, art. 102, I, l). Precedente
citado: RCL 329-SP (RTJ 132/620). RCL 655-ES (AgRg),
rel. Min. Sepúlveda Pertence, 10.4.97.

PRIMEIRA TURMA
Estabilidade Financeira: LC 43/92 de SC
Não ofende a garantia do direito adquirido lei que,
no tocante à parcela remuneratória decorrente do exercício
de cargo em comissão, adota critérios de reajuste
diferenciados a) para os servidores que se encontrem no
efetivo exercício desses cargos, e b) para os servidores,
aposentados ou não, beneficiados pelo instituto da
estabilidade financeira (incorporação da diferença de
remuneração entre o cargo efetivo e o cargo em comissão em
virtude do exercício deste por determinado período de
tempo). Com base nesse entendimento, a Turma reformou
decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina que,
fundada no princípio da intangibilidade do direito adquirido
e no da isonomia, determinara a observância, no reajuste da
parcela remuneratória incorporada por servidor aposentado,
dos mesmos critérios aplicáveis aos servidores em exercício
de cargos em comissão. RE 193.810 - SC, rel. Min. Moreira
Alves, 1º.4.97.

“Sursis”
A existência de processo criminal, no qual o acusado
foi absolvido, não pode ser levada em conta para a
caracterização de maus antecedentes. Afastando essa
circunstância judicial que motivara o indeferimento do
sursis , a Turma deferiu em parte habeas corpus para que o
Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul se pronuncie
novamente sobre a concessão, ou não, daquele benefício. HC
74.977-MS, rel. Min. Ilmar Galvão, 8.4.97.

Reincidência
O prazo qüinqüenal do art. 64, I, do CP (não
prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior
tiver decorrido período de tempo superior a cinco anos,
computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação) conta-se
da data em que extinta a pena (CP, art. 82), e não do dia da
sentença declaratória do cumprimento das condições do
sursis. Com esse entendimento, e reconhecendo que, no
caso, a condenação anterior embora pudesse ser considerada
nos antecedentes não mais se prestava à caracterização da
reincidência, a Turma, excluindo o acréscimo desta
agravante, deferiu em parte habeas corpus para reduzir a
pena a um ano de reclusão. Em conseqüência, determinou
que o Tribunal de origem se manifestasse sobre o regime
inicial de cumprimento da pena e sobre a concessão, ou não,
do sursis. Precedente citado: HC 73.394-SP ( DJU de
21.03.97). HC 74.967-SP, rel. Min. Moreira Alves, 8.4.97.

Defensoria: Atuação perante Tribunais


Não sendo a sustentação oral ato essencial para o
julgamento de recursos criminais, a falta de Defensor
Público para atuar junto ao Superior Tribunal Militar não
acarreta a nulidade de seus julgados. Com esse
entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus impetrado
pela Defensoria Pública junto à Justiça Militar de primeira
instância no qual buscava a anulação do julgamento da
apelação, ao argumento de que, apesar do disposto no art. 14,
da LC 80/94 (“A Defensoria Pública atuará nos Estados, no
Distrito Federal e nos Territórios, junto à Justiça Federal,
do Trabalho, Eleitoral, Militar, Tribunais Superiores e
instâncias administrativas da União.”), o acusado, pessoa
necessitada, não tivera a assistência de representante daquela
Instituição naquela oportunidade. HC 75.023-RJ, rel. Min.
Sydney Sanches, 8.4.97.

SEGUNDA TURMA
Soldo e Salário Mínimo
Julgando recurso extraordinário interposto pelo
Estado do Rio Grande do Sul contra decisão que reconhecera
a policiais militares do Estado o direito a vencimento básico
(soldo) não inferior ao salário mínimo nos termos do art. 29,
I, da CE (“São direitos do servidores públicos civis do
Estado...: I - vencimento básico ou salário básico nunca
inferior ao salário mínimo fixado pela União...”), a Turma,
por maioria, não conheceu do recurso, afastando o
argumento de que apenas a remuneração dos referidos
servidores submeter-se-ia a esse piso salarial. Vencido o Min.
Marco Aurélio. Precedente citado: ADIn 751-GO (RTJ
142/86). Matéria semelhante encontra-se sob julgamento
plenário no RE 198.982-RS (v. Informativo 53). RE
205.491-RS, rel. Min. Carlos Velloso, 1º.4.97.

Lei de Segurança Nacional


Prosseguindo no julgamento de dois habeas corpus
interpostos em favor de diretores de fábrica e de
transportadora de armamento militar aos quais é imputado o
extravio, fora do território nacional, de armas militares, a
Turma concedeu a ordem para determinar o trancamento da
ação penal, ao argumento de que o suposto extravio, tal
como ocorrido, não expôs a perigo os bens jurídicos
protegidos pelo art. 1o da Lei de Segurança Nacional. HC
73.451-RJ e HC 73.452-RJ, rel. Min. Maurício Corrêa,
8.4.97
Pensão Alimentícia
Julgando habeas corpus impetrado contra decisão do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que negara efeito
suspensivo a agravo de instrumento interposto contra decisão
que decretara a prisão do paciente por inadimplemento de
obrigação alimentícia, a Turma deferiu em parte a ordem
para sustar o cumprimento do mandado até o julgamento
definitivo do mencionado agravo, relativamente às
prestações que, pelo transcurso do tempo, perderam o caráter
alimentar. Ressalvou-se, no entanto, a possibilidade de prisão
imediata do paciente, caso não sejam pagas as três últimas
prestações vencidas. HC 74.663-RJ, rel. Min. Maurício
Corrêa, 8.4.97

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 9.4.97 10.4.97 6


1ª Turma 8.4.97 --------- 215
2ª Turma 8.4.97 --------- 20

CLIPPING DO DJ
11 de abril de 1997

ADIn N. 487-5 - medida liminar


RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Ação direta baseada nos artigos 225, § 4º, e 5º, XXII,
da Constituição.
Sem negar a relevância da fundamentação, mas ponderado o
interesse coletivo na preservação do meio ambiente, indefere-se por
maioria, a cautelar, quanto ao art. 1º do Decreto nº 99.547-90, que
proíbe, por prazo indeterminado, o corte e a respectiva exploração
da vegetação nativa da Mata Atlântica.
Cautelar indeferida, por unanimidade, quanto ao art. 2º do mesmo
Decreto, que dispõe sobre o exercício da fiscalização de projetos,
pelo IBAMA.

ADIn N. 640-1
REL. P/ ACORDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
PROVIMENTO DOS CARGOS DE DIREÇÃO DE UNIDADES
ESTADUAIS DE ENSINO POR ELEIÇÃO: ART. 196, VIII, DA
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, LEI Nº 10.486, DE 24.07.91, E
DECRETO Nº 32.855, DE 27.08.91, TODOS DO ESTADO DE
MINAS GERAIS. INCONSTITUCIONALIDADE: ART. 37, II, IN
FINE, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
1. Cabe ao Poder Executivo fazer as nomeações para os cargos em
comissão de diretor de escola pública (CF, art. 37, II, in fine).
2. É inconstitucional a norma legal que subtrai esta prerrogativa do
Executivo, ao determinar a realização de processo eleitoral para o
preenchimento destes cargos.
3. Ação direta julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade do art. 196, VIII, da Constituição Estadual, da
Lei nº 10.486/91 e do Decreto nº 32.855/91, todos do Estado de
Minas Gerais.

ADIn N. 1332-7 - medida liminar


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - Direito Constitucional e Tributário.
I.C.M. em operação de venda de bens salvados de acidente, por
seguradoras.
Ação Direta de Inconstitucionalidade das expressões "e a
seguradora", contidas no inciso 10 do parágrafo único da Lei n°
1.423, de 27.01.1989, do Estado do Rio de Janeiro.
I - Legitimidade ativa da Confederação Nacional do Comércio (art.
103, I, IX, da C.F.).
II - Alegação de ofensa ao art. 22, "caput", e seus incisos I e VII,
153, V, 155, I, "b", e 145, § 1°, 155, § 2°, I, "b", da C.F. (...)
2. São juridicamente relevantes os fundamentos da presente A.D.I.
("fumus boni iuris") e está presente, também, o requisito relativo ao
"periculum in mora", sobretudo depois que o Superior Tribunal de
Justiça, por sua Seção competente, passou a considerar devido o
I.C.M., pelas Seguradoras, nas operações de venda de bens salvados
de acidentes por elas cobertos.
3. Medida cautelar deferida para suspensão, "ex-nunc", da eficácia
das expressões "e a seguradora", constantes do inciso 10 do
parágrafo único do art. 18 da Lei n° 1.423, de 27.01.1989, do Estado
do Rio de Janeiro.
* noticiado no Informativo 16

ADIn N. 1364-5 - medida liminar


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Ação de declaração de inconstitucionalidade. 2.
Instrução Normativa nº 207/1993, item 3, e Instrução Normativa nº
218/1993, ambas expedidas pelo Corregedor-Geral da Justiça do
Estado de Minas Gerais. Alegação de ofensa ao art. 22, XXV, da
Constituição Federal. 3. A Instrução Normativa nº 207/1993 foi
baixada, em virtude da promulgação da Lei federal, nº 8560/1992,
que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do
casamento, e traça orientações tidas como convenientes à aplicação
da Lei mencionada. A ação direta de inconstitucionalidade não é, no
caso, de conhecer-se, porque nela se pretende, em realidade, é ver
reconhecida a ilegalidade da Instrução Normativa, em face da Lei nº
8560/1992, de cuja aplicação cuida. 4. Na Instrução Normativa nº
218/1993, impugna-se a inclusão do termo casamento, no item 1,
sustentando-se que a Constituição assegura gratuidade às pessoas
reconhecidamente pobres, quanto a certidões de registro civil de
nascimento e óbito, não, assim, no que concerne às certidões de
casamento. 5. Está no art. 226, § 1º, da Constituição, que o
casamento é civil e gratuita a celebração. Falta de relevância jurídica
ao pedido de cautelar, na espécie, em ordem a autorizar, desde logo,
a suspensão de vigência da Instrução Normativa nº 218/1993, não
havendo, além disso, a autora demonstrado o periculum in mora, in
casu. A ação pode, entretanto, no ponto, ser conhecida, porque o ato
normativo impugnado diz imediatamente com a interpretação dos
arts. 226, § 1º, e 5º, LXXIV e LXXVI, da Constituição Federal. 6.
Ação conhecida, em parte, e, nessa parte, indeferida a cautelar.

ADIn N. 1509-5 - medida liminar


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO.
DISTRITO FEDERAL: LIMITES TERRITORIAIS. ALTERAÇÃO.
REGIÕES ADMINISTRATIVAS.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: LEI N° 899,
DE 08.08.1995. ARTIGOS 18, §§ 3° E 4°, 61, § 1°, 32, § 1°, 25, 71,
§ 1°, inc. IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
1. A Lei n° 899, de 08.08.1995, do Distrito Federal, transferiu de
uma Região Administrativa (Ceilândia), para outra (Brazlândia),
parte de certa área territorial, onde situado o Núcleo denominado
INCRA 09 do Projeto Integrado de Colonização Alexandre de
Gusmão.
2. O Governador do Distrito Federal, alegando que a Lei alterou os
limites do território do Distrito Federal, incorporando-o, em parte,
ao Estado de Goiás, ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade,
alegando violação dos §§ 3° e 4° do art. 18 da Constituição Federal.
3. Relevância dos fundamentos jurídicos da Ação, que mais se
reforça ante o silêncio da Câmara Legislativa do DF, que deixou de
prestar as informações requisitadas, como que admitindo a
procedência do alegado na inicial.
4. Ainda que assim não fosse, é de se considerar que a Constituição
Federal, no art. 61, § 1°, inc. II, "b", estabelece competir
privativamente ao Presidente da República a iniciativa de lei que
disponha sobre a organização administrativa federal, prerrogativa
que cabe ao Governador do Distrito Federal, quando se trate dessa
unidade da Federação (artigos 32, § 1°, 25 da C.F.).
5. O Distrito Federal rege-se por sua Lei Orgânica, como determina
o art. 32 da C.F. E essa Lei, no art. 71, § 1°, inc. IV, estabelece
competência privativa do Governador, para as Leis que disponham
sobre "criação, estruturação, restruturação, desmembramento,
extinção, incorporação, fusão e atribuições das Secretarias de
Governo, órgãos e entidades da administração pública, sendo as
Administrações Regionais, correspondentes às Regiões
Administrativas, órgãos da administração.
6. No caso, a iniciativa da Lei não foi do Governador, mas de
parlamentar, o que também põe em dúvida sua validade sob o
aspecto formal.
7. Quanto ao "periculum in mora" é manifesto, pois, durante a
tramitação do processo, haverá o risco de alteração indevida dos
limites territoriais do Distrito Federal e, até, segundo se alega, do
Estado de Goiás, com as complicações disso decorrentes, ficando,
assim, igualmente evidenciada, a alta conveniência da
Administração na suspensão da eficácia da Lei.
8. Medida cautelar deferida, para suspensão, "ex nunc", da eficácia
da Lei n° 899/95 do DF, até o julgamento final da ação.
9. Plenário. Decisão unânime.

ADIn N. 1515-0 - medida liminar


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO
E DO TRABALHO.
SERVIDOR DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: FÉRIAS:
ADIANTAMENTO DA REMUNERAÇÃO. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE: ART. 1º DA LEI N° 1.139, DE
10.07.1996, DO DISTRITO FEDERAL. MEDIDA CAUTELAR.
1. Estabelece o art. 1º da Lei n° 1.139, de 10.07.1996, do Distrito
Federal: "o adiantamento da remuneração de férias a servidor da
administração direta, indireta, autárquica e fundacional do Distrito
Federal será concedido no percentual de 40% (quarenta por cento)
da remuneração líquida do respectivo mês, mediante solicitação
expressa do servidor".
2. A expressão "servidor da administração indireta" abrange o
servidor das empresas públicas e das sociedades de economia mista.
3. Sucede que o § 1° do art. 173 da Constituição Federal estatui: "a
empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades
que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico
próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações
trabalhistas e tributárias".
4. Por outro lado, "compete privativamente à União legislar sobre
direito do trabalho" (art. 22, inc. I, da Constituição Federal).
5. E, sobre remuneração de férias de empregados de empresas
privadas, já legislara a União Federal, na C.L.T. (art. 145), mais
favoravelmente àqueles.
6. A um primeiro exame, para efeito de apreciação do requerimento
de medida cautelar, é de se admitir que ocorreu, na hipótese,
usurpação de competência da União, pois, embora tenha o Distrito
Federal competência para regular o regime jurídico de seus
servidores (artigo 61, § 1º, inc. II, letra "c", c/c artigos 32, § 1°, e 25,
da C.F.), não a tem para regular direitos dos empregados em
empresas privadas, como são as empresas públicas e as sociedades
de economia mista, ao menos quando contrarie norma expressa
baixada pela União, que, a respeito, tem competência privativa.
7. Precedentes do S.T.F.
8. Evidenciada a plausibilidade jurídica da ADI ("fumus boni iuris"),
considera o Tribunal também preenchido o requisito do "periculum
in mora", pois a permanência da norma em questão, quanto aos
empregados de empresas públicas e sociedades de economia mista,
do Distrito Federal, lhes causará sérios prejuízos, durante o curso do
processo. E o próprio Distrito Federal teria de indenizá-los, o que
aumentaria seus problemas.
9. Medida cautelar deferida, para suspensão, "ex nunc", da eficácia
do vocábulo "indireta", no texto do art. 1° da Lei n° 1.139, de
10.07.1996, do Distrito Federal.
10. Plenário. Decisão unânime.
* noticiado no Informativo 59

HABEAS CORPUS N. 71743-8


REL. P/ ACORDÃO: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. FATO NOVO. ART.621-III DO
CPP. REVISÃO CRIMINAL. COMPETÊNCIA. TRIBUNAL DE
ORIGEM.
Após o trânsito em julgado da decisão condenatória, compete ao
tribunal de origem apreciar - em revisão criminal - a alegação de
existência de nova prova. O Supremo não está autorizado a suprimir
instância para precipitar, em habeas corpus, desfecho de tema sobre
o qual a instância ainda não se manifestou.
Pedido não conhecido.

HABEAS CORPUS N. 71749-7


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. ADITAMENTO.
FATO NOVO. NOTIFICAÇÃO.
O aditamento proposto pelo Ministério Público traz à cena fato
novo. Deve-se, pois, garantir ao paciente o direito à notificação para
eventual resposta escrita.
Habeas corpus deferido.

HABEAS CORPUS N. 71967-8


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. 2. Delitos capitulados nos arts. 180,
caput, e 288, parágrafo único, do Código Penal. 3. Intimação da
expedição de cartas precatórias inquiritórias. Não é necessária nova
intimação, no juízo deprecante, às partes quanto às datas designadas
para a audiência das testemunhas. Inocorrência de nulidade do
processo. 4. Hipótese em que o acórdão demonstrou que, à margem
a prova proveniente das cartas precatórias, os autos enfeixam provas
suficientes à condenação. 5. Não cabe, em habeas corpus, reanalisar
provas e fatos, para verificar da procedência ou não das conclusões
do aresto condenatório. O paciente, para isso, possui a via ampla da
revisão criminal. 6. Habeas corpus indeferido.

HABEAS CORPUS N. 72101-0


REL. P/ ACÓRDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: "HABEAS CORPUS". CRIME SOCIETÁRIO
CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO (Lei nº 7.492/86, art.
6º).INEXISTÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL;
ARQUIVAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO.
INÉPCIA DA DENÚNCIA: FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A
AÇÃO PENAL.
1. A denúncia, como peça primeira da ação penal que baliza a defesa
a ser apresentada pelo acusado é essencialmente técnica, por isso
que não pode descumprir o imperativo contido no art. 41 do CPP,
dela devendo constar, com precisão, a exposição do fato criminoso.
2. Relatado na exordial acusatória que os denunciados fizeram
inserir no balanço semestral do Banco, "dados relativos a depósitos
interfinanceiros", cuja peça contábil foi publicada e aprovada pelo
Banco Central, infere-se ausentes as figuras essenciais à
caracterização do delito definido no art. 6º da Lei nº 7.492/86:
sonegação de informação ou informação falsa. As informações
acerca da captação de recursos financeiros junto a outros bancos não
foram sonegadas, porque prestadas, como não são falsas, porque
mencionados os nomes dos estabelecimentos, as datas e os
montantes que teriam sido depositados em operações "casadas",
cujas captações foram registradas na Central de Custódia e
Liquidação Financeira de Títulos do Banco Central, com a
expedição de certificados de depósitos inter-bancários.
3. Diante da inexistência de instauração de inquérito policial e do
arquivamento do processo administrativo por decisão do Conselho
de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, não se constata a
presença do elemento crime, que da denúncia não restou tipificado.
4. "Habeas corpus" deferido para determinar o trancamento da ação
penal.

HABEAS CORPUS N. 72843-0


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. Concessão de ofício. 2. Denúncia
oferecida contra médico, enfermeira e atendente de enfermagem, por
homicídio culposo, em virtude da retirada do hospital de pessoa nele
internada, cuja esposa decidira transferi-lo a outro hospital, vindo a
falecer durante a remoção. 3. Absolvidos, por falta de provas, o
médico e a atendente de enfermagem, respectivamente, na sentença
e no acórdão, restou condenada, apenas, a enfermeira, como incursa
no art. 121, § 3º, do Código Penal. 4. Não merecem acolhida os dois
fundamentos da inicial: colidência de defesas e violação aos
princípios da obrigatoriedade e da indivisibilidade. 5. Quanto ao
primeiro, cumpre notar que todos os co-réus se defendiam em uma
mesma visualização dos fatos e do direito: pretendia-se afastar a
responsabilidade dos co-réus, a partir, precisamente, da alegação de
a saída da vítima do hospital ter ocorrido, em virtude da insistência
da esposa que seria, assim, a única responsável pelo resultado
posterior da morte de seu marido. 6. Quanto ao segundo fundamento
da inicial, o Ministério Público não aditou a denúncia para nela
incluir a esposa da vítima, porque entendeu que a prova era
insuficiente para a condenação de qualquer dos denunciados e da
aludida esposa. Cuidando-se de crime de ação pública, o MP é o
titular da ação penal, não podendo, desse modo, o Juiz compeli-lo a
aditar a denúncia. 7. Código Penal, art. 13, § 2º. Sua não
caracterização, quanto à paciente, segundo os termos da sentença e
do acórdão. A omissão a que se refere o dispositivo somente é
penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. 8. Na hipótese em exame, como decorre das
decisões em análise, a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância
da paciente, relativamente à vítima, não foi descurada, no que
concerne ao tratamento devido e prescrito pelo médico. A saída da
vítima, de outra parte, não se fez por determinação ou autorização da
enfermeira que, juntamente com o médico e a atendente de
enfermagem, segundo a prova apontada na sentença e no acórdão,
aconselhou, persistentemente, à esposa da vítima no sentido da
inconveniência de transferir o doente a outro hospital. 9. Mesmo se
se admitisse na espécie caracterizada a obrigação da paciente de
impedir a saída da vítima do hospital, não possuía a enfermeira, de
forma efetiva, diante do quadro fático descrito no acórdão, pessoal e
fisicamente, condições de poder obstar, em concreto, a ação da
esposa da vítima em seu desiderato de transferi-la de hospital,
adotando, inclusive, para isso, as providências indispensáveis. 10.
Habeas Corpus deferido, de ofício, para absolver a paciente, com
base no art. 386, III, do CPP, combinado com o art. 13, § 2º, do
Código Penal.
* noticiado no Informativo 24

HABEAS CORPUS N. 72914-2


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. LIBELO CRIME ACUSATÓRIO.
DESCONFORMIDADE COM A PRONÚNCIA. INEXISTÊNCIA
DE ILEGALIDADE.
O libelo crime acusatório há de guardar adequação com a pronúncia.
Eventual desconformidade deve ser alegada no momento próprio. Os
efeitos preclusivos da pronúncia dizem respeito à pronúncia como
juízo de admissibilidade da acusação. No caso, o reconhecimento da
condição do apelante de partícipe do crime ¾ não mais co-autor ¾
lhe foi vantajoso(artigo 29-§1º).
Habeas corpus indeferido.

HABEAS CORPUS N. 73634-3


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
(...) I - Não há, no ato que determinou o afastamento do paciente do
exercício do cargo de prefeito, constrangimento à sua liberdade de
locomoção. Incabível a via eleita. Precedentes do STF. Pedido, no
ponto, não conhecido.
II - Preenchendo a denúncia os requisitos legais (art. 41 do CPP),
não há como se proceder o trancamento da ação penal.
Ordem denegada no ponto em que conhecida.

HABEAS CORPUS N. 73661-1


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. SENTENÇA DE PRONÚNCIA.
JUÍZO DE SUSPEITA. LINGUAGEM COMEDIDA. AUSÊNCIA
DE ILEGALIDADE. ARTIGO 408 - PARÁGRAFO 1º DO CPP.
NORMA DERROGADA PELA SUPERVENIÊNCIA DE
DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL COM ELA INCOMPATÍVEL:
ARTIGO 5º-LVII. PRECEDENTES DO STF.
I - A sentença de pronúncia dá notícia motivada do convencimento
do juiz sobre a existência do crime e os indícios suficientes de
autoria. Nela não se lê juízo de certeza, mas juízo fundado de
suspeita. A sobriedade e o comedimento no uso da linguagem
desautorizam a alegação de nulidade.
II - O Supremo tem jurisprudência a dizer que a norma do parágrafo
1º do artigo 408 do CPP está derrogada à vista da superveniência de
dispositivo constitucional com ela incompatível: artigo 5º-LVII (HC
69.696, entre outros). De resto, a Lei 9.033/95 - ao dar nova redação
ao parágrafo - afastou a incompatibilidade deste com a Carta da
República.
Habeas corpus parcialmente concedido para excluir da sentença de
pronúncia a expressão "lançamento do nome no rol dos culpados,
oportunamente.", devendo ser ela mantida quanto ao resto.
* noticiado no Informativo 31

HABEAS CORPUS N. 73675-1


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. PETIÇÃO APÓCRIFA.
INOBSERVÂNCIA DO ARTIGO 654 DO CÓDIGO DO
PROCESSO. PEDIDO NÃO CONHECIDO.
Não se conhece do pedido de habeas corpus cuja inicial não observa
o disposto no artigo 654 do Código de Processo Penal. Alegação, de
resto, improcedente ante a imprestabilidade da via eleita para
reapreciação de matéria de fato.
Habeas corpus não conhecido.

HABEAS CORPUS N. 73798-6


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. COMPETÊNCIA. DECISÃO TRANSITADA EM
JULGADO PARA A DEFESA. PEDIDO NÃO CONHECIDO.
PRECEDENTES DO STF.
O Supremo firmou jurisprudência no sentido ser ele incompetente
para apreciar habeas corpus quando a coação é imputada à sentença,
transitada em julgado para a defesa, ainda quando o tribunal de
origem haja julgado, no mesmo processo, apelação do Ministério
Público, circunscrita a tema alheio ao da impetração (HC 70.497,
entre outros).
Pedido não conhecido.

HABEAS CORPUS N. 73926-1


RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - PENAL. PROCESSUAL PENAL. ANTECEDENTES:
MAUS ANTECEDENTES. PENA: INDIVIDUALIZAÇÃO:
MENORIDADE.
I. - Não tem bons antecedentes quem, mesmo sendo primário, se
envolveu em ocorrências policiais e respondeu a inquéritos policiais.
II. - Individualização da pena: prevalência da atenuante da
menoridade sobre a reincidência e sobre as circunstâncias, legais ou
judiciais, desfavoráveis ao réu.
III. - H.C. deferido, em parte.
* noticiado no Informativo 58

HABEAS CORPUS N. 73946-6


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. JULGAMENTO EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. ADVOGADO SUBSTABELECIDO. INTIMAÇÃO.
A falta de intimação do advogado substabelecido - residente na
capital do Estado, que recebe substabelecimento de patronos do réu,
residentes em outro município, para atuar junto ao Tribunal de
Justiça - importa nulidade do julgamento do apelo. Precedentes do
STF.
Habeas Corpus deferido.

HABEAS CORPUS N. 74007-3


RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS. COMPETÊNCIA. FURTO OU ROUBO. AUTORIA
DESCONHECIDA OU NÃO COMPROVADA. REGIME DE
CUMPRIMENTO DA PENA. FUNDAMENTAÇÃO. JUÍZO DAS
EXECUÇÕES CRIMINAIS.
I. - Desconhecida a autoria do crime de furto ou de roubo, a
competência para o processo e julgamento da ação penal firma-se
pelo lugar da ocorrência do crime de receptação.
II. - Decisão que fixou o regime de cumprimento da pena
regularmente fundamentada.
III. - H.C. indeferido.
* noticiado no Informativo 60

HABEAS CORPUS N. 74125-8


RELATOR : MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. VEREADOR. JULGAMENTO.
OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. COMPETÊNCIA
ORIGINÁRIA: TRIBUNAL DE JUSTIÇA. IMUNIDADE
PARLAMENTAR. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ENTRE O
EXERCÍCIO DO MANDATO NA CIRCUNSCRIÇÃO DO
RESPECTIVO MUNICÍPIO E AS OPINIÕES E PALAVRAS DO
VEREADOR. PRECEDENTES DO STF. ORDEM CONCEDIDA.
I - A Constituição do Estado do Piauí - à vista do que lhe concede a
Carta da República (art. 125-§1º) - é expressa no dizer que compete
ao tribunal de justiça processar e julgar, originalmente, nos crimes
comuns e de responsabilidade, os vereadores (art. 123-III-d - 4).
Julgamento em primeira instância ofende a garantia do juiz
competente (art. 5º-LIII). A decisão em grau de recurso não redime o
vício.
II - A prerrogativa constitucional da imunidade parlamentar em
sentido material protege o congressista em todas as manifestações
que tenham relação com o exercício do mandato, ainda que
produzidas fora do recinto da casa legislativa. Precedentes do STF.
Presente o necessário nexo entre o exercício do mandato e a
manifestação do vereador, há de preponderar a inviolabilidade
constitucionalmente assegurada (art. 29 - VIII da CF/88).
Habeas corpus concedido para trancar a ação penal a que responde a
paciente.
* noticiado no Informativo 43

HABEAS CORPUS N. 74240-8


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO PROCESSUAL PENAL.
RESTAURAÇÃO DE AUTOS. SENTENÇA CONDENATÓRIA.
APELAÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO. NULIDADE.
"HABEAS CORPUS".
1. Tem razão o acórdão impugnado, quando conclui que, uma vez
julgada a Restauração de Autos, da sentença cabe Apelação, que só
pode cuidar da Restauração propriamente dita (art. 593, II, do
Código de Processo Penal). Não, assim, da sentença de mérito.
2. Sucede que, no caso, a Restauração realizou-se, bem ou mal, a
partir da renovação da denúncia e de todos os atos do processo, até a
audiência final, quando, por sentença, foram julgados restaurados.
Com essa sentença as partes se conformaram, transitando em
julgado.
3. E a apelação interposta impugna a sentença condenatória
restaurada, pois que já havia sido proferida e registrada antes do
desaparecimento dos autos e da restauração.
4. Para não conhecer da Apelação, o acórdão impugnado partiu,
ainda, de outro pressuposto, qual seja, o de que já transitara em
julgado a sentença condenatória.
5. Sucede que não há nos autos prova alguma desse trânsito em
julgado.
6. Defere-se, pois, o "Habeas Corpus" para determinar que o órgão
judiciário apontado como coator, proceda ao julgamento da
Apelação interposta contra a sentença condenatória, como lhe
parecer de direito, afastado, assim, por ora, apenas o reconhecimento
de seu trânsito em julgado.

HABEAS CORPUS N. 74563-6


RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Mandado de prisão.
O condicionamento de sua expedição ao trânsito em julgado, pelo
acórdão da apelação, prevalece até o julgamento dos embargos
infringentes; não até o julgamento de eventuais recursos de natureza
extraordinária.
* noticiado no Informativo 61

HABEAS CORPUS N. 74628-4


RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: "Habeas corpus".
- Correta a fundamentação do parecer da Procuradoria-Geral da
República. Com efeito, esta Corte tem entendido que, por força do §
5º do artigo 5º da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, com a
redação dada pela Lei nº 7.871/89, a intimação dos membros da
Procuradoria de Assistência Judiciária do Estado tem de ser feita
pessoalmente; por outro lado, à semelhança do que ocorre com a
intimação dos membros do Ministério Público (RECR 113.378),
essa intimação pessoal não se dá com a entrega dos autos no
protocolo da Procuradoria de Assistência Judiciária Criminal, mas,
sim, quando o defensor apõe o seu "ciente". No caso, como o
recurso foi interposto no dia seguinte ao da aposição da ciência, é ele
tempestivo.
"Habeas corpus" deferido.
* noticiado no Informativo 60

HABEAS CORPUS N. 74633-1


RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
(...) JÚRI - PENA ALCANÇADA EM GRAU DE APELAÇÃO -
PROTESTO. Não subsiste, considerada a revogação do artigo 606
do Código de Processo Penal, a limitação no sentido de que "não se
admitirá protesto por novo júri, quando a pena for imposta em grau
de apelação".
JÚRI - PROTESTO - OPORTUNIDADE. No protesto por novo júri
deve-se observar a forma e o prazo estabelecido para interposição da
apelação.
JÚRI - DEFESA. Mostra-se insubsistente alegação de deficiência da
defesa quando não acompanhada de fatos concretos e discrepantes
do que realmente ocorrido.
* noticiado no Informativo 60

HABEAS CORPUS N. 74649-7


RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. ILEGITIMIDADE ATIVA DO
QUERELANTE. INCOMPETÊNCIA DO JUIZ PROCESSANTE.
EXCEÇÃO DA VERDADE MANIFESTADA CONTRA PESSOA
QUE GOZA DE PRERROGATIVA DE FORO. CONHECIMENTO
DO PEDIDO.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, revista por ocasião
do julgamento do Inquérito 726, Relator Ministro Sepúlveda
Pertence, tem entendimento firmado no sentido da legitimidade
concorrente tanto do ofendido, para promover a ação penal privada,
quanto do Ministério Público, para a ação pública condicionada,
quando se cuide de ofensa propter officium.
A alegada incompetência do juiz processante, sustentada no sentido
de que, formalizada exceptio veritatis contra pessoa que goza de
prerrogativa de foro perante o Tribunal de Justiça, deve haver o
deslocamento obrigatório do processo para essa instância, por se
tratar de matéria que poderia ter sido apreciada de ofício, também é
de ser conhecida, para o fim, entretanto, de indeferimento, visto que
a competência do Tribunal é apenas para o julgamento da exceção.
Habeas corpus conhecido, mas indeferido.
* noticiado no Informativo 60

HABEAS CORPUS N. 74672-1


RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
(...) EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES -
PARTILHA - SIMULAÇÃO DE DÍVIDA. A simulação de dívida
objetivando alcançar de imediato a meação de certo bem configura
não o crime de falsidade ideológica, mas o do exercício arbitrário
das próprias razões. A simulação, a fraude, ou outro qualquer
artifício utilizado corresponde a meio de execução, ficando
absorvido pelo tipo do artigo 345 do Código Penal no que tem como
elemento subjetivo o dolo específico, ou seja, o objetivo de
satisfazer pretensão, legítima ou ilegítima.
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES -
PROCEDIMENTO PENAL - SIMULAÇÃO E FRAUDE. Deixando
a prática delituosa de envolver violência, indispensável é a
formalização de queixa.
DECADÊNCIA - QUEIXA. Uma vez transcorrido o prazo de seis
meses previsto no artigo 103 do Código Penal, incide a decadência.
* noticiado no Informativo 60

HABEAS CORPUS N. 74814-7


RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRANSFERÊNCIA DE PRESO.
ART. 86 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL.
Não constitui direito do preso a sua transferência para
estabelecimento situado em outra unidade da federação, onde possui
mulher e filhos, cabendo ao Juiz da Vara das Execuções Penais
avaliar a conveniência da medida.
Habeas Corpus indeferido.
* noticiado no Informativo 60

PETIÇÃO N. 1146-5 (AgRg)


RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Petição. 2. Medida cautelar, pleiteando-se efeito
suspensivo ao RE 202.520-8/210 - PR. 3. A Turma, por maioria de
votos, conheceu do recurso extraordinário e lhe deu provimento,
cassando-se aresto do STJ que anulara decisões de Tribunal de
Justiça concessivas de mandado de segurança. 4. Ainda não
publicado o acórdão no recurso extraordinário, torna-se relevante
aos peticionários, então recorrentes, pelas circunstâncias do caso
concreto, se suspendam, desde logo, os efeitos do aresto do STJ,
extraordinariamente recorrido. 5. Provimento parcial ao agravo
regimental, para que, de imediato, se comunique a decisão da Turma
ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, ficando, em decorrência,
suspensos os efeitos do acórdão do Superior Tribunal de Justiça, no
Conflito de Competência nº 8.406-7, de 14.6.1994.

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N. 1090-5 (AgRg)


RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE
EMENTA: I. Agravo regimental contra decisão suspensiva de
segurança: impetrantes com advogados diversos: prazo em dobro:
incidência do art. 191 do C. Pr. Civil. Precedente: AGRSS 514,
Gallotti, RTJ 150/402.
II. Suspensão de segurança; interesse processual: cabimento da
postulação de suspensão de acórdão contra o qual ainda pendem de
julgamento embargos de declaração, dada a exeqüibilidade imediata
da decisão concessiva de mandado de segurança (LMS, arts. 11 e 12,
parágrafo único).
III. Servidor público: "estabilidade financeira": a
constitucionalidade das leis que a instituem que tem sido afirmada
pelo STF (ADIn 1.279, 27.9.95, M. Correa) - não ilide a
plausibilidade do entendimento de ser legítimo que, mediante lei, o
cálculo da vantagem seja desvinculado, para o futuro, dos
vencimentos do cargo em comissão outrora ocupado pelo servidor,
passando a quantia a ela correspondente a ser reajustada segundo os
critérios das revisões gerais de remuneração do funcionalismo.

RE N. 188349-9 (EDcl)
RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: (...)
1. Não é de ser considerado intempestivo o recurso, se esse foi
protocolado no cartório do Tribunal no último dia do prazo, após o
expediente forense. Alegação improcedente.
1.1 É de presumir-se que o funcionamento da Secretaria fora
estendido além da hora prevista, ou que, cerradas as portas do
protocolo daquela Corte às 18:00 horas, as partes que lá estavam
foram admitidas a permanecer no recinto para efetivarem a entrega
da peça.
1.2 O possível acúmulo de trabalho naquela Seção Judiciária não
pode prejudicar a parte recorrente. (...)
Embargos de declaração rejeitados.

RE N. 178236-6
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Titular de Ofício de Notas da Comarca do Rio de
Janeiro.
Sendo ocupantes de cargo público criado por lei, submetido à
permanente fiscalização do Estado e diretamente remunerado à
conta de receita pública (custas e emolumentos fixados por lei), bem
como provido por concurso público - estão os serventuários de notas
e de registro sujeitos à aposentadoria por implemento de idade
(artigos 40, II, e 236, e seus parágrafos, da Constituição Federal de
1988).
Recurso de que se conhece pela letra c, mas a que, por maioria
de votos, nega-se provimento.
* noticiado no Informativo 22

RE N. 198746-4
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL.
USUCAPIÃO. INTERESSE DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL. C.F., art. 109, I.
I. - Ação de usucapião promovida no Juízo Estadual: compete à
Justiça Federal emitir juízo de valor sobre o interesse manifestado
pela União, vale dizer, avaliar a realidade ou não desse interesse.
II. - R.E. conhecido e provido.

RE N. 202520-8
REL. P/ ACÓRDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA:
NÃO OCORRÊNCIA. ATO ADMINISTRATIVO LOCAL
ORIGINÁRIO DA CÂMARA DE VEREADORES DECIDIDO
PELA JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ. COMUNICAÇÃO À
JUSTIÇA ELEITORAL DO AUMENTO DO NÚMERO DE
VAGAS DE VEREADORES PARA EFEITO DE DIPLOMAÇÃO E
POSSE: MATÉRIA AFASTADA PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO ESTADO DO PARANÁ. INEXISTÊNCIA DE
LITISPENDÊNCIA.
1. Mandado de segurança impetrado contra ato do Presidente da
Câmara de Vereadores de Curitiba, que se negou a dar posse a
suplentes diplomados, em face da Resolução n° 01, de 02 de
dezembro de 1992, que fixou o número de edis de 33 (trinta e três)
para 37 (trinta e sete), para a legislatura seguinte.
2. Não ocorre a litispendência se a decisão proferida pela Justiça
Comum se limitou ao exame da ilegalidade do ato administrativo
oriundo do Presidente da Câmara de Vereadores de Curitiba e não da
ilegalidade do aumento do número de vagas no Legislativo local,
refutando tese da existência de conflito de competência entre a
Justiça Comum e a Eleitoral.
3. Não caracteriza litispendência simples requerimento formulado
pelo Presidente da Câmara de Vereadores, solicitando em data
anterior à diplomação e posse, providências às autoridades da Justiça
Eleitoral do Estado. Correta, portanto, a decisão da Justiça Estadual
que decidiu a questão do ponto de vista do ato administrativo
impugnado.
4. Inviabilidade de declaração de conflito positivo de competência,
porque a matéria eleitoral suscitada resultou afastada, não tendo sido
objeto de acolhimento pelo acórdão do Tribunal de Justiça do Estado
que se circunscreveu ao mero exame da ilegalidade do não
cumprimento do ato legislativo da Câmara de Vereadores que
aumentou o número de seus membros.
5. O STJ ao acolher conflito de competência a ele diretamente
dirigido pelo Ministério Público Eleitoral e reconhecer a
competência da Justiça Eleitoral do Estado vulnerou as balizas do
artigo 105, I, d, em combinação com o artigo 125 da Constituição
Federal, circunstância que enseja a manutenção do decisum
proclamado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná que julgou
a questão dentro dos limites definidos pela sua Lei de Organização
Judiciária.
Recurso Extraordinário que se conhece e se dá provimento para
restabelecer o acórdão originário da Justiça do Estado do Paraná.
* noticiado no Informativo 43

RE N. 204742-2
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: IMPOSTO DE RENDA. ATUALIZAÇÃO PELA UFIR.
LEI Nº 8.383/91. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS DA IRRETROATIVIDADE E DO DIREITO
ADQUIRIDO.
Não há inconstitucionalidade na utilização da UFIR, prevista na Lei
nº 8.383/91, para atualização monetária do imposto de renda, por
não representar majoração de tributo ou modificação da base de
cálculo e do fato gerador. A alteração operada foi somente quanto ao
índice de conversão, pois persistia a indexação dos tributos
conforme prevista em norma legal.
Recurso extraordinário não conhecido.

RMS N. 21587-2
RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: MILITAR DA RESERVA E REFORMADO.
ADICIONAL DE INATIVIDADE. INEXISTÊNCIA DE DIREITO
LÍQUIDO E CERTO À PERCEPÇÃO NA FORMA PREVISTA NO
DECRETO-LEI Nº 728/69 E NA LEI Nº 5.787/72, COM AS
ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELOS DECRETOS-LEI NºS
1.824/80 E 1.901/81. APLICÁVEL, À ESPÉCIE, O DISPOSTO NA
LEI Nº 8.237 E SEU NOVO CRITÉRIO DE CÁLCULO.
1. O Estado não firma contrato com seus servidores, mas
estabelece, unilateralmente, regime estatutário, sendo-lhe lícito, a
qualquer tempo, alterar as condições de serviço e pagamento, desde
que o faça por lei e sem discriminações pessoais.
2. A tese de suporte ao pedido não é nova no âmbito desta Corte,
que insistentemente tem entendido não caracterizar violação ao
direito adquirido, quando lei superveniente cria situação diferente de
remuneração, sobretudo no cálculo de adicionais.
3. Impossibilidade de o Poder Judiciário legislar
positivamente, para criar norma votada pelo Poder competente, além
de ministrar perversa iniquidade ao estabelecer para os inativos
situação remuneratória superior a de seus colegas da ativa.
Recurso a que se nega provimento.

Acórdãos publicados: 358

Assessores responsáveis pelo Informativo


Altair Maria Damiani Costa
Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
Márcio Pereira Pinto Garcia
informativo@stf.gov.br

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