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15/09/2016

03 Tema: Direitos da personalidade no CC/02. Objeto.


Constitucionalização do Direito Civil.
Objeto. Características. Modalidades. Direito à vida, ao
corpo, a honra, a imagem e intimidade.

Prof. ANDRÉ ROBERTO DE SOUZA MACHADO

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DIREITOS DA PERSONALIDADE

CONCEITO: “Sob a denominação de direitos da


personalidade, compreendem-se os direitos
essenciais ao desenvolvimento da pessoa humana
que a doutrina moderna preconiza e disciplina, a
fim de resguardar a sua dignidade.” (Orlando
Gomes, Introdução ao Direito Civil, p. 134)

ORIGEM: Século XVIII e XIX – Teorias Positivistas


(Gierke) e Teorias Negativistas (Savigny, vonTuhr,
Enneccerus).

• OBJETO: Conjunto de atributos inerentes à


pessoa tais como projeções físicas, psíquicas
e morais. Pode-se dividir em 5 núcleos
principais de proteção:

a) Vida (integridade física);


b) Honra;
c) Imagem;
d) Nome;
e) Intimidade.

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NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO:

Positivação na CF/88 – art. 5º, V e X

V - é assegurado o direito de resposta,


proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,


a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;

• Positivação no Código Civil:

• Arts. 11 a 21.

• Art. 11. Com exceção dos casos previstos em


lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo
o seu exercício sofrer limitação voluntária.

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• IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 274 Os direitos da


personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil,
são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida
no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa
humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode
sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação.

I Jornada de Direito Civil - Enunciado 4


O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer
limitação voluntária, desde que não seja permanente
nem geral.

III Jornada de Direito Civil - Enunciado 139


Os direitos da personalidade podem sofrer
limitações, ainda que não especificamente previstas
em lei, não podendo ser exercidos com abuso de
direito de seu titular, contrariamente à boa-fé
objetiva e aos bons costumes.

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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:

1) Inatos: adquiridos no instante da concepção/


nascimento;

2) Extrapatrimoniais: ausência de conteúdo patrimonial


aferível;

3) Irrenunciáveis: os direitos personalíssimos não podem


ser abdicados;

4) Absolutos: impõe a coletividade o dever de respeitá-


los.

5) Imprescritíveis: não se extinguem pelo decurso do


tempo;

6) Vitalícios: duram enquanto o titular viver.


Entretanto, mesmo após a morte podem ser objeto
de proteção;

7) Intransmissíveis: não podem ser transmitidos a


terceiros;

7.1) Impenhoráveis: os direitos não podem ser


penhorados;

7.2) Inalienáveis: não podem ser objeto de


cessão negocial;

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Enunciado 445 do CJF

• 445) Art. 927. O dano moral indenizável


não pressupõe necessariamente a
verificação de sentimentos humanos
desagradáveis como dor ou sofrimento.

DANO MORAL E PRESCRIÇÃO


• Regra: imprescritibilidade do direito da personalidade e
prescritibilidade da pretensão reparatória.

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REsp 612108 / PR
Relator(a) Ministro LUIZ FUX
Órgão Julgador - PRIMEIRA TURMA

EMENTA:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO
CONFIGURADA. LITISCONSÓRCIO ATIVO FACULTATIVO. INDENIZAÇÃO.
REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. REGIME MILITAR. DISSIDENTE
POLÍTICO PROCURADO NA ÉPOCA DO REGIME MILITAR. FALTA DE REGISTRO DE
ÓBITO E NÃO COMUNICAÇÃO À FAMÍLIA. DANO MORAL. FATO NOTÓRIO. NEXO
CAUSAL. PRESCRIÇÃO.

REsp 1014624 / RJ RECURSO ESPECIAL


Relator(a) Ministro VASCO DELLA GIUSTINA
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS)
• Órgão Julgador - TERCEIRA TURMA
• Data do Julgamento 10/03/2009
• Ementa
CIVIL. PRESCRIÇÃO. DIREITO DE IMAGEM. Violação
continuada. Para fins prescricionais, o termo 'a quo',
envolvendo violação continuada ao direito de imagem,
conta-se a partir do último ato praticado. Ausência de
elementos probatórios quanto à autorização anterior
para a publicação da fotografia. Exploração de imagem
sem contrato escrito, se limita ao prazo máximo de
cinco anos. Art. 49, III da Lei 9610/98. Valor moral
arbitrado em consonância com jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça. RECURSO IMPROVIDO.

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TRANSMISSIBILIDADE DA
PRETENSÃO POR DANO MORAL
• Art. 943. O direito de exigir reparação e
a obrigação de prestá-la transmitem-se
com a herança.

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA


EM RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. FALECIMENTO DO
TITULAR. AJUIZAMENTO DE AÇÃO INDENIZATÓRIA.
TRANSMISSIBILIDADE DO DIREITO. ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADO. SÚMULA N.º 168/STJ.
A posição atual e dominante que vigora nesta c. Corte é
no sentido de embora a violação moral atinja apenas o
plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva
indenização transmite-se com o falecimento do titular do
direito, possuindo o espólio ou os herdeiros legitimidade
ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos
morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de
cujus. Incidência da Súmula n.º 168/STJ.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg nos EREsp 978.651/SP, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/12/2010, DJe
10/02/2011)

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DANO MORAL REFLEXO DOS


HERDEIROS:
ADMINISTRATIVO E DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO. BURACOS NA VIA PÚBLICA. FALECIMENTO DE
CONDUTOR DE MOTOCICLETA. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS SOFRIDOS PELOS HERDEIROS. ILEGITIMIDADE ATIVA DO
ESPÓLIO. PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL. DIVERGÊNCIA NÃO
DEMONSTRADA. DECISÃO MANTIDA.
1. O espólio não tem legitimidade ativa ad causam para pleitear
indenização por danos morais sofridos pelos herdeiros em
decorrência do óbito de seu genitor. Precedente: EREsp
1.292.983/AL, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL,
julgado em 1º/8/2013, DJe 12/8/2013.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1396627/ES, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 27/11/2013)

DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


LEGITIMIDADE PARA O AJUIZAMENTO DE AÇÃO
INDENIZATÓRIA DE DANOS MORAIS POR MORTE. NOIVO.
ILEGITIMIDADE ATIVA. NECESSÁRIA LIMITAÇÃO SUBJETIVA DOS
AUTORIZADOS A RECLAMAR COMPENSAÇÃO.
1. Em tema de legitimidade para propositura de ação
indenizatória em razão de morte, percebe-se que o espírito do
ordenamento jurídico rechaça a legitimação daqueles que não
fazem parte da "família" direta da vítima, sobretudo aqueles
que não se inserem, nem hipoteticamente, na condição de
herdeiro. Interpretação sistemática e teleológica dos arts. 12 e
948, inciso I, do Código Civil de 2002; art. 63 do Código de
Processo Penal e art. 76 do Código Civil de 1916.
2. Assim, como regra - ficando expressamente ressalvadas
eventuais particularidades de casos concretos -, a legitimação
para a propositura de ação de indenização por dano moral em
razão de morte deve mesmo alinhar-se, mutatis mutandis, à
ordem de vocação hereditária, com as devidas adaptações.

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6. Por outro lado, conferir a via da ação indenizatória a


sujeitos não inseridos no núcleo familiar da vítima
acarretaria também uma diluição de valores, em evidente
prejuízo daqueles que efetivamente fazem jus a uma
compensação dos danos morais, como
cônjuge/companheiro, descendentes e ascendentes.
7. Por essas razões, o noivo não possui legitimidade ativa
para pleitear indenização por dano moral pela morte da
noiva, sobretudo quando os pais da vítima já intentaram
ação reparatória na qual lograram êxito, como no caso.
8. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 1076160/AM, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 10/04/2012, DJe
21/06/2012)

• É POSSÍVEL DANO MORAL POST MORTEM?

• Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a


lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei.
• Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá
legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer
parente em linha reta, ou colateral até o quarto
grau.

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Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias


à administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a
exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa
fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem
a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de
ausente, são partes legítimas para requerer
essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes.

Teorias sobre a Legitimidade:


1) Direito Novo e Próprio dos Herdeiros (direito à
memória);
2) Transmissão da Personalidade do morto por sucessão;
3) Direito sem sujeito;
4) Dever jurídico geral;
5) Direitos da personalidade post mortem como ficção
jurídica;
6) Sucessores como fiduciários do direito do morto.

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Enunciado 398 – CJF


Art. 12, parágrafo único: As medidas previstas no art. 12, parágrafo
único, do Código Civil podem ser invocadas por qualquer uma das
pessoas ali mencionadas de forma concorrente e autônoma.

Enunciado 399 – CJF


Arts. 12, parágrafo único e 20, parágrafo único: Os poderes conferidos
aos legitimados para a tutela post mortem dos direitos da personalidade,
nos termos dos arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do CC,
não compreendem a faculdade de limitação voluntária.

Enunciado 400 – CJF


Arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo
único: Os parágrafos únicos dos arts. 12 e 20
asseguram legitimidade, por direito próprio,
aos parentes, cônjuge ou companheiro para
a tutela contra lesão perpetrada post
mortem.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.005.278 - SE


RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO
QUARTA TURMA
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANO
MORAL.DIREITO À IMAGEM. MORTE EM ACIDENTE
AUTOMOBILÍSTICO.
3. Em se tratando de pessoa falecida, terá legitimação para as
medidas judiciais cabíveis, o cônjuge sobrevivente, ou
qualquer parente em linha reta, ou colateral, até o quarto
grau, independentemente da violação à imagem ter ocorrido
antes ou após a morte do tutelado (art. 22, § único, C.C.).
4. Relativamente ao direito à imagem, a obrigação da
reparação decorre do próprio uso indevido do direito
personalíssimo, não havendo de cogitar-se da prova da
existência de prejuízo ou dano.
O dano é a própria utilização indevida da imagem, não sendo
necessária a demonstração do prejuízo material ou moral.

Informativo n. 0532
Período: 19 de dezembro de
2013.
• Terceira Turma
• DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE PARA
BUSCAR REPARAÇÃO DE PREJUÍZOS DECORRENTES DE
VIOLAÇÃO DA IMAGEM E DA MEMÓRIA DE FALECIDO.
• Diferentemente do que ocorre em relação ao cônjuge
sobrevivente, o espólio não tem legitimidade para buscar
reparação por danos morais decorrentes de ofensa post
mortem à imagem e à memória de pessoa.
• REsp 1.209.474-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 10/9/2013.

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DIREITO À VIDA E A INTEGRIDADE


FÍSICA
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do
próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade
física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição
gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a
qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida,
a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 276


O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por
exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em
conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho
Federal de Medicina, e a conseqüente alteração do prenome e do sexo
no Registro Civil.

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V Jornada de Direito Civil - Enunciado 401


Não contraria os bons costumes a cessão gratuita de direitos de uso de
material biológico para fins de pesquisa científica, desde que a
manifestação de vontade tenha sido livre, esclarecida e puder ser
revogada a qualquer tempo, conforme as normas éticas que regem a
pesquisa científica e o respeito aos direitos fundamentais.

VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 532


É permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos
exclusivamente científicos, nos termos dos arts. 11 e 13 do Código Civil.

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• VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 533


O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos
concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida,
seja imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no
curso de procedimentos médicos cirúrgicos que não possam ser
interrompidos.

• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 403 O Direito à inviolabilidade


de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição
Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento
médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte,
em razão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os
seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento
pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre,
consciente e informada; e c) oposição que diga respeito
exclusivamente à própria pessoa do declarante.

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DIRETIVAS ANTECIPADAS DA VONTADE


• RESOLUÇÃO CFM 1.995/2012

Art. 1º Definir diretivas antecipadas de vontade como o conjunto de


desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre
cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que
estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade.

DIREITO À IMAGEM
• Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da
justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a
boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
(Vide ADIN 4815)

• Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes


legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou
os descendentes.

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ADI 4.815
Decisão Final
O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora,
julgou procedente o pedido formulado na ação direta para dar
interpretação conforme à Constituição aos artigos 20 e 21 do Código
Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos
fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de
criação artística, produção científica , declarar inexigível o
consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas
literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária autorização de
pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso
de pessoas falecidas).
Plenário. Acórdão, DJ 01.02.2016

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 279


A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses
constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de
amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de
colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos
abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características
de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se
medidas que não restrinjam a divulgação de informações.

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IMAGEM-RETRATO, IMAGEM-ATRIBUTO E
DIREITO À IDENTIDADE PESSOAL.
Este novo direito da personalidade consubstanciou-se em um ‘direito
de ser si mesmo’ (diritto ad essere se stesso), entendido como o
respeito à imagem global da pessoa participante da vida em sociedade,
com a aquisição de ideias e experiências pessoais, com as convicções
ideológicas, religiosas, morais e sociais que distinguem a pessoa e, ao
mesmo tempo, a qualificam.

BODIN DE MORAES, Maria Celina; KONDER, Carlos Nelson. Dilemas de


direito civil-constitucional. Rio de Janeiro: Renovar

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 278


A publicidade que divulgar, sem autorização,
qualidades inerentes a determinada pessoa,
ainda que sem mencionar seu nome, mas
sendo capaz de identificá-la, constitui
violação a direito da personalidade.

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DIREITO À PRIVACIDADE
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815)

• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 404


A tutela da privacidade da pessoa humana compreende os controles
espacial, contextual e temporal dos próprios dados, sendo necessário
seu expresso consentimento para tratamento de informações que
versem especialmente o estado de saúde, a condição sexual, a origem
racial ou étnica, as convicções religiosas, filosóficas e políticas.

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PRIVACIDADE
• O direito à privacidade abrange os denominados dados sensíveis,
dotados de potencial discriminatório ou particularmente lesivo, com
riscos potenciais superiores à média. Em regra, trata-se de
informações sobre raça, credo, convicção política, filosófica ou
religiosa, opções e comportamentos sexuais, saúde, histórico médico
ou dados genéticos da pessoa.

• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 405


As informações genéticas são parte da vida privada e não podem ser
utilizadas para fins diversos daqueles que motivaram seu
armazenamento, registro ou uso, salvo com autorização do titular.

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Cadastro Positivo
•Lei 12.414/2011.
•Art. 1o Esta Lei disciplina a formação e consulta a bancos de dados
com informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas
jurídicas, para formação de histórico de crédito, sem prejuízo do
disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de
Proteção e Defesa do Consumidor.
•Parágrafo único. Os bancos de dados instituídos ou mantidos por
pessoas jurídicas de direito público interno serão regidos por legislação
específica.

§ 3o Ficam proibidas as anotações de:


I - informações excessivas, assim consideradas
aquelas que não estiverem vinculadas à análise de
risco de crédito ao consumidor; e
II - informações sensíveis, assim consideradas
aquelas pertinentes à origem social e étnica, à saúde,
à informação genética, à orientação sexual e às
convicções políticas, religiosas e filosóficas.

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É lícito o uso de score de


crédito pelas Instituições?
• O Score indica, de maneira estatística, a probabilidade de
inadimplência de determinado grupo ou perfil no qual um
consumidor se insere, sem afirmar que ele esteve, está ou ficará
inadimplente. (Fonte: SERASA)

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC).
TEMA 710/STJ. DIREITO DO CONSUMIDOR.
ARQUIVOS DE CRÉDITO. SISTEMA "CREDIT
SCORING". COMPATIBILIDADE COM O DIREITO
BRASILEIRO.
LIMITES.
DANO MORAL.
I - TESES: 1) O sistema "credit scoring" é um método
desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito,
a partir de modelos estatísticos, considerando diversas
variáveis, com atribuição de uma pontuação ao consumidor
avaliado (nota do risco de crédito).
2) Essa prática comercial é lícita, estando autorizada pelo art.
5º, IV, e pelo art. 7º, I, da Lei n. 12.414/2011 (lei do cadastro
positivo).

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3) Na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites


estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da
tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações
negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n.
12.414/2011.
(...)
5) O desrespeito aos limites legais na utilização do sistema "credit
scoring", configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do
CC), pode ensejar a responsabilidade objetiva e solidária do
fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte
e do consulente (art. 16 da Lei n. 12.414/2011) pela ocorrência de
danos morais nas hipóteses de utilização de informações excessivas
ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei n. 12.414/2011), bem como
nos casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo uso de
dados incorretos ou desatualizados.
(REsp 1419697/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/11/2014,
DJe 17/11/2014)

DIREITO AO ESQUECIMENTO
• VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 531 A tutela da dignidade da
pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento.

• VII Jornada de Direito Civil - Enunciado 576 O direito ao esquecimento


pode ser assegurado por tutela judicial inibitória.

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Informativo nº 0527
Período: 9 de outubro de 2013.
Quarta Turma
DIREITO CIVIL. DIREITO AO ESQUECIMENTO.
A exibição não autorizada de uma única imagem da vítima de crime amplamente
noticiado à época dos fatos não gera, por si só, direito de compensação por danos
morais aos seus familiares. O direito ao esquecimento surge na discussão acerca da
possibilidade de alguém impedir a divulgação de informações que, apesar de verídicas,
não sejam contemporâneas e lhe causem transtornos das mais diversas ordens. Sobre o
tema, o Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil do CJF preconiza que a tutela da
dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento.
REsp 1.335.153-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/5/2013.

Informativo nº 0527
Período: 9 de outubro de 2013.
Quarta Turma
DIREITO CIVIL. DIREITO AO ESQUECIMENTO.
Gera dano moral a veiculação de programa televisivo sobre fatos ocorridos há
longa data, com ostensiva identificação de pessoa que tenha sido investigada,
denunciada e, posteriormente, inocentada em processo criminal. O direito ao
esquecimento surge na discussão acerca da possibilidade de alguém impedir a
divulgação de informações que, apesar de verídicas, não sejam contemporâneas e
lhe causem transtornos das mais diversas ordens. Sobre o tema, o Enunciado 531
da VI Jornada de Direito Civil do CJF preconiza que a tutela da dignidade da pessoa
humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento.
REsp 1.334.097-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/5/2013.

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