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FONTE NOVA NEGÓCIOS E PARTICIPAÇÕES S A - FNP, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF sob o nº 08.906.994/0001-11, com sede na ladeira da Fonte das Pedras, Nazaré, Salvador,
Bahia, CEP: 40.050565, nos autos do processo em epígrafe, vem, nos autos da AÇÃO INDENIZATÓRIA
em epígrafe, movida por SUELEM RIBEIRO PIRES COELHO, já qualificado, por sua advogada in fine
assinada, perante V. Exa, com fulcro nos Arts. 30 e ss. da Lei 9.099/95, apresentar sua
CONTESTAÇÃO pelos motivos fáticos e jurídicos que a seguir passa a expor.
I. SÍNTESE DA DEMANDA.
Trata-se a ação indenizatória, por meio da qual pleiteia a Autora indenização por danos morais, sob a
alegação de falha na prestação de serviço pelas rés.
Aduz a Autora que no dia 29 de agosto de 2022 compareceu à Arena Fonte Nova, para assistir a uma
partida de futebol de Bahia x Vasco. Ao final, alega que, devido a um mal-estar, teria desistido de assistir
ao jogo e se locomoveu até o estacionamento para ir embora. Chegando no estacionamento se deparou
com as saídas do estacionamento fechadas por outros carros, o que impossibilitou a sua saída, tendo que
aguardar por mais de 1h.
Aduz ainda, que as rés teriam permitido que outros veículos estacionassem em lugares proibidos,
impedindo deste modo, a retirada de seu carro.
Contudo, mesmo hipoteticamente passando mal a autora aguardou durante cerca de 1 hora para ter seu
carro liberado. Diante disso, requereu a autora a condenação das Rés, solidária e objetivamente, ao
pagamento do valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) a título de indenização por danos morais.
No entanto, como se demonstrará, o caso em epígrafe não merece qualquer procedência.
Inicialmente, cumpre chamar a atenção deste MM. Juízo acerca da absoluta e inquestionável
ilegitimidade da empresa Ré para figurar no polo passivo desta demanda, já que não é responsável pelas
obrigações provenientes do controle do estacionamento da Arena.
De todo modo, é certo que a FONTE NOVA NEGÓCIOS E PARTICIPAÇÕES (FNP) não pode ser
responsabilizada por eventuais prejuízos causados a Autora, uma vez que a FNP celebrou junto à
ESTAPAR, corré, contrato de locação não residencial de área para fins de exploração de
estacionamento.
In casu, segundo a narrativa exordial o fato gerador do suposto dano moral, isto é, a suposta falta de
organização, teriam ocorrido no estacionamento gerido pela corré, assim como aduz a parte autora, “no
estacionamento privado do estádio (2ª demandada), administrado pela 1ª demandada”.
Ora, não há contribuição comissiva ou omissiva desta empresa que tenha ensejado no suposto dano
relatado. Isto porque, como resta claro, não é a Fonte Nova Negócios e Participações S/A a responsável
pelo gerenciamento do estacionamento da arena, muito menos pelo recebimento dos valores cobrados a
este título.
Logo, é importante frisar que o controle de acesso, faturamento, estrutura, setorização e todas as
atividades que emergem do gerenciamento do estacionamento são de responsabilidade exclusiva da
ESTAPAR, corré.
Desta maneira, não há possibilidade de confundir o prosseguimento deste feito em relação à FNP, na
medida em que não há legitimidade desta empresa para responder aos termos da controvérsia narrada,
razão pela qual o feito deve ser extinto, sem análise de mérito, com fulcro no artigo 485, inciso VI do
Código de Processo Civil.
III. DO MÉRITO.
Superada a preliminar acima suscitada, o que se faz somente pelo Princípio da Eventualidade, cumpre
ainda esclarecer a este MM. Juízo como funciona o contrato de locação celebrado entre as Rés. Isto
porque, ainda que esta empresa seja legitimamente capaz de figurar no polo passivo desta demanda, não
é responsável pelos danos que possam decorrer nas dependências do estacionamento em questão,
uma vez que toda a gestão do espaço é realizada pela Estapar, e não pela FONTE NOVA.
Primeiramente, é necessário afirmar que a Fonte Nova Negócios e Participações é a empresa que explora
a concessão administrativa, em regime de Parceria Público-Privada, inicialmente para a prestação do
serviço de reconstrução, e, posteriormente, para gestão da operação e manutenção do estádio Arena
Fonte Nova.
Assim, em razão do regime de parceria público privada, para justificar sua construção, deveria procurar
outros meios de subsistência, haja vista o seu compromisso com o Estado e com a sociedade. Dessa
maneira, a Ré realiza constantemente diversos contratos de locação para sediar eventos em seu espaço
físico; sejam acadêmicos, multidisciplinares, culturais ou festivos, considerando a natureza multiuso da
Arena, bem como a locação do estacionamento.
Ao fazê-lo, como exposto no tópico acerca da ilegitimidade desta ré para figurar no polo passivo, é
necessário observar que a empresa locatária, ao firmar contrato de locação com esta Ré, comprometeu-
se a responsabilizar-se por eventuais danos e acontecimentos relacionados a terceiros,
entendimento plenamente extraível das Cláusula 9, alínea “d”, do contrato realizado entre as
partes.
Deste modo, Exa., trata-se de mero contrato de locação, pelo que, obviamente, não há como
responsabilizar a gestora do imóvel, in casu, locadora, haja vista que no período apontado o imóvel é
integralmente entregue à locatária, não possuindo a FNP qualquer ingerência sobre o estacionamento.
Inclusive, não cabe entendimento outro que não o da exclusiva responsabilidade da empresa corré, haja
vista que restaria inviabilizada a locação, caso a Locadora tivesse que fiscalizar todos os serviços
prestados pelo Locatário, a exemplo de; segurança, alimentação, atrações artísticas, etc.
Nesse mesmo sentido, ou seja, da responsabilidade por eventuais danos causados em estacionamentos
recaírem sobre a empresa que os gerenciam, entendem os Tribunais:
Patente, portanto, a ausência de responsabilidade desta Ré, ante a cristalina incumbência da corré
Repita-se, que esta Ré não pode ser considerada parte da cadeia de fornecedores, seja pelo escopo do
contrato de locação firmado com a Estapar estacionamentos, seja por não poder interferir na gestão do
serviço prestado aos consumidores do local.
Desta maneira, não há no caso em tela qualquer fato capaz de ensejar a condenação desta empresa Ré,
haja vista a patente responsabilidade da corré, como locadora do estacionamento no qual a parte Autora
alega ter sofrido os danos patrimoniais e de ordem extrapatrimonial.
Inicialmente, cumpre esclarecer que, de toda documentação colacionada aos autos não se depreende
qualquer comprovação de que a Autora tenha de fato comparecido ao evento, tampouco que tenha
passado mal nas dependências da Arena Fonte Nova, nem mesmo a falha na prestação de serviço relatada
na exordial.
Ao contrário, a documentação utilizada pela Autora como lastro probatório da ação denota uma certa
contradição em suas alegações, consoante será esclarecido.
Impende ressaltar, que a Autora colaciona aos autos, além de imagens e vídeo de um estacionamento,
print screen de extrato bancário que, supostamente, serviria a comprovar o pagamento do
estacionamento. Ocorre que, além de o lançamento no valor de R$ 35,00 (trinta e cinco) reais não possuir
qualquer identificação de quem recebeu o valor (ou seja, se de fato o pagamento foi destinado à Corré
Estapar), tampouco é possível identificar o titular da conta bancária, cujo extrato foi colacionado.
Neste sentido, o que se observa dos autos é que, a Autora ajuíza ação indenizatória em face desta Ré e
da Corré Estapar, aduzindo ter sido vítima de falha na prestação de serviço de ambas as empresas, por
suposto evento ocorrido nas dependências da Arena Fonte Nova, durante partida de futebol que teria
comparecido, entre Bahia x Vasco.
Ocorre, Exa., que não se pode extrair da documentação colacionada qualquer indício de que a Autora
sequer teria comparecido ao estádio para assistir à partida em questão, tampouco que teria estacionado
seu veículo no estacionamento do equipamento.
Em verdade, não há, inclusive, comprovação de que a Autora dirige, uma vez que colaciona à exordial
como documento de identificação o seu RG, e não a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). De igual
forma, a sra. Suelem deixou de colacionar documento do veículo que teria tido a saída do estacionamento
obstada.
Frise-se, Exa., que o documento do veículo, cuja saída teria sido obstada serviria, minimamente,
como forma de possibilitar à Corré a verificação sobre horário de entrada/saída do veículo da
Autora, para fins de deslinde do feito.
Pois bem. Tem-se que a Autora ajuíza demanda aduzindo falha na prestação de serviço de
estacionamento na Arena Fonte Nova, sem, contudo, comprovar: a sua presença no estádio na data
informada, ou, minimamente, a entrada/saída de seu veículo do estacionamento.
Seguindo a sua desídia quanto à comprovação de suas alegações, a Autora não colaciona ingresso do
partida, ou, no mínimo, fotografias que comprovassem que ela compareceu ao evento em questão. Ao
contrário, junta fotografias e um vídeo que, segundo alega, teriam sido registrados no dia do ocorrido e
no estacionamento do estádio.
Ocorre, Exa., que pelas fotografias ou, ainda o vídeo colacionado, SEQUER HÁ COMO
IDENTIFICAR QUE O ESTACIONAMENTO EM QUESTÃO É NA FONTE NOVA. Inclusive,
além de não haver possibilidade de identificação de qual estacionamento se referem os registros,
não há data/hora do registro.
De forma igual, não existem documentos que comprovem o mal-estar da autora, tais como: atestado de
comparecimento à unidade hospitalar, laudos ou até mesmo relatórios médicos. Ou seja, documentos
que possam servir para atestar que a autora realmente passou mal durante o evento.
De mais a mais, ainda que esta Ré não esteja na cadeia de fornecedores de serviço do estacionamento
do estádio, é imperioso esclarecer que a estrutura do equipamento conta com diversas saídas para a
melhor comodidade de todos presentes, sendo proibido estacionar de qualquer modo que bloqueie
qualquer uma delas.
Assim, no que tange à alegação de que as saídas do estacionamento estariam fechadas, e que isto teria
causado prejuízos à Autora, em razão do seu estado de saúde no momento, não merece prosperar. Como
já dito, Exa., não há qualquer comprovação de que a Autora tenha comparecido ao estádio ou utilizado
o estacionamento. Deste modo, tampouco há como identificar em qual estacionamento teria
supostamente ocorrido o dano.
Deste modo, apenas por amor ao debate, é certo que as saídas dos estacionamentos da Arena Fonte Nova
ficam ativadas durante toda a operação da partida. Assim, a título de exemplo; o estacionamento EDG -
Edifício Garagem, possui opções de saída para os clientes no nível superior e no nível inferior de forma
simultânea. A saída do nível superior é direcionada para as Avenidas Djalma Dultra e Mário Leal
Ferreira (Bonocô), enquanto a saída do nível inferior é direcionada para a Avenida Mário Leal Ferreira
(Bonocô), sentido Dique do Tororó. Já o estacionamento EE – Externo, possui saída livre no sentido
Dique do Tororó, enquanto os estacionamentos internos (N´s), possuem a saída direcionada para Dique
do Tororó/Vasco da Gama, Djalma Dultra e Bonocô.
Neste sentido, no que tange ao vídeo e às fotografias colacionadas, em que é possível observar um
veículo sendo retirado – além de não possibilitar a identificação de qual estacionamento seria (se de fato
seria o da Fonte Nova) – não há prova de que o veículo que estaria sendo bloqueado seja o da Autora.
Diante do exposto, é certo que não se pode vislumbrar a veracidade das alegações autorais, uma vez que
desprovidas de comprovações. Em verdade, a documentação colacionada aos autos não é capaz de
conceder procedência à pretensão autoral.
Nos termos do art. 927 do CC/02, é imprescindível que, além da configuração do dano, haja nexo causal
entre a conduta praticada pelas rés e o resultado. Nesse sentido, há que se observar que os danos
supostamente sofridos pela Autora, se ocorreram, não foram causados por ação ou omissão desta ré,
como se demonstrará.
Como já extensamente narrado, esta ré é somente a locadora do estacionamento, não possuindo gestão
sobre a gerência do espaço. Ainda assim, na eventual interpretação de que esta ré faz parte da cadeia de
fornecimento do serviço, cumpre-se afirmar que por qualquer ângulo que se observe, não se depreende
qualquer conduta dos prepostos desta ré, comissiva ou omissiva, que influenciou para produzir os
eventos supostamente lesivos à autora. Isto é, da narrativa, busca a autora afirmar que a conduta omissiva
das rés em não promover a gerência do espaço, fez surgir o direito à indenização pelos danos suportados,
argumento que não merece sorte.
É que, Excelência, o pobre acervo probatório autoral não é capaz de identificar que as rés deram causa
eficiente, omissiva ou comissivamente, aos infortúnios narrados pela autora.
Quer dizer, em que pese se tratar de um ambiente controlado, não se afastam deste meio as situações
ordinárias e cotidianas da vida comum. Ou seja, pela narrativa da autora, o episódio teria ocorrido por
falta de planejamento das corrés, sendo presumidamente evitável. Contudo, é evidente que, se de fato
ocorreu, se deu por conduta de terceiro, que estacionou em local proibido no estacionamento, em que
pese sinalizações indicando a proibição e orientação dos prepostos da Corré.
Assim, a situação narrada pela autora, levando em consideração que o suposto carro estacionado à frente
de seu veículo não é de propriedade da FNP e que a gerência do estacionamento não é desta ré, rompe
o nexo causal, uma vez que se trata de fato de terceiro que exclui a responsabilidade, por se tratar de
fortuito externo (ou força maior, a depender do referencial doutrinário que se pretenda utilizar). Deve-
se concluir, portanto, pela exclusão da responsabilidade dos réus, nos termos do art. 14, §3º, II do CDC:
Ademais, a Autora, buscando fundamentar seu pleito, traz aos autos decisão que trata de fato do serviço
sem, todavia, destacar que, nas hipóteses de fato do serviço, o fornecedor de serviços não é responsável
por danos de culpa exclusiva de terceiro, conforme a legislação consumerista – que é justamente o
quadro fático do caso em tela. Nesse sentido:
Assim, ainda que a FNP seja responsável pela garantia da integridade dos consumidores do
estacionamento, no caso em tela, a ação que culminou nos danos a autora era inevitável, tendo em vista
toda a situação já narrada.
Embora repetitivo, é imprescindível frisar, no entanto, que a Fonte Nova Negócios e Participações
sequer pode ser vista como fornecedora de serviço no presente caso, por tudo que já fora esclarecido.
Logo, ainda que pudesse esta Ré ser considerada parte da cadeia de fornecedores, restaria sua conduta
e os danos causados a Autora por culpa de terceiros, não havendo, por via de consequência, como lhe
imputar qualquer responsabilidade.
Deste modo, não resta dúvidas que os fatos narrados na exordial fogem à responsabilidade da Segunda
Ré, ora contestante, consoante exaustivamente demonstrado, pelo que merece, na remota hipótese de
não ser acolhida a preliminar suscitada, serem julgados improcedentes os pleitos indenizatórios em face
desta Ré.
Além de inexistir ato ilícito e o nexo causal, extrai-se da narrativa da inicial, bem como dos documentos
juntados, que não há dano a ser indenizado pelas rés, em razão da impossibilidade de imputar
responsabilidade neste sentido.
Os dissabores que diz ter sofrido a autora são situações que não fogem da infeliz sociedade em que
vivemos. Ainda que seja dentro das dependências do estacionamento gerido pela Corré Estapar, não está
alheio às situações, padrões de comportamento e cultura da sociedade em vida pública.
Isto é, em qualquer ângulo que se enxergue a situação narrada, não se pode imputar a esta Ré
qualquer responsabilidade indenizatória, na medida em que, não contribuiu para o resultado final
de qualquer forma. Tanto o é, que a autora não demonstra em qualquer dimensão os abalos que diz ter
sofrido, sob a justificativa de presunção de dano moral, o que deve ser analisado de maneira vertical,
evitando assim a vulgarização do instituto do dano moral.
É necessário insistir, Excelência, no fato de que a autora não junta aos autos qualquer prova que ela,
pessoalmente, tenha estado nas dependências da Arena Fonte Nova, mais ainda, que tenha passado mal
tampouco tido problemas para retirar seu veículo do estacionamento.
Ademais, considerando que não há documentos médicos vinculados ao processo, as alegações autorais
não são dotadas de plausibilidade.
Isto é, a autora não demonstra que tenha em momento algum passado mal, e que tenha acontecido
fato que pudesse ensejar dano moral. Sua pretensão baseia-se somente na alegação de falha da
prestação de serviço pelos réus.
Assim, deve ser julgado improcedente o pedido de indenização por danos morais em face desta Ré, haja
vista a absoluta inexistência de responsabilidade desta.
Isto porque, conforme cediço, a fixação do quantum indenizatório deve ser feita do modo mais razoável
possível pelo Nobre Julgador. Na lição de Caio Mário “a indenização não deve ser tão grande que se
converta em fonte de enriquecimento, nem tão pequena que se torne inexpressiva”.
Além disso, a Doutrina mais abalizada é unânime em afirmar que a indenização por danos morais deve
revestir-se de caráter eminentemente compensatório, e que jamais poderá servir de fonte de
enriquecimento para o lesado.
Assim sendo, à vista dos argumentos colacionados nos itens anteriores, se forem considerados
comprovados os pressupostos da Responsabilidade Civil, o que se afigura improvável ante toda a
argumentação formulada, deve a indenização ser fixada, conforme já dito anteriormente, com base na
realidade fática, de forma proporcional e razoável, vedando-se o enriquecimento sem causa da parte
Autora.
Convém esclarecer que o art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, elenca como direito
básico do consumidor “a facilitação da defesa dos seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”.
No entanto, caso estejam ausentes esses pressupostos, inadmissível é a inversão do ônus da prova, o que
vem sendo replicado pelo E. Superior Tribunal de Justiça, conforme jurisprudência ora colacionada:
No presente caso, não cabe a inversão do ônus da prova, pois a Autora possui plenas condições de, por
si só, demonstrar a ocorrência do evento danoso pelo qual pleiteia indenização, sem necessidade de esta
Ré ser compelida a produzir provas que são de sua responsabilidade. Ademais, conforme esclarecido,
eventual inversão do ônus da prova no presente caso, implicará na obrigação de trazer provas aos autos
a esta empresa que, reitere-se, é completamente ilegítima.
Ora, Nobre Julgador, insta salientar que não há nos autos qualquer documento que comprove a
responsabilidade da FNP quanto ao evento danoso narrado pela Autora. Ao contrário, toda a
documentação colacionada remete à responsabilidade da Estapar.
Outrossim, cumpre destacar que a prova diabólica (Probatio Diabolica ou Devil’s Proof) é aquela
modalidade de prova impossível ou excessivamente difícil de ser produzida como, por exemplo, a prova
de um fato negativo. Ou seja, nenhum meio de prova possível é capaz de permitir determinada situação
fática.
O que se percebe é que a Autora tenta se desincubir do ônus que a legislação lhes imputa. No entanto,
não basta ser consumidor para que seja deferida a inversão do ônus da prova, sendo necessário que a
parte seja hipossuficiente, não economicamente, mas sim no sentido de não poder ter acesso aos meios
probatórios.
Pois bem, este não é o caso dos autos! Conforme dito anteriormente, a Autora possuiria plenas condições
de provar o quanto alegado, uma vez que os meios de prova estavam à sua disposição.
Entretanto, considerando a eventual hipótese da inversão, as partes não devem ser surpreendidas
por tal decisão ao final da lide, sendo que, nesse caso, deve ser oportunizada à parte a produção
de novas provas. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu:
Assim, considerando que a Autora não se desincumbiu do ônus que lhes competia quando do
ajuizamento da ação, deixando de reunir a mínima evidência dos fatos alegados, não se pode presumir
a sua ocorrência, razão pela qual é aplicável, no presente caso, a regra geral do ônus da prova, disposta
no art. 373, inciso I do Código de Processo Civil.
IV. CONCLUSÃO.
Ante todo o exposto, pugna-se, inicialmente para que seja acolhido o pedido de preliminar, com o
consequente reconhecimento da ilegitimidade passiva da Ré. Caso superada a preliminar, pugna para
que a demanda seja julgada IMPROCEDENTE.
Protesta pela produção de provas por todos os meios em Direito admitidos, em especial pela juntada de
documentos, pelo depoimento pessoal da parte Autora, sob pena de confissão, nos termos do artigo 385,
caput e § 1º do Código de Processo Civil de 2015, bem como pela oitiva de testemunhas a serem
arroladas oportunamente.
Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente, o
depoimento pessoal da Autora e a apresentação de documentos pertinentes.