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MEIOS DE PROVA DOS CRIMES DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE, APÓS A LEI 12.

760/2012,
E A NECESSÁRIA ORIENTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

CÁSSIO M. HONORATO
(Promotor de Justiça no Estado do Paraná
Comarca de Curitiba - Foro Regional de Colombo)

Tese a ser apresentada durante o


XX Congresso Nacional do Ministério Público:
a construção de uma identidade, em Natal / RN,
no período de 30.Out. a 1º.Nov. de 2013.

Área: Criminal
(art. 43, inc. I, do Regimento Interno).

SÍNTESE:
Considerando as alterações promovidas pela Lei n. 12.760/2012 (conhecida como “Nova Lei Seca”) e as
recentes Decisões judiciais prolatadas em favor de autores de crimes de Embriaguez ao Volante, o Ministério
Público deve orientar as Autoridades Policiais, os Policiais Militares, as Autoridades de Trânsito e seus agentes
que, havendo fundada suspeita de o condutor de veículo encontrar-se com excesso de alcoolemia ou com sinais
que indiquem a alteração da capacidade psicomotora, em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência, devem ser realizados todos os meios de prova (ou pelo menos todos os
que se tornarem possíveis no momento do atendimento e do registro do fato) descritos no art. 306, §2º, do
Código de Trânsito Brasileiro (quais sejam: teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal
e outros meios de prova em direito admitidos) e na Resolução n. 432, de 23.01.2013, do Conselho Nacional de
Trânsito (que prevê o Auto de Constatação dos Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora).
Ao receber os Autos de Inquérito Policial, e sendo constatado que a Autoridade Policial não providenciou a
juntada aos Autos de todos os meios de prova (possíveis de serem realizados) para a comprovação da
materialidade dos Crimes de Embriaguez ao Volante, o membro do Ministério Público deve restituir os Autos à
Autoridade Policial (em manifestação motivada), indicando as diligências a serem realizadas e as provas a serem
juntadas ao Inquérito, de modo que a materialidade dos Crimes de Embriaguez ao Volante esteja fundada em um
conjunto de meios de prova, evitando (sempre que possível) a instauração de processos criminais com
fundamento em um único meio de prova.

EXPOSIÇÃO
Durante a 19ª edição do Congresso Nacional do Ministério Público (realizado em Belém do
Pará, no ano de 2011), defendi a necessidade de o Ministério Público reconhecer seu papel como Enforcement,1
ou seja, como instituição democrática integrada ao Esforço Legal para a realização do Trânsito Seguro e tutela de
todos os direitos fundamentais (em especial a vida e a integridade física) de todos os participantes do fenômeno
trânsito (sejam pessoas, animais ou veículos) que são colocados em risco. Uma interessante expressão foi
empregada por uma colega Promotora de Justiça, durante os debates, no sentido que o Ministério Público deve
agir como catalisador do esforço legal, de modo a exigir do Estado o cumprimento de seus deveres com a
segurança viária e garantir o exercício do direito ao trânsito em condições seguras a todos os participantes do
fenômeno trânsito.
Nesse intervalo de dois anos, algumas importantes atividades foram desenvolvidas e duas
merecem destaque, estando uma concluída e outra em fase de desenvolvimento.

1
Enforcement – “making sure that something is obeyed” (COLLIN, Peter H. Dictionary of Law. Third edition.
Teddington (UK): Peter Collin Publishing, 2000. p. 130); ou seja, tornar obrigatório o cumprimento da lei.
A missão cumprida volta-se à reforma de uma rodovia estadual (PR-417, conhecida como
Rodovia da Uva), situada na Região Metropolitana de Curitiba em direção ao Município de Colombo. A situação
de risco gerada pela interrupção de obras de duplicação e rompimento do contrato de concessão chamou a
atenção para a necessidade de intervenção do MPPR. Entre a instauração do Inquérito Civil (registrado sob n.
MPPR-0039.12.000352-8), elaboração do relatório fotográfico, reuniões com membros do Departamento de
Estrada de Rodagem (DER-PR) e conclusão das obras transcorreram exatos 107 dias (no período de 13.11.2012
a 27.02.2013, que compreende as festas de final de ano e o período de recesso forense). Dois resultados práticos
foram obtidos: segurança viária e integração de dois órgãos de Estado que podem (e devem) promover ações
para proporcionar segurança a todos os participantes do trânsito.
Durante os trabalhos, a observação que mais chamou a atenção foi realizada por um
Engenheiro do DER que, ao agradecer a intervenção do Ministério Público, afirmou que pela primeira vez, em
trinta anos de carreira, todo o material por ele solicitado para a realização das obras foi providenciado!
A tarefa atual volta-se, com grande preocupação, para a interpretação judicial que está
sendo desenvolvida atualmente em relação aos meios de prova dos Crimes de Embriaguez ao Volante, descritos
no art. 306 do CTB (com redação alterada pelas Leis 11.705/2008 e 12.760/2012) e para a necessidade de alertar
os membros do Ministério Público que atuam nesses inquéritos policiais e processos criminais sobre a
necessidade de orientar as Autoridades Policiais, os Policiais Militares, as Autoridades de Trânsito e seus agentes
em relação aos meios de prova dos crimes de embriaguez ao volante e, sendo necessário, promover diligências
para que a materialidade do fato esteja fundada em um conjunto probatório, evitando (sempre que possível) a
instauração de processos criminais com fundamento em um único meio de prova.

EVOLUÇÃO LEGISLATIVA E ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL


Realizando um brevíssimo retrospecto histórico das normas relacionadas à embriaguez ao
volante, no Brasil, tem-se uma evolução muito significativa, tanto na esfera administrativa quanto na criminal.
No âmbito administrativo, a primeira margem de tolerância foi prevista pela Resolução n.
413/69, do CONTRAN: 8 dg/L. Em 1998, com o início da vigência da Lei n. 9.503/97 (que instituiu o Código de
Trânsito Brasileiro), houve redução da faixa de tolerância para 6dg/L (seis decigramas de álcool por litro de
sangue) e, em 2013, a tolerância do legislador aproximou-se do ideal zero, com a publicação da Lei n.
12.760/2012 e da Resolução n. 432/2013 do CONTRAN. Essa política de Segurança Viária, em que se observa a
criação de normas mais rígidas, constitui ação concreta do Estado brasileiro em direção à realização dos
objetivos propostos para a Década Mundial de Ações para Segurança Viária: “estabilizar e, posteriormente,
reduzir os índices de vítimas fatais no trânsito em todo o mundo”.2
Igualmente importantes foram os avanços na esfera do Direito Criminal, em que a
Embriaguez ao Volante foi inicialmente concebida como contravenção penal (descrita nos art. 34 e 62 do
Decreto-Lei n. 3.688/41);3 passando pela criminalização junto ao Código de Trânsito Brasileiro (que previu o

2
Em 02.03.2010, a Assembléia Geral da ONU (Organização das Noções Unidas), durante o 64ª Período de
Sessões (Tema 46 do Programa), por meio da Resolução n. A/64/255 (sobre “Melhoria da Segurança Viária no
Mundo" - "Improving Global Road Safety"), proclamou “o período de 2011-2020 ‘Década de Ações para
Segurança Viária’, com o objetivo de estabilizar e, posteriormente, reduzir os índices de vítimas fatais no trânsito
em todo o mundo, aumentando as atividades nos planos nacional, regional e mundial” (par. 2). Disponível em:
[http://www.who.int/violence_injury_prevention/publications/road_traffic/UN_GA_resolution-54-255-en.pdf]
Acesso em: 06.02.2013.
3
O Decreto-Lei n. 3.688, de 03.10.1941, contém a Lei das Contravenções Penais.
Crime de Embriaguez ao Volante junto ao artigo 306), até chegar-se à redação conferida pela Lei n. 11.705/2008,
em que foram revelados dois Crimes de Embriaguez ao Volante (por excesso de alcoolemia e por dirigir sob
influência de substância psicoativa)4, e a atual redação trazida pela Lei n. 12.760/2012 (que identifica os distintos
meios de prova que poderão ser realizados).
Assim, a partir de 2008, a população brasileira passou a contar com três níveis de proteção
jurídica contra os riscos decorrentes da Embriaguez ao Volante: um, na esfera administrativa de trânsito, em que
a faixa de tolerância foi reduzida de 8dg/L para 6dg/L e, atualmente, fixada em zero; e outros dois, no âmbito
criminal, em que foram identificados na Lei Seca dois Crimes de Embriaguez ao Volante e relacionados na Nova
Lei Seca, os distintos meios para prová-los em Juízo.
Em relação aos tipos penais descritos no art. 306 do CTB, merece destaque a atual redação
(resultante das alterações produzidas pelas Leis n. 11.705/2008 e 12.760/2012):
“Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas
[...]. §1º. As condutas previstas no caput serão constatadas por: I – concentração igual ou
superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue, ou igual ou superior a 0,3 miligramas
de álcool por litro de ar alveolar; ou II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
CONTRAN, alteração da capacidade psicomotora.”
As decisões prolatadas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça,
após a publicação da Lei Seca (a partir de 20.06.2008), reconhecem que a Embriaguez ao Volante constitui
“delito de perigo abstrato que prescinde da prova do risco potencial do dano causado pela conduta do agente que
dirige embriagado” (RT 916/639)5; e cuja iniciativa penal é pública incondicionada, 6 ou seja, a ser promovida
pelo Ministério Público perante as Varas Criminais (ou Varas Especializadas em Delitos de Trânsito, onde
houver).

DOIS CRIMES DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE


Os dois crimes de Embriaguez ao Volante descritos na Lei Seca (Lei n. 11.705/2008)
encontram-se renovados no Código de Trânsito Brasileiro por força da nova redação trazida pela Lei n.
12.760/2012 (acima transcrito).7

“[...] orientação pacífica e dominante no sentido de que a simples embriaguez na direção de veículo configura a
direção perigosa, pois a periculosidade da conduta é decorrente do estado alcoólico do motorista, que poderá
ocasionar infrações mais graves. ‘Presume-se, sempre, perigo à incolumidade pública, a presença de indivíduo
embriagado na direção de veículo, que é instrumento idôneo a causar danos e perigo de danos a bens jurídicos de
inestimável valor’ (RT, 589:353).” (NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Delitos do automóvel. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
1988. p. 80.)
4
HONORATO, Cássio M. Dois crimes de embriaguez ao volante e as alterações introduzidas pela Lei
11.705/2008. RT 880, ano 98, p. 341-374, fev. 2009.
5
STF. HC 109.269-MG, j. 27.09.2011. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. RT 916/639.
STJ. HC 167.882-DF, j. 06.03.2012. 5ª Turma. Rel. Min. Gilson Dipp; bem como HC 177.942-RS, j. 14.03.2011.
6ª Turma. Rel. Min. Celso Limongi.
Os Crimes de Embriaguez ao Volante descritos no art. 379.2, do Código Penal Espanhol (alterado pela LO
15/2007) também configuram “delito de peligro abstracto, donde no es precisa la demostración, caso por caso,
del peligro efectivo para el bien jurídico protegido, que es la seguridad del tráfico” e “así es interpretado por la
jurisprudencia mayoritaria” (PAVÓN, Pilar Gómez. El delito de conducción bajo la influencia de bebidas
alcohólicas, drogas tóxicas o estupefacientes y análisis del artículo 383 del Código Penal. 4. ed., Barcelona:
BOSCH, Casa Editorial, 2010. p. 139 e 143).
6
“Trânsito. Embriaguez ao volante. Delito cujo objeto jurídico tutelado é a incolumidade pública e o sujeito
passivo, a coletividade. Ação penal pública incondicionada. Hipótese em que a ação penal condicionada à
representação se mostra incompatível com crimes dessa natureza. Inteligência do art. 306 da Lei 9.503/97” (STF.
ROHC 82.517-6. 1ª Turma. j. 10.12.2002. Rel. Min. Ellen Gracie. RT 814/518).
Na hipótese de embriaguez ao volante por excesso de alcoolemia (art. 306, caput, e §1º,
inc. I, do CTB), o legislador presume que o álcool tenha alterado a capacidade psicomotora do condutor do
veículo sempre que a concentração for igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue (ou 0,3
miligramas de álcool por litro de ar alveolar).
Semelhante presunção legal foi adotada em Espanha, por meio da Ley Orgánica n. 15/2007,
que alterou o Cap. IV, do Código Penal, em relação aos Delitos contra la Seguridad Vial, descrevendo em dois
incisos os Crimes de Embriaguez ao Volante: “Art. 379. […] 2. Con las mismas penas será castigado el que
condujere un vehículo de motor o ciclomotor bajo la influencia de drogas tóxicas, estupefacientes, substancias
psicotrópicas o de bebidas alcohólicas. En todo caso será condenado con dichas penas el que condujere con una
tasa de alcohol en aire espirado superior a 0,60 miligramos por litro o con una tasa de alcohol en sangre superior
a 1,2 gramos por litro.” PAVÓN, ao discorrer sobre a elementar bajo la influencia alcohólica, lembra que “un
sector de la jurisprudencia presumía la influencia del alcohol, drogas tóxicas, estupefacientes o substancias
psicotrópicas a partir de determinadas tasas de sangre en el caso del alcohol, no siendo preciso demostrarla en
cada caso concreto, y no debiendo tampoco ser manifiesta en el sentido de notoria, patente, perceptible: en
consecuencia, superada determinada tasa se podía afirmar la influencia del alcohol, presumiéndose, a partir de
esta afirmación la incapacidad del sujeto”.8
A presunção legal incorporada ao Código de Trânsito Brasileiro pela Lei n. 12.760/2012
encontra fundamento científico na exposição de SIMONIN, em que se presume a presença de “trastornos
tóxicos más o menos graves” em relação àqueles que apresentam TAS acima de 0,37 dg/L: “la cantidad de
alcohol en sangre no tiene más que un valor indicativo; no es más que un elemento de diagnóstico médico-legal,
el cual debe tener en cuenta los datos de información y las indicaciones siguientes: - alcoholemia inferior a
0,5c.c. por 1.000 (o 0,37g): intoxicación inaparente. - alcoholemia comprendida entre 0,5 y 2c.c. por 1.000 (o
0,37 y 1,5g.): presunción de trastornos tóxicos más o menos graves. - alcoholemia superior a 2c.c. por 1.000 (o
1,5g.): borrachera en la mayoría de casos.”9
Esses transtornos tóxicos incidem diretamente sobre o comportamento humano, alterando a
capacidade psicomotora e gerando grave risco à segurança viária. Estudos científicos revelam a existência de
“uma forte relação entre a concentração de álcool no sangue e o comportamento”. 10 Nesse sentido, CUFFA
revela que, em pessoas com concentração de 6 dg/L (seis decigramas de álcool por litro de sangue), “Julgamento
e crítica encontram-se prejudicados; a avaliação das capacidades individuais e o processo de tomada de decisões
racionais são afetados (ex.: ser capaz de dirigir)”.11
Acolhida a teoria da presunção de transtornos tóxicos e de alteração da capacidade
psicomotora a partir de 6dg/L de sangue (ou 0,3 miligramas de álcool por litro de ar alveolar), o legislador
brasileiro presume (junto ao art. 306, caput e §1º, inc. I, do CTB, com redação alterada pela Lei n. 12.760/2012)

7
HONORATO, Cássio M. Álcool, trânsito seguro e proibição do retrocesso social. RT 935, ano 102, p. 183, Set.
2013.
8
PAVÓN, Pilar Gómez. El delito de conducción bajo la influencia de bebidas alcohólicas, drogas tóxicas o
estupefacientes, p. 51-52.
“La razón dicha en el preámbulo de la ley de reforma es la certeza de que con esas cantidades la generalidad de
las personas se encuentran bajo la influencia del alcohol.” (PAVÓN. Op. cit., p. 88.)
9
SIMONIN, C. Medicina Legal Judicial, p. 588.
10
CUFFA, Marina de. Percepção e comportamento de risco de beber e dirigir: um perfil do universitário de
Curitiba, p. 26.
11
CUFFA, Marina de. Op. cit., p. 26. Tabela 1. Os efeitos da ingestão de álcool de acordo com a concentração
sanguínea para uma pessoa que não desenvolveu tolerância e nem ingeriu alimentos previamente.
a realização de uma conduta humana capaz de causar grave risco à Segurança Viária e aos bens jurídicos (vida e
integridade física) de todos os participantes do fenômeno trânsito.
Tem-se, então, o Crime de Embriaguez ao Volante, por excesso de alcoolemia, quando
alguém (ser humano) estiver conduzindo veículo automotor, em via terrestre do território nacional aberta à
circulação (seja via pública ou privada, na forma do art. 2º, do CTB), com “concentração igual ou superior a 6
decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar”,
por presumir que os transtornos tóxicos produzidos pelo álcool no organismo são suficientes para alterar a
capacidade psicomotora do condutor e colocar em risco a segurança dos participantes do trânsito.
Não sendo possível determinar a alcoolemia (ou seja, a quantidade de álcool no sangue) ou
identificar a substância psicoativa ingerida (como uso de drogas, por exemplo), a nova redação conferida pela
Lei n. 12.760/2012 ao art. 306, §1º, inc. II, do CTB permite que a influência da substância seja comprovada por
“sinais que indiquem [...] alteração da capacidade psicomotora”.
A influência de álcool, esclarece PAVÓN, constitui “sinónimo de incapacidad para manejar
el vehículo con la seguridad precisa”,12 colocando em risco bens jurídicos essenciais à Segurança Viária. Assim,
“Si aceptamos en este punto que dicho bien jurídico es la seguridad del tráfico, como una parcela de la seguridad
colectiva, diremos que se encuentra influenciado por el alcohol, drogas tóxicas o estupefacientes, todo conductor
que, como consecuencia de la ingestión de tales substancias sufre unos efectos que pueden poner en peligro
dicha seguridad, quebrantando el principio de conducción dirigida y de confianza que deben imperar en el
tráfico rodado, aunque en ese momento preciso no represente ningún peligro concreto.” 13
Na segunda espécie de Embriaguez ao Volante, a influência do álcool ou outra substância
psicoativa não se presume; devendo ser comprovada, em cada caso concreto, pelos meios de prova
expressamente mencionados no §2º, do art. 306 do CTB (com redação introduzida pela lei n. 12.760/2012):
“exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos”.
Essa prova é possível e cientificamente aceita em razão dos efeitos da ingestão de álcool de
acordo com a concentração sanguínea. Nesse sentido, a Tabela destacada por CUFFA revela que a partir de
0,8g/L há “comprometimento evidente da coordenação motora e diminuição da velocidade dos reflexos”; com
1,0g/L, observa-se “discurso vago, indistinto, dificuldade na articulação das palavras; ‘lentificação’ dos reflexos
e deterioração do controle dos movimentos voluntários tornam-se evidentes”; ao atingir 1,5g/L surge “prejuízo
definitivo do equilíbrio e do movimento”, e com 2g/L os “centros de controle motor e emocional são
consideravelmente afetados; fala pastosa, cambaleante, perda de equilíbrio (quedas são frequentes) e visão dupla
podem ocorrer”14, de modo que esses sinais externos dos efeitos do álcool no organismo podem ser observados e
levados ao processo (como meios de prova do Crime de Embriaguez ao Volante) por meio de testemunhas, do
exame clínico e dos documentos elaborados pelos agentes que atenderam o evento e registraram a ocorrência.
Essa, aliás, é a orientação expressa na Resolução n. 432/2012, do CONTRAN: “Art. 5º. Os sinais de alteração da
capacidade psicomotora poderão ser verificados por: I – exame clínico com laudo conclusivo e firmado por

12
PAVÓN, Pilar Gómez. El delito de conducción bajo la influencia de bebidas alcohólicas, drogas tóxicas o
estupefacientes, p. 54.
13
PAVÓN, Pilar Gómez. Op. cit., p. 55.
14
CUFFA, Marina de. Percepção e comportamento de risco de beber e dirigir: um perfil do universitário de
Curitiba, p. 26. Tabela 1. Os efeitos da ingestão de álcool de acordo com a concentração sanguínea para uma
pessoa que não desenvolveu tolerância e nem ingeriu alimentos previamente.
médico perito; ou II – constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsito, dos sinais de alteração da capacidade
psicomotora nos termos do Anexo II.”15
Tem-se, então, a denominada Embriaguez ictu oculi, ou seja, a situação em que o nível de
alcoolemia torna-se evidente aos olhos e revela sinais característicos de que o condutor encontrava-se sob a
influência do álcool. Segundo BENTO DE FARIA, “Em tais casos a embriaguez é evidentemente – manifesta,
isto é, quando, independentemente do seu grau, pode ser percebida por todos, sem possível dúvida, ictu oculi”.16
Não havendo margem de tolerância, a comprovação das elementares do tipo penal poderá
ser realizada por distintos meios de prova, 17 visando demonstrar que o condutor encontrava-se sob influência de
qualquer substância psicoativa (ora incluído o álcool que, segundo Glossário da OMS,18 constitui espécie de
substância psicoativa que determina dependência).
Dois, portanto, são os Crimes de Embriaguez ao Volante descritos no art. 306 do CTB (com
redação alterada pelas Leis n. 11.705/08 e 12.760/12): (i) Embriaguez ao Volante por excesso de alcoolemia, em
que o legislador presume a incapacidade (ou alteração da capacidade psicomotora) para conduzir veículo com
segurança daquele que apresenta taxa de álcool no sangue (TAS) igual ou superior a 6dg/L (ou 0,3mg/L no ar
alveolar); e a (ii) Embriaguez ao Volante por dirigir sob influência de álcool ou outra substância psicoativa, a ser
comprovada por meio de sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora.

MEIOS DE PROVA E A PREOCUPANTE ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL


A partir de março de 2012, em especial após a publicação da Decisão prolatada pelo STJ
junto ao Recurso Especial n. 1.111.566/DF, 19 em que se afirmou, por maioria de votos, a necessidade de teste de
alcoolemia para comprovar, em Juízo, a materialidade do Crime de Embriaguez ao Volante, surgiu a preocupação
em ampliar, de forma explícita e cristalina, os meios de prova admitidos pela legislação de trânsito brasileira.
Em 21.12.2012, com a publicação da Lei n. 12.760 (conhecida como “Nova Lei Seca”),
passaram a constar expressamente do artigo 306, §2º, do CTB, os seguintes meios de prova dos Crimes de
15
O Anexo II da Resolução n. 432/2012 do CONTRAN contempla as informações mínimas que deverão constar
do Auto de Constatação dos Sinais de Embriaguez Alcoólica ou influência de substância psicoativa.
16
FARIA, Bento de. Das contravenções penais. Rio de Janeiro: Record, 1958. p. 219.
17
Em relação aos distintos meios de prova dos crimes de embriaguez ao volante, confira HONORATO, Cássio
M. O trânsito em condições seguras, p. 21-45.
“A prova da embriaguez ao volante deve ser feita, preferencialmente, por meio de perícia (teste de alcoolemia ou
de sangue), mas esta pode ser suprida (se impossível de ser realizada no momento ou em vista da recusa do
cidadão) pelo exame clínico e, mesmo, pela prova testemunhal”. (STJ. RHC 26.432/MT. 5ª Turma, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 19.11.2009. Publ. DJe. 22.02.2010.)
“II – O delito de embriaguez ao volante configura-se por meio da prova de que o condutor ingeriu bebida
alcoólica em concentração por litro de sangue igual ou superior à fixada na norma incriminadora - aferida por
teste de alcoolemia ou de sangue -, ou então que estava sob a influência de substância psicoativa que causasse
dependência – averiguada por meio de exame clínico ou depoimento testemunhal.” (STJ. REsp. 1.208.112/MG.
5ª Turma. Rel. Min. Gilson Dipp. j. em 24.06.2011. Publ. DJe 15.06.2011.)
18
“[...] o álcool é um sedativo/hipnótico com efeitos semelhantes aos dos barbitúricos. Além dos efeitos sociais
do uso, a intoxicação pelo álcool pode resultar em envenenamento e até morte; o uso excessivo e prolongado
pode resultar dependência ou numa ampla variedade de transtornos mentais orgânicos e físicos. Os transtornos
mentais e de comportamento decorrentes do uso de álcool (F10) são classificados como transtornos decorrentes
do uso de substância psicoativa na CID-10 (F-10-F-19).” (BRASIL. Glossário de álcool e drogas. Trad. J. M.
Bertolote. Brasília (DF): SENAD, 2006. p. 19.)
19
“[...] a Lei Seca trouxe critério objetivo para a caracterização do crime de embriaguez, tipificado pelo art. 306
do CTB. É necessária a comprovação de que o motorista esteja dirigindo sob a influência de pelo menos seis
decigramas de álcool por litro de sangue. Esse pode ser atestado somente pelo exame de sangue ou pelo teste do
bafômetro segundo definição do Decreto 6.488/08, que disciplinou a margem de tolerância de álcool no sangue e
a equivalência entre os dois testes.” (STJ. 3ª Seção. Rel. Acórdão Des. Conv. Adilson Vieira Macabu. REsp. n.
1.111.566/DF. j. em 28.03.2012).
Embriaguez ao Volante: teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal e outros meios de
prova em direito admitidos.
Dentre esses “outros meios de prova em direto admitidos”, além do interrogatório do
acusado (previsto nos art.185-196 do CPP), merece destaque o documento previsto no art. 5º e no Anexo II da
Resolução n. 432, de 23.01.2013, do Conselho Nacional de Trânsito, denominado “Auto de Constatação dos
Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora”.
O risco de impunidade, que parecia solucionado com as alterações legislativas introduzidas
pela Lei n. 12.760/12 e pela Resolução n. 432/13, voltou a incidir sobre os Crimes de Embriaguez ao Volante em
razão da interpretação que vem sendo realizada por alguns Juízes de Direito, neste primeiro ano de vigência da
“Nova Lei Seca”. Assim:
a) A irretroatividade da Lei n. 12.760/12, por ser considerada mais gravosa que a anterior e
prejudicial aos réus, vem sendo afirmada pela 2ª Câmara Criminal do TJPR20; pelo TJSP21, e pelo TJRS22.
b) Há interpretações pela fusão dos dois tipos penais, de modo a exigir (para a condenação
do acusado) prova do excesso de alcoolemia e, também, da alteração da capacidade psicomotora. Nesse sentido
destaca-se:
“APELAÇÃO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE
PSICOMOTORA. LEI 12.760/12. RETROATIVIDADE. Com a alteração do artigo 306 da
Lei 9.503/97 pela Lei 12.760/12, foi inserida no tipo penal uma nova elementar normativa:
a alteração da capacidade psicomotora. Conforme a atual redação do dispositivo penal
constitui conduta típica a condução do veículo com a capacidade psicomotora alterada
(caput) em razão da concentração de álcool por litro de sangue superior a 6 decigramas
(§1º, I) ou em razão do consumo de substância psicoativa (§1º, II). Assim, a adequação
típica da conduta, agora, depende não apenas ad constatação da embriaguez (seis dg de
álcool por litro de sangue), mas, também, da comprovação da alteração da capacidade
psicomotora pelos meios de prova admitidos em direito. Aplicação retroativa da Lei 12.760
ao caso concreto, pois mais benéfica ao acusado. Ausência de provas da alteração da
capacidade psicomotora. Absolvição decretada.”23

c) Em Decisão prolatada pelo Juiz de Direito da 1ª Vara de Delitos de Trânsito, em Curitiba,


foi exigido, como prova de validade e eficácia do exame realizado pelo etilômetro, os laudos de calibragem
inicial e o laudo de verificação anual do equipamento (pelo INMETRO ou empresa credenciada). Como
conseqüência, foi decretada “a nulidade do teste por meio etilômetro realizado à fl. [...]” e foi julgada
“improcedente a denúncia para absolver” 24 a denunciada. A aferição dos equipamentos e seus requisitos de

20
Decisões da 2ª Câmara Criminal do TJPR: Apelação Criminal n. 751.330-6, Rel. Conv. Juíza Lilian Romero,
julg. 04.07.2013, DJ 1149 de 26.07.2013; Habeas Corpus n. 797.900-4, Rel. Des. Lídio José Rotoli de Macedo,
julg. 14.03.2013, DJ 1072 de 05.04.2013.
21
Decisão da 3ª Câmara Criminal do TJSP: Apelação Criminal n. 0011445-40.2007.8.26.0270, Rel. Des. Silmar
Fernandes, julg. 13.06.2013.
22
Decisões do TJRS: Habeas Corpus n. 70054550256, Relator Des. João Batista Marques Tovo, julg.
27.06.2013; Apelação Criminal n. 70053795134, Relator Des. Jayme Weingartner Neto, julg. 23.05.2013; e
Apelação Criminal n. 70053032751, Rel. Des. Diogenes Vicente Hassan Ribeiro, julg. 14.03.2013.
23
TJRS. Apelação Criminal n. 70052159951 (n. CNJ: 0522594-24.2012.8.21.7000). 3ª C.Crim. Relator Des.
Nereu José Giacomolli, julg. 04.07.2013.
24
1ª Vara de Delitos de Trânsito. Curitiba. Autos n. 201262850. Juiz Athos Pereira Jorge Junior. Sentença
publicada em 13.08.2013.
validade encontravam-se previstos no art. 6º, da Resolução n. 206/06 do CONTRAN e foram novamente
exigidos pelo art. 4º, da Resolução n. 432/13 do CONTRAN os seguintes requisitos:
“I – ter seu modelo aprovado pelo INMETRO;
II – ser aprovado na verificação metrológica inicial, eventual, em serviço e anual realizadas
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO ou por órgão
da Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade – RBMLQ.”

As decisões judiciais acima destacadas revelam a incidência de um antigo adágio: “uma


andorinha só não faz verão”. Assim, sem ingressar no mérito das decisões judiciais acima destacadas (que, s.m.j.,
não conferem a interpretação mais adequada aos tipos penais descritos no art. 306 do CTB e, ao violar o
princípio do trânsito em condições seguras, geram grave prejuízo à segurança viária), o Ministério Público, como
titular da ação penal, deve conhecer a nova orientação jurisprudencial e adotar providências para que essa
interpretação não seja possível nos processos criminais em que esteja exercendo as funções ministeriais.

CONCLUSÃO
Como antídoto para esse novo mal que já se espalha sobre a interpretação dos Crimes de
Embriaguez ao Volante, mesmo após a publicação da Lei n. 12.760/12, e como forma de assegurar a realização
do Trânsito Seguro como direito fundamental de segunda dimensão, 25 sugere-se a adoção de duas providências
pelos membros do Ministério Público que atuam em Inquéritos Policiais e processos criminais em que se apuram
e processam autores de Crimes de Embriaguez ao Volante:
1º. No exercício do controle externo da atividade policial, o Ministério Público deve
orientar as Autoridades Policiais, os Policiais Militares, as Autoridades de Trânsito e seus
agentes que, havendo fundada suspeita de o condutor de veículo encontrar-se com excesso
de alcoolemia ou com sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora, em razão
da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência,
devem ser realizados todos os meios de prova (ou pelo menos todos os que se tornarem
possíveis no momento do atendimento e do registro do fato) descritos no art. 306, §2º, do
Código de Trânsito Brasileiro (quais sejam: teste de alcoolemia, exame clínico, perícia,
vídeo, prova testemunhal e outros meios de prova em direito admitidos) e na Resolução n.
432, de 23.01.2013, do Conselho Nacional de Trânsito (que prevê em seu art. 5º e seu
Anexo II, o Auto de Constatação dos Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora).
2º. Ao receber os Autos de Inquérito Policial, e sendo constatado que a Autoridade Policial
não providenciou a juntada aos Autos de todos os meios de prova (possíveis de serem
realizados) para a comprovação da materialidade dos Crimes de Embriaguez ao Volante, o
membro do Ministério Público deve restituir os Autos à Autoridade Policial (em
manifestação motivada), indicando as diligências a serem realizadas e as provas a serem
juntadas ao Inquérito, de modo que a materialidade dos Crimes de Embriaguez ao Volante
esteja fundada em um conjunto de meios de prova, evitando (sempre que possível) a
instauração de processos criminais com fundamento em um único meio de prova.

25
A respeito do tema, vale conferir HONORATO, Cássio M. Trânsito Seguro: Direito Fundamental de Segunda
Dimensão. RT 911, ano 100, p. 107-169, set. 2011.
Assim, e tendo em consideração que a embriaguez ao volante é reconhecida como um dos
cinco principais fatores de risco à segurança viária, a atuação proativa do Ministério Público durante as fases de
registro e de investigação do fato delituoso constitui ação concreta para a redução do número de mortes no
trânsito e, com certeza, para a melhoria da Segurança Viária em todo o território nacional.
Curitiba, 28 de Agosto de 2013.
CÁSSIO M. HONORATO (Promotor de Justiça no Estado do Paraná)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL. Glossário de álcool e drogas. Trad. José Manoel Bertolore. Brasília (DF): Secretaria Nacional
Antidrogas (SENAD), 2004. 131 p.
COLLIN, Peter H. Dictionary of Law. Third edition. Teddington (UK): Peter Collin Publishing, 2000. 398 p.
CUFFA, Marina de. Percepção e comportamento de risco de beber e dirigir: um perfil do universitário de
Curitiba. Curitiba, 2012. 134 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Setor de Ciências Humanas, Letras e
Artes. Universidade Federal do Paraná (UFPR).
FARIA, Bento de. Das contravenções penais. Rio de Janeiro: Record, 1958. 451 p.
HONORATO, Cássio M. Dois crimes de embriaguez ao volante e as alterações introduzidas pela Lei
11.705/2008. RT 880, ano 98, p. 341-374, fev. 2009.
_____. O Trânsito em Condições Seguras. Campinas (SP): Millennium, 2009. 259 p.
_____. Trânsito Seguro: Direito Fundamental de Segunda Dimensão. RT 911, ano 100, p. 107-169, set. 2011.
_____. O Ministério Público como agente de Enforcement e a garantia do direito fundamental ao Trânsito
Seguro. Anais do XIX Congresso Nacional do Ministério Público: Amazônia, direitos humanos e
sustentabilidade. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 91-102. (Tese defendida e aprovada por unanimidade
durante o Encontro Estado do Ministério Público do Paraná, em 29.Out.2011, bem como no XIX Congresso
Nacional do Ministério Público, realizado em Belém (do Pará), no período de 23 a 26 Nov. 2011.)
_____. Álcool, trânsito seguro e proibição do retrocesso social. RT 935, ano 102, p. 183, Set. 2013.
NAÇÕES UNIDAS. Resolução A/64/255. Melhoria da Segurança Viária no Mundo (Improving Global Road
Safety). Sexagésima Quarta Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. Nova York. 10.Maio.2010.
Disponível em: [http://www.who.int/violence_injury_prevention/publications/road_traffic/UN_GA_resolution-
54-255-en.pdf] Acesso em: 06.02.2013.
NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Delitos do automóvel. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1988. 187 p.
PAVÓN, Pilar Gómez. El delito de conducción bajo la influencia de bebidas alcohólicas, drogas tóxicas o
estupefacientes y análisis del artículo 383 del Código Penal. 4. ed., Barcelona: BOSCH, Casa Editorial, 2010.
361 p.
SIMONIN, C. Medicina Legal Judicial. 1ª. ed. española. Trad. G.L. Sánchez Maldonado. Barcelona: Editorial
JIMS, 1962. 1154 p.

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