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REENCONTRANDO A
ESTRELA
Eber Rodrigues

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Capítulo 1
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OS MAGOS E A ESTRELA

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Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia,
em dias do rei Herodes, eis que vieram uns
magos do Oriente a Jerusalém. E
perguntavam: Onde está o recém-nascido
Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela
no Oriente e viemos para adorá-lo. Tendo
ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e,
com ele, toda a Jerusalém; então,
convocando todos os principais sacerdotes
e escribas do povo, indagava deles onde o
Cristo deveria nascer. Em Belém da Judéia,
responderam eles, porque assim está
escrito por intermédio do profeta: E tu,
Belém, terra de Judá, não és de modo
algum a menor entre as principais de Judá;
porque de ti sairá o Guia que há de
apascentar a meu povo, Israel. Com isto,
Herodes, tendo chamado secretamente os
magos, inquiriu deles com precisão quanto
ao tempo em que a estrela aparecera. E,
enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide
informar-vos cuidadosamente a respeito do
menino; e, quando o tiverdes encontrado,
avisai-me, para eu também ir adorá-lo.
Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que

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a estrela que viram no Oriente os precedia,
até que, chegando, parou sobre onde
estava o menino. E, vendo eles a estrela,
alegraram-se com grande e intenso júbilo.
Entrando na casa, viram o menino com
Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram;
e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe
suas ofertas: ouro, incenso e mirra. Sendo
por divina advertência prevenidos em sonho
para não voltarem à presença de Herodes,
regressaram por outro caminho a sua terra.

Mt 2:1-12

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A experiência desses magos é muito interessante.
A Palavra do Senhor não é clara sobre como eles descobrirem
que aquela era a estrela do Messias, o Rei dos judeus. Mas
eles sabiam que era; e de alguma maneira, o Espírito de Deus
os despertou para segui-la. De alguma maneira, eles foram
despertados por dentro e partiram do oriente para se encontrar
com o Rei dos judeus e então adorá-Lo. Viram a estrela e
partiram. Na sua ignorância, foram parar em Jerusalém.
Porém, foi muito bom, pois está escrito: “de Sião sairá a lei” (Is
2:3).

Ali em Jerusalém eles não encontraram o Verbo


que se fez carne, mas encontraram a Palavra escrita a Seu
respeito – a profecia de Miquéias:

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E tu, Belém-Efrata, pequena demais para
figurar como grupo de milhares de Judá, de
ti me sairá o que há de reinar em Israel, e
cujas origens são desde os tempos antigos,
desde os dias da eternidade.

Miquéias 5:2

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Antes da Palavra viva vem a Palavra escrita, dita
por Deus através de Seus servos nas escrituras. No entanto, a
única coisa que interessava aos magos era o Rei dos judeus;
eles não ficaram em Jerusalém, mas partiram para a direção
de Belém, pois o seu alvo era muito claro: Encontrar e adorar
o Rei, entregando a Ele as Suas ofertas. Se nosso valor único
na vida não for Jesus, alguma coisa nos parará na jornada;
porém se só queremos e temos a Ele, o que poderá nos
parar? Nada. Como está escrito:

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Olhando firmemente para o Autor e
Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca
da alegria que lhe estava proposta, suportou
a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e
está assentado à destra do trono de Deus.

Hb 12: 2

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Os magos só estavam olhando através do coração
deles para o Rei dos judeus, o Messias; por isso, rapidamente
saíram de Jerusalém e foram para Belém. Que a nossa vida
aqui nesta Terra se resuma em uma coisa: Jesus!

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PREFIGURANDO A VIDA CRISTÃ

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Essa é uma linda analogia da vida cristã. De
alguma maneira, também, o amor de Deus nos pegou; assim
como Abraão mandou seu servo buscar uma esposa para o
seu filho, o nosso pai celestial enviou o Espírito Santo para
nos levar para Cristo. Interessante que o significado de
Rebeca no hebraico é ‘pega a laço’: fomos pegos por laços de
amor, atraídos por Ele.

Não importa quem você seja ou onde você esteja;


não foi você que buscou a Deus, foi Deus que buscou você.
Ele deixou as noventa e nove e buscou, e buscou, até
encontrar você. Você foi puxado por Deus através da
operação do Espírito Santo (a estrela de Deus hoje) e levado
em Seus poderosos ombros para o Seu aprisco, à presença
do Rei da glória.

Os magos, porém, saíram em busca do Rei dos


judeus para adorá-Lo e não foram direto a Belém. Não foram
direto ao verdadeiro lugar onde o Rei se encontrava. Foram
parar em outro ‘lugar’. Viram a estrela e a seguiram, mas por
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ignorância foram parar em Jerusalém. Eles agiram de acordo
com o que seria óbvio para a alma, para o raciocínio lógico;
entretanto, o óbvio para alma nem sempre é a Verdade.

Jesus não nasceu em Jerusalém – lugar da


aristocracia religiosa humana e política, de movimentos
religiosos e partidos humanos, lugar em que na época
imperava uma morte espiritual terrível (falaremos disso
adiante). Sair do oriente, dentro do princípio da simbologia da
Palavra de Deus, representa o novo nascimento, o primeiro
amor: o momento em que nosso espírito encontra com Jesus
por ver a Sua estrela e decidimos partir para adorá-Lo. Sair do
oriente fala daquele momento em que, depois do novo
nascimento, decidimos abandonar o mundo e não viver mais
sob o seu sistema.

O primeiro amor é algo simplesmente fantástico! É


o instante em que recebemos a Vida de Deus em nosso
espírito; literalmente, recebemos em nós a ressurreição de
Jesus e passamos da morte para a vida. Nascemos
espiritualmente ao ver e seguir a estrela do Evangelho que
brilhou em nossos corações. Tudo isso acontece por simples
fé no que Jesus fez por nós na cruz. A fé em Jesus é o
elemento de vida que Deus usa para nos vivificar por dentro.

Que momento maravilhoso! O momento em que


nascemos espiritualmente e recebemos o poder de sermos
feitos filhos de Deus, através de Jesus. A natureza do nosso
Pai passa a ser a nossa natureza no espírito. Fomos gerados
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no espírito, pela semente do nosso Pai, mediante a Palavra de
Deus; uma semente incorruptível, eterna, que vive e é
permanente. E, pela graça de Deus, por fé em Jesus Cristo,
podemos viver na dimensão dessa nova natureza e usufruir
agora do céu na terra. Jesus disse: Venha o teu reino; faça-se
a tua vontade, assim na terra como no céu (Mt 6:10). Portanto,
sair do oriente e chegar em Belém, é entrar na dimensão do
reino, e seguir em Deus o tempo todo. Todos nós, se
atentarmos para a operação do Espírito Santo no nosso
íntimo, sairemos do oriente (modo de viver segundo o mundo),
e seguiremos para Belém (modo de viver segundo a Verdade).

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O MOMENTO DE PARTIR

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O Rei nasceu em Belém, numa estrebaria. Assim
que os magos descobriram isso, partiram. Apesar de terem ido
parar em Jerusalém, por não saberem que o lugar correto do
nascimento era Belém, eles não estavam atrás de outra coisa
a não ser encontrar o Rei dos judeus e adorá-Lo.

A nossa Jerusalém é lá de cima, e estamos


assentados em Cristo Jesus nos lugares celestiais. Na Palavra
de Deus vemos que a nossa pátria está nos céus (Fp 3:20).
Não somos desse mundo e não pertencemos a nenhum
sistema humano aristocrático religioso, nem político, ainda que

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possamos ser sal em todos esses lugares, pela direção do
Espírito.

Depende d’Ele.

Somos cidadãos do céu...

Não saímos do mundo (o Oriente), após ver a


Estrela da alva (chamada Jesus) para ficarmos presos na
dimensão da Jerusalém terrena, amarrados e atados em no
clamor da nossa carne, ou aprisionados por sistemas
humanos que funcionam como cargas sobre nossa vida
espiritual.

Sim, Deus estabeleceu na Terra a igreja. Ele


estabeleceu nas igrejas locais pastores, dons e ministérios
para o serviço e funcionamento do Corpo de Cristo. Ele
estabeleceu autoridades espirituais sobre as nossas vidas,
que funcionam como guias e modelos para a nossa vida em
Deus. Todavia, tudo isso existe para a formação do Corpo de
Cristo, que tem membros com funções diferentes para a
edificação desse Corpo, a fim de que o reino de Deus e o
próprio Deus sejam manifestos na terra.

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UM PERIGO REAL

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Há também o perigo de cada igreja, cada pastor, ou
até mesmo cada um de nós, se tornar uma Jerusalém terrena

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que em nada expressa a Nova Jerusalém de onde somos e da
qual somos cidadãos. O que estamos considerando aqui é
muito mais uma questão do íntimo do que física - ainda que as
mudanças interiores produzam, sem dúvida, resultados
visíveis.

Porém, a Jerusalém terrena fala de tentarmos viver


o Evangelho vivido na alma, ou melhor, através da alma,
enquanto que sair da Jerusalém terrena e ir para Belém
simboliza uma atitude de submissão em espírito de sair da
dimensão da alma e entrar na dimensão do Espírito. Tudo isso
é um processo que ocorre primeiro em nosso íntimo, pelo
nosso relacionamento com o Espírito, com a Palavra e com
irmãos e irmãs que o Senhor liga em nossos corações. Deus
que nos levar do oriente (o mundo) para Belém (a vida em
Deus), sem que fiquemos presos por nenhum laço religioso
humano que nos impeça de andar segundo o Espírito de
Deus.

Os magos, ao chegarem a Jerusalém, não estavam


à procura de Herodes, do sistema religioso, nem tampouco de
algum dos movimentos que havia na época como, por
exemplo, os fariseus e saduceus. Eles estavam famintos pelo
Rei dos judeus; eles não queriam um sistema, queriam uma
Pessoa. E isso é fantástico, pois o cristianismo não é produto
de um sistema do qual passamos a fazer parte. O cristianismo
autêntico fala de uma PESSOA de quem passamos a fazer
parte: Jesus!

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ORGANIZAÇÕES E ESTRUTURAS

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A existência de organizações, estruturas, ou
métodos de trabalho não é algo errado em si. Aliás, a Nova
Jerusalém é extremamente organizada e tudo nela funciona
debaixo da maior excelência. Mas é errado sermos
governados por essas coisas. Os fariseus entravam em crise
com Jesus porque ele curava aos sábados. E Jesus queria
que eles entendessem que o sábado foi feito para o homem e
não o homem para o sábado; Ele era e é o Senhor do sábado.

Portanto, o problema não está em termos


organizações, estruturas, métodos, etc.; o grande problema é
não estarmos debaixo da liderança do Espírito em tudo isso. A
vida cristã é uma vida de submissão a Deus e não uma vida
de submissão a um sistema. Um método é importante
enquanto o Senhor o está usando, depois disso ele deve
passar. Sempre que o Senhor for o foco, estaremos na atitude
correta. Sempre que o método for o foco, estaremos na atitude
errada: AÍ ESTÁ UM DOS SEGREDOS.

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AS TALHAS

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Nas bodas de Caná havia seis talhas usadas para
as purificações dos judeus; quando Jesus as tocou, elas
deixaram de ser um instrumento de um ritual religioso humano
para se tornarem um lugar de transformação. A água foi
transformada em vinho – e o melhor vinho! Então, a grande
chave é: Jesus está ou não no negócio? A presença de Jesus
naquela festa fez toda a diferença e a história daquela festa,
que seria de vergonha, mudou.

O segredo não são os métodos. O segredo é Jesus


estar presente fazendo algo. Ele é o cabeça, e nós somos o
Corpo; isso é algo vivo. A cabeça governa o Corpo e este
simplesmente segue a cabeça. Porém, nós estamos andando
segundo a carne ou segundo o Espírito? Estamos debaixo da
liderança do Espírito, ou o sistema religioso humano nos
engoliu e prendeu? Estamos debaixo da nuvem ou já
perdemos há muito tempo essa nuvem e agora estamos
tentando arrumar as coisas a nosso modo? Somos artificiais
ou verdadeiros? Estamos produzindo Ismael enquanto Isaque
não nasce? Ou estamos quietos em Deus, orando, adorando,
meditando em Sua Palavra e esperando n’Ele? E
simplesmente exercendo a nossa fé com toda ousadia em
Deus, sem culpar ninguém por nada.

Será que estamos em humildade verificando no


Corpo onde há Vida de Deus verdadeira funcionando, para
bebermos dos irmãos? Ou, enquanto Moisés não desce com o
projeto, estamos pressionando Arão para nos fazer um

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bezerro de ouro? Dependendo da resposta a essas perguntas,
a Palavra do Senhor será: Saia de Jerusalém e vá para Belém
– ou seja, saia da vida através da alma (mente, vontade
emoções) e vá para a vida segundo o Espírito (o viver
segundo a fé que opera no nosso íntimo). Continue seguindo
a Estrela, volte ao primeiro amor: volte a focar somente Cristo.
As palavras do Senhor em Apocalipse são: “Lembra-te, pois,
de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras
obras” (Ap 2:5).

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O BEZERRO DE OURO

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O bezerro de ouro que o povo de Israel fez sob a
liderança de Arão - que foi um líder guiado pela alma por
seguir o povo - não tem nenhum poder de conduzir alguém à
“terra prometida do Evangelho”. Através dele (o bezerro de
ouro) só virão decepções e derrotas, pois toda obra morta,
gerada na alma, produz apenas derrota e decepção. Não são
os bezerros de ouro que nos conduzirão passo a passo aos
caminhos do Senhor; somente a força da Palavra de Deus,
que recebemos no “monte”, no lugar da presença de Deus em
nosso espírito pode nos levar à terra prometida de um viver no
evangelho (o poder de Deus).

O projeto de Deus é escrito hoje em nosso espírito,


não mais em tábuas de pedras. Isso é algo muito mais
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glorioso. Hoje, ao dedicarmos tempo a sós em comunhão com
o Senhor, Ele pode escrever em nosso espírito o projeto d'Ele
para as nossas vidas. A edificação deste tabernáculo dentro
de nós é que dará condições ao Senhor de nos levar a viver
dentro das Suas promessas, não como uma teoria, mas como
uma experiência prática de todo dia. Belém significa, no
original, ‘casa de pão’; é ali, na casa de Pão da Sua Palavra
que Deus espera estabelecer TODA a nossa vida, de maneira
que o nosso viver seja espiritual, e não carnal.

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MUDANÇAS

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Claro que, aqui ou ali, Deus poderá nos guiar a
mudanças geográficas, físicas, etc. Mas esse não é o ponto
aqui; o enfoque aqui não é mudança de igreja, ou cidade e sim
mudança de dimensão, de uma vida segundo a carne para
uma vida segundo o Espírito. Saia da dimensão da alma para
a dimensão espiritual; deixe a Jerusalém terrena e vá para a
Nova Jerusalém: troque a vida terrena por uma vida celestial.
E só pelo Espírito de Deus conseguiremos isso.

A grande transformação que o Espírito do Senhor


quer fazer em nós ocorre no íntimo, onde a Palavra de Deus
poderá vir a ser, se permitirmos, a fonte de tudo que
experimentamos nessa vida. Isso significa sairmos do lugar

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onde nossa mente, emoções ou vontades nos guiam, e irmos
para o lugar onde só o que Deus nos diz no íntimo é que vale.

Sair da Jerusalém terrena e ir para Belém, na


verdade, significa voltar ao primeiro amor. É voltar ao primeiro
altar com Ele e estar novamente naquele lugar onde Cristo é
tudo em tudo para nós. No início, quando nascemos de novo,
era só Jesus e mais nada. O ar que respirávamos era Jesus, a
impressão que tínhamos durante o dia era essa presença, o
que nos impactava era Ele, com Seu amor e Sua presença
nos enchendo e nos completando.

O resultado da experiência com o perdão de Deus


nos leva a experimentar a alegria da salvação. De repente,
onde éramos fracos, Ele se fez forte dentro de nós; assim,
passamos a conhecer uma coisa até então desconhecida na
nossa experiência de vida: a graça de Deus, nos levando a ser
e fazer o que muitas vezes até queríamos, mas não
conseguíamos. Eis aí a maior descoberta que um ser humano
faz nessa vida: a estrela da graça de Deus brilhando em seu
coração.

Que amor...

Que plenitude...

Que descanso...

Que impacto no íntimo!

Se pudéssemos resumir tudo sobre esse tempo,


diríamos: Jesus, Jesus e Jesus! Porém, muitos se perdem
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nesse caminho de seguir a estrela e, por ignorância ou
carnalidade, acabam (não todos é claro) não em Belém - que
hoje na prática fala do lugar do trono da graça - mas num lugar
cheio da aristocracia religiosa humana e política. Ficam com a
alma embriagada pelas 'grandes construções', pelos 'títulos',
pela fama, pelas possibilidades financeiras, por motivações
que nunca tiveram nada a ver com um amor genuíno por
Jesus. E o que é pior, sem a sensibilidade, fome e
determinação que os magos tiveram em sua busca pelo Rei
dos judeus!

Muitos de nós perdemos muito tempo,


naturalmente falando, numa vida cristã segundo a carne, na
alma, distantes do alvo que é Cristo. Confesso que o que
estou escrevendo aqui foi o meu caso pessoal. Porém, meu
testemunho é: Meu pastor, Jesus, deixou as noventa e nove e
foi me buscar lá na Jerusalém terrena, levando-me de volta
para Ele mesmo - de volta ao primeiro amor!

A Palavra de Deus diz: “Porque dele, e por meio


dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória
eternamente. Amém!” (Rm 11: 36). Em qualquer parte destas
(ou seja, no começo no meio ou no fim) se nos perdermos na
vida da carne, seguindo o que pensamos, sentimos
emocionalmente ou segundo a orientação da nossa vontade,
estaremos fora de Belém, que no original significa “Casa de
Pão". Estaremos fora de uma vida espiritual real, na qual a
nossa fé em Jesus e nosso amor intenso por Ele - o ágape -

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são as únicas forças motrizes que nos impulsionam a fazer
qualquer coisa nessa terra.

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O PRIMEIRO AMOR

O grande clamor nesses dias a todos nós é que


voltemos ao primeiro amor. Saiamos de Jerusalém
(simbolicamente, a Jerusalém terrena de uma vida na alma) e
vamos a Belém! Isso também significa sairmos da velha
natureza para a nova natureza e deixarmos o domínio da
razão e emoção para vivermos por fé. É entender o chamado
à realidade em Cristo e nos achegarmos confiadamente junto
ao trono da graça.

Os magos ao saírem do oriente, seguindo a estrela,


tornaram-se seguidores. Sair de Jerusalém, nesses termos, é
assumir essa postura, dizendo:

Sou um seguidor de Jesus e é a Ele


que vou seguir e adorar!

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AVIVAMENTO VERDADEIRO OU MOVIMENTO HUMANO

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Quando somos desafiados pelo Espírito a novos
posicionamentos em Deus, não há como fugir. Sabemos que é
Deus. A habilidade que o Espírito tem de infundir luz em
nosso íntimo, produzindo convicção, é algo inconfundível e
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totalmente diferente das operações enganadoras dos espíritos
malignos. Estes, quando agem, só produzem dúvidas, falta de
paz e confusão. Porém, a convicção do Espírito é algo
bastante peculiar. Quando é o Senhor se movendo em nosso
interior, sabemos com certeza o que Ele quer que façamos.
Quando Deus fala, podemos até não estar totalmente
convictos da forma como fazer a coisa, mas sabemos que é
Deus.

Todavia, Paulo disse: Eu plantei, Apolo regou; mas


o crescimento veio de Deus (1 Co 3:6). Há tempos em que o
Senhor nos leva a receber Sua poderosa semente, em outros
tempos recebemos as chuvas, e há tempos em que Ele envia
o crescimento, a mudança de estatura e o amadurecimento na
fé. A Palavra do Senhor diz que Jesus crescia em sabedoria
(sementes), graça (a condição) e também em estatura diante
de Deus e dos homens. Isso significa que existem momentos
proféticos em nosso relacionamento com Deus, nos quais a
Palavra entra e é implantada em nosso íntimo. São momentos
de visitação do Espírito sobre a Palavra dentro de nós; tempos
de crescimento no espírito em que a Palavra produz a
condição dela em nós.

Mas não importa o momento profético em que


estamos vivendo; precisamos ter um coração sempre aberto
para receber sementes e águas, e misturarmos a tudo isso à
nossa fé, a fim de avançarmos firmes na Verdade de Deus. No
texto de Coríntios, Paulo representa a “unção da semeadura”

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e Apolo simboliza a “unção das chuvas”, mas o crescimento,
que é a formação de Cristo em nós, é algo EXCLUSIVO de
Deus. Só Ele pode nos levar de um lugar a outro n'Ele. Só o
Espírito de Deus, pelas condições que damos a Ele por
atender à Sua Verdade pode nos levar à mudança de estatura
espiritual.

Se você está no oriente (condições do mundo) em


alguma área da sua vida, saiba que Deus quer levar você para
Belém, a casa de Pão. Esse não é mais um convite para ir a
uma estrebaria, com um bebê deitado numa manjedoura, mas
hoje é um convite para entrar diante do Trono, no qual está
assentado não mais o bebê recém-nascido, mas o Rei dos reis
e Senhor dos senhores: Jesus Cristo, o Senhor, Homem.

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UM GRANDE PERIGO

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Naquela época dos magos havia em Jerusalém e
na região, muitos movimentos religiosos, aristocráticos e
contra-revolucionários. O grande perigo, quando somos
acordados no espírito, é não discernir espiritualmente o que
Deus quer que entendamos. Então, ao invés de ir para Belém,
produzirmos mais um movimento religioso do homem ou um
movimento contra-revolucionário ou até mesmo político,
baseado na carne, na alma, e não numa direção clara que
Deus nos deu.

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Creio que um cristão pode estar inserido em
lugares da sociedade desse mundo por um mover de Deus e
por uma direção clara d’Ele. Mas a luz que brilha em nosso
espírito, precisa ser discernida espiritualmente; se o fizermos
na mente ou nas emoções, ou mesmo por nossa vontade,
cairemos em sérios enganos. Como é importante ter irmãos
maduros em Deus para nos ajudar nesses períodos! Portanto,
a orientação é: Saia da Jerusalém terrena, que simboliza a
vida natural carnal, mas não gere nenhum movimento humano
religioso, contra-revolucionário ou aristocrático, que não
nasceu de fato em Deus. Pois, o resultado disso não será
avivamento, mas divisão, rebeldia, confusão, Babel,
autopromoção, soberba espiritual e isolamento do Corpo.

Tais coisas, ao invés de trazerem benção ao Corpo


de Cristo, apenas trarão problemas. A essa altura é muito
importante entendermos algo que Jesus ensinou muito
claramente: O que é nascido da carne é carne; e o que é
nascido do Espírito é espírito (Jo 3:6). Estar na Jerusalém
terrena é carne; mas contrapor-se a isso pode ser tão carne
quanto. O Espírito Santo gera avivamento em nosso íntimo,
através da Verdade em Jesus; mas a alma tem a habilidade de
produzir movimentos humanos. Quando o Espírito se move,
Ele produz transformações profundas pela operação da glória
da Verdade. A alma, porém, não tem essa habilidade e o
máximo que ocorrerá é uma clonagem desprovida de essência
e de realidade espiritual.

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Avivamento é a manifestação do Céu na Terra; foi
exatamente isso o que ocorreu ali naquela estrebaria, pois o
Verbo se fez carne e habitou entre nós. Mas os movimentos
da época (os saduceus, os fariseus, os zelotes, os essênios,
os herodianos) não expressavam em nada a graça e a
Verdade de Deus que acabava de chegar a Belém através de
Jesus, pois eram movimentos humanos que tinham aparência,
mas não tinham nenhum respaldo divino nem tampouco a
unção e a glória se manifestando. Jesus sim, Ele era a
manifestação visível do Céu na Terra - a união definitiva de
Deus com o homem, cem por cento Deus, e cem por cento
homem. Cristo: o mistério da vontade de Deus que se
manifestou. Avivamento é Ele.

Os saduceus representam a incredulidade


dominante em líderes de peso. Todos os sumos sacerdotes da
época eram saduceus e não criam em anjos, em ressurreição
ou em espíritos. Os fariseus eram um movimento religioso
radical da época. Seria um avivamento do judaísmo pela alma.
Os zelotes eram um grupo revolucionário contra a dominação
romana. E os essênios guardavam a lei de Moisés, porém
eram isolados, tais como monges, hoje, e um espírito de
isolamento operava neles.

Os herodianos constituíam um partido político que


favorecia a autoridade dos Herodes sob o governo de Roma.
Os seus membros mostravam forte hostilidade para com
Jesus Cristo em diversas ocasiões (Mt 22:16; Mc 3:6; 12:13).

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Nestas questões de hostilidade a Cristo, eles eram partidários
dos fariseus e dos saduceus. O seu fim político era a fundação
de um império judaico independente, governado por Herodes,
servido-lhes de proteção à soberania de Roma. Todos estes
eram movimentos da alma, carnais e diabólicos, que resistiram
fortemente à Verdade e à graça de Deus em Jesus.

Só há uma verdade total e absoluta no Reino de


Deus: Cristo! Só há uma hermenêutica infalível: Jesus! Ele é a
única maneira correta de ver as coisas na Palavra. Ele é o
prisma correto de interpretação. N'Ele tudo é decodificado,
aberto, revelado e explicado claramente. Ele é a luz do
mundo. Ele é a PALAVRA que se fez carne! A Verdade é uma
Pessoa: Cristo! Avivamento é uma pessoa: Jesus, o "logos"
que se fez carne e viveu entre nós. Ele é a demonstração
visível para a alma do homem de quem é Deus e do que Ele
pode fazer. Jesus é Deus, que se fez homem para se revelar
através do homem e se unir com ele para sempre.

Portanto, Deus não está formando um movimento


que vá projetar alguém ou alguma coisa. Precisamos sair da
alma para não gerar um 'Ismael'. Precisamos sair de Ur dos
caldeus, mas não devemos fugir para o Egito. Precisamos
viver na dimensão celestial, mas devemos saber diferençar
claramente o que é avivamento - que é Moisés no monte
recebendo o modelo de Deus, e não 'bezerros de ouro' que a
alma ama fazer por não saber esperar no Senhor.

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O perigo é entender a revelação, mas aplicarmos a
nosso modo, assim como Davi, que decidiu trazer a arca, mas
o fez de forma errada na primeira vez, e os bois tropeçaram!
Devemos sair do oriente, sair da Jerusalém da nossa alma,
mas não devemos produzir nenhum movimento humano. Esse
é um grande desafio!

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O AMBIENTE QUE DOMINA O NOSSO INTERIOR

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Jesus quer voltar a preencher cada espaço do
nosso íntimo, com Sua presença e amor, se algum de nós
perdeu isso. Se isso aconteceu com você, volte a ter Jesus
como foco e único alvo. O ambiente íntimo que você
experimentará constantemente será a paz que excede todo o
entendimento. Esse é um dos grandes sinais, de que estamos
no rumo certo. A paz é a confirmação da presença de Deus
em nós, indicando que, apesar das aflições e lutas, estamos
no caminho certo: Jesus! Se começamos n'Ele, precisamos
fazer por meio d'Ele; e se estamos fazendo por meio d'Ele, por
uma vida simples de fé e obediência no que Ele nos diz no
íntimo no dia a dia, então devemos continuar, para a glória de
Deus, fazendo para Ele! Só para Ele vale a pena nossa vida
nessa Terra!

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Capítulo 2

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O CAMINHO DO VERDADEIRO AVIVAMENTO

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O conceito Divino mais alto para avivamento é
“CRISTO”, e o plano de Deus é como minha irmã Juliana me
disse um dia: Misturar o céu com a terra. Isso é a pura
verdade. Deus quer vir e se misturar com Sua criação.
Quando Jesus veio, isso literalmente aconteceu. Ele era e é
Deus e homem, ambos unidos num só. Jesus Cristo, o Senhor
como homem, é o grande mistério da vontade de Deus que foi
revelado (Ef 1:9-10).

Portanto, avivamento é a manifestação d'Ele. É a


ação d'Ele sendo o que Ele é e fazendo o que Ele faz em
alguém ou em algum lugar. Se quisermos um padrão de
avivamento, precisamos olhar para Jesus. N'Ele temos a visão
do que é um avivamento. Jesus tinha a unção completa e total
sobre Ele, como ensina Kenneth Hagin; portanto, ninguém
sozinho terá toda a Verdade, ou toda a unção. Deus distribui
esse todo, hoje, no Corpo - a Igreja.

Qualquer porção real de Jesus em alguém, em um


determinado lugar é avivamento. E a única maneira de

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vivermos um avivamento é sermos homens e mulheres que
vivem a cruz, pessoas pelas quais Jesus pode Se manifestar
porque são o que Ele é e fazem o que Ele faz! Avivamento é
tudo aquilo que começa em Jesus, é desenvolvido por Ele
através de nós e é feito para Ele.

Se qualquer uma dessas etapas for quebrada,


acabou-se o avivamento e já se tornou num movimento
humano. Avivamento e realidade do Espírito é tudo aquilo que
começa em Deus, é feito por meio d'Ele e para Ele. Em
qualquer etapa dessas corremos o risco de sair do Espírito e
entrarmos na alma, abrindo lugar aos espíritos enganadores e
às tendências da nossa própria alma, e nos desconectando da
liderança do Espírito do Senhor. Isso só produzirá obras
mortas.

O objetivo do Espírito Santo nessas considerações


é nos ensinar sobre essência. Há avivamentos históricos que
tocaram uma geração inteira, avivamentos em igrejas que
influenciaram toda uma geração de líderes pelo mundo. O
avivamento da Coréia, por exemplo, através da vida do pastor
Davi Young Cho, com a visão de crescimento da igreja e dos
grupos familiares, que muitos hoje chamam de células. Outros
avivamentos ocorrem em líderes como, por exemplo, a vida de
Kenneth Hagin, que influenciou e influencia uma geração
inteira sobre como praticarmos a fé. Tudo isso é maravilhoso e
tremendo; porém, sinto o Espírito Santo nessas considerações
nos chamando para atentarmos para o fato de que avivamento

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é uma operação divina que manifesta Cristo. De alguma
maneira Ele é visto, tocado, sentido. Algo vem d'Ele e se
estabelece na igreja em forma de avivamento.

O nosso grande desafio nesses últimos dias é


entrar e permanecer num avivamento até a volta de Jesus. Os
avivamentos históricos, locais, individuais e todo mover do
Espírito sobre a Terra visam formar e manifestar Jesus através
da igreja. É como se o grande clamor das gerações fosse:
Jesus novamente! Nós O queremos de novo! Sim, na Sua
segunda vinda isso acontecerá literalmente. Mas enquanto
isso não acontece, o Espírito do Senhor trabalha para levantar
vasos que possam receber mais de Jesus e trazê-Lo às suas
gerações.

!
O QUE TEMOS E OS AVANÇOS

!
Não há dúvida de que hoje há vários movimentos
de Deus na terra. O mover do crescimento da igreja; as
grandes cruzadas evangelísticas e de milagres através de
homens como T. L. Osborn, Billy Graham, Benny Hinn,
Reinhard Bonnke. O trabalho evangelístico de homens como
Bill Bright, da Cruzada Estudantil, vasos como o irmão André,
do Ministério Portas Abertas ou Loren Cunningham da Jocum,
e ainda pastor José Rodrigues na área de missões, dentre
outros. Além do sopro do Espírito na área de adoração e

!25
louvor, nas últimas décadas, através de tantos irmãos amados,
tão usados pelo Senhor nessa área, na música em várias
partes do mundo.

Se realmente pararmos para analisar com cuidado


o trabalho do Espírito Santo nos últimos séculos, através de
homens e mulheres de Deus, gastaríamos um imenso livro de
história dos avivamentos, e mesmo assim talvez não
encontraríamos tudo. Deus sempre fez e faz muito mais do
que sabemos ou poderíamos saber nessa terra. Graças a
Deus pelo sopro do Espírito. Graças a Deus por Sua
misericórdia e compaixão, que tem nos alcançado e feito com
que apesar do homem, a Sua igreja esteja avançando.

Agora, que existe mais... Ah! Disso não há dúvida,


pois o alvo é Cristo. Por outro lado, diante de tanta
religiosidade humana e carnalidade no meio religioso cristão, o
nosso clamor precisa ser como o dos gregos que vieram e
disseram: Queremos ver Jesus (Jo 12:21). E que a noticia a
respeito dos nossos ministérios seja aquela que Ele deu aos
discípulos de João Batista:

!
Ide e anunciai a João o que vistes e
ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam,
os leprosos são purificados, os surdos
ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos
pobres, anuncia-se-lhes o evangelho.

Lc 7:22
!26
!
Não estamos sendo chamados para gerar mais um
movimento da alma para contrapor-se a outro movimento
religioso carnal. Somos chamados para viver nesses dia uma
coisa só: Cristo novamente! Como Ele foi e é. E a única
pessoa que pode nos guiar a Ele é o Espírito Santo. Como
ensina Dave Roberson: Ele é o Mestre da nossa nova
natureza.

!
AVIVAMENTO E O CHAMADO PESSOAL

!
O verdadeiro avivamento na vida de uma pessoa a
levará a viver o chamado e o plano de Deus para sua vida,
sabendo que a fé necessária virá, a graça necessária virá e os
recursos necessários virão. Todo avivamento pessoal nos leva
a comer e a beber mais de Cristo. Esse alimento, liberado em
temos de visitação no nosso coração, contribuirá para o
desabrochar do que somos por dentro, em termos da nossa
identidade ministerial. Temos um funcionamento pessoal no
Corpo e isso é algo inegociável. Todo plano de Deus que foi
traçado para cada um de nós tem muito haver com os
condições dons ministeriais que o Senhor já nos deu em
Cristo, e que crescerão cada vez mais, à medida que formos
amadurecendo para dentro do nosso chamado.

!27
Um dos propósitos no avivamento pessoal, é fazer
com que os apóstolos desabrochem como tal, os profetas da
mesma forma e os evangelistas também, e assim por diante.
O amadurecimento e o funcionamento do Corpo de Cristo,
num nível maior, é um dos principais propósitos do avivamento
que o Senhor traz em qualquer época. Dons e ministérios se
levantam e cada qual apresenta as respectivas manifestações
do Espírito. Num avivamento do Espírito, as pessoas são
reconhecidas pelos frutos que dão e não apenas por uma
posição religiosa dada pelo homem.

!
FRUTOS MANIFESTAM IDENTIDADE ESPIRITUAL

!
Frutos revelam a sua identidade no espírito. Com
os dons ministeriais não é diferente. Cada dom ministerial tem
seus respectivos dons de capacitação para seu adequado
funcionamento. No Reino de Deus os frutos manifestam a
identidade. Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres, socorros, governos e variedade de línguas. Todos
esses dons ministeriais, precisam ser reconhecidos pelos
frutos que manifestam, e isso facilita e simplifica tudo. O
apóstolo frutificará como tal, o profeta frutificará como tal, o
evangelista também, e assim sucessivamente.

Uma das evidências do avivamento nesses últimos


dias será o levantamento do Corpo de Cristo, com seus dons e

!28
ministérios amadurecidos, funcionando de maneira bem mais
clara. Sairemos para muito longe daquele lugar onde as
pessoas terão apenas cargos eletivos ou anuais na igreja,
títulos sem dons que o equipam para tal. Tais coisas são
absolutamente nada. Na verdade, um verdadeiro homem e
mulher de Deus, amadurecido no espírito e tratado pelo
Espírito e que anda no caminho diário da cruz, não se importa
com títulos. O funcionamento dessa pessoa brota de seu
amadurecimento em Deus pela prática da sua fé e obediência
diária ao Espírito, e pelo exercício do dom que lhe foi
concedido.

!
A MELHOR ESCOLA

!
O amadurecimento na fé dentro do campo da
batalha espiritual pelo treinamento que o Espírito Santo dá
constitui a melhor escola de ministério que existe. É no campo
de batalha do dia-a-dia que, de fato, somos amadurecidos
como guerreiros da fé para operar no ministério, que é o nosso
serviço para o Corpo. Ministérios assim são inquestionáveis
pelos frutos que dão através de Jesus Cristo.

Como é gostoso conviver com pessoas que são


amadurecidas no Senhor! Pessoas que conhecem o Senhor,
que têm o cheiro de Jesus. Pela unção, autoridade e graça
que fluem de suas vidas nós somos enriquecidos. Elas têm

!29
algo que não se ganha em outro lugar a não ser na cruz e no
Trono; as duas residências de todo homem e mulher de Deus.
São pessoas com uma vida crucificada na Terra, e uma vida
no Trono em Cristo Jesus, reinando através d'Ele. Pessoas
que vivem na escola do Espírito Santo.

Essa é uma escola diária, pela prática da nossa fé


no dia-a-dia, provando e experimentando, como Sansão, o mel
que sai da carcaça do leão morto (Jz 14:8-9). Esta escola
gradua 'servos' e não grandes mestres da religiosidade
humana. Servos, que podem ministrar vida ao Corpo de Cristo
através dos frutos que dão e não através de posições
humanas ou cargos que brotaram em um sistema que não
sustentará ninguém na guerra espiritual.

!
LIGAÇÕES VERDADEIRAS NO ESPÍRITO

!
Num avivamento, as ligações espirituais entre
irmãos são tão espontâneas e fortes que o espírito de
'denominação' como ocorreu em Babel (Gn 11:9) perde
totalmente seu território. Assim, o amor operante na vida de
um irmão como uma fonte de Deus de uns para os outros, e a
submissão mútua, fazem a Vida de Deus fluir, produzindo as
ligações no Corpo. São os vínculos do amor.

A nutrição está no relacionamento pessoal com o


Senhor e com o Seu Corpo baseado no amor. Eu recebo o
!30
amor do Pai e o transmito aos meus irmãos, servindo com os
dons que recebi; eles fazem a mesma coisa e a sujeição uns
aos outros, não importando títulos ou posições, estabelece
verdadeiras ligações baseadas no amor. Porém, devemos
sempre respeitar o princípio da autoridade espiritual que o
Senhor estabeleceu na Igreja – o pastor da igreja, por
exemplo. Essas ligações verdadeiras no espírito é que fazem
com que tudo que Jesus é flua livremente em todo Corpo
levando a ele vida e suprimento, e o crescimento espontâneo
trazido por Deus.

Chegaremos no tempo em que teremos nossos


ministérios locais, nossas bases ministeriais e faremos parte
de uma igreja local. Cada um dirá: Tenho um pastor, que o
Pastor dos pastores levantou como autoridade em minha vida.
Porém, a unidade em espírito que o Senhor nos levará a
experimentar ultrapassará os limites dos nossos ministérios e
igrejas; sem, contudo, quebrarmos princípios, entrando pelo
caminho da divisão ou rebeldia. Será um tempo fantástico de
maturidade, onde os cristãos saberão viver em amor e
submissão mútua, dando e recebendo pelo Espírito.

!
CRISTO, CRISTO E CRISTO!

!
Quando eu deixo de olhar para Jesus, começo a
me perder. Mas se permaneço olhando para Ele, e só para

!31
Ele, tudo em minha vida se organiza e entra nos seus devidos
lugares. Tudo entra no equilíbrio e no funcionamento da
verdade quando olhamos e nos mantemos olhando para
Jesus. Ele disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue
não andará nas trevas” (Jo 8:12). O Espírito gera avivamento,
a alma gera movimento de homens. E alguns movimentos da
alma até impressionam pela sua magnitude, mas é alma pura.

Quando paro de olhar para JESUS, começou o


processo em que o mover para e o movimento humano se
estabelece. Só o Espírito Santo tem o poder de nos guiar a fim
de que saiamos da alma e entremos na dimensão d’Ele. Sem
Ele, o máximo que nascerá é mais um movimento de homens.
Olhar para Ele e continuar olhando estabelecerá segurança no
caminho.

!
O GRANDE SEGREDO

!
O segredo é entrarmos pelo novo e vivo caminho,
pelo véu rasgado – isto é, pela Sua carne. Devemos ficar
expostos à Sua santa presença e à Sua santa Palavra até que
a vara germine floresça e frutifique. Quantos estão dispostos a
entrar na presença do Senhor e ficar lá, recebendo as ondas
da Sua glória, até que a vida e poder da ressurreição possam
fluir através de nós como rios? Quantos vão entrar pelo novo e
vivo caminho e permanecer naquele lugar de ensino e
!32
aprendizado com o Espírito Santo, até que o Senhor nos dê
Sua visão impressa em nosso espírito e nos capacite com a
unção para tal? Até que o Espírito Santo, através da prática,
passo a passo, nos ensine a viver no avivamento, que é a
manifestação de Cristo em vós, a esperança da glória!

Talvez seja hora de parar um pouco, mudar a


rotina, restabelecer prioridades, revisar conceitos e colocar o
seu tempo a sós com Deus TODOS os dias como a principal
meta da sua vida. Deus está procurando despertar homens e
mulheres que vão deixar tudo para estar com Ele e aprender
com Ele sobre avivamento.

!
VIVENDO PROTEGIDOS

!
Sempre que olharmos para Jesus e mantivermos
nosso olhar n’Ele estaremos seguros; porém, no momento que
paramos de olhar para Ele, sairemos do avivamento e já
entramos no movimento humano. Proteção espiritual tem
como um dos fundamentos essenciais a permanência em
olhar para o Senhor. Enquanto Jesus for o foco, estaremos na
rota certa, mesmo se errarmos aqui ou ali; e isso é algo que
acontecerá mesmo.

A pergunta é: Onde está o nosso coração? Pois aí


estará o nosso tesouro. Qual é a nossa motivação íntima? Por
que estamos fazendo o que estamos fazendo? Ou, para
!33
quem? Para Deus a condição do íntimo que produz a ação
vale mais do que a ação em si. Seremos julgados naquele dia
sim, se cumprimos ou não nosso ministério e completamos a
nossa carreira. Porém, seremos julgados nisso tudo segundo
os desígnios que operaram em nossos corações (1 Co 4:5).

Foi o amor (ágape) a força operante em nossas


atitudes ou foi qualquer outro motivo (que para Deus é
carnal)? Foi por Jesus e para Jesus, ou por nós e para nós? E
nesse aspecto, o tamanho da obra que nosso ministério
produz não conta em nada, mas a força que nos impulsionou.
Foi o amor de Deus que nos motivou ou foi o ego humano e
carnal gerando nossos procedimentos? Foi o Espírito ou foi
carne? Em termos de Deus os porquês são bem mais
importantes do que os “quês”! E uma das maiores seguranças
nos nossos porquês é estarmos apenas seguindo o Espírito
Santo em nosso íntimo, numa vida que se resume em fazer o
que Ele me diz.

Uma das ciladas mais astutas do diabo é nos atrair


para coisas que nos afastarão de Cristo. Sua estratégia básica
nunca muda: separar o homem de Deus. Às vezes, até coisas
legítimas, aparentemente, não foram geradas por Deus, não
nasceram n’Ele. O objetivo maior do diabo é destruir nosso
relacionamento com Deus e ele sabe que se tirarmos os olhos
(coração) do Senhor, começaremos a cultivar outros valores.
Se isso acontecer, o diabo sabe que poderemos, mesmo que
seja astuta e lentamente, nos afastar da presença do Senhor,

!34
por deixar de tê-Lo como único alvo. O inimigo é muito astuto
e paciente; ele tenta levar a pessoa do Espírito para a alma,
muitas vezes de maneiras sutis – não necessariamente
através de pecados.

Apenas uma vida natural, que não é movida por fé,


já é suficiente para atrapalhar o processe de Deus na vida da
pessoa. começar a esfriar a pessoa. Isso é extremamente
perigoso. Claro que, para um novo convertido, isso acontecerá
algumas vezes. Por isso, Deus levanta pastores, a fim de guiar
o rebanho. Porém, com o passar dos anos, o Senhor age nos
levando a um lugar de maturidade no espírito, no qual não
seremos mais guiados por aquilo que sentimos ou vemos, mas
pelo que cremos. Isso é o viver da fé, no qual todos nós
somos chamados para experimentar em nosso dia-a-dia, onde
Jesus toma a cena toda em nosso íntimo.

!
A META PRINCIPAL

!
Se eu perco a meta principal TUDO começa a se
deteriorar em minha vida espiritual. Tudo deve girar em torno
de uma só pessoa: Cristo. Nossa união com Deus se dá
através d’Ele; nossa vida em Deus e no reino é possível
através d’Ele. Todo o nosso entendimento no espírito vem do
que Ele é e fez por nós. Jesus é a luz. Ele é o alvo de Deus
para o homem - não há outro. Isso é tão forte que Deus se

!35
uniu conosco para sempre através do Corpo de Jesus. Voltar
ao primeiro amor é voltar a olhar somente para Jesus e
convergir todo nosso ser para Ele!

No exato momento que um cristão verdadeiro tira


seus olhos de Jesus começa um processo de queda espiritual.
Ainda que isso não seja visível nos primeiros momentos.
Preste atenção nisso: olhar só para Ele manterá o nosso
mundo interior em ordem. Por isso o Senhor tem provido a
todos nós a adoração que opera pelo amor. A adoração,
principalmente a adoração particular será um refugio
escondido contra força carnal que poderia nos tirar do
caminho.

!
UMA CHAVE

!
Quando meu amor a Jesus me conduz a adorá-Lo
e a passar tempo em Sua presença, a sós com Ele e Sua
Palavra, eu me encontro no lugar mais seguro do universo. A
adoração, particular ou coletiva, é uma arma fantástica para
nos manter de pé no espírito olhando somente para Jesus. A
adoração por amor é a maior expressão de fé e realidade
espiritual na vida de um cristão. Apenas um relacionamento
íntimo com Ele e o contínuo trabalho do Espírito Santo pela
Palavra em nossos corações poderão levar-nos a esse lugar
em Deus.

!36
Quando O adoramos por amor, nossos olhos se
fixam no alvo da nossa própria existência. E esse amor, que é
o próprio amor do Pai funcionando em nós, é o lugar mais
protegido do universo.

!
Vós, porém, amados, edificando-vos na
vossa fé santíssima, orando no Espírito
Santo, guardai-vos no amor de Deus,
esperando a misericórdia de nosso Senhor
Jesus Cristo, para a vida eterna.

Jd 20-21

!
A adoração é uma fantástica chave de vitória que o
Espírito Santo usa para nos manter olhando para Jesus.
Principalmente a adoração particular, pela qual você fica
quando ficamos sozinho com Ele e vivenciamos a nossa união
em espírito com Ele, praticando a Sua presença pela
adoração. A Palavra de Deus diz que aquele que se une ao
Senhor se torna um espírito com Ele (1 Co 6:17) e que a
mulher incrédula é santificada no convívio com o marido
crente (1 Co 7:14).

Há uma analogia linda de Cristo e a Igreja aqui.


Jesus é o nosso marido crente, e nesse convívio com Ele,
através do nosso relacionamento íntimo em adoração, somos
santificados para a Verdade. Na adoração praticamos o

!37
convívio com o nosso marido espiritual e somos santificados
na verdade da Palavra de Deus. A adoração é uma das
práticas da nossa união em espírito com Jesus e o Espírito
Santo usará isso para manter nossos olhos fixos no Autor e
Consumador da nossa fé.

Não há necessidade de música. Adorar não é uma


expressão musical na sua essência, ainda que eu possa
adorar com a música, também posso adorar sem ela. Adorar é
envolver-se com o Senhor em espírito no Seu amor e,
firmados na Verdade, expressarmos o nosso coração a Ele. É
derramar o nosso ser, coração e alma dentro do coração de
Deus, pois o que Ele mais quer somos nós mesmos,
derramados dentro de Si.

Pela adoração, Deus nos enche com o Seu Santo


Espírito, nos amando. Podemos então mergulhar em Sua
presença e ficar a sós com Ele, louvando-O, adorando-O. Pela
graça de Jesus, podemos estar dentro d’Ele, expressando o
nosso amor ao nosso Deus e enchendo-O de nós mesmos,
em amor, pelo louvor e pela adoração que brota em nosso ser.

!
O QUE DEUS MAIS QUER

!
O que Deus mais quer somos nós mesmos.
Portanto, a adoração e o louvor são formas de entrega
pessoal – de oferecer a Deus, o que Ele comprou lá na cruz:
!38
Nós mesmos! O que o Senhor mais quer é você. Mais do que
seu ministério, Ele quer você. Mais do que tudo, Ele quer você
com Ele, você n’Ele.

O verdadeiro avivamento não é uma revolta da


alma com algum sistema humano que não funciona
produzindo então mais um movimento, tão morto quanto; por
maior que sejam as “aparências”. Não é um movimento contra
a Jerusalém terrena ( produzindo uma réplica por se tratar de
algo feito na dimensão da alma) que vai resolver alguma
coisa. E o que é pior: tais movimentos só nos fazem ser ainda
carnais, sem poder. Deus não está nos chamando para uma
revolta religiosa; Ele nos chama para experimentarmos a Sua
Glória.

Definitivamente, o que o Senhor quer trazer não é


um movimento contra-revolucionário humano, mas Ele quer
um povo acordado no espírito para continuar seguindo a
estrela até Belém. Um povo decidido a querer Cristo! Um povo
que não mergulhará na alma, produzindo mais carne ainda,
mas mergulhará em Deus e em Suas profundezas, através do
véu rasgado (a carne de Jesus), até serem usados como
adoradores nas mãos do Espírito Santo para mover o Trono
de Deus aonde Ele os enviar.

!
TEMPO A SÓS COM DEUS

!
!39
Nada pode substituir o seu tempo a sós com Deus.
Essa precisa ser a primeira conquista do Senhor em Sua vida,
depois de Sua salvação e enchimento com o Espírito Santo.
Permita que Ele atraia você para um lugar de disciplina no seu
tempo a sós com Deus. Fique lá... Esconda-se lá...
Permaneça lá... Dia após dia, semana após semana, mês
após mês... Simplesmente continue cavando, bebendo e
comendo na ceia da mesa do Senhor no Reino dos céus,
preparada para nós em Jesus.

A glória que opera em nosso íntimo no tempo que


passamos a sós com Deus é algo muito peculiar entre Deus e
o nosso coração. E, se você permitir, será algo que
transformará você, lenta e continuamente, na imagem d’Ele,
de dentro para fora, do interior para o exterior. Assim, toda a
sua vida será um produto da operação do Espírito Santo e da
Palavra em seu íntimo. Então, você experimentará sempre um
lugar de avivamento e sempre haverá algo sobrenatural da
parte de Deus acontecendo com você; acontecerá sempre um
mover pessoal e você descobrirá e conhecerá cada vez mais,
essa Pessoa maravilhosa que nos salvou: JESUS.

!
!
Capítulo 3

!
OS GRANDES PERIGOS
!40
!
!
O oriente: o mundo como sistema maligno.

!
Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão
na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela
qual o mundo está crucificado para mim, e
eu, para o mundo.

Gl 6:14

!
Se seguirmos sempre a estrela (a operação do
Espírito em nosso íntimo), ela nos tirará de tudo que é desse
mundo, guiando-nos sempre a Jesus. Ele é a Verdade a
respeito de qualquer coisa que estivermos vivendo. No
entanto, o principal ponto aqui é entendermos que ao
nascermos de novo recebemos em nosso espírito uma nova
natureza, que é totalmente diferente da natureza pecaminosa
que nos dominava antes. Recebemos a natureza do nosso
Pai. Temos em nosso espírito humano o DNA de Deus. A
genética Divina opera em nosso espírito humano e é
exatamente por isso que podemos e devemos viver fora desse
mundo: porque nós não somos mais daqui.

Pedro diz, em sua primeira carta:

!
!41
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes
as virtudes daquele que vos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz.

1Pe 2:9

!
Raça fala de uma estirpe, de uma linhagem, de
uma genealogia. Nesse caso é muito simples: O Pai, o Filho
(nosso irmão mais velho), o Espírito Santo e nós, todos
ligados diretamente na mesma árvore: Cristo! Todos somos
ramos de uma mesma árvore no espírito, que é Jesus. Está
escrito: Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com
ele (1Co 6:17). Portanto, podemos viver na prática do nosso
dia-a-dia totalmente fora da opressão e da mentira que
imperam no mundo, pois nascemos de novo em Cristo no
reino da Verdade.

Nosso reino não é desse mundo (Jo 18:36) e por


isso temos realidades que podem ser vivificadas em nosso
espírito pelo Espírito Santo e pela Palavra; são as realidades
de Cristo em nós, a esperança da glória. A vontade de Deus é
que essas realidades vivificadas em nós sejam práticas,
tangíveis; em outras palavras, que elas sejam experiências
normais em nosso dia-a-dia pelo nosso arrependimento e fé
no evangelho. A Palavra do Senhor diz:

!
!42
Pois não me envergonho do evangelho,
porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego; visto que a justiça de
Deus se revela no evangelho, de fé em fé,
como está escrito: O justo viverá por fé.

Rm 1:16-17

!
A SEMENTE INCORRUPTÍVEL

!
Pois fostes regenerados não de semente
corruptível, mas de incorruptível, mediante a
palavra de Deus, a qual vive e é
permanente.

1 Pe 1:23

!
Regenerados significa ‘feitos novamente no
espírito’ ou recriados em Cristo Jesus (2Co 5: 17). Que
semente foi essa?

!
Todo aquele que é nascido de Deus não
vive na prática de pecado; pois o que
permanece nele é a divina semente; ora,
esse não pode viver pecando, porque é
nascido de Deus.

!43
1 Jo 3:9

!
A semente de Deus é que nos regenerou no
espírito. Por isso nosso espírito clama pelo Espírito Santo:
Aba, Pai! Nosso espírito humano tem a condição de relacionar
com Deus e com as coisas de Deus. Ele tem a condição de
recebê-las e é nele que elas se desenvolvem, por fé na
Palavra. Porém, em nossa alma podem existir sistemas
humanos, costumes, culturas mundanas ou religiosas, os
quais podem ser a raiz que nos prende a uma vida muito
aquém do que poderíamos viver aqui na Terra.

Pela obra redentora de Jesus nos tornamos


verdadeiros filhos de Deus. Assim como Deus se tornou o Pai
de Jesus ao concebê-lo no ventre de Maria, Deus se tornou
seu Pai e meu Pai quando nos arrependemos dos nossos
pecados e cremos no Seu Filho. Deus é nosso Pai de fato e
de verdade.

!
Além disso, tínhamos os nossos pais
segundo a carne, que nos corrigiam, e os
respeitávamos; não havemos de estar em
muito maior submissão ao Pai espiritual e,
então, viveremos?

Hb 12:9

!
!44
Assim como uma árvore nasce de uma semente e
se torna uma árvore segundo a sua espécie, nós, no espírito,
nascemos da semente de Deus e nos tornamos Sua espécie:
somos da família de Deus (Ef 2:19) e temos condições divinas
operando em nós para vivermos aqui na Terra no padrão
celestial. Não somos Deus e nunca seremos, mas somos
filhos de Deus, como Jesus o é, em Sua condição de Filho do
Homem; e sempre seremos filhos amados do nosso Pai
celestial, com Sua terna e santa natureza nos dominando por
dentro.

Disso decorre o grande chamado que temos para


uma vida no Espírito, fora desse mundo, fora do sistema
mundial que prende e aprisiona o homem, tanto na cultura
quanto na saúde, nos conceitos familiares, na economia, na
educação, nos conceitos sociais, e nos sistemas político,
social e administrativo. A Palavra é clara: O mundo jaz no
maligno (1Jo 5:19), mas nós estamos em Cristo! Por isso, saia
da Babilônia, povo de Deus! Somos a Igreja de Jesus, e eu sei
que isso parece um pouco radical, mas é a pura verdade. Não
somos mais desse mundo!

Ao observarmos como Jesus vivia aqui, podemos


perceber o desafio de sermos como crianças para vermos e
desfrutarmos do Reino de Deus aqui na Terra hoje e agora.
Jesus, ensinando os discípulos a orar disse:

!
!45
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que
estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino; faça-se a tua vontade,
assim na terra como no céu.

Mt 6:9-10

!
E em sua primeira carta, o apóstolo João escreveu:

Aquele que diz que permanece nele, esse


deve também andar assim como ele andou.
Não ameis o mundo nem as coisas que há
no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele.

1 Jo 2:6,15

Ainda que estejamos nesse corpo físico


aguardando a nossa redenção total – que ocorrerá na
ressurreição dos mortos e no arrebatamento da igreja, quando
a trombeta tocar – temos hoje um elemento da graça de Deus
vivo e operante em nós: a nossa fé, que é a suficiência de
Deus funcionando em mim. É através da fé que devemos viver
aqui na Terra; pela edificação da fé o Senhor Jesus nos faz
Igreja de fato e de verdade. A palavra Igreja significa
‘chamados para fora’: chamados para fora do Egito, mas
dentro da Canaã do Evangelho, como ensina meu querido
irmão Bernardo.

!46
Que coisa tremenda! Podemos viver no mundo
através da nossa carne ou podemos viver em Deus, na
dimensão do Seu reino, através da nossa fé em Sua Palavra.
Podemos viver segundo a nossa carne, e isso nos conduzirá à
morte, ou podemos viver segundo o Espírito Santo, que o Pai
enviou para habitar em nós. Há um lugar em Deus em que não
somos afetados por absolutamente nada que ocorre no
mundo. Jesus viveu nesse lugar. Ali, diante de toda a
dominação romana, diante da cegueira religiosa da época e
das condições desfavoráveis a Jesus, naturalmente falando
(nem levita Ele era), nada disso importava, pois Ele vivia em
outro lugar: Ele vivia em Deus, mesmo aqui na Terra. Jesus
vivia do que ouvia e via no Pai, por Seu relacionamento com
Ele.

A Palavra diz que Enoque andou com Deus e já


não era porque o Senhor o tomou para si. Noé, obedecendo a
Deus por fé, aparelhou uma arca pela qual foi salvo
juntamente com toda a sua família. Abraão foi chamado para
sair de Sua terra. Antes de Deus usar Moisés para libertar o
povo de Israel do Egito, Ele o desintoxicou do Egito quarenta
anos no deserto. E Paulo, quando se refere ao que tinha e
era, diz:

!
Sim, deveras considero tudo como perda,
por causa da sublimidade do conhecimento
de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do

!47
qual perdi todas as coisas e as considero
como refugo, para ganhar a Cristo.

Fp 3:8

!
Não somos chamados para construir cidades para
Faraó; somos chamados para sermos servos e amigos do
Senhor a fim de que Ele forme em nós o Seu tabernáculo.
Como é perigoso virmos para a obra de Deus com os moldes
do mundo em nossas cabeças! Nosso chamado não é edificar
pirâmides, nosso chamado é edificar tabernáculos. Para
sermos construídos nos padrões do mundo requer que
entreguemos nossa alma em anos, muitas vezes, de
aprendizado, pesquisas e treinamento natural naquilo; porém,
para a construção do tabernáculo de Deus em nosso interior, o
caminho é totalmente diferente, pois não é uma proposta
natural, ela é sobrenatural. Não é um chamado para
aprendermos as coisas da terra, mas as coisas do céu, pela
instrução do Espírito Santo em nosso coração, todos os dias.

Como viveremos num padrão celestial, numa


determinada área, se aquela área específica em nossas vidas
está sendo governada pelo bem ou o mal do mundo? Isto é o
resultado daquela árvore que satanás usou para desativar o
espírito do homem, num desligamento de Deus no espírito, e
ativar sua vida natural – a vida da alma. Como viveremos o
céu na terra, se um padrão natural nos dirigir?

!48
Entender que através da cruz o Senhor nos salvou
do pecado, das doenças, da ruína e da miséria é fundamental
para uma vida cristã vitoriosa. Porém, devemos entender
também que Ele nos libertou do “mundo” – o resultado da
união da carne com a alma do ser humano. O mundo
representa a forma maligna de se viver na Terra, fora de tudo
que Deus planejou para o homem.

Ao pecar, o homem trouxe a condição do diabo


para dentro dele: o pecado. O resultado disso foi o nascimento
da carne e do mundo. Ou seja, pela separação de Deus, o
homem procurou se ‘arrumar’ aqui na Terra. Procurou ‘dar os
seus jeitos’, trilhar seus próprios caminhos. Isso fica claro
quando Caim é banido da presença do Senhor. Logo ele
procurou construir uma cidade de nome Enoque, que nada
mais era do que uma expressão de um íntimo sem Deus.

É incrível como o procedimento humano hoje é o


mesmo! Todos no mundo procuram ‘dar os seus jeitos’,
tentando se sair melhor sempre. Como isso é contrário ao
Reino de Deus, no qual somos aceitos em Jesus,
aperfeiçoados em Jesus e n’Ele podemos viver em completo
descanso! Depois de Caim veio Babel, como outra expressão
da carne humana tentando resolver o seu próprio problema.
Depois foram os fatos de Sodoma e Gomorra; Ló foi um
exemplo de como até os justos (salvos pela fé) podem cair no
engano de viver na Terra fora do melhor de Deus para as suas

!49
vidas. Portanto, a Palavra de Deus para os que estão em
Babilônia é: Sai dela povo meu!

Não há nada, absolutamente nada nesse mundo


que sirva de modelo para os habitantes da Nova Jerusalém.
Lá tudo é diferente, pois a Verdade é base de tudo. Não há
mentiras lá, ao contrário no mundo, onde tudo é fundamentado
na mentira. Tudo no mundo está arruinado, corrompido,
estragado pelo pecado. Tudo no mundo tem a marca do
pecado, da carne, e tem a marca do coração caído de
satanás. Definitivamente, o mundo não é nosso lugar! Por isso
Paulo nos exorta a andar no Espírito e viver no Espírito –
condições de total livramento para os filhos de Deus na terra
hoje, agora!

O apóstolo João diz: “E esta é a vitória que vence o


mundo: a nossa fé” (1Jo 5:4). Em nenhuma área de sua vida
você deve seguir o padrão do mundo. Nenhuma! A proposta
de Deus para os seus filhos hoje é Cristo. Paulo nos exorta:
“Andai nele” (Cl 2:6).

!
LIBERTOS DO MUNDO

!
Todos os que querem ostentar-se na carne,
esses vos constrangem a vos
circuncidardes, somente para não serem
perseguidos por causa da cruz de Cristo.

!50
Pois nem mesmo aqueles que se deixam
circuncidar guardam a lei; antes, querem
que vos circuncideis, para se gloriarem na
vossa carne. Mas longe esteja de mim
gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, pela qual o mundo está
crucificado para mim, e eu, para o mundo.
Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem
a incircuncisão, mas o ser nova criatura. E,
a todos quantos andarem de conformidade
com esta regra, paz e misericórdia sejam
sobre eles e sobre o Israel de Deus. Quanto
ao mais, ninguém me moleste; porque eu
trago no corpo as marcas de Jesus.

Gl 6:12-17

!
Ao ser crucificado, Jesus produziu uma libertação
plena do mundo para cada um de nós. No capítulo um de
Gálatas, Paulo diz que o Senhor foi entregue pelos nossos
pecados para nos desarraigar deste mundo perverso.
Portanto, nossa condição aqui na Terra não é mais o mundo;
nossa condição é o reino dos céus.

!
Não temais, ó pequenino rebanho; porque
vosso Pai se agradou em dar-vos o seu
reino.

!51
Lc 12:32

!
Como Deus fez isso? Simples... Ele fez através da
cruz. Ao ser crucificado, Jesus estava crucificando-nos para o
mundo. Nós fomos incluídos em Jesus ali na cruz e estamos
mortos para aquilo que estávamos sujeitos. Veja a
consideração de Paulo:

!
Se morrestes com Cristo para os
rudimentos do mundo, por que, como se
vivêsseis no mundo, vos sujeitais a
ordenanças.

Cl 2:20

Que declaração fantástica! Paulo deixa claro que


não dependemos, ou pelo menos deveríamos depender, em
nada desse mundo para vivermos aqui na terra.

!
O MUNDO E A TERRA

!
O mundo é o sistema maligno que é produto da
operação da carne e do diabo na alma humana, diferente da
Terra que é o lugar geográfico onde o nosso corpo está. O
mundo jaz no maligno, mas a terra não pertence mais a ele.

!52
Jesus resgatou a Terra do diabo lá na cruz e, portanto, eu e
você podemos e devemos viver na Terra, mas não no mundo.

Nós devemos ser habitantes da Terra, porém livres


do mundo. Devemos ser moradores de um planeta, mas não
participantes de um sistema gerado pela carne e por satanás
para prender a alma dos seres humanos na mentira e na
corrupção. O mundo, como um sistema maligno em todas as
suas esferas, não é o lugar para um servo e uma serva de
Deus, pois não pertencemos mais a esse sistema. Fomos
crucificados para o mundo através de Jesus Cristo.

Um cristão verdadeiro, que por ignorância se


submete ao sistema mundial, precisa urgentemente aprender
com o Espírito Santo a viver fora desse sistema. A vida que
podemos viver aqui nessa Terra está muito acima desse
sistema mundial das coisas; quem participa desse sistema, é
cúmplice dele, sabendo ou não, e Deus trabalha
incansavelmente a fim de nos ensinar a não mais vivermos
segundo a ordem mundial das coisas, mas dentro da vida
“abundante” que Jesus providenciou par nós na cruz.

Claro que o Senhor cuida de nós e nos protege


nesses tempos de ignorância! Não é satanás quem tem o
controle das nossas vidas e mesmos na ignorância somos
guardados pelo Senhor. Porém, há momentos em nossas
vidas em que, como um irmão da igreja me disse um dia, as
coisas que já estão difíceis, ficam impossíveis!

!53
Deus nos leva, passo a passo, para fora desse
sistema, pois não pertencemos mais a ele. Viver dentro do
impossível através das promessas de Deus deve ser a coisa
mais normal para um cristão verdadeiro. Graças a Deus que
através da cruz de Jesus estamos crucificados, mortos para o
mundo; a cruz de Jesus resolveu, de uma vez por todas, o
problema do mundo para todo aquele que crê.

!
A SAÍDA DE MOISÉS DO EGITO

!
Antes que o Senhor tirasse o povo de Israel do
Egito, Ele precisou tirar de lá a pessoa que Ele usaria como
seu canal perante Faraó. Antes de sermos canal para tirar
alguém da condição do mundo, ou mesmo do mundo,
precisamos estar fora de lá. Como tiraremos alguém de um
lugar se nós mesmos estivermos presos ali? Antes de Moisés
ser o canal principal para tirar o povo do Egito, ele precisou
sair de lá e o Egito precisou sair de dentro dele.

Ao sair do Egito, Moisés socorreu as filhas de Jetro


e, ao relatar para seu pai sobre Moisés, que era hebreu, elas
disseram: “Um egípcio nos livrou das mãos dos pastores” (Êx
2:19). Moisés não era egípcio, ele era hebreu; porém, os anos
que passou no Egito o desfiguraram como descendente de
Abraão.

!54
Quarenta anos depois, Moisés estava pronto, pois
já não era mais um egípcio na aparência e já não cuidava de
projetos arquitetônicos: ele estava apascentando o rebanho de
Jetro. Foi nesse contexto que Moisés chegou a Horebe, o
monte de Deus.

Ali em Horebe, Moisés encontrou-se com Deus e o


Senhor revelou-se a ele, mudando tudo para ele e para Israel.
Mas, primeiro, Moisés precisou abandonar o Egito e ter o Egito
fora do seu interior. O mundo jaz no maligno e o mundo não é
o nosso lugar, pois não estamos mais nele: estamos em
Cristo.

!
A SAÍDA DO EGITO

!
Jesus disse: “Vós sois cá de baixo, eu sou lá de
cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou” (Jo
8:23). Ele também disse: “eu venci o mundo” (Jo 16:33).

Abraão saiu de Ur dos Caldeus. Paulo saiu de um


sistema religioso. Devemos sair do mundo como um sistema...

O mundo como um sistema religioso-carnal.

O mundo como sistema Político-social.

O mundo como sistema econômico.

O mundo como sistema de saúde.

!55
O mundo e seu esquema de alimentação.

O mundo e seu sistema de entretenimento.

O mundo e seu sistema educacional.

O mundo e seu sistema cultural.

Nosso princípio maior deve ser:

!
E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Rm 12:2

!
Saia do oriente e viva em Belém, que no original
significa “Casa de Pão”. Ou seja, nosso lugar não é o mundo,
como um sistema maligno, almático, gerado pela carne e pelo
diabo. Nosso lugar é a Palavra que Deus nos diz no íntimo.
Nosso lugar é em Belém, na Presença do Rei, ou seja, na
casa de Pão (a Palavra) vivendo de acordo com aquilo que
ouvimos diante do trono de Deus, nos lugares celestiais em
Cristo Jesus, pelo Espírito Santo.

Há um lugar muito além desse mundo para cada


servo e serva de Deus. Nosso desafio é vivermos lá todos os
dias...De fé em fé, de Glória em Glória!

!
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