Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A BS T R AC T
Ao i n iciar-se o sécu l o XX Portuga l era mais u m país d e vilas e ald eias do q u e cidades
e m e n os a i n d a de gra n d e s cidad es, o q u e d e n u n cia u m claro d esfas a m e nto no contexto
europeu. Escasseavam os centros u rbanos de média di mensão e só u m déci mo da populaçã o
v i v i a em n ú cl eos c o m fu n ções u rbanas. a p esar d o arra n q u e verificado na segu n d a metade
d e Oito centos. Este facto resulta d e vá rias con d i ci o n a ntes d e foro político-a d m i n istrativo
e s o b retudo eco n ó m i co, q u e entravara m o d esej ável e p ossível processo de evo l u çã o da
frágil rede urbana naci o n a l .
M a s . a o contrá r i o d o q u e pod ería mos esperar, a fa lta d e u m a «arm a d u ra u r ba n a » ,
fa l ta essa q u e rem o n ta a o sécu l o XVI , v i u -se a i n d a agravada n estes d o i s ú lt i m os s é c u l os ,
p e l a i n capaci d a d e d e arra n q u e d e m ográ f i co m a n i festa da pelas c i d a d e s e vilas d o País
q u e não Lisboa e Porto 1.
O a u mento relativo da população u rbana em relaçã o à total foi feito à custa d esses
dois gra n d es centros. que l i d erara m o p rocesso d e desenvolvimento eco n ó m i co das zonas
n o rte e sul. A esta b i cefa l i a correspo n d i a j á e m m ea dos d o sécu l o XIX u m a b i p o larização
eco n ó m ica 2 , ra d i c al izada a part i r d e então, que Lisboa com a sua á rea e n volvente
coma n d ou, d e modo cada vez mais i n e q u ívoco, pelo menos n a ó p t i ca estrita m e n t e
p o p u l a ci o n a l . « Nos ú l t i m os 1 3 0 a n os a capital vive u m a situaçã o d e excepci o n a l i d a d e
d e m ográfica n o contexto d e u m p a í s escassa mente u r b a n iza d o », o n d e faltam os centros
u r ba n os d e média d i m ensão e onde só o Porto se d estaca. Ta l como Lisboa, ele s u rge
p ri m e i ro isolado e mais tarde ligado aos co n ce l h os vizi n hos. E m 1 99 1 , data d o ú l t i m o
recenseam ento da p o p u l ação p ortugu esa, nas regi ões d e Lisboa e Porto vivem m a i s d e
metade d o s residentes n o Continente 3.
De acordo com os d a d os existentes no caso portugu ês, a l g u n s d os q u a i s j á est u
d a d os, ach á m os ú t i l e l a b orar a q u i u m a s í n t e s e d o q u e h oj e s e c o n h e c e s o b re o t e m a .
É n osso o bjectivo esclarecer a forma c o m o foi s e n d o construído e evo l u i u n os ú l t i m os cem
a n os o sistema u r b a n o portugu ês, s a l i e n ta n d o as principais características que revesti u
em cada período.
1 - O P O RT U GA L D O PA S SA D O : a d i ve rs i d a d e i n t e r n a
N o q u e respeita à tra dição u rbana nacional é curioso veri ficar como a i n d a n o i n ício
do século actual se mantinham alguns dos principais traços característicos de povoam ento
h erda d os da I d a d e M é d i a , d i vi d i n d o-se o Pa ís e m duas metad es. A N o rt e , a p o p u l a çã o
con ce ntrava-se em p e q u e n a s a l deias e vilas, contrasta n d o c o m a zona S u l , o n d e s e m p re
existiram cidades de relativa d i m ensão e o n d e fi cava Lisboa, a gra n d e cidade portuguesa.
A partir d o sécu l o XV os n ú cleos populacionais com fu n ções u rbanas crescera m
sem pre a ritmos s u periores aos das zonas rurais, e m b o ra essas d i fe re n ças a u m e ntass e m
n os l ocais de m a i o r d i namismo económ ico. Sã o disso exemplo primeiro os portos marítimos
voca c i o n a d os para a construção nava l , a pesca e a navega çã o de cu rto, m é d i o e longo
curso e mais tarde os pólos i n dustriais. Na 2." m etad e do século XVI I I o crescimento
demográfico privi legiou os n úcleos populacionais do litora l face a os do i nterior. Esse p rocesso
fo i l e n to e favoreceu p r i m e i ro a fa ixa l itora l norte, na s e q u ê n cia da i ntensificaçã o dos
tratos com o continente a m erica n o , para em segu i d a se estender a o demais território e em
breve às partes centro e sul d e Portuga l . A partir dos anos 60 do século XIX acentuara m -se
as d i ferenças i nternas, pautadas a nível regional pelas dicotomias norte/st?Jl e l itoral/i nterio r,
m a u gra d o a existência d e p ó l os isolados no i nterior. O f i n a l da década d e 70 m a rc o u e m
Portugal o iníci o d e u m a fase positiva, q u e s e p rolongou até 1 9 1 1 . A populaçã o cresceu .
Tratou-se d e u m a época á u rea das zonas d e Lisboa, Porto e Covi l h ã , e m clara a l usão a o
i m pacto positivo origi nado pelo processo d e desenvolvi mento i n d ustrial.
Com efeito, d u rante o último sécu l o o cresci m e nto gl o b a l v i u -se i n f l u e n ci a d o pela
e m i gração e pelas m i grações i nternas, efectuadas e m d i recçã o às á reas m a i s i n d ustria
l iza das e o n d e era ta m b é m s u perior o peso relativo d a p o p u lação urba n a . As pri n ci pa i s
vitimas n este processo serão o n orte e o interior n orte e centro, o n d e a saída d e efectivos
foi d u p l a , para fo ra d o d istrito e para fora do Rei n o .
O a u m e n to da p o p u l a çã o p o rtugu esa favoreceu as á reas u r b a n a s ( q u e n o s e u
conj u nto crescem 5 5 % n a 2-" m eta d e d e X I X ) , e m r e l a ç ã o às r u r a i s ( c o m u m a variação
perce ntual d e a p enas 22 o/o). A esmaga d o ra m a i oria d os distritos registaram acrésci mos
su peri o res nas zonas u rbanas, exceptua n d o Évora e Faro. Só e m Cast e l o B ra n co, Vi ana d o
Cast e l o e V i s e u a p o p u l a çã o cres c e u u n i fo r m e m e n t e . A o i n vé s , o a u m e n to fo i m u i t o
s i g n i f i c a t i vo n o q u e res p e ita à p o p u l a çã o u rb a n a d e Ave i ro , L e i r i a , S a n ta r é m , z o n a s
basta nte activas e próximas da i n f l u ência d os distritos d o Porto e L i s b o a , q u e j á então
l i d e rava m o processo d e d esenvolvi m ento eco n ó m i co naci o n a l e q uase d u p l i cara m em
m e n os d e q u a renta a n os 4
M a s , a p esar d estas t e n d ê n ci a s , Portugal c o n t i n u a rá a s e r u m País d e escassa
u rban izaçã o, polariza da e ntre estas d uas gra n d es ci dades, situação q u e reflecte u m atraso
n o contexto e u ro p e u e que se acentuou p rogressiva mente.
8
A EVOLUÇÃO URBANA EM PORTUGAL NO ULTIMO SÉCULO 1 1 8 9 0-1 9 9 1 )
9
TERESA RODRIGUES E MARIA LUiS ROéHA PINTO
10
A EVOLUÇÃO URBANA EM PORTUGAL NO ULTIMO SÉCULO ( 1 890- 1 99 1 1
em falta para os censos de 1890, 1900, 1920 e 1930. Apesar das distorções q u e possam ter
s,ido i n trod uzidas, esta será porventura a melhor a p roximação q u e enco ntrá m os á evo l u çã o
se cular da d i m ensão d os n ú cl eos p o p u l acionais.
De acordo com esta opção metodológica, fora m excluídas quaisquer considerações
relativas ás fu nções a d m i n istrativas o u econ ó m i co-sociais que possa m ser d e f i n i doras do
que d eve ser tido como centro u rba n o . Relativa m ente á classificação a d m i n i stra t i va do
que é u rb a n o o u r u ra l , não cremos i ntroduzir envieza m e ntos s i g n i f i cativos, dado q u e
essa classificação, n o passa d o como n o p resente, t e m correspo n d i d o p o r n orma a
critérios d e í n d o l e p o l í t i ca , q u e m a i s n ã o fazem do q u e bara l h a r a n o ç ã o do q u e é o u
não urbano.
Como vimos, a parti r d e 1968 os o rga nismos da O N U a p e n as considera m como
dignos d e figu rar n a d esignação d e cidade os centros com u m a p o p u l a çã o aglom erada
d e mais d e 20 m i l h a b itantes. Poré m , as características da evo l u çã o da p o p u l a çã o portu
guesa, a ss i m como a sua h i stória e ti pos d e p ovoamento, l eva m - n o s a ace itar tratar os
centros com mais d e 5 mil h a b itantes, sobretu d o porque se p rete n d e uma visão secular
a i n i ciar-se nos f i n a i s do sécu l o XIX.
De facto, n essa época a fas q u i a dos 20 m i l parece ser demasiado a l ta e cre m os
ser mais l ógico tomar, nesta visão secular, o l i m iar d os 1 O m i l e fectivos como d e f i n i d o r
d e centro u rb a n o . P o r o u tro l a d o , o facto d e considerarmos o s centros c o m mais d e 5 m i l
h a bita ntes permite-nos uma m e l h o r visão da evo l u ção e cresci mento dos centros p o p u l a
c i o n a i s d o País, q u e possa m ter a lgumas característ i cas urbanas. Relativa mente a o pata mar
dos 10 mil cremos que as principais fu n ções econ ó m i co-sociais que d e f i n e m u m a gl o m e
r a d o c o m o u rb a n o o u c o m o c i d a d e estarão p resentes.
N o Q u a d ro 1 a p resenta-se a p e rcentagem d e p o p u l a ç ã o u r b a n a e m re l a ç ã o á
popu lação tota l nos centros com mais d e 5 , 1 o e 20 m i l h a b i ta ntes, ou sej a , o nível de
urbanização po rtuguês no ú l t i m o século.
Q U A D R O I - N Í VEL D E U R BA N IZAÇ Ã O
H A B I TA N T E S 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991
+ 5 000 1 4,9 1 6,2 1 7,3 1 8, 1 20,8 22,0 24,2 26,9 30, 1 34,6 39,4
+ 1 0 000 1 1 ,3 1 2 ,4 1 3, 1 1 4,2 1 6,2 1 7, 4 1 9, 3 22,3 26,5 29,7 33,2
+ 2 0 000 9, 1 1 0, 1 1 1 ,5 1 1 ,9 1 3,9 1 4, 9 1 6,2 1 7, 7 20,4 23,4 24,5
Ta nto este q u a d ro como o segu i nte, com o tota l d e centros situados acima d e cada
u m destes patamares d e m ográficos, prova m a l e n t i d ã o d o cresci m e nto da p o p u l a çã o n os
aglomera d os de mais de 5 m i l h a b itantes. Ch ega mos á ú l t i m a década do sécu l o XX com
u m a p e rcentagem d e p o p u l ação n estes n ú cleos a i n d a i n ferior a 40%. Nos centros com
d i m e nsões que i m p l i c a m característ icas urbanas (+ d e 1 O 000 res i d e n tes) este va l o r
situa-se e m 33%. Veja -se q u e e m meados do sécu l o o s centros c o m m a i s d e 1 o m i l h a b i
t a n t e s a i n d a n ã o ch egava m a a l be rgar u m q u i n to d a p o p u l a çã o p o r t u g u esa , o q u e
revela a proporçã o d i m i n uta d a p o p u l a çã o a viver e m p e q u e n a s cidades. S e excl u i rmos
d esta a n á l ise os va l o res obtidos através d e estimativas (a n os d e 1890, 1900, 1920 e 1930),
veri ficamos q u e em 19 1 1 n os n ú cl e os u r b a n os ou para - u rb a n os a penas viviam cerca d e
1 1
TERESA RODRIGUES E MARIA LUÍS ROCHA PINTO
6% dos portugueses. Tri nta a n os mais tard e ( 1940) este va lor subira um ponto percentual e
em 1970, o utros tri n ta a n os depois, a p o p u l a çã o a resi d i r em centros com m a i s de 5 m i l
e m e n os d e 2 0 m i l h a b itantes cont i n u ava a n ã o representar u m déci m o d a p o p u lação.
Só e m 199 1 este va lor se a p roxi m a d os 1 5%.
H A B I TA N T E S 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991
H A B I TA N T E S 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991
5 - 1 0 000 27 27 33 31 42 45 53 50 38 65 81
1 0 - 2 0 000 8 9 6 10 11 15 20 30 39 43 61
+ 2 0 000 3 3 5 3 6 8 12 16 22 35 39
12
A EVOLUÇÃO URBANA EM PORTUGAL NO ULTIMO SECULO ( 1 890- 1 99 1 !
13
TERESA RODRIGUES E MARIA LUiS ROCHA PINTO
(Ta xa s d e c re s c im e nto a n u a l m éd io , e m p e rc e n t a ge m )
3 r-------.
2,S
o,s
1890 1990
�� �------�
14
A EVOlUÇÃO URBA NA EM PORTUGA l NO Ú lTIMO SECUW ( 1 8 90- 1 9 9 1 )
15
TERESA RODRIGUES E MARIA L UiS ROCHA PINTO
C E N TROS
1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991
P O P U LAC I O N A I S
Aveiro 4,7 6.4 6,3 -
7,7 4,8 7,8 4,1 4,0 3,7 8,3
Beja 4,6 4,7 1 2,1 1 0,2 7.7 9,2 1 3 ,8 8,2 6,8 1 0.2 8, 1
Bra ga 2,5 2,5 2,4 2 ,3 - -
3,5 2,2 1,1 0, 9 1 ,0
Braga nça 3,1 2,9 2,9 3, 1 3,3 3,3 3,6 3,5 -
3,1 5,0
caste l o Bra nco 2.7 2 ,8 2.7 3.2 2.7 4,8 - - - -
2,7
Coi m b ra 1 ,8 1 ,9 1 ,9 1 ,9 2,0 -
1 ,4 - - - -
Le iriil - -
2,1 2,3 8 ,3 8.4 4,1 7,2 3,7 2,9 3,5
Lisboa - - -
0,7 2,0 3,2 6,6 6, 1 2,9 6,8 6,5
Po rta l egre 20,6 1 1 ,5 1 5 ,8 1 5,5 1 4,8 1 1 ,6 6,8 6,7 4,6 4,9 5,3
Po rto -
1 ,0 2,2 2, 1 2.2 2,9 3,2 2,8 2,5 4,1 5,3
S a n ta ré m 4,7 4,5 5.4 5,5 1 0,0 8,6 9, 1 9,5 8,1 9,6 1 2.4
Setú b a l 5,2 8,7 1 2 ,4 7,5 6,8 8,3 3,7 2,0 7,1 8,9 1 2, 5
Viana d o caste l o 4,3 4,3 4,3 4,4 - - - - - -
5, 7
Vila Rea l 5,2 5,0 5,1 5,1 5,3 5,8 4,7 1 ,7 5,7 2,2 2,2
Viseu 3 ,6 3,7 3.4 3 ,6 4.4 1 ,5 1 ,5 1 .7 2,1 5.4
Açores 9,3 9,4 8,8 8,7 9,8 1 4,0 1 3 ,6 1 6,9 1 3 ,6 1 5,6 1 0, 8
M a d e i ra - - - - - - - - - - -
Conti n e n te 3,4 3,7 4,2 3, 8 4,6 4,3 4,8 4,1 3,3 4,8 6,3
Ilhas 6,1 5,9 5,2 4,9 5,4 7,5 7.4 9,3 7,3 7,7 5,2
Portu g a l 3,6 3,8 4,3 3 ,9 4,6 4,5 5,0 4,5 3,6 4,9 6,2
C E N T RO S
1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991
P O P U LA C I O N A I S
Ave i ro - - - - -
2,6 2,8 7,9 4,7 4,7 1 0, 3
Bej a - - - -
4,5 4 ,4 4,8 5,7 7,8 1 0. 4 1 1 ,3
Braga - - -
5,2 2,5 2,5 3,3 - -
1 ,5 1 ,5
Braga nça - - - - - - - -
5,6 7,7 9,9
caste l o Bra n co 6,8 5,7 5,2 4, 7 4,0 4,3 4,0 4,7 7,5 2.7 2,9
Coi m bra 4, 9 4,9 5,1 5,3 -
2,4 2,4 2,5 2.7 2,9 -
Fa ro -
3 ,8 7,7 9,6 9,7 1 4, 1 1 4,9 8,0 9,2 8 ,4 -
G u a rda - - - - - - - -
4,7 6,8 9,5
Leiria - - - - - -
5, 1 5,4 6,8 1 0, 5 3,6
Lisboil - - - - - - -
2,9 97 8,8 1 3 ,9
Porta l egre -
8,3 - - -
6,0 1 0,6 1 2, 1 1 4 ,6 1 9 ,6 25,8
Porto -
2,0 1 .7 1 ,7 4,1 3,5 1 ,6 5,3 7.7 4 ,6 9, 1
Sa n tarém - - - - -
2,5 2,8 3 ,6 9,5 9,9 8,5
Setú b a l 1 3,0 1 3, 7 -
5,5 6,9 7,4 7,8 1 2, 1 3,9 1 0, 4 1 7 ,0
V1a n a d o caste l o - - - -
�. 4 4,8 5,0 5,2 5,4 5,9 -
Vila Rea l - - - - - -
3,5 7,2 4,0 9,2 1 0, 8
Viseu - - - - -
2 .3 2.7 3,5 4,0 - -
16
A EVOL UÇÃO URBANA EM PORTUGAL NO ÚLTIMO SÉCULO 1 1 8 90- 1 9 9 11
C E N T RO S
1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991
P O P U lAC I O N A I S
Ave 1 ro - - - - - - - -
3,8 4,6 5,0
Bej a - - - - - - - - - - -
Castel o Branco - - - - - -
6,3 7,3 1 0,6 1 8,3 22,3
Coi m bra - - - -
6,6 6,6 9,6 1 0, 7 1 4, 1 1 7, 1 2 7 ,0
Évo ra - - - - -
1 0, 5 1 1 ,6 1 1 ,0 1 3,4 1 9,3 2 1 ,9
Fa ro - - - - - - - -
7,7 1 4,9 1 6,5
G u a rda - - - - - - - - - - -
Leiria - - - - - - - - - -
1 6 ,6
Lisboa 60,7 62,2 63,5 65,2 65,6 66,3 64, 1 62,2 5 7 ,6 5 5 ,4 50,7
Porta l egre - - - - - - - - - - -
Vila Rea l - - - - - - - - - - -
Viseu - - - - - - - - -
4,7 5,1
Açores - - - - -
7,3 7,0 6,8 7,4 8,7 -
M a d e i ra - -
1 1 ,9 -
1 4,8 1 5,8 1 3,7 1 6, 1 1 6 ,0 1 7 ,4 39,2
Continente 9,9 1 0, 9 1 2 , 2 1 2 , 3 1 4 ,4 1 5 , 1 1 6 ,6 1 8 , 2 2 1 , 0 2 3 , 9 24,7
ilhas - -
4,9 -
6,7 1 1 ,3 1 0, 1 1 1 ,0 1 1 , 4 1 3,2 20,2
Portugal 9 , 1 2 3 1 0,06 1 1 ,6 9 1 1 , 4 2 1 3 ,86 1 4 , 8 5 1 6 , 1 9 1 7 , 7 3 2 0 , 3 7 2 3 , 3 6 24,5
FoNll: Elaboração n o ssa a part i r d e N u n e s (1 989) e X I I I Rece n s e a m e n to G e ral.
17
TERESA RODRIGUES E MARIA LUÍS ROCHA PINTO
Na vi ragem do sécu lo existiam apenas três n ú cleos com popu lação superior a 20 m i l
e fectivos. Re fe ri m o - n os a L i s b o a , Porto e B raga, q u e n o s e u conj u nto co rres p o n d i a m a
9 , 1 % do tota l de resi d e n tes no Cont i n e nte e I l has. Em meados da centúria o n ú m ero d e
cidades fixava -se e m 1 2 , corresp o n d e n d o a 1 6 , 2 % d a p o p u lação tota l . N o ú l t i m o censo
estes asce n d i a m a 3 9 e 24,5 o/o, respectiva m e nte. Ass ist i u-se porta n to a u m a u mento do
peso re lativo d e «gra n d es cidades» no contexto naci o n a l , locais onde h oj e vive cerca de
u m q u arto da p o p u l ação p o rtuguesa.
E m termos rea i s , o tota l d e centros u r b a n os acima d e 20 mil h a b itantes regis
tara m nos ú lt i m os cem a n os um a u m e nto d e 1 2 0 0 %, que se traduz a n íve l p o p u l a c i o n a l
por u m acrésci m o d e 1 69 %. O desfasam e nto e ntre os d o i s i n d i ca d o res ve m co n f i rmar a
n e cess i d a d e de proceder à a n á l ise do p rocesso de forma mais deta l ha d a , Jà q u e e l e se
efectu o u e m m ol d es d i versos a o longo d o último sécu l o .
A p r i m e i ra conclusão a ret i ra r é a d e q u e a m a i o r parte d os n ovos centro s u r b a n o s
d o pata mar su perior poss u i u m a p o p u lação residente q u e p o u co u l trapassa os l i m ites
m í n i m os. Duma fo rma gera l , o s u rgi m e n to d e n ovos n ú cleos é d ev i d o a os ritmos d e cres
c i m e nto global que a p o p u l ação portugu esa regista e m a l gu n s d estes períodos, e m b o ra
l h e sej a fra n ca m ente s u perior, como teste m u n h a m as taxas de cresci m e n to a n u a l m é d i o
c a l c u l a d a s para Portuga l e os m a i o res centros u rbanos a o l o n g o d o período e m a n á l ise.
(Qua d ro Vil).
D e uma forma gl o b a l são os ritmos com q u e a u m e nta m as d uas gra n d e s c i d a d es
p o rtuguesas, s o b retudo a capita l , q u e c o n d i c i o n a m a i n t e n s i d a d e de cresci m e nto d o s
centros u r b a n os. Como p o d e m os veri ficar (Q u a d ro V i l ) se retirarmos Lisboa e Porto a o
conj u nto dos n ú cleos com m a i s d e 2 0 m i l e fectivos, as t a x a s d e cresci m e n to a n u a l m é d i o
c a l c u l a d as para o s períodos i ntercensitários to rnam -se m u ito osci l a n tes.
( Ta xa s d e c res c im e nto a n u a l , e m p e rc e n t a g e m )
P O P U LA Ç Ã O S E M L I S B OA
A N OS + 20000 L I S B OA P O RT O
T O TA L E P O RT O
18
A EVOLUÇÃO URBA NA EM PORTUGAL NO ÚLTIMO SECULO I 1 8 90- 1 9 9 1 1
Estes resultados corro boram algumas das características aceites como expli cativas
d o processo d e evolução u rbana portuguesa no sécu l o XX, com d esta q u e para o fen ó m e n o
d e b i p o l arização u rb a n a , p r i m e i ro através das c i d a d e s d e L i s b o a e Porto e n a 2 ." m eta d e
da ce ntúria, a larga n d o-se a os concelhos vizi n h os .
A evo l u çã o d a s gra n d es cidades é marcada p e l a progressiva « d o m i nação d e mográ
fica da capita l , com um período á u reo entre 1 9 3 0 e 1 9 70, embora esbatido n os ú lt i m os a n os,
d evi d o às m u d a n ças ocorridas nas formas d e util ização d o teci d o urba n o (terciarização
do e d i fi c a d o n os bai rros centra is, a u m e n to da percentagem d e p o p u l a çã o p e n d u lar) 11.
19
TERESA RODRIGUES E MARIA LUiS R OCHA PINTO
CIDADES 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991
Lisboa X X X X X X X X X X X
Porto X X X X X X X X X X X
Braga X X X -
X X X X X X X
Setú bal X X X X X X X X X
Funcha l X -
X X X X X X X
C o i m bra X X X X X X X
Évora X X X X X X
Po nta Delgada X X X X X X
Cov i l h ã X X X X X
Matosi nhos X X X X X
Gaia X X X X X
Barre i ro X X X X X
G u i marã es X X X X
Amadora X X X X
Moscavi d e X X X X
Al mada X X X X
Ave i ro X X X
Fa ro X X X
cova da Piedade X X X
Montij o X X X
O d ivelas X X X
Queluz X X X
Agua lva X X
Algés X X
Algu e i rã o X X
Da m a i a X X
Oeira s X X
Olhão X X
Lara nj e i ra X X
Viseu X X
sacavém X X
Águas Sa ntas X X
Póvoa de Varzim X X
Vila do Conde X X
Baixa da Ba n h e i ra X X
Figu e i ra da Foz X
Caldas da Ra i n h a X
Le i ria X
Mari n h a Grande X
Alverca X
l i n d a -a -Ve l h a X
O l ive i ra do Douro X
Maia X
Gondomar X
Santarém X
To tal 3 3 5 3 6 8 12 16 22 35 39
o/o Total da População 9, 1 1 0, 1 1 1,7 1 1,9 1 3, 9 14,9 1 6, 2 1 7, 7 20,4 23,4 24,5
20
A EVOLUÇÃO URBANA EM PORTUGAL NO ULTIMO SECULO 1 1 8 90- 1 9 9 1 !
Q U A D R O I X - P E S O P O P U lA C I O N A l QUE R E P R ES E N TA M AS C I D A D ES D E L I S B OA E PORTO
E M R E LA Ç Ã O AO S RESTA NTES C E NTROS COM MAIS D E 20 MIL H A B I TA N TES (%)
L I S B OA
A N O S O U T RO S
E PORTO
21
TERESA RODRIG UES E MARIA LUiS ROCHA PINTO
N O T A S
1 Luis Ba pti sta - « Domi nação d e m ogra f i ca no contexto do século XX po rtugu ê s » , i n Sociologia.
Problemas e Pra ticas n." 1 5 , Lisboa, 1 9 94, p. 5 4 .
2 David J u stino - A Formação do Espaço Económico Nacio nal, vo l. 1 1 , vega, Lisboa, 1 9 8 8 , p. 3 6 6 .
3 L u i s Baptista e Teresa Rod rigues - « D i n â m ica Pop u lacional e Densificação Urba n a : o m u n icípio d e
Lisboa n o s sécu los XIX e X X » , i n I Colóquio Temá tico O Mun icípio d e Lisboa e a Dinâmica Urbana
(Sécu los XVI-XX! , Lisboa, 1 9 9 5 (no prelo).
7 « Noções operatórias sobre cida d e , população u rbana e popul ação rura l » , in Revista de História
Econó mica e Social n." 1 , Sa da Costa E d . , Lisboa, pp. 1 0 5 - 1 2 8 .
s A. Lopes Vieira, o b . cit. , pp. 1 0 7 - 1 09 e Luis Baptista e Teresa Rod rigues, ob.cit.
9 Ide m , pp. 1 1 7 - 1 1 8.
10 Ana Bela Nunes de A l m e i d a - A rede urbana porwguesa e o moderno crescimento económico,
Prova s compleme ntares d e Do utora m ento, ISEG, Lisboa, 1 9 8 9 .
1 1 Cf Luís Baptista - «Dominação demográfica no con texto do século XX porwguês», e Luís Baptista
e Teresa Rod rigues - «Dinâmica Populacional e Densi[icação Urbana: o m u nicípio de Lisboa n os
séculos XIX e XX».
12 Referi mo-nos a Matosi nhos, G a i a , Oliveira d o Douro, Maia e Gondom ar.
1 3 I n c l u i A l m a d a , Barreiro, A m a d o r a , Moscavi d e , Cova da P i e d a d e , M o n t ij o , O d i ve l a s , Q u e l uz,
Agu a lva -Cacé m , Lara nj e i ra , Algueirão, Santo António dos cava l e i ros, Alverca , Linda-a-Ve l h a .
22