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ção dramática dos repertórios clás- conta a história de uma cortesã que
sicos e modernos, adotando, tam- renuncia voluntariamente ao amor
bém, a proposta de um teatro total*, de um homem respeitável e morre
conforme preconizado por Wagner*, tuberculosa. Inspirou a ópera A
conferindo pesos iguais ao diálogo, traviata, de Verdi.* O sucesso de A
à idéia, à gesticulação, à mímica, ao dama das camélias levou o autor a
colorido, à música e à movimenta- se dedicar a temas cada vez mais
ção. Foi diretor do Teatro Sarah realistas, embora impregnados de
Bernhardt (hoje Théâtre de la Cité). idealismo romântico. Suas peças
Dumas, Alexandre (1802-1870). Dra- mais importantes: A questão do di-
nheiro (1857), O filho natural
maturgo francês que se notabilizou
(1853), O romance de uma mulher e
principalmente por sua vasta produ-
Antonina (1849), O caso Clemen-
ção romanesca, publicada em folhe-
ceau (1866).
tins. Pouco fiel à verdade histórica,
mas muito hábil na construção dos Duncan, Isadora (1878-1927). Baila-
diálogos e intrigas, foi mestre no gê- rina norte-americana, responsável
nero de aventuras. Como dramatur- por importante revolução na dança
go, começou com Henrique III e sua como uma das pioneiras da dança
Corte (1829), considerado o primei- expressionista, da análise científica
ro drama romântico em prosa. do gesto e da capacidade de expres-
Dumas, Alexandre, dito Dumas fi- são do corpo humano. Opondo-se
às normas do balé clássico, aparecia
lho (1824-1895). Filho natural do es-
freqüentemente em cena de pés des-
critor francês Alexandre Dumas
calços, envolta por túnicas diáfanas.
(1802-1870). Exímio conhecedor da
Sua carreira, iniciada na cidade de
construção dramática e um dos mais
Nova York em 1897, conquistou o
importantes artífices da chamada
público alemão em 1902, quando fez
pièce bien-faite, modelo de drama
uma récita em Berlim. Exibindo-se em
muito popular no teatro francês da
1905 em São Petersburgo, atraiu para
segunda metade do século XIX, é
seu estilo a atenção do coreógrafo
um dos mais bem sucedidos drama-
Mikhail Fokine (1880-1942), criador
turgos do Segundo Império. Produ-
de várias escolas de dança em Ate-
ziu um teatro em que combateu com
nas, Berlim e nos Estados Unidos.
veemência os preconceitos em to-
Em 1921, a convite de Konstantin
dos os níveis e defendeu com igual
Stanislavski*, fundou uma escola na
força os direitos da mulher e da cri-
Rússia.
ança. Seu grande sucesso foi A
dama das camélias, originalmente duo. O mesmo que dueto.
um romance escrito em 1848, trans- duração. Tempo em que um espetá-
formado posteriormente, por ele
culo leva com a cena aberta.
mesmo, em peça teatral (1852), que
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écart. Técnica de o bailarino levar para colocar em cena deuses e enti-
o pé, de lado, ao realizar determina- dades divinas; ekyclema.
do passo em sua exibição. Quando efeito. Recurso de caráter mecâni-
o afastamento das pernas é exage-
co, usado pelo encenador, cenógra-
rado, de forma que a parte posteri-
fo ou figurinista para destacar uma
or das coxas chegue a tocar o piso
cena ou determinadas passagens do
do palco, está acontecendo o
espetáculo. ♦ Efeito brechtiano.
grand écart.
Jogo baseado no efeito do distan-
éclogas. Diálogos dramáticos, de ciamento* (ou em v) proposto por
caráter religioso ou pastoril, que ca- Brecht*, pelo qual o público não
racterizou as primeiras manifestações deve se envolver emocionalmente
do teatro espanhol, criado por Juan na ação dramática, mas refletir so-
del Encina.* bre ela. ♦ Efeito de fogo. Efeito lu-
eclúclema. Elemento cenográfico minoso produzido no palco para dar
ao espectador a impressão de incên-
usado no antigo teatro grego, que
consistia de um estrado monumen- dio. ♦ Efeito de luz. O resultado que
a direção do espetáculo consegue,
tal armado sobre rodas, localizado ao
usando com adequação o equipa-
fundo ou acima da cena que avança-
mento de luz que dispõe, não só
va ou descia para o centro da cena,
para iluminar o espetáculo e ressal-
revelando à platéia os acontecimen-
tar detalhes do cenário, como para
tos trágicos e violentos, como as-
criar clima, ambientes e determinar
sassinatos, suicídios, crimes bárba-
os locais da ação. Uma boa ilumina-
ros, que aconteciam no interior de
ção associa cores e intensidade dos
um palácio, fora das vistas do públi-
focos de luz para valorizar o cená-
co. Com esse artifício, os gregos ad-
rio, adereços de cena, figurinos e
mitiam poupar sua platéia de assistir
as cenas de violência propostas pelo a própria maquiagem dos atores. ♦
Efeito de mar. Efeito visual con-
dramaturgo – apesar de expô-las,
seguido com o uso da coluna de
logo em seguida. Servia também
mar. ♦ Efeito de ondas. Efeito de mar.
ekyclema emploi
bretudo por causa das inovações que ponto, emitido preferentemente atra-
introduziu na tragédia, entre elas a vés de uma sirene, alertando o con-
análise psicológica, coros indepen- tra-regra, pessoal da varanda e
dentes da ação, introdução de per- cortineiros, para a execução de de-
sonagens do povo, como também terminada ação, que poderia ser a
por seu espírito crítico e seu ceticis- mudança de um cenário, a execução
mo filosófico e religioso. Sua obra de um efeito mecânico ou um sim-
distingue-se da de seus concorren- ples abaixar de cortina no final do
tes, justamente porque as cenas e as ato. O sinal de execução vinha logo
personagens por ele imaginadas se após o de prevenção.
aproximam mais da realidade mortal exit. Palavra encontrada com fre-
da criatura humana, enquanto os
qüência nos antigos textos teatrais,
heróis imaginados por Ésquilo* e
para indicar que a personagem sai
Sófocles* identificam-se mais
de cena. Outrora, de largo uso, hoje
com as personagens míticas de sua
fora de cena. Do latim: sai. O plu-
época, deuses e super-heróis imor-
ral é exeunt.
tais. Em sua obra, Eurípides pro-
curou manter o interesse do públi- exódia. Nome pelo qual eram de-
co pela variedade das situações e signadas as saturae, peças romanas
pelo que havia de patético nos des- de fino lavor.
fechos dos episódios, já se notan- exodiário. Entre os antigos roma-
do mais nítida a separação entre a nos, ator cômico que representava
ação principal e os cantos do coro. um exodus.
Foi ele o introdutor de uma tercei-
ra personagem, inovação ocorrida exodus. No antigo teatro romano, a
com a peça Orestes. Das mais de parte final de uma comédia ou o epi-
90 peças atribuídas à sua autoria, sódio cômico subseqüente à repre-
apenas 17 tragédias chegaram com sentação de uma tragédia.
texto integral até nossos dias, en- exposição. Uma das partes em que,
tre elas Medéia (431 a.C.), As teoricamente, está dividido o texto
troianas (415 a.C.), Electra (423 dramático, enquanto literatura. É a
a.C.), As bacantes, e o drama satí- etapa em que o autor explana seu
rico Cíclope. assunto. Os hindus dizem que é aí
exarconte. O condutor do coro gre- que está a semente ou circunstância
go, ao ser transformado por Téspis* donde nasce o entrecho. O grande
num dialogante; basicamente, o pri- requisito da exposição é a clareza.
meiro ator. Aristóteles* chamava a exposição de
lei do entrecho; introdução.
execução. Expressão largamente usa-
da na caixa do teatro para caracteri- Expressionismo. Movimento estéti-
zar a emissão de um sinal previamen- co de origem alemã que ocorreu no
te convencionado, transmitido pelo início do século XX, em oposição ao
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Expressionismo extrema
Royal, de Paris, foi especialista nes- nègres, encenado por Roger Blim em
se tipo de espetáculos. 1959. Les paravents, sobre a guerra
Genet, Jean (1910-1234). Dramatur- da Argélia, criada em Berlim em 1961,
só é vista em Paris em 1965, na mon-
go francês, cujos temas deliberada-
tagem de Roger Blim. Genet detesta
mente provocantes fazem dele um
o teatro ocidental e a representação
dos autores mais polêmicos de sua
de suas peças deveria ser um ritual,
geração. Sua linguagem é carrega-
uma cerimônia, uma missa.
da de simbolismos, freqüentemente
desconcertante e de grande riqueza geral. 1. As localidades mais bara-
lírica, que oscila entre o preciosis- tas de uma platéia em casa de espe-
mo e a escatologia, conferindo à sua táculos, ocupadas normalmente por
obra uma aura poética, rigorosamen- estudantes e pessoas de pequeno
te anti-realista. Seu teatro é um tea- poder aquisitivo; torrinha; galinhei-
tro de falsa aparência, da ilusão e ros; poleiro. 2. Em maquiagem tea-
dos fantasmas irrefutáveis, retratan- tral, é o nome técnico da tinta que se
do a violência, a marginalidade e a aplica como aparelhamento funda-
injustiça social: antinaturalista, tem mental sobre a qual o/a artista – ou
uma dimensão mítica e poética, que o/a maquiador/a – faz a pintura do
o coloca entre os principais drama- rosto. Havendo dela em várias to-
turgos do século XX. Homossexu- nalidades, a mais usual é a de colo-
al, ladrão e pervertido, Genet nas- ração rósea; base.
ceu em Paris e começou a escrever gesticulação. Movimento ou sé-
na prisão, em 1940. Apesar de seus
rie de movimentos expressivos que
textos teatrais denunciarem as infâ-
o intérprete faz com a finalidade de
mias de uma sociedade abjeta, o que
transmitir uma idéia, reforçar ou dar
no fundo eles promovem é o elogio
apoio à sua fala.
ao mal e pregam o refúgio no isola-
mento, numa existência marginal que gesto. Movimento da cabeça, dos
permita apreender a horrível beleza braços ou de todo o corpo, carrega-
deste mundo, considerado espetá- do de sentimento e expressividade,
culo por ele. Assediado pelos gran- para enfatizar falas ou dar força a ati-
des encenadores europeus, ansio- tudes, podendo, inclusive, transmi-
sos por um teatro menos formal e tir idéias ou realçar expressões. Al-
mais participante, escreve em 1947, guns teóricos, entre eles H. V. Wesp,
a pedido de Louis Jouvet*, Les admitem que deva haver entre o ges-
bonnes, que provoca um tremendo to e a palavra três formas de relação:
escândalo quando mostrado ao pú- acompanhamento, que reforça, pro-
blico parisiense. O mesmo ocorren- longa e amplifica a mensagem enun-
do com Le balcon, ensaiado por ciada; complementação, que cons-
Peter Brook* em 1957, em Londres, titui um prolongamento significati-
mas só mostrado em 1969 em Paris. vo do discurso, capaz de introduzir
A consagração acontece com Les sentido onde a palavra, por impotên-
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gestus Goethe
lher nos palcos dos teatros, passou táculos kabuki, em Tóquio, locali-
a ser representada por artistas mas- zada no bairro de Ginza. Ainda mui-
culinos, os onogata*, pacientemen- to popular na atualidade, o kabuki
te preparados pela própria família exerceu forte influência sobre o te-
para esse mister desde o começo de atro ocidental.
sua infância. A partir da presença kantata. Gênero de teatro praticado
dos homens, passaram a ser incor-
na África Ocidental – Togo, Gana –
porados elementos do nô, enrique-
sob a influência da Igreja Católica,
cendo-se o texto com um enredo.
onde fragmentos da Bíblia são asso-
Apóia-se na figura do ator, cujo cor-
ciados ao contexto sócio-cultural
po funciona como núcleo da ence-
africano.
nação, como verdadeiro feixe de sig-
nos. Como grande parte dos textos Karagós. Personagem típico do tea-
são inspirados nos do teatro de ma- tro de bonecos, na Turquia. Trapa-
rionetes, a voz do ator não é natural, lhão, hipócrita, brutal, egoísta, libi-
e sua entonação, ritmo, velocidade dinoso, vive enganando a todos e
ou intensidade, variam abruptamen- distribuindo pancadaria a torto e a
te ao sabor de modulações exagera- direito. Mente descaradamente, não
das, que vai dos tons mais surdos tem escrúpulos de qualquer espécie,
aos mais agudos, do mais baixo ao e sua sensualidade é anormal, sendo
mais alto. Os cenários e as caracteri- a luxúria sua principal característica.
zações são extraordinariamente so- Calvo, ostenta um ventre descomu-
fisticados, e o simbolismo por eles nal, uma corcunda proeminente e
representados tem significados pró- um órgão sexual monstruoso. Seu
prios, conhecidos antecipadamente companheiro inseparável é Hacivad,
pelo público. Até então, cerca de 20 tipo astucioso que sabe de tudo, co-
mil peças no gênero já foram produ- nhece tudo, vê tudo, já estudou tudo
zidas, só no Japão. O gênero firmou- e experimentou todas as coisas do
se no princípio do século XVIII, com mundo, mesmo assim levando sovas
o aparecimento de Chikamatsu homéricas porque todos os serviços
Monzaemon (1653-1724), considera- que tenta prestar a seu amo e parcei-
do por muitos o Shakespeare japo- ro dão errado.
nês. De origem popular, o kabuki kathakali. Gênero de teatro origi-
persegue o maravilhoso, importan- nário do sul da Índia, considerado
do tão-somente a visão poética que como de origem divina. Faz uma
possa proporcionar, muito mais do mistura estética de dança, mímica e
que a estrutura intelectual ou a men- canto, que se junta a um texto dra-
sagem sentimental. O palco tradici- mático, cujos temas são extraídos
onal onde é apresentado é girató- do Ramayana e Mahabharata.
rio, amplo, próprio para a livre ex-
pressão dos bailarinos. Em 1889, foi katsura. As perucas usadas no tea-
inaugurada a grande casa de espe- tro kabuki*, que dão as característi-
162
Kazan korombo
bido de atuar em vários países e fes- uma produção entre 1.200 a 1.500 tex-
tivais, seus atores chegaram a ser tos teatrais. Teve uma vida sentimen-
presos pelos generais no Brasil, em tal muito agitada, mesmo depois de
1971, e a organização teatral acabou ter se ordenado sacerdote em 1613, e
se fracionando em pequenos gru- várias das mulheres com que mante-
pos que passaram a fazer teatro de ve ligações amorosas influenciaram
guerrilha, até se dissolver integral- sua obra. Conquistou muitos adver-
mente em 1972. sários literários de peso, entre eles
livro de ponto. Texto integral da peça Cervantes* e Góngora (1561-1627).
Criou a comédia de cunho nacional,
teatral que está sendo encenada,
com elementos cômicos, trágicos,
para uso do ponto pelo profissional
eruditos e populares. Muitas de suas
que serve de apoio para os intér-
peças se caracterizam pela vitalida-
pretes durante o espetáculo, com
de e pelo enredo intrincado. O
indicações para orientação dos ato-
alcaide de Zalamea (1600),
res em cena.
Peribánez y el comendador Ocaña
localidade. Cada um dos assentos (1614), Fuenteovejuna (1618), La
da sala de espetáculos, seja uma fri- dorotea (1632) estão entre suas prin-
sa, um camarote, a poltrona da pla- cipais obras para o teatro. Deixou
téia, ou o assento das galerias. também poesias líricas, peças religi-
logeion. Tablado de pouca profun- osas e históricas, a novela autobio-
gráfica La dorotea, uma epopéia
didade, historicamente o primeiro
burlesca, algumas imitações de
palco teatral onde os atores repre-
sentavam na antiga Grécia. Foi uma Ariosto e de Tasso, novelas pasto-
evolução do primitivo estrado do in- ris, poemas.
térprete solitário, com o aparecimen- Lorca, Federico García (1898-1936).
to de mais um ator. Poeta e dramaturgo espanhol, tor-
logos. Elemento grego usado em nou-se um dos grandes nomes do
composição, para indicar a idéia da gênero no século XX, associando a
seu talento literário um ativismo po-
palavra; discurso. “Se a epopéia, a
lítico revolucionário intenso. Sua pre-
grande narrativa mítica, é manifes-
sença foi significativa como líder da
tação primeva do logos, no drama
chamada Geração de 27, que domi-
que surge em fases posteriores já
nou o panorama cultural espanhol,
se manifesta o dia-logos, o logos
no período. Poeta de extrema sensi-
fragmentado.”
bilidade, cantou a alma popular da
Lope de Vega, Félix de Lope de Andaluzia, identificando-se com o
Vega y Carpio, dito (1562-1635). sofrimento dos mouros, judeus, ne-
Historicamente, o primeiro grande gros e ciganos, perseguidos na re-
dramaturgo espanhol e provavel- gião desde o século XV, ele mesmo,
mente o escritor mais prolífico da sendo homossexual, discriminado
história literária do Planeta, com pela obsessão que os espanhóis têm
170
Lorca, Federico García lugar teatral
das 70/80 do século XX, que consis- mentar o boneco: o dedo indicador
tia no patrocínio de grupos de tea- trabalha com a cabeça, e os dedos
tro, amadores e profissionais, em polegar e médio, com os braços; mão
turnês e festivais pelo país, privile-mole, mão que se move. No Nordes-
giando as regiões culturalmente pou- te brasileiro, principalmente em
co favorecidas. Pernambuco, essa manifestação se
mambembar. Representar num faz através de representações dra-
máticas, usando-se um palco ou al-
mambembe.
gum espaço elevado, onde são re-
mambembe. 1. Grupo de artistas sem presentadas de preferência cenas de
grandes requintes, quer de formação assuntos bíblicos ou de atualidade
artística, quer de talento, que monta local. Tem lugar preferentemente por
um repertório com textos de qualida- ocasião das festividades da igreja. O
de duvidosa, quase sempre apelan- mamulengo é conhecido por outros
do para o riso fácil ou o dramalhão nomes, em diferentes partes do Bra-
carregado de lugares-comuns e sil: João Redondo, no Rio Grande
cacoetes pré-fabricados, saindo en- do Norte; João Minhoca, no Rio de
tão pelo interior do país em tempora- Janeiro. Na França, tem o nome de
das caça-níqueis. O mambembe dife- Marionette ou Polichinelle; na In-
re da chanchada*, que qualifica o glaterra, Punch; Jen Klassen, na
espetáculo isolado, enquanto aque- Áustria; Hans Pikelharing, na
le envolve todo o conjunto de artis- Holanda. V. Fantoche.
tas e o repertório, quase sempre em
mamulengueiro. Aquele que traba-
excursão. O dramaturgo maranhense
lha com mamulengos.
Artur Azevedo caricaturou de forma
magistral esse tipo de teatro em sua mané-gostoso. V. Fantoche.
comédia O mambembe. 2. Espetácu- manipulador. O técnico que dá vida
lo de qualidade duvidosa.
a todos os gêneros de bonecos: fan-
mamulengo. Gênero de teatro de bo- toches, marionetes, bonecos de vara,
necos muito popular no Nordeste mamulengos, etc.
brasileiro. De um modo mais geral, o manobra. Mutação ou parte da mu-
boneco para teatro de fantoches, rico
tação dos cenários. Essa operação é
em situações cômicas e satíricas. O
normalmente feita da varanda. Por
nome talvez tenha se originada da
extensão, pode-se chamar de mano-
junção das palavras mão e mole, ine-
bra a todos os movimentos neces-
rente à técnica de dar vida ao bone-
sários às mudanças de cena. Numa
co, que é constituído de uma cabe-
outra concepção, é o conjunto de
ça, moldada em massa de papel
três cordas que servem para movi-
(papier-mâcher), argila, pano, ou
mentar cenários e telões na vertical.
outro material de fácil modelação, e
Essas cordas são designadas pelos
um corpo com saiote por onde o
nomes de comprida, a que fica à es-
manipulador enfia a mão para movi-
175
mansion maquinária
material de cena. Móveis, objetos letras e das artes de seu tempo, entre
de decoração do cenário e de uso as quais Virgílio, Horácio, Vário,
dos atores e, em alguns países, até Propércio, chegando a sustentá-los
mesmo as árvores cenográficas que materialmente para que produzissem,
são usadas ao longo do espetáculo. sem restringir-lhes a liberdade. De
♦ Material de cena dramático. Toda substantivo próprio, seu nome,
a matéria contida no texto literário Mecenas, transformou-se em subs-
ou por ele sugerida, que reúne des- tantivo comum, para identificar o
de as falas das personagens às idéi- patrocinador generoso, protetor das
as, gesticulações, etc. letras, artes e ciências, ou dos artis-
matinal. Espetáculo feito pela manhã. tas e sábios.
mecenato. Condição, título ou papel
matinê. Palavra de origem francesa
de mecenas.
que serve para designar, em algumas
regiões brasileiras, o espetáculo apre- medidas de cena. As medidas da área
sentado durante o dia, em geral no de representação.
fim da tarde, eventualmente pela ma- medieval. Período histórico em que a
nhã. Em outras regiões, para cada
arte teatral tomou rumos diferentes,
momento do dia são usadas expres-
criando gêneros e formas próprias
sões específicas, como matinais, para
de expressão dramática, rompendo
espetáculos pela manhã, e vesperais,
inclusive com a velha tradição
para os realizados durante à tarde.
helenística das três unidades dramá-
mecané. Mecanismo cenográfico ticas, passando a ação de sucessiva
usado nos antigos teatros gregos, o para simultânea. Aproveitando-se,
qual se constituía de uma viga hori- inclusive, das novas concepções
zontal estendida sobre a orchestra, cenográficas, a cena passou a refle-
partindo do teto da skené, próprio tir a imagem reduzida do mundo.
para “transportar para os céus” deu- megárica (farsa). Gênero que explo-
ses e heróis.
rava a crítica de determinadas clas-
Mecenas, Gaio. Estadista romano que ses e funções sociais, encontrando
viveu de 60 a. C. a 8 a. D., de signifi- no cozinheiro um dos seus melhores
cativa projeção política no seu tem- alvos. A importância atribuída à co-
po, tendo participado de grandes zinha, à comida e à boa vida são aí
negociações internacionais. Quando descritas com intuito de denúncia.
Otávio foi sagrado imperador e lhe Entre os melhores autores do perío-
ofereceu cargos e honras, recusou a do e do gênero, estão Epicarmo,
todos, alegando ser-lhe suficiente a Antífanes e Aléxis.
amizade das pessoas. De gosto bas- meia-entrada. Ingresso colocado à
tante refinado, dedicava-se a escre-
venda pela metade do preço para
ver poesias e reuniu em torno de si
determinadas categorias sociais, tais
as figuras mais representativas das
como estudantes, militares, crianças,
182
Meiningen, Duque de melodramático
feito o controle dos quadros de luz e Método. Uma das inúmeras expres-
de efeitos; mesa de comando. sões usadas para designar o conjun-
mestre de bailado. Bailarino, não ne- to de regras de comportamento, ela-
boradas pelo encenador e teórico
cessariamente o coreógrafo, que pre-
russo Konstantin Stanislavski*,
para e ensaia os demais para os nú-
adotadas na época áurea do realis-
meros de bailado no espetáculo.
mo pelo Teatro de Arte de Moscou,
mestre coreógrafo. O que dirige a para uma estética de representar fora
parte coreográfica, ensaiando os do modelo aristotélico tradicional. O
grandes bailes e todas as marcações, Método resume-se numa técnica de
desfiles e evoluções, indicados no adestramento, que conduz o ator a
texto da peça e sugeridos pelo um processo de educação do duplo
ensaiador, a cuja orientação artística instrumento de que o artista dispõe
está imediatamente subordinado. – alma e corpo – através de técnicas
mestre-de-cerimônias. Figura liga- psicofísicas. Seu criador partiu do
da ao teatro elisabetano, cuja princi- princípio de que a criação dramática
exige em primeiro lugar uma concen-
pal função ou tarefa era fazer com
tração completa de todo o ser, quer
que os grupos teatrais ensaiassem
física, quer espiritual; formalização
diante dele os textos que deveriam
ser encenados para o público. Foi a codificada da técnica de interpreta-
ção; Sistema.*
forma embrionária dos modernos
encenadores, coordenando de for- metteur-en-scène. Expressão france-
ma bastante elementar os diferentes sa, para qualificar o profissional que
elementos que contribuíam para a re- dirige um espetáculo; especialista
alização do espetáculo, segundo os que faz a mise-en-scène; o diretor ou
critérios admitidos entre as partes encenador.
envolvidas.
Meyerhold, Vsevolod Yemilyevitch
meter em cena. Organizar o conjun- (1874-1940). Diretor e teórico russo
to de uma peça com todos os porme- de origem alemã, discípulo de
nores da encenação. Nemirovitch-Danchenko (1858-
Method. Adaptação norte-america- 1943) e mais tarde de Stanislavski*,
na feita pelo Actor’s Studio, para uso, defensor intransigente do constru-
nos seus laboratórios, da teoria de tivismo e da estilização do ato de
Konstantin Stanislavski* sobre atu- representar, que exerceu uma influ-
ação, criação e direção, defendendo ência poderosa no teatro de van-
o princípio de que o ator deve guarda do Ocidente. Introduziu uma
encarnar a personagem até perder- série de inovações na mecânica do
espetáculo e na genética do palco,
se nela. Os mais importantes expo-
entes americanos desse sistema são começando sua revolução propon-
os encenadores Lee Strasberg* e Elia do a eliminação de uma série de con-
venções cênicas do teatro natura-
Kazan.* V. Actor’s Studio.
185
Meyerhold, Vsevolod mezzanino
ladores, serve também como intérprete; parte que cabe a cada ator/
complementação ao tema cenográfi- atriz representar; texto destinado a
co iniciado pelos rompimentos; um ator/atriz, com falas, rubricas e
rotunda. ♦ Pano-telão. Grande tela marcações, compondo determinada
cenográfica, ligada à opereta ou à personagem. – Como houve um tem-
revista, que reproduzia um panora- po em que a reprodução de todo o
ma, uma alegoria, um motivo dramá- texto da peça era altamente onerosa,
tico ou uma crítica bem humorada, a produção tinha o cuidado de man-
montada no primeiro plano, logo atrás dar tirar cópias, em separado, dos
do comodim* ou da cortina corredia. papéis de cada personagem, que
panorroto. Termo e recurso fora de eram entregues a seus intérpretes,
uso, que consistia num grande telão donde provém o nome; parte. ♦ Mar-
car o papel. Diz-se das anotações
com aberturas fingindo portas e jane-
feitas por cada intérprete, em suas
las, colocado em frente ao pano de
falas, de todas as observações fei-
fundo. Fingia uma parede de fundo.
tas pelo diretor do espetáculo, inclu-
Pantaleão. Máscara clássica da sive a movimentação e postura. ♦
Commedia dell’Arte, que pode re- papel-título. Papel do personagem
presentar o protótipo do cidadão que dá título a uma peça.
simples e pai bondoso, ou do velho parábase. Fala inicial na comédia gre-
mercador avarento, libertino, meticu-
ga, dirigida ao público, e que exigia
loso, às vezes lúbrico e ridículo, sem-
dos coristas o domínio de sete técni-
pre vítima de Arlequim*, Escapino*
cas vocais específicas, entre elas, a
e de outras personagens considera-
commation, que era uma breve aber-
das espertas. Na escala social do
tura cantada, a anapestes, que era o
século XVIII, representava a burgue-
solo falado do corifeu, e o pnigos,
sia e todas as manobras dessa clas-
que era um amplo período dito sem
se para se sobrepor à aristocracia
tomar fôlego, provocando aparente-
decadente. Descendente direto do
mente um efeito de histeria cômica,
“tentador” das farsas religiosas me-
técnica que vamos encontrar mais
dievais, veste-se de preto e verme-
tarde no galimatias medieval, ou nos
lho e, da mesma maneira como surge
discursos em linguagens incompre-
sem piedade diante dos seus ricos
ensíveis do dramaturgo francês
fregueses, é cheio de ternura e dedi-
Molière*, e até mesmo em Eugène
cação para com sua família.
Ionesco.* Outra peculiaridade da
pantomima. V. Mímica. Designação parábase é quando ela surge sob a
particular das representações teatrais forma de um corte na ação, ocasião
dos finais de espetáculos dos circos em que o autor, através do corifeu,
de cavalinhos; pantomina. expõe suas idéias pessoais, seus sen-
papel. O texto de cada personagem timentos e suas advertências sobre
determinados assuntos, com um li-
dentro da peça, a ser vivido pelo/a
geiro acompanhamento de cânticos.
212
Paradoxo (sobre o comediante) passarela
te a direção da ação dramática. Foi das figuras que aparecem num texto
recurso usado fartamente na comé- teatral, recriadas pelo dramaturgo, a
dia latina, sobretudo por Plauto*, partir dos traços fundamentais de uma
nos espetáculos da Commedia criatura a ser interpretada por um pro-
dell’Arte, nas peças românticas do fissional sobre um palco; figura hu-
século XIX, nos vaudevilles do iní- mana incluída numa história teatral;
cio do século XX, sobretudo nos de figura dramática. Do latim persona,
autoria de Georges Feydeau.* máscara de ator de teatro. ♦ Perso-
permanente. Credencial fornecida nagem aberta. Qualificação usada
por vários diretores e teóricos de
pela direção da casa de espetáculos,
teatro, a partir da década de 60 do
ou empresários e produtores, que dá
século passado, para identificar a
direito a seu portador de assistir aos
personagem que, pelas característi-
espetáculos sem necessidade de pa-
cas especiais de sua criação, ultra-
gar ingresso.
passa todas as interpretações pos-
perna. Elemento cenográfico, de co- síveis, podendo, independente dos
locação vertical, cuja parte virada quadros sociais, impor-se a grupos
para o palco é recortada de modo que diferentes, suscitar uma participa-
sirva tanto de bambolina como de ção universal. Hamlet, Fedra,
rompimento; fraldão de pouca lar- Lorenzaccio, Henrique IV são pro-
gura que pende da mesma vara de tótipos de personagens abertas,
uma bambolina. Perna de afinação. porque sugerem interpretações e
Nome pelo qual é designado o se- símbolos sociais em maior número
gundo travessão da varanda, onde as do que explicam, e porque não põem
manobras mantêm os panos devida- termo a uma experiência. ♦ Perso-
mente afinados. ♦ Perna de susten- nagem-tipo. Aquela que representa
tação. Barra de madeira ou de ferro um padrão de comportamento. ♦
fixada na varanda, onde se enfiam Personagem-título. A que dá título
malaguetas para amarração das cor- a uma obra: Otelo, de Shakespea-
das de sustentação das varas.* re*; Galileu Galilei, de Bertholt
pernas. V. Rompimento. Brecht*; Maria Cachucha, de
Joracy Camargo (1878-1973); Irene,
persona. Palavra latina para dizer de Pedro Bloch (1914-1997).
máscara. Especificamente, significa
personas. Pessoas disfarçadas em
a máscara do teatro antigo que de-
personagens e agindo como tais,
signava as feições da personagem
propiciando a existência do gênero
que o ator representava.
dramático.
personagem. Instrumento da
pertence. Adereço de uso pessoal
dramaturgia que conduz a ação e pro-
de cada ator/atriz, nas cenas ou em
duz o conflito. É o ser humano recri-
todo o espetáculo – cigarros, lenços,
ado na cena por um/a artista-autor/a
armas, etc.; adereço.
e por um/a artista-ator/atriz; cada uma
217
peso Pinto, Apolônia
do, e muitas vezes é a chave de toda Pisístrato (c. 600-527 a. C.). Tirano
a peça. O protagonista, muitas ve- grego que, no ano 534 a. C., insti-
zes, é indicado no próprio título da tuiu em Atenas os concursos para a
peça, como no caso de Britânico representação de tragédias, cujo pri-
(1669), de Jean Racine*, e Cândida meiro vencedor foi Téspis.*
(1895), de Bernard Shaw.* O herói. publicidade. Conjunto de medidas
prótase. No antigo teatro grego, a tomadas junto aos órgãos de impren-
primeira parte da ação dramática, na sa, ou outros instrumentos, como
qual o argumento é anunciado e ini- panfletos, cartazes, anúncios, etc.,
cia seu desenvolvimento. À para atrair a atenção do público para
prótase, seguia-se a epítase* e a o espetáculo.
catástase.* Dentro da divisão clás- público. Pessoas que se reúnem na
sica de um drama, é o momento da
platéia de um teatro para assistir a
exposição do assunto.
um espetáculo.
protofonia. Introdução orquestral
pulpitum. O antigo palco dos roma-
de uma ópera. Neologismo criado
nos, separado das primeiras fileiras
por Castro Lopes para substituir o
do auditório pela orquestra, onde
galicismo ouverture. Famosíssima
permanecia o coro.
no Brasil, como uma espécie de se-
gundo hino nacional, é a protofonia pureza. Diz-se das falas, em um tex-
da ópera O guarani, de Carlos Go- to dramático, que estão de acordo
mes (1836-1896). com as leis e as normas das regras
gramaticais.
prova de papéis. Prática em uso até a
terceira década do século XX, que Essas regras são quebradas quando
consistia na primeira leitura dos pa- a personagem fala usando regiona-
péis feita pelos/as intérpretes e aten- lismos, ou quando sua condição so-
tamente acompanhada pelo ponto. cial a obriga a desobedecer às regras
Como os/as intérpretes até então não de linguagem estabelecidas pelo sis-
recebiam o texto integral da obra, tema.
essa primeira leitura servia para as putti-wallah. Expressão pela qual é
possíveis correções nas cópias, e conhecido na Índia o manipulador
para que cada intérprete tomasse de fantoches, popularmente encon-
conhecimento do texto integral. trado em festas como as de
prova de roupas. Ensaio de figurino. Dussehra, Diwali e por volta da épo-
ca do Natal cristão. O titereteiro indi-
provérbio. Comédia ligeira, cujo en-
ano costuma ir de casa em casa le-
redo se desenvolve em torno de um
vando seus bonecos e marcando
provérbio que lhe serve de título. Um
espetáculos. A arte do fantoche tem
autor clássico de provérbios foi o
grande receptividade na Índia, onde
poeta e dramaturgo francês Alfred
é uma ocupação tradicional que pas-
de Musset.*
sa de geração em geração.
227
Qorpo-Santo, José Joaquim de Cam- sido escritas no auge do romantis-
pos Leão, dito, (1833-1883). Drama- mo, nada têm de românticas: apre-
turgo brasileiro, precursor do teatro sentam, muito pelo contrário, situa-
praticado em nosso século por ções conflituosas peculiares à soci-
Samuel Beckett*, Eugène Ionesco*, edade gaúcha do século XIX, des-
Harold Pinter*, e que, por isso mes- prezando por completo a linguagem
mo, quando descoberto por ornamental, em que a frase seca, des-
Guilhermino César, em 1962, foi con- carnada e despida de adjetivos dá o
siderado precursor do Teatro do ritmo de sua prosa e a tônica predo-
Absurdo.* Produzindo sua obra na minante é a farsa. Hostilizado de for-
segunda metade do século XIX, ma cruel na sua época, o autor vin-
Qorpo Santo escrevia com uma rapi- ga-se da sociedade e dos desacer-
dez incrível, tendo produzido quase tos humanos, retratando-os na sua
todas as suas comédias em 1866, ano dramaturgia. Muito próximas da pan-
em que, só no mês de maio, compôs tomima circense, suas peças só fo-
oito delas, entre as mais notáveis de ram encenadas pioneiramente a par-
sua rica bibliografia: Mateus e tir de 1966, pelos alunos do Curso de
Mateusa, no dia 14; Hoje sou um: e Arte Dramática da Universidade Fe-
amanhã outro, dia 15; Eu sou vida; deral do Rio Grande do Sul, sob a
eu não sou morte, dia 16; A separa- direção de Antônio Carlos de Sena,
ção de dois esposos, dia 18; O mari- que, por sugestão do escritor
do extremoso ou o pai cuidadoso, Guilhermino César, montou Mateus
dia 24; e Um credor da Fazenda e Mateusa e Eu sou vida; eu não
Nacional, dias 26/27. Escrevendo sou morte.
nos gêneros mais diversos, suas pe- quadro. Divisão dos atos, ou de cada
ças despertam o interesse pelo cará-
ato de uma peça, em cenas menores,
ter inusitado que apresentam, no
com direito inclusive a mudança de
quadro da dramaturgia brasileira de
cenários. ♦ Quadro de aviso. Local
costumes, quebrando, inclusive,
onde as ordens administrativas da
aquela noção rigorosa da época da
casa de espetáculos são afixadas,
“pièce bien faite”. Apesar de terem
quarta parede Quinault, Philippe
nha sinuosa por entre pregos enfia- Nobel de Literatura em 1964, que
dos pela metade nos sarrafos de cada ele recusou ir receber.
uma das partes a serem juntadas. sátira. 1. Forma de teatro grego que
sarrafo. Ripa de madeira, preferen- trata de maneira burlesca os temas
temente de madeira mole e leve, que mitológicos. Na Grécia antiga, du-
serve para a construção de cenários. rante os festivais em honra a
Sartre, Jean-Paul (1905-1980). Dra- Dioniso*, cada autor concorria nor-
malmente com uma trilogia: três tra-
maturgo, filósofo e romancista fran-
gédias e um drama satírico, que era
cês, um dos principais expoentes
uma forma burlesca do tema trágico
do movimento existencialista, pro-
que o precedera. 2. Gênero caracte-
pôs uma visão do homem como
rizado pelo humor desabrido, uso
dono de seu próprio destino e cuja
ilimitado da paródia e intensa iro-
vida é definida pelo projeto pesso-
nia, geralmente carregado de forte
al de cada um e suas próprias
conteúdo crítico, moral ou político,
ações. Sua visão da existência hu-
visando ridicularizar tipos ou deter-
mana, a partir de uma rigorosa aná-
lise filosófica, orientada pelo mé- minadas categorias sociais. ♦ Sáti-
ra menipéia. Gênero de sátira sério-
todo fenomenológico, desenvolvi-
jocosa, criada por Menipo.* O gê-
do e exposto em O ser e o nada,
nero foi introduzido em Roma por
está refletida nas peças As moscas
Varrão (116-27 a. C.). Geralmente em
(1943), Mortos sem sepultura
prosa, caracteriza-se pela varieda-
(1946), As mãos sujas (1948) e
de de temas e pelo interesse na ex-
O Diabo e o bom Deus (1951). As
posição de idéias. Utilizando dois
posições iniciais de Sartre sofrem
ou mais interlocutores, o interesse
transformações radicais, determina-
dramático da sátira menipéia é sus-
das, por um lado, pelo caráter aber-
tentado mais pelo conflito de idéias
to de sua visão existencialista, por
e não de caráter.
outro, por seu progressivo
engajamento político. Desse modo, Sátiros. Entidades mitológicas que
Sartre foi levado a inserir o representavam, na cultura antiga, os
existencialismo dentro de uma con- espíritos masculinos das florestas e
cepção filosófica mais ampla, en- montanhas, freqüentemente retrata-
contrando no marxismo essa con- dos como tendo uma metade huma-
cepção. Sartre participou da resis- na e outra metade na forma de um
tência francesa contra o nazismo, e caprino, que agitavam as festas
fundou, em 1945, a revista Les dionisíacas com gritos, obscenida-
Temps Modernes. De sua vasta pro- des e imprecações. Afastados pos-
dução dramática, ainda podem ser teriormente do corpo da tragédia, por
distinguidas Entre quatro paredes serem julgados incompatíveis com o
(1945) e A prostituta respeitosa valor das composições, criou-se para
(1946). Foi-lhe atribuído o Prêmio eles o drama satírico.
240
satura lanx Schiller, Friedrich von
virtuose. Mas não basta ao ator ser universal, teve uma vida atormenta-
um ginasta do imaginário: ele tem da, chegando muitas vezes aos limi-
que ser seu próprio auto-analista. tes da insanidade. Suas peças, em
Strasberg, Lee (1901-1982). Profes- geral mordazes e pessimistas, exer-
ceram profunda influência sobre o
sor de arte dramática e diretor de te-
drama moderno, como O pai (1887) e
atro norte-americano. De descendên-
Senhorita Júlia (1888). Strindberg
cia austríaca, começou sua carreira
escreveu também dramas históricos,
artística como ator do Teatro Guild,
como Erik XIV (1899) e Rainha
onde realizou as mais interessantes
Cristina (1903).
produções dos anos 20. Abandonou
o elenco do Guild em 1931, em sinal strip-tease. Espetáculo que consis-
de protesto contra o que considera- te no desnudamento radical do/da
va um “comportamento apolítico” do executante.
grupo, indo formar seu próprio gru- Studio. V. Actor’s Studio.
po, o Group Theater*, escola de arte
dramática que utilizou o Método* de Sturm und Drang. Expressão ale-
Stanislavski, e que funcionou de mã, que pode ser traduzida por
1931 a 1937. Com o Group Theater, “tempestade e ímpeto”, cunhada no
Strasberg montou as primeiras pe- fim do século XVIII, para caracte-
ças de Clifford Odets* e o primeiro rizar o movimento estético que
musical americano, de autoria de Kurt exerceu forte influência sobre a li-
Weill.* Em 1947, é convidado por Elia teratura alemã, entre 1770 e 1790,
Kazan* a se juntar ao Actor ’s e cujas idéias definiram o pré-ro-
Studio.* mantismo alemão. Entre os anima-
dores do movimento, estavam os
Stratford-on-Avon ouupon-Avon. Ci-
dramaturgos Goethe* e Schiller.*
dade do centro-oeste da Inglaterra,
próxima a Londres, que se glorificou subir. Movimento do ator ao se des-
na história da cultura inglesa por ter locar do proscênio para o fundo do
sido o berço de nascimento de cenário. O termo foi criado na Fran-
William Shakespeare*, onde cresceu ça, onde os palcos, até a construção
e estudou esse dramaturgo, até se do Théâtre des Champs-Elysées,
transferir definitivamente para Lon- em 1913, tinham um declive acen-
dres. Possui um teatro à margem do tuado para facilitar a visão da pla-
Avon, onde a Royal Shakespeare téia. V. Descer.
Company realiza anualmente o famo- subtexto. Designação surgida nos
so Festival Shakespeare.
laboratórios de Konstantin Stanis-
Strindberg, Johan August (1849- lavski* e de Bertholt Brecht*, para
1912). Teatrólogo sueco, o mais legí- identificar toda a fala mental, não
timo representante do naturalismo escrita, mas existente em potencial
europeu e precursor do expressio- no entrecho dramático; fala de apoio
nismo no teatro. Dotado de talento para a criação do papel, não dita nem
248
superior Svoboda, Joseph
aos sarrafos dos cenários e os pró- e mais importantes de seu tempo, que
prios cenários ao piso do palco. certa vez escreveu: “Ele se preocupa
tacharola. Tacha de cabeça dupla, em patetizar o personagem trágico
para trazê-lo de volta à vida. Ele gri-
uma após a outra, sendo que a pri-
ta, ele é natural demais. Nos furores
meira cabeça impede a inteira pene-
de Orestes, ele faz grande sucesso,
tração no sarrafo, enquanto a segun-
mas tem a extravagância de um lou-
da facilita sua retirada. Apropriada
co de asilo...”. Talma era o preferido
para fixar os cenários no piso do pal-
de Napoleão.
co. V. Tacha.
tambor. Cilindro em que se enrolam
tafife. Estria de madeira que, pela sua
as cordas que prendem o panejamen-
flexibilidade, é usada para fortalecer
to de uma caixa de teatro, principal-
e acompanhar o contorno de um de-
mente o de boca de cena, equipa-
senho na orla de um trainel ou de um
mento substituído por equipamento
reprego.
mecânico nos teatros mais moder-
talco. Folha de chumbo ou zinco fle- nos. Quando curto, em sentido hori-
xível que, por seu brilho coruscante zontal, serve para movimentar o pano
e sua variação de cores, foi larga- de boca; quando longo e em posi-
mente usada pelos cenógrafos e ção vertical, em número de dois e
iluminadores para efeitos especiais colocados em extremidades opostas,
de iluminação nos espetáculos de são utilizados para a movimentação
fantasia e revistas musicais. Com os giratória da rotunda panorâmica.
meios modernos da tecnologia e o
tangão. Conjunto de lâmpadas dis-
avanço técnico dos refletores, ficou
postas verticalmente numa caixa de
fora de uso.
ferro ou madeira, disfarçada da vista
talento. meias/calções enchumaça- da platéia pelos bastidores ou rom-
dos, usados para disfarçar os defei- pimentos. Serve para a iluminação
tos das pernas dos intérpretes. lateral da cena.
Talia. Na mitologia grega, a musa da tapadeira. Dispositivo cenográfico
comédia, representada por uma más- que serve para disfarçar as abertu-
cara e uma guirlanda de louros. ras do cenário, impedindo que a pla-
Talma, François Joseph (1763-1826). téia devasse o interior do palco.
O maior ator trágico francês de sua tapete de grama. Extenso tapete
época. Tentou regenerar a tradição recoberto de ráfia para simular gra-
do grande estilo declamatório da re- mado.
presentação, reintroduzindo o toque
Tartufo, O. Peça do dramaturgo fran-
patético que já começava a ser es-
cês Molière*, escrita em 1664, cuja
quecido, o que ele fez sem medir as
personagem-título é um beato faná-
conseqüências. Os críticos de sua
tico que se hospeda na casa de
época não o poupavam, como foi o
Orgon, um rico burguês, que lhe
caso de Geoffrey, um dos mais duros
252
Tchekhov teatrão
oferece todos os seus bens em troca tação. ♦ Golpe teatral. Efeito dra-
do casamento com sua filha. Com o mático súbito ou imprevisto, que
tempo, a palavra tartufo transfor- muda radicalmente a linha da ação;
mou-se em substantivo comum para intervenção inesperada de uma
significar “indivíduo hipócrita e ga- nova personagem na trama. ♦ Lu-
nancioso”. Na peça de Molière, a fi- gar teatral. Espaço onde é apresen-
gura é mais patética e contraditória tado o espetáculo teatral, estabele-
do que a de um simples vilão. cendo a relação cena/público. O es-
Tchekhov, Anton Pavlovitch (1860- paço teatral independe do local
onde possa estar instalado, que
1904). Dramaturgo russo, que locali-
pode ser no edifício teatral, na nave
zou sua obra dramática na zona rural
de uma igreja, numa praça pública,
russa, envolvendo personagens da
numa estação de estrada de ferro
pequena burguesia e da aristocracia
ou num vagão de metrô. O lugar te-
decadente. Em suas peças, os diálo-
atral é formado pelo lugar do espec-
gos tradicionais são muitas vezes
tador e pelo lugar cênico, onde o
substituídos por monólogos parale-
ator atua e a cena acontece.
los, em que cada personagem deixa
entrever suas mágoas ou sentimen- teatralidade. Qualidade do que é
tos mais profundos, principalmente teatral.
a frustração e a impotência. A valori- teatralização. Ato ou efeito de
zação de sua obra dramática deveu-
teatralizar alguma coisa, que pode ser
se muito a Stanislavski* e ao Teatro
um romance, um poema, uma cena
de Arte de Moscou, que montou suas
de rua, um gesto, etc. O que foi trans-
melhores peças, entre elas A gaivo-
posto para a linguagem teatral.
ta (1897), Tio Vânia (1899), As três
irmãs (1901), O jardim das cerejei- teatralizar. Adaptar um texto de ou-
ras (1904). tro gênero literário para a cena do
teatro; dar forma teatral a obra de
te-ato. Expressão proposta pelo en-
outro gênero.
cenador brasileiro José Celso
Martinez Correia*, para substituir teatrão. Expressão usada para iden-
o tradicional e consagrado teatro, tificar o espetáculo montado com
pretendendo com isso uma re-vo- todos os preciosismos de uma esté-
lição, ou seja, um processo de “vol- tica ou escola historicamente ultra-
tar a querer”. passada, nutrida das linhas tradicio-
nais dos movimentos cênicos padro-
teatrada. Função teatral.
nizados, gestos estereotipados, ce-
teatral. Relativo ao teatro, que bus- nários com rigidez clássica, dicção e
ca produzir efeito sobre o especta- iluminação tradicionais, o intérprete
dor. Toda manifestação própria para seguindo as normas de fala e postu-
se transformar em espetáculo, ra em cena, falando obrigatoriamen-
independendo de enredo e de um te de frente para a platéia e nunca
local específico para sua apresen- ficando de costas para esta. Um tea-
253
teatro teatro
ta, poderia fazer do teatro um meio param da sua primeira versão, cada
de comunicação. Foi seu primeiro es- uma delas representada por um úni-
boço para o que viria denominar Te- co elenco, dez anos mais tarde já con-
atro do Oprimido. ♦ Teatro livre. Mo- tava com mais de vinte países e mais
vimento empreendido pelo teórico de trinta elencos no seu quadro so-
francês André Antoine* no fim do cial. Seu segundo diretor foi Claude
século XIX, visando liberar o teatro Panson, que esteve no cargo até
da submissão às regras tradicionais, 1966, seguido de Jean-Louis
demonstrando que se podia fazer Barrault*, seguido pelo Ministro da
“teatro que não seja teatro”. Ele fez, Cultura Francesa, André Malraux
à época, um apelo a todos os escri- (1901-1976). Reintegrado à função em
tores notórios, mesmo que não tives- 1972, Barrault transforma o Teatro
sem conhecimento e experiência em das Nações em Festival Internacio-
dramaturgia, para que escrevessem nal, onde cada país mostrava aquilo
textos cheios de sinceridade e calor que considerava mais significativo
para ser interpretados com fé. ♦ Te- de sua cultura teatral. ♦ Teatro da
atro lírico. 1. Casa de espetáculo natureza. Experiência de teatro ao
própria para a apresentação de mu- ar livre, promovida em 1916, no Rio
sicais, óperas e operetas. 2. gênero de Janeiro, por João do Rio (1880-
que caracteriza a ópera e a opereta. 1921) e Alexandre Azevedo, seme-
♦ Teatro em movimento total. Proje- lhante à experiência feita na França
to do diretor e cenógrafo francês pelo Teatro Livre, de Orange, em
Jacques Polieri (1928-1234), criador Nimes. O local escolhido para a ex-
de um revolucionário e fantasioso periência brasileira foi o Campo de
espaço cênico – ou de comunicação, Santana, e dela participaram artistas
como ele preferia (1970) –, que pro- famosos da época. O primeiro espe-
punha colocar o público em plata- táculo exibido foi Orestes, de Ésquilo,
formas móveis, instaladas no interi- na tradução de Coelho de Carvalho,
or de uma esfera, onde se desenvol- a 23 de janeiro. O local estava equi-
veria o espetáculo. ♦ Teatro das pado com setenta camarotes, mil ca-
Nações. Organização de caráter in- deiras e espaço para dez mil pessoas
ternacional, proposta ao governo em pé. ♦ Teatro Oficina. V. Oficina.
francês em 1954, pelo Instituto Inter- ♦ Teatro de ópera. Casa de espetá-
nacional de Teatro, como resultado culos onde prioritariamente são en-
pelo êxito do Primeiro Festival Inter- cenados os gêneros ópera e opereta,
nacional de Arte Dramática, realiza- ou grandes musicais. ♦ Teatro Pâ-
do em abril daquele ano, em Paris. nico. Movimento estético-político
Esse primeiro evento, sob a direção criado em 1962 pelos freqüentadores
de A. M. Julien, funcionou no do Café de la Paix, em Paris, lidera-
Théâtre Sarah Bernhardt, estenden- do pelos dramaturgos e encenado-
do-se, nos subseqüentes, a outras res Fernando Arrabal* (espanhol),
salas. Das doze nações que partici- Alejandro Jodorowsky (1929-1234) –
259
teatro teatro
tituíam-se de danças, cantos e pre- depois, o coro, que tinha papel sali-
ces, dos quais participavam toda a ente quando de sua origem, foi cain-
população. Seu conteúdo, em prin- do de importância, perdendo, inclu-
cípio, foi inspirado no mito extraído sive, o caráter lírico primitivo. Segun-
das antigas lendas que alimentavam do as concepções clássicas, os prin-
a trama nos primeiros tempos de sua cipais elementos da tragédia são a
ocorrência. Mas logo o acervo de intriga, a idéia ou pensamento, a dic-
narrativas sobre Dioniso* começou ção, a melodia e o espetáculo. A tra-
a ficar tão escasso, que foi preciso gédia clássica grega atingiu seu apo-
recorrer aos deuses e heróis huma- geu com as obras de Ésquilo*,
nos, mudança que começou a ocor- Sófocles* e Eurípides.* O gênero
rer a partir do século V a. C., numa entrou em declínio a partir do século
fusão enriquecedora entre mitos di- IV a. C., para depois ressurgir em
vinos e heróicos. O termo, na sua Roma, com Sêneca.* Após o
origem, não traduzia o sentido que Renascimento, a tragédia desponta
hoje temos, de amarga severidade, com outra roupagem, nos fins do
mas era a informação de que homens século XVI, com Shakespeare*, na
envoltos em peles de bode, protegi- Inglaterra. Diferente da tragédia gre-
dos com grotescas máscaras de ani- ga, que normalmente mostrava o ho-
mais, cantariam e dançariam no dia mem acabrunhado pelo destino, a
da prova do vinho. Com o passar dos tragédia isabelina libertava, numa
tempos, a característica mímica e explosão anárquica, todas as forças
grosseira foi sendo ultrapassada e boas ou más da alma humana. Final-
substituída por solenidades realiza- mente, ela acaba se transformando
das por homens, especialmente es- ou se diluindo em outros gêneros,
colhidos entre os integrantes da como o drama e o romance.
orchestra. Em relação à fabulação, tragédia burguesa. Comédia séria;
cabia ao autor encadear os aconteci-
drama burguês. O nome parece ter
mentos de forma a provocar na pla-
sido criado por Beaumarchais (1732-
téia uma tensão permanente, desper-
1799), mas foi precisamente Nivelle
tando o temor ou a piedade, que logo
de La Chaussée (1692-1754) quem
seria aliviada pela catarse. Para con-
definiu com precisão a natureza des-
seguir manter a tensão constante e
se tipo de drama: “meio termo entre
obedecer ao princípio da verossimi-
tragédia e comédia”. Diderot* foi o
lhança, a peça deveria obedecer ao
seu mais apaixonado teórico.
Princípio das Três Unidades – de
espaço, tempo e ação –, preconiza- tragediógrafo. Autor de tragédias;
do por Aristóteles*. Quanto à for- trágico.
ma, compunha-se inicialmente de trágico. Até meados do século XX,
uma sucessão de momentos dramá- o ator especializado na interpretação
ticos, intercalados por passagens lí- de personagens trágicas, de tragé-
ricas, onde o coro intervinha. Mas, dia. Fem. Trágica.
268
tragicomédia travesti
Godot, de Samuel Beckett.* Foi tam- panhias, entre elas, mais freqüen-
bém antológico o papel feminino in- temente, as lideradas por Jaime
terpretado pelo encenador e ator na- Costa (1897-1967), Leopoldo Fróes
turalizado brasileiro, Zbigniew (1882-1932), Procópio Ferreira* e
Ziembinski (1908-1978), numa nove- Lucília Peres (1881-1962). Uma das
la de televisão. características típicas da Geração
treinamento. Ato de treinar algo com Trianon era que só aos chamados
primeiros atores era permitido usar
objetivo específico. Em teatro, o
o proscênio e o centro do palco –
treinamento difere do trabalho de di-
as conhecidas áreas nobres da
reção. No treinamento, o diretor
cena – como espaço de represen-
lida com cada ator individualmente,
tação, de onde quase sempre brin-
com o objetivo de atingir o aprimora-
davam a platéia com um improviso
mento integral de quem a ele se sub-
caloroso, em que pouco ou nada
mete. V. Picadeiro.
importava a verossimilhança. Es-
Trianon (Geração). Estilo e com- tes atores eram os únicos que não
portamento peculiar de encarar o ensaiavam, o que constituía outra
teatro como texto e como espetá- característica desse período e des-
culo, adotado pelo Teatro Trianon, sa casa de espetáculo.
casa de espetáculos com mil luga-
trilogia. Na Grécia antiga, o poema
res, inaugurada no Rio de Janeiro
dramático formado de três tragédias,
em 1915, cujas histórias, que fanta-
cujos temas se sucediam e se interli-
siadas, apimentadas ou simples-
gavam, para serem representadas nos
mente copiadas do cotidiano, atra-
concursos e jogos solenes. A
íam diariamente centenas de espec-
interligação dos temas foi quebrada
tadores. Os textos ali encenados,
a partir de Sófocles*, quando cada
exclusivamente de autores nacio-
um dos poemas adquiriu sua própria
nais, tratavam de fatos ao mesmo
tempo atemporais – amores e qüi- autonomia; trilogia livre. ♦ Trilogia
da Devoração. Com esse título, fica-
proquós – e circunstanciais. Entre
ram conhecidos os textos dramáti-
os autores ali mais representados,
cos de Oswald de Andrade* envol-
estavam Gastão Tojeiro (1880-
vendo seu “teatro antropofágico”,
1965), Paulo Magalhães (1900-
formado pelas peças O rei da vela e
1972), Bastos Tigre (1882-1957),
O homem e o seu cavalo (1934) e o
Joracy Camargo (1878-1973),
ato lírico A morta (1937).
Oduvaldo Viana (1892-1973) – o pri-
meiro dramaturgo a escrever em trio. 1. Trecho de música cantada por
“brasileiro ”, em oposição à três artistas. 2. Conjunto ou grupo
prosódia portuguesa normal e obri- de três artistas.
gatória da dramaturgia nacional. tritagonista. Criado por Sófocles*,
Sem elenco próprio, o Trianon era
foi historicamente o terceiro ator a
alugado por temporada pelas com-
surgir no espetáculo teatral.
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trololó tutu
dos pela Ditadura Militar que governou o país a partir de 1964. O AI-
5 impôs uma censura odiosa a todas as manifestações artísticas e
culturais brasileiras, considerando o Teatro como manifestação ini-
miga do Estado.
1981 – O Serviço Nacional de Teatro é transformado em Instituto
Nacional de Artes Cênicas, INACEM, incluindo no seu círculo de
interesse o circo, a dança e a ópera.
1982 – Renato Arocolo e Raffaela Rosselini, do Teatro dell’ IRAA –
Instituto de Pesquisa de Arte do Ator – sediado em Roma, lançam,
com a ajuda da UNESCO, um projeto intitulado Teatro Fora do Tea-
tro, cujo objetivo é o de explorar “as possibilidades de um teatro de
comunicação, que promova o conhecimento e a compreensão entre
culturas de povos diferentes”. A primeira experiência foi feita no sul
do Chile, numa reserva de índios mapuche.
1995 (30 de dezembro) – Morre em Berlim, de câncer no esôfago,
aos 66 anos de idade, o dramaturgo alemão Heiner Müller, uma das
personalidades mais importantes do moderno teatro ocidental. Müller
dirigia a companhia Berliner Ensemble, criada na década de 50, em
Berlim Oriental, pelo seu amigo Bertholt Brecht. Marxista filiado,
Müller avançava o sinal até onde lhe permitia o regime comunista da
extinta Alemanha Oriental, com peças que colocavam em xeque os
dogmas ideológicos do partido. Entre seus principais textos estão
Hamletmachine e Quartet, ambos encenados no Brasil.
1999 (14 de janeiro) – Morre na Itália o teórico polonês Jerzy
Grotowski, aos 65 anos de idade. Grotowski esteve no Brasil em
1966, a convite do SESC São Paulo.
2004 (24 de fevereiro) – Morre no Rio de Janeiro, aos 90 anos de
idade, o teatrólogo Pedro Bloch, autor de As mãos de Eurídice, Os
inimigos não mandam flores, Esta noite choveu prata, entre ou-
tros grandes sucessos de público e bilheteria.
BIBLIOGRAFIA
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Moura Ramos. Lisboa: Editorial Presença, 1976.
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Zahar Editora. 1967.
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