Você está na página 1de 9

IMPÉRIO ROMANO

Em 27 a.C, Otávio conseguia seu grande intento: o Senado,


que vinha sendo cortejado por ele desde a vitória sobre
Marco Antônio, proclama-o “príncipe” (o primeiro dos
cidadãos) e em seguida ‘Imperador” (o supremo
comandante dos exércitos) e Augusto (um título mais
religioso que político e que se poderia traduzir como
“divino como um deus”).
Otávio chegava a um patamar jamais conseguido por
alguém nos mais de 700 anos da história de Roma. Além
disso, como todos esses cargos eram vitalícios, Otávio cria
uma nova forma política, enterrando, definitivamente, a
República. O imperador vai assumir cargos que, embora
dados pelo Senado e submissos a esse órgão, na prática,
era totalmente independente no exercício deles.
O governo de Augusto pôs fim a um século de guerra civil, Otávio com a “Coroa Cívica”.
Feita de folhas de carvalho, era
dando início a uma época sem precedentes de estabilidade a segunda maior horaria dada
social, prosperidade económica e Pax Romana ("paz a um militar pelo Senado, por
romana"), que se prolongou durante os dois séculos isso, não mais que dez pessoas
a receberam nos mais de mil
seguintes. As revoltas nas províncias eram pouco anos da história de Roma.
frequentes e rapidamente controladas. Sendo agora o
único governador de Roma, Augusto iniciou uma série de
reformas militares, políticas e económicas em larga escala. O Senado atribuiu-lhe o poder de
nomear os próprios senadores e autoridade sobre os governadores de província, criando, de fato,
o cargo que mais tarde seria denominado Imperador.
Em termos econômicos, o Império assentava-se sobre o trabalho escravo e o domínio das
províncias. O escravo era a base de toda a produção romana, tanto na agricultura quanto na
mineração. Era também largamente empregado em atividades não produtivas, notadamente
urbanas: professores, serviçais domésticos, músicos, etc. Outro elemento fundamental na
estrutura do Império eram as províncias, não apenas pelos tributos que pagavam, mas também
pelo comércio altamente lucrativo que Roma mantinha com elas, permitindo o escoamento da
grande parte da produção de seus latifúndios escravistas.
As conquistas territoriais possibilitaram uma reorganização em larga escala do uso da terra, que
resultou em excedentes agrícolas e especialização, particularmente no norte da África. Algumas
cidades eram conhecidas por certas indústrias ou atividades comerciais e a escala das edificações
nas áreas urbanas denota uma indústria de construção significativa. Métodos contabilísticos
complexos que foram preservados em papiros sugerem elementos de planejamento
económico numa economia muito monetizada.
Também as obras de infraestrutura foram extremamente importantes nesse processo, em
especial a construção de estradas, que garantiam não só a chegada dos soldados às terras mais
distantes do Império, como também a chegada dos impostos arrecadados nas terras distantes a
Roma. Os transportes terrestres faziam uso do avançado sistema de estradas romanas. Os
impostos em espécie pagos pela A Via Appia, que possui 560 quilômetros de extensão
e liga Roma à cidade de Brindisi no calcanhar do
população incluíam o
país, era conhecida como a “regina viarum”, a rainha
aprovisionamento de pessoal, das estradas.
animais e veículos para o “curso
publicum”, o serviço de correios e de
transporte criado por Augusto
no início da era imperial. Ao longo das
estradas, a cada sete a
doze milhas (10 a 18 km) havia
postos de muda, para troca de
animais e descanso, que com o tempo
tendiam a tornar-se uma povoação
ou centro de comércio.
Como já dissemos anteriormente, um aspecto fundamental desse período foi a PAX ROMANA.
A Pax Romana foi um período de estabilidade para o Império, mas foi também um período de
violência para com os povos conquistados. Algumas pequenas liberdades e garantias eram
oferecidas aos povos dos novos territórios, como a cidadania para alguns, o direito de
matrimônio ou certa autonomia. Outro ponto necessário de se destacar é o fato de que, para
garantir a paz e o controle sobre o território, foi preciso contar não apenas com os soldados
enviados para os territórios afastados de Roma, mas também com as elites locais, dando-lhes
certo poder.
O período imperial é também o apogeu artístico e cultural da civilização romana. No seu processo
de expansão territorial, os romanos já tinham entrado em contato direto com as colônias gregas
do sul da Itália (magna Grécia), depois, com a conquista da Grécia, se inicia um longo período de
absorção intensa de suas referências culturais, que se tornaram o fundamento de toda a cultura
romana, expressando-se em uma variedade de campos artísticos, como a literatura, a pintura, a
escultura, a música, as artes decorativas e a arquitetura.
A arte criada na capital, Roma, foi sempre o modelo, mas dele surgiram infinitas variações. Tal
modelo de arte influenciou uma vasta área e durou mais de mil anos, e neste campo imenso,
englobando povos e culturas extremamente diferenciados, se formaram por vezes expressões
muito variadas, que evoluíram preservando parte de suas linguagens originais, já que os romanos
não só sabiam preservar as culturas conquistadas, mas adaptavam a seu modelo original, as
várias culturas de suas conquistas.
O exemplo mais importante talvez seja a arquitetura. Durante o império a arquitetura romana
chegou ao seu período de apogeu, e a capital se tornou uma floresta de monumentos e edifícios
grandiosos, resplandecentes de mármores e povoados de estátuas e pinturas decorativas, sendo
motivo de orgulho para os romanos e símbolo de seu poderio. As principais cidades das
províncias imitavam, dentro de suas possibilidades, as modas metropolitanas.
Mandado construir pelo imperador Domiciano, no século I, o aqueduto de Segóvia, na Espanha, é um dos melhores exemplos
de arquitetura romana. Declarado patrimônio mundial pela UNESCO, ele é considerado “uma obra-prima do gênio criativo
humano”, o critério nº 1 da lista daquele órgão da ONU.

É nesse contexto que Jesus nasce numa Palestina dominada pelos romanos há cerca de 70 anos.

O Cristianismo
Os relatos “oficiais” sobre a vida de jesus estão em 4 obras denominadas “Evangelhos”. A palavra
grega significa “uma boa notícia” e traz, essencialmente, a doutrina desse líder religioso que,
apesar de sua curta existência, 33 anos, revolucionou a humanidade ao criar a segunda religião
monoteísta da história: o cristianismo.
Do ponto de vista histórico, Jesus nasce nu ambiente bastante complexo: vindo do norte da
Palestina (a Galileia), sua infância foi certamente marcada pelas profecias que relatavam a vinda
de um salvador, o Messias.
Aos trinta anos, Jesus se coloca como esse salvador. Mas sua doutrina diferia, em muitos pontos,
daquela religião tradicional dos judeus. Embora ele insista na ideia do monoteísmo e, obviamente,
aceite o dogma da vinda do messias libertador, ele se distancia do judaísmo em três pontos:

 Ele se diz o Messias esperado


 Ele é o próprio Deus que se materializou
 A vida nesse mundo é uma passagem fugaz. A verdadeira vida virá depois da morte e a
ela terão acesso TODOS os que, acreditando que ele é Deus, sigam seus mandamentos.

Portanto, embora seja monoteísta, essa religião crê na existência de um Deus que, embora UNO
é formado por três pessoas que, por serem tão perfeitamente unidas, se tem a ideia que sejam
um só, embora, na verdade o sejam!!!! Esse é o centro da fé cristã: a Trindade de Deus.
As qualidades de excelente orador aliada à fama de “milagreiro” deram uma notoriedade
impressionante a Jesus, que passa a ser visto como uma concorrência pelos líderes religiosos
judeus. Daí as várias tentativas de “desmascara-lo” perante o povo.
Uma das cenas mais impressionantes dos evangelhos é quando, após fazer um belo discurso
sobre o perdão, os líderes judeus levam a jesus uma prostituta e perguntam se devem cumprir a
lei e apedreja-la ou perdoa-la, como jesus recomendara.
Percebendo o embuste, Jesus diz que se deveria apedreja-la, cumprindo a lei de Deus, mas o
primeiro a fazê-lo deveria ser aquele que não tivesse pecado. E todos se retiraram. Ele,
supostamente, o que não tinha pecado, foi, justamente o que não a condenou.

Essas “pegadinhas” contra Jesus se repetem várias vezes, mas, ao contrário do que esses lideram
esperavam, elas só fortaleciam a liderança de Jesus e aumentavam sua fama.
Foi nesse contexto de sucesso crescente que, aos 33 anos, Jesus resolve passar a festa mais
importante dos judeus, a Páscoa, na capital, Jerusalém, considerada a cidade santa dos judeus,
onde ficava o TEMPLO, a casa de Deus na terra.
Jesus é recebido pelo povo como se fora um rei. O povo simples colocava seus mantos no chão
fazendo um tapete para que ele passasse e o saudavam com ramos de palmeira e oliveira,
símbolos da vitória.
Para os historiadores, esse foi o sinal definitivo, para os lideres religiosos-políticos de que jesus
era um perigo. Claramente, ele vinha tomar o poder. Portanto, era preciso elimina-lo. O
problema é que, devido à sua fama, Jesus vivia cercado de pessoas, por isso, captura-lo não seria
uma tarefa fácil. Seria necessário alguém do circulo intimo dele para informar um momento e o
local onde estaria desacompanhado. É nesse contexto que surge Judas Iscariotes.
Certamente ele, como os outros discípulos, impressionado pela recepção que Jesus obtivera em
Jerusalém, pensava num golpe político-militar que os levaria ao poder. Quando jesus percebe
isso, ele deixa claro que essa não era sua intenção e que seu “reino” não era desse mundo.
Desiludido, Judas teria vendido Jesus aos líderes religiosos de Israel, menos pelo dinheiro, já que
trinta moedas de prata era o preço de ume escravo barato, e mais pela raiva e pelo medo de ser
arrolado numa possível ação repressiva contra Jesus.
A traição de Judas permite uma prisão discreta, um julgamento rápido e uma condenação
imediata à morte. O problema é que, a execução de uma pessoa numa palestina dominada por
Roma dependia da permissão do representante do imperador, o governador Pôncio Pilatos.
Apesar de não ver razões para condenar Jesus a uma pena capital, o que menos Pilatos queria
era provocar uma revolta do poderoso grupo dos líderes religiosos-políticos judeus. Ele termina
condenando Jesus à crucificação, cedendo àquelas pressões.
Mas, SEGUNDO OS EVANGELHOS, Jesus ressuscita no domingo (ele morreu numa sexta-feira) e
passa quarenta dias aparecendo a diversos discípulos, provando que ele era, realmente, o
Messias esperado. Ainda segundo esses relatos, Jesus, antes de ir para uma outra dimensão (o
“Céu”), teria ordenado a seus discípulos que expandissem sua mensagem para todo o mundo,
criando assim, a primeira religião universalista e expansionista da história.
Seus discípulos, assim como ele, serão extremamente perseguidos pela elite dos judeus. Um
desses perseguidores era um homem chamado Saulo. Entretanto, após uma suposta aparição de
Jesus, ele termina se convertendo, muda de nome e se torna o maior pregador da história do
cristianismo.
O fato é que, apesar das perseguições (e, em grande parte, por causa da coragem dos cristãos
em vista delas), o cristianismo só cresce e termina chegando à mais importante cidade do mundo:
Roma.
Possivelmente é um pescador de nome Pedro quem introduz o cristianismo na cidade ou, se já
havia lá comunidades de judeus cristãos, muito certamente ele se tornou o líder deles, já que,
segundo os evangelhos, Jesus teria escolhido a ele para exercer essa função.
O crescimento dessa religião, entretanto, vai se chocar com os interesses dos imperadores de
Roma. A crença de que o imperador era um ser equivalente a um deus era um dos pilares do
poder dele sobre o povo, especialmente, as populações dominadas. Como o cristianismo negava
a divindade do imperador, essa religião passa a ser vista como uma ameaça a ele.
No ano 64, o imperador Nero inicia uma perseguição que levará milhares de cristãos as mais
distintas e terríveis mortes aos longo de quase 250 anos.

O circo de Nero, na localidade que os romanos denominavam “Vaticanus”. Ali milhares de cristãos morreram, inclusive, muito
certamente, o apóstolo Pedro. Na parte central vê-se o obelisco que hoje está na Praça de São Pedro.

No ano 70, os judeus vão tentar se libertar do domínio romano que já durava mais de cem anos. É
nesse contexto que Roma derrota essa revolta, destrói Jerusalém e determina a expulsão dos judeus
da Palestina. A essa dispersão chamamos Diáspora.

Decadência do Império

Depois de mais de 800 de contínuo crescimento, o Império Romano para de se expandir. As


razões disso são variadas e chegar a uma causa, é impossível. Evidentemente, um império com a
força e a megaestrutura que era Roma não poderia cair de forma simples e imediata.
Será um processo lento, que a maioria dos historiadores fixa a partir do ultimo decênio do
governo do imperador Marco Aurélio (170-180) e que se arrasa até o final do século V. Dentre as
causas que levaram a esse processo, poderíamos citar:

 O gigantismo, ou seja, um império grande demais, difícil de ser governado.


 A imensa corrupção dos funcionários públicos, que por serem milhares, sabiam que, a
possibilidade de serem, efetivamente, vigiados e controlados era mínima.
 As lutas pelo poder entre políticos e generais, enfraquecendo a unidade do império e do
exército.
 O escravismo, base de todo trabalho em Roma, e que é considerado o pior tipo de
trabalho existente, tanto pelo fato de ser o mais perigoso quanto por ser o menos
produtivo
 A decadência populacional, cujas causas até hoje são debatidas
 O cristianismo, que enfraqueceu o poder do imperador
 A impossibilidade de conter as invasões estrangeiras e as fugas de escravos. Sem poder
repor a imensa quantidade de escravos que fugiam e morriam, o império vai perdendo
sua principal força de produção.
Esses e outros fatores levaram a um processo decadencial que permitirá aos povos
estrangeiros, alheios à cultura romana, genericamente denominados BÁRBAROS, invadirem
e dominarem várias partes do império, especialmente, no Ocidente.

Mapa das invasões bárbaras. Note a diversidade de povos invasores e que estas se concentraram na parte
ocidental

Isso foi uma decorrência da parte ocidental ser a mais pobre, por isso, menos vigiada e de a
geografia dessa região, por ser mais plana, tornar mais fácil a penetração daqueles povos vindos
do oriente.
Outro motivo das invasões era a pressão que as tribos germânicas, que viviam mais próximas da
fronteira, vinham recebendo do oriente com os avanços dos hunos para o Ocidente. Saqueando
e devastando as tribos que encontravam pelo caminho, os hunos fizeram com que os germanos
adentrassem as fronteiras romanas, agindo também com violência.
Para piorar, a política romana vivia um impasse: Ao morrer o imperador Constâncio Cloro em
306, Constantino é aclamado imperador pelas tropas locais, mas esse ato não é reconhecido por
outros líderes como Maximiniano e Magêncio.
Constantino consegue derrotar a ambos, mas percebe a fraqueza de um império ameaçado pelos
bárbaros e desunido internamente. Nesse momento, ele entende o valor da nova religião como
ponto de unidade: a crença em um só Deus uniria seu povo. Além do mais, não era nada inteligente
continuar perseguindo uma religião que já era a da maioria da população do Império. A própria mãe
do imperador, Helena, era cristã.
Nesse contexto, no ano 313, ele publica o ÉDITO DE MILÃO, liberando a prática do cristianismo.
Para conquistar o apoio dos cristãos (cada vez mais numerosos) e de uma Igreja sempre mais forte
e organizada, ele mesmo doou várias terras e bens à Igreja.
Mas, Constantino percebia que a situação no Ocidente era cada vez pior. As invasões bárbaras eram
frequentes, criando um êxodo urbano e a destruição nos campos. Por outro lado, o Império tinha,
no Oriente, suas províncias mais ricas, e não era sábio permanecer longe delas, expondo-as à
rebelião contra Roma ou à invasão dos bárbaros.
Por isso, em 324, Constantino vai mudar a capital para o meio do Império, para uma antiga cidade
grega, BIZÂNCIO, no meio exato entre as duas partes de seu império, o Ocidente e o Oriente.
Constantino remodelou essa cidade e transformou-a numa “nova Roma”. Em 330, a cidade foi
solenemente consagrada (no ritual pagão, prova de que a antiga religião dos deuses não havia
desaparecido).
A mudança da capital vai, a médio prazo, selar o destino do Ocidente. Cada vez mais, as invasões
atingiam os grandes centros dessa parte do império, e a própria cidade de Roma será várias vezes
saqueada.
Sem condições de conter essas incursões, os romanos tentavam estabelecer alianças com esses
povos (comitatus), prometendo-lhes terras em troca de apoio militar. Mas, frequentemente, essas
tréguas eram quebradas por ambos os lados. Em 380, torna-se imperador de Roma, TEODÓSIO.
Procurando reforçar a fragilíssima unidade do império, Teodósio concede ao cristianismo o status
de “religião oficial” através do ÉDITO DE TESSALÔNICA.
Mas, a situação do Ocidente era cada vez mais crítica. Para se ter uma ideia do desastre em que
estava essa região, somente nove anos após sua posse é que Teodósio visitou Roma.
Após sua morte, em 395, seus pequenos filhos, Honório e Arcádio herdam um império esfacelado.
Por vontade de Teodósio, cada um governaria uma parte do império (Honório, o Ocidente e Arcádio,
o Oriente). A divisão que, até então era de “de fato” tornou-se agora “oficial”.
Em 476, o líder de um desses povos bárbaros, Odoacro , rei dos hérulos, , comandou a invasão e o
saque de Roma, destronando o último imperador romano Rômulo Augusto. Odoacro enviou as
insígnias imperiais à capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla, decretando o fim do
Império do Ocidente.
A população já havia abandonado as cidades e se instalado na zona rural em busca de proteção,
desintegrando a conformação urbana que havia no Império romano. Sempre mais constantes e
numerosas, as invasões bárbaras iriam levar, gradativamente, à fixação desses povos, constituindo
inúmeros reinos no território antes controlado pelos romanos. Iniciava-se o processo de
configuração política que iria caracterizar um novo período da história: a Idade Média.

Você também pode gostar