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Universidade Federal de São João del Rei - UFSJ

Trabalho de Transformadores Elétricos

PARTES CONSTITUINTES DOS TRANSFORMADORES


ELÉTRICOS

DEPEL

São João del Rei


2012
Universidade Federal de São João del Rei - UFSJ
Trabalho de Transformadores Elétricos

PARTES CONSTITUINTES DOS TRANSFORMADORES


ELÉTRICOS

DEPEL

José Felipe Conde Furtado de Lima


Pedro Henrique Lopes de Menezes
Alunos do curso de Engenharia Elétrica
UFSJ, São João del Rei – MG

Teresa Cristina Bessa Nogueira Assunção


Professora da disciplina de Transformadores Elétricos.
Doutorado em Engenharia Elétrica – UFMG
Professora Adjunta II na Universidade Federal de São João del Rei – UFSJ
UFSJ, São João del Rei – MG

São João del Rei


2012

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1. INTRODUÇÃO

O estudo sistemático das relações eletromagnéticas, iniciado por volta do século


XIX, é sem dúvida um marco na evolução tecnológica. O domínio de algumas
técnicas de conversão e manipulação da energia elétrica e magnética viabilizou ao
homem a criação de vários dispositivos que estão diretamente relacionados aos
avanços dos processos de geração, transmissão, distribuição e proteção dos sistemas
elétricos e eletrônicos. Dentre esses dispositivos, se destaca o Transformador
elétrico ou simplesmente Trafo. Inventado em 1831 por Michael Faraday, esses
equipamentos funcionam através da indução de corrente, ou seja, é baseado nas
proposições da Lei de Faraday-Neumann-Lenz e da Lei de Lenz. A partir dessa
teoria, verifica-se a presença de uma corrente elétrica em um circuito, uma vez que o
mesmo é submetido a um campo magnético variável no tempo. Dessa forma, por
necessitar dessa variação no fluxo magnético, os transformadores só funcionam em
corrente alternada. Nesse sentido, entende-se que um transformador é o dispositivo
capaz de alterar os níveis de correntes e tensões em um determinado circuito elétrico
sem mudar sua frequência fundamental.
O uso de CA nos sistemas elétricos de potência também foi motivado pelos
avanços dos transformadores. Em 1886 Westinghouse Stanley consegue melhorar o
Trafo e coloca em operação vários equipamentos de 500 a 100 volts alimentados por
um único gerador síncrono. No entanto, naquela época ainda se tinha muitos
problemas associados às perdas de energia. Essas, por sua vez, eram decorrentes dos
aspectos construtivos e do próprio material utilizado na fabricação do
transformador. Por volta de 1888, é criada uma centena de instalações em CA para
operações comerciais nos Estados Unidos. A aparência geral dos Trafos utilizados
nesse sistema não era muito diferente dos que foram criados em meados de 1840 e
tinham uma potência máxima de 2 kVA.
Atualmente, existem Transformadores com potência máxima de operação que
chegam a até 300 MVA. Em 2009, por exemplo, a empresa WEG exportou um
Trafo trifásico de 241 toneladas, 225 MVA e 275 kV. Esse equipamento foi
projetado para a Nokian Capacitors e tem papel de destaque no sistema de
distribuição da Escócia. Além disso, os transformadores são utilizados em
aplicações como o “casamento de impedâncias” em estágios de sistemas de
sonorização, audiofrequência ou de radiofrequência. Esses dispositivos também são

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empregados para isolações elétricas, uma vez que na maior parte dos casos os
enrolamentos primários e secundários são separados por um dielétrico.
Nesse trabalho serão abordados as principais características dos transformadores
de potência e seus respectivos componentes construtivos. Além disso, será feita uma
breve exposição de diversos tipos de transformadores, onde o objetivo é destacar as
principais diferenças entre eles.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Definição
Transformadores de Potência são máquinas estáticas que transferem energia
elétrica de um circuito para outro, de forma a manter a mesma frequência e variar os
valores de tensões e correntes. Além disso, chegam a operar a partir de altos valores de
potência, fato que o caracteriza conforme o seu nome.
Durante o funcionamento dos transformadores de potência, vários processos de
desgaste e envelhecimento ocorrem no sistema de isolamento. Os efeitos de fadiga
térmica, química, elétrica e mecânica, tais como pontos quentes, sobreaquecimento,
sobretensões e vibrações são responsáveis por alterações do sistema isolante e devem
ser monitorados para garantir a eficiência do equipamento, de forma a permitir
intervenções de manutenção preditiva, a fim de evitar paradas de máquinas e,
consequentemente, aumento de custos.
A Figura 1 exibe um transformador trifásico de potência fabricado pela WEG e
é utilizado no sistema de distribuição da Escócia. Conforme já citado anteriormente,
esse equipamento possui 241 toneladas e uma potência máxima de 225 MVA.

Figura 1: Transformador trifásico de potência fabricado pela WEG

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2.2. Tipos de Transformadores
Os transformadores são classificados de acordo com sua potência nominal,
faixas de tensão e corrente, aplicação e suas partes constituintes. Segundo a NBR 5356,
dentre os Trafos conhecidos tem-se as seguintes classificações:
Transformador abaixador: transformador no qual a tensão do enrolamento
primário é superior à do secundário.
Transformador de corrente constante: transformador que, dentro dos limites
preestabelecidos, mantêm constante a corrente no circuito secundário, a despeito das
variações da resistência deste circuito e da tensão no circuito primário.
Transformador de distribuição: transformador de potência utilizado em
sistemas de distribuição de energia elétrica.
Transformador de núcleo envolvente: transformador cujo núcleo é constituído
por colunas interligadas pelos jugos, das quais algumas não atravessam bobinas dos
enrolamentos.
Transformador de núcleo envolvido: transformador cujo núcleo é constituído
por colunas interligadas pelos jugos, das quais todas atravessam bobinas dos
enrolamentos.
Transformador de reforço: transformador no qual um enrolamento é ligado em
serie num circuito, para modificar tensão nesse circuito, e o outro enrolamento constitui
um enrolamento de excitação por outro circuito.

Transformadores de Tensão ou Trafo de Potencial: são usados


principalmente em sistemas de medição de tensão elétrica, uma vez que são capazes de
reduzir a tensão de um circuito até níveis compatíveis com a máxima que os
equipamentos de medição suportam. O seu principal uso diz respeito à medição de
tensões com altos valores. Em seu circuito primário é conectado a tensão a ser medida
que, por sua vez, será reproduzida no circuito secundário uma tensão reduzida e
diretamente proporcional a do primário. Dessa forma, com um custo reduzido e maior
segurança, pode-se conectar o instrumento de medição no secundário. A razão entre a
tensão no primário sobre a tensão apresentada no secundário de qualquer transformador
é uma constante chamada de relação de transformação.

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Transformador elevador: transformador no qual a tensão no enrolamento
primário é inferior do que a do enrolamento secundário.
Transformador em liquido isolante: transformador cuja parte ativa é imersa
em liquido isolante.
Transformador em liquido isolante com gás inerte: transformador em liquido
isolante no qual é mantida, sobre o liquido isolante, uma atmosfera de gás inerte.
Transformador em massa isolante: transformador com os enrolamentos, ou
com o núcleo e os enrolamentos, impregnados e envoltos em massa isolante.
Transformador monofásico: transformador constituído de apenas um
enrolamento de fase em cada tensão.
Transformador para exterior: transformador projetado para suportar
exposição permanente as intempéries.
Transformador para interior: transformador projetado para ser abrigado
permanente das intempéries.
Transformador polifásico: transformador cujos enrolamentos primários e
secundários são polifásicos.
Transformador regulador: transformador de potencia provido de comutador
de derivações de carga.
Transformador seco: transformador cuja parte ativa não é imersa em liquido
isolante.
Transformador selado: transformador cuja construção assegura a separação
entre os amblentes interno e externo, em condições especificadas.
Transformador submersível: transformador capaz de funcionar normalmente
imerso em água, em condições especificadas.
Transformador subterrâneo: transformador constituído para ser instalado em
câmara, abaixo do nível do solo.

2.3. Partes constituintes de um Transformador


Os transformadores geralmente possuem uma constituição padrão e seus
componentes físicos se diferem de acordo com o tipo de transformador. A seguir, estão
listados os constituintes de um trafo:
Bucha: peça ou estrutura de material isolante que assegura a passagem de um
condutor através de uma parede não isolante. Uma bucha completa inclui também o

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dispositivo de fixação à parede. Além disso, dependendo do tipo da bucha, podem ainda
incluir o condutor central e os dispositivos de ligação deste aos condutores externos da
bucha.
Coluna: cada uma das partes do núcleo paralela aos eixos dos enrolamentos, e
envolvida, ou não, por enrolamentos.
Comutador de variações: dispositivo para mudanças das ligações e derivações
de um enrolamento de um transformador.
Comutador de derivações em carga: comutador de derivações adequado para
operação com o transformador energizado, em vazio ou em carga.
Comutador de derivações sem tensão: comutador de derivações adequado
somente para operações com o transformador desenerginzado.
Conservador: reservatório auxiliar parcialmente cheio de liquido isolante. É
ligado ao tanque de um transformador de modo a mantê-lo completamente cheio e
permitir a livre expansão e contração do liquido isolante, bem como minimizar a sua
contaminação.
Derivação: ligação feita em qualquer ponto do enrolamento, de modo a permitir
a mudança da relação das tensões do transformador. Esse termo pode também ser
entendido como uma combinação de derivações.
Dispositivo de alivio de pressão: dispositivo de proteção para transformadores
em liquido isolante, que alivia a sobrepressão interna anormal.
Enrolamento: conjunto de espiras que constituem um circuito elétrico,
monofásico ou polifásico, de um transformador.
Enrolamento com isolante progressivo: enrolamento cujo isolamento cresce
progressivamente desde o nível de isolamento do terminal do neutro até o nível de
isolamento dos terminais de linha.
Enrolamento com isolante uniforme: enrolamento cujo nível de isolamento é,
em toda a sua extensão, igual ao nível de isolamento dos terminais de linha.
Enrolamento comum (de um autotransformador): conjunto das espiras que
pertencem a ambos os enrolamentos, primário e secundário, do autotransformador.
Enrolamento de alta-tensão: enrolamento cuja tensão nominal é a mais elevada
de todas. Esse termo deve ser entendido independentemente do valor numérico da
tensão em causa.

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Enrolamento de baixa tensão: enrolamento cuja tensão nominal é a menos
elevada de todas. Esse termo também deve ser entendido independentemente do valor
numérico da tensão de causa.
Enrolamento de excitação (de um transformador de reforço): enrolamento
que excita o enrolamento-série do transformador.
Enrolamento de fase: conjunto de espiras que constituem uma das “n” partes
iguais de um enrolamento polifásico de “n” fases. Esse termo deve ser empregado para
designar o conjunto das bobinas em uma determinada coluna do núcleo.
Enrolamento de media-tensão: qualquer um dos enrolamentos de um
transformador de vários enrolamentos, cuja tensão nominal fica compreendida entre as
dos enrolamentos de baixa-tensão e de alta-tensão. A classificação dos enrolamentos de
alta-tensão, média-tensão e baixa-tensão não se aplica aos enrolamentos terciários.
Enrolamento primário: enrolamentos que recebem a energia.
Enrolamento secundário: enrolamento que fornece a energia.
Enrolamentos-série (de um transformado de reforço): enrolamento ligado em
série com o circuito cuja tensão deve ser modificada.
Enrolamento terciário auxiliar: enrolamento adicional, ligado em triangulo, de
baixa potencia em relação aos enrolamentos primários e secundários, que pode ser
ligado a uma carga. Em transformadores ligados em estrela-estrela ou em estrela-
ziguezague, pode servir ainda como enrolamento terciário de estabilização.
Enrolamento terciário de estabilização: enrolamento adicional ligado em
triangulo, que não fornece energia e se destina a estabilizar o ponto neutro e a reduzir a
influencia dos terceiros harmônicos nos transformadores ligados em estrela-estrela ou
em estrela-ziguezague.
Imagem térmica: sistema de supervisão térmica de um transformador, que dá
uma indicação local ou remota da temperatura de um ou mais enrolamentos, a partir da
medição indireta desta temperatura.
Jugo: cada uma das partes do núcleo que interliga as colunas.
Marca de polaridade: cada um dos símbolos utilizados para identificar as
polaridades dos terminais de um transformador.
Nível de isolamento: conjunto de tensões suportáveis nominais.
Núcleo: Circuito magnético de um transformador.
Parte ativa: conjunto formado pelo núcleo, enrolamentos e suas partes
acessórias.

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Placa de identificação: construída em alumínio ou aço inoxidável, nesse
acessório constam todas as informações construtivas resumidas e normatizadas do
aparelho. Entre as informações fornecidas pela placa encontram-se: nome e dados do
fabricante, numeração da placa, indicação das NBR, potência (kVA), impedância
equivalente (%), tensões nominais (alta tensão e baixa tensão), tipo de óleo isolante,
diagramas de ligações, diagrama fasorial, massa total (kg), volume total do líquido (L).
Ponto neutro: ponto de referencia, real ou ideal, para todas as tensões de fase de
um sistema polifásico. Num sistema simétrico de tensões, o ponto neutro está,
normalmente, no potencial zero. Além disso, num sistema polifásico ligado em estrela
ou ziguezague, o ponto neutro é o ponto comum.
Radiadores: o calor gerado na parte ativa se propaga pelo óleo, onde é dissipado na
tampa e laterais do tanque. Em casos especiais, como potência elevada e ventilação
insuficiente, os transformadores são munidos de radiadores, que aumentam a área de
dissipação, ou adaptados com ventilação forçada.
Relé de Buchhols: dispositivo de proteção para transformadores em liquido
isolante, que detecta tanto a presença de gases livres quanto o fluxo anormal de liquido
isolante, entre o tanque e o conservador.
Resistencia de curto-circuito: componente resistivo da impedância de curto-
circuito.
Respirador com secador de ar: dispositivo ligado ao ambiente não-imerso em
líquido isolante de conservadores de transformadores, de modo a somente permitir a
passagem do ar externo através de elementos de filtragem e secagem, minimizando a
contaminação do liquido isolante.
Tanque: recipiente que contem a parte ativa e o meio isolante.
Terminais correspondentes: são terminais de enrolamento diferentes de um
transformador, marcados com o mesmo índice numérico e letras diferentes.
Terminal: parte condutora de um transformador, destinada à sua ligação elétrica
a um circuito externo.
Terminal de linha: terminal destinado a ser ligado a uma fase do circuito
externo.
Terminal de neutro: terminal ser ligado ao neutro do circuito externo.

A Figura 2 retrata a vista externa de um transformador de potência.

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Figura 2: Vista externa de um transformador de Potência

Já a Figura 3 mostra esquematicamente os componentes do transformador


retratado pela Figura 2.

Figura 3: Modelo esquemático do Transformador retratado pela Figura 2

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3. CONCLUSÃO
O conhecimento prévio dos diversos tipos de transformadores e seus
componentes compõe um aspecto crucial para a compreensão física e matemática de sua
modelagem. Além disso, a análise construtiva desses equipamentos deixa explícito um
conhecimento que pode ser tomado como referencial prático para técnicas que evolvem
a análise de falhas, manutenção, controle de temperatura e outros problemas que
estejam vinculados ao entendimento qualitativo dos trafos. Portanto, fica evidente que o
conteúdo abordado por esse trabalho se torna essencial como parte introdutória no
estudo dos transformadores, uma vez que abrangem de forma geral suas definições e
características.

4. BIBLIOGRAFIA
- Manual de Instruções da Comtrafo: Transformador a óleo - Força
- NBR 5356: Transformador de potência. Rio de Janeiro, 1993.
- Norma Técnica Celg D: Transformador de Potencial Indutivo – Especificações
- Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow – ELETROTÉCNICA, Vol. 1,
Capitulo 8: Transformadores Elétricos.
- http://www.weg.net/pt/Media-Center/Noticias/Produtos-e-Solucoes/Transformador-
Gigante (acessado em 05 de março de 2012).
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Transformador (acessado em 05 de março de 2012).

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