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de difícil leitura dada a profusão de elemen- de oferecer uma descrição da realidade atra-
tos multimédia e links que lhe estão associa- vés de ruídos e com o maior e mais abstracto
dos. meio de divulgação de que o Homem é dono:
a palavra."[ARNHEIM 1980; 16]
2.3 Leitura não-linear Neste caso falamos da "palavra dita"e não
da "palavra escrita".
Aparentemente, a integração de elementos A Guerra dos Mundos é um bom exem-
multimédia na notícia obriga a uma leitura plo das potencialidades da linguagem radio-
não-linear. Se em termos físicos isto é ver- fónica. A palavra, o ruído e o silêncio com-
dade, já não o é em termos mentais. binados permitem criar ambientes e imagens
"Se por um lado a leitura de um texto im- sonoras. O jornal jamais poderia causar um
plica um trabalho específico de imaginação, efeito semelhante sobre os leitores e a tele-
por outro lado, a percepção das imagens não visão só com recurso a meios de produção
prescinde da capacidade de elaboração de caros poderia obter igual resultado.
um discurso."[RODRIGUES 1999; 122] A base da linguagem radiofónica come-
Quer isto dizer que perante um texto ou çou por ser a palavra escrita, herança da im-
imagem se verifica imediatamente uma as- prensa escrita, para se tornar em palavra dita,
sociação mental entre os dois campos. As- embora assente numa lógica textual. Mas o
sim, a disponibilização de um complemento jornalismo radiofónico só ganha característi-
informativo permite ao indivíduo recorrer a cas próprias quando os enunciados assumem
ele sem que isso provoque alterações no es- um sentido intertextual e polifónico: a notí-
quema mental de percepção da notícia. Esta cia tem a voz do jornalista, mas também a de
estrutura narrativa exige uma maior concen- eventuais intervenientes no conteúdo da no-
tração do utilizador na notícia, mas esse é tícia que, desta forma, confirmam o texto.
precisamente o objectivo do webjornalismo: Umberto Eco defende que o texto é "uma
um jornalismo participado por via da interac- sucessão de formas significantes que espe-
ção entre emissor e receptor. ram ser preenchidas (...)"[ECO 1982; 2]
Este preenchimento é quase sempre efectu-
3 Som ado com outros textos. Pierce chama-lhes
os "interpretantes"do primeiro texto. É jus-
A utilização do som consome largura de tamente o que se verifica na linguagem radi-
banda, mas, indubitavelmente, acrescenta ofónica. Estes "outros textos"são o chamado
credibilidade e objectividade à notícia. E se RM (registo magnético) ou RD (registo di-
no campo do texto, o webjornalismo vai bus- gital), que "interpretam"a palavra dita pelo
car algumas das características ao jornal im- jornalista.
presso, no caso do som é a rádio a fornecer São estes "interpretantes", sob a forma de
algumas das suas especificidades. sons, que o webjornal pode ir buscar ao jor-
"A rádio está na posse, não só do maior nalismo radiofónico. Mais do que citar, o
estímulo que o Homem conhece, a música, webjornal pode oferecer o som original do
a harmonia e o ritmo, como também é capaz citado, caminhando assim para um jorna-
lismo mais objectivo.
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