Você está na página 1de 14

JORNALISMO DIGITAL

AULA 1

Prof. Luiz Claudio Soares de Oliveira


Prof. Guilherme Carvalho
CONVERSA INICIAL

Olá! Começamos aqui nossos estudos sobre jornalismo digital. Você


compreenderá o papel da internet para o jornalismo, de que modo o ambiente
digital afetou a área e como trabalhar melhor explorando todo o potencial da
internet.

CONTEXTUALIZANDO

Com a internet, nosso mundo ficou “menor”, tudo está mais rápido.
Essa é a agilidade do mundo atual, a “proximidade” possibilitada pela internet.
Objetos e conhecimentos, antes distantes, agora estão ao alcance de poucos
cliques. Essa transformação impacta diretamente o jornalismo em todas as
suas fases, desde a pré-produção das pautas até sua execução e forma de
distribuição da notícia. A internet trouxe inovação, mas também trouxe crise
para a antiga forma de fazer jornalismo, principalmente ao modelo de negócio
que sustentava o jornalismo tradicional. São transformações inevitáveis de um
processo ainda em desenvolvimento. Estamos no meio do caminho e não
sabemos para onde a estrada está nos levando. Ou, melhor, estamos em uma
grande encruzilhada e há vários caminhos pela frente. Alguns desses
caminhos levam a lugar nenhum. Outros levam talvez a um mesmo lugar,
quem sabe a um porto seguro, mas há trilhas mais compridas e acidentadas
que outras. Nessa trilha, a internet deve ser uma aliada.
Nesta aula veremos os seguintes temas.
1. O início jornalismo na internet.
2. Surgimento do jornalismo online.
3. Mudanças nas redações.
4. Gerações do jornalismo online.
5. Contexto atual: tendências.

TEMA 1 – O INÍCIO DO JORNALISMO NA INTERNET

Uma névoa de ansiedade preenchia a apertada sala do Departamento


de Ciências da Universidade da Califórnia. Dois computadores da altura de
um homem alto estão conectados entre si a 643 quilômetros de distância um

2
do outro. Cientistas apreensivos testam um experimento: enviar uma
mensagem entre os dois computadores. Com um telefone na mão, um
programador avisa o outro que acabara de mandar a primeira mensagem. Ele
estava tentando enviar a letra “L”. Do outro lado da linha, na outra cidade, um
segundo programador confirmava o recebimento da “mensagem”. Então, o
primeiro programador anunciava o envio da segunda, a letra “O”, e recebia a
confirmação de que havia chegado. Na terceira tentativa, uma falha. A
mensagem não chegou.
Aos olhos de hoje, parece uma experiência pouco promissora entre
dois computadores. Não parecia ter muito futuro. Mas eram 22h30 do dia 29
de outubro de 1969 e, naquele instante, naquela sala apertada, que tentava
comunicação com o Stanford Research Institute, nascia, ainda com o nome
de Arpanet (a rede da Advanced Research Projects Agency – Arpa), uma das
mais incríveis experiências de comunicação da humanidade que, duas
décadas mais tarde, seria conhecida como a World Wide Web (www), ou,
simplesmente, internet.

1.1 O surgimento dos portais de internet

Na década de 1990 começaram a surgir, nos Estados Unidos, portais


como o Yahoo, com serviços de busca e de produção de conteúdo. Eles
reuniam serviços e, para preencher a sua página inicial e “prender” o
internauta, passaram a dar resumos de notícias. Fizeram acordos de
cooperação com agências noticiosas e isso chamou a atenção dos
tradicionais veículos de comunicação. Nessa época, esses veículos ofereciam
suas notícias aos internautas por meio de assinaturas que permitiam ao
assinante “descarregar” algumas notícias em seu computador pessoal. Um
serviço incrivelmente rápido para aquela época, que demorava só algumas
dezenas de minutos para o download.
Ao final da década, as empresas de comunicação já haviam aderido
aos portais ou criado os seus próprios sites.

3
Saiba mais

Você pode estar se perguntando qual a diferença entre portal e site.


Basicamente, portal reúne vários veículos de comunicação, cada um com seu
próprio site. Assim, podemos dizer que o UOL, por exemplo, é um portal. A
Folha de S. Paulo tem um site, que está hospedado dentro do UOL, junto com
muitos outros. O globo.com é um portal que tem dentro dele os sites do G1,
do jornal O Globo e de dezenas de outros sites. No Brasil, os grandes jornais,
como o Jornal do Brasil (o pioneiro), Folha de S. Paulo, Estadão e O Globo,
aderiram à internet a partir de 1995.

Logo que entraram na internet, muitos jornais mantinham na rede


apenas uma página estática. Ou seja, eram sites que apenas reproduziam o
conteúdo de suas páginas impressas, como se fosse uma fotografia. O
internauta poderia clicar sobre ela para ler o conteúdo. Depois, os jornais
passaram a enviar aos assinantes sinopses de suas principais reportagens
das edições impressas.
Qual foi então a grande mudança introduzida pela internet inicialmente?
Esta questão está respondida no livro de Mariana Conde, “Temas em
jornalismo digital: histórico e perspectivas”. É preciso observar dois aspectos:
um tecnológico e um social. No primeiro caso, uma grande mudança foi a
introdução do hipertexto:

O conceito de hipertexto está basicamente relacionado às variadas


possibilidades de leitura a partir da exploração do uso da
hipertextualidade e da narrativa multissequencial do conteúdo
jornalístico, a qual permite ao leitor experimentar uma leitura
‘construída’ segundo as próprias escolhas (Landow, 1995, citado
por Conde, 2018, p. 25)

Ou seja, foi o estabelecimento da não-linearidade no consumo da


informação e na possibilidade de personalizar este consumo. O outro aspecto
relevante tem a ver com processos e comportamentos que redefiniram a
lógica dos emissores de poucos para muitos, para muitos para muitos.
Assim, a disseminação de informação em massa deixou de ser uma atividade
exclusiva de jornalistas e expôs os profissionais a um ambiente de grande
concorrência, é verdade, mas também de muito acesso à informação,
modificando também os processos de produção.

4
TEMA 2 – SURGIMENTO DO JORNALISMO ON-LINE

Há alguns termos que procuram definir o jornalismo na internet. Não


há, entre os autores e estudiosos, um consenso sobre o significado de cada
um. Assim, você pode encontrar termos como webjornalismo, ciberjornalismo,
jornalismo on-line (ou on-line) e jornalismo digital sendo tratados como
sinônimos (há ainda outros menos usados, como jornalismo multimídia e
jornalismo convergente).
Quando falarmos em webjornalismo ou em jornalismo digital,
estamos tratando de todas as formas de jornalismo que usam o
computador e a internet em uma das etapas do processo de produção,
circulação e consumo. No entanto, vamos deixar a expressão jornalismo on-
line exclusiva para o jornalismo imediato transmitido pela internet, sendo ou
não multimídia, cuja principal característica é a instantaneidade, a
velocidade da informação. Portanto, uma reportagem especial, que demore
dias para ser concluída, e traga fotos, infográficos interativos e vídeos, faz
parte do jornalismo digital, mas não será jornalismo on-line. Este será
caracterizado com as coberturas ao vivo, as notas publicadas imediatamente,
seja do acidente de trânsito, seja de uma votação no Congresso, ou as últimas
informações sobre uma tragédia de grande proporção.
As primeiras adesões de veículos de comunicação à internet foram da
mídia impressa, ou seja, basicamente texto e imagens estáticas. A razão é
simples, pois primeiramente só a escrita era aceita sobre a tela do
computador. Depois, vieram o som e a imagem em movimento em uma
qualidade e velocidade aceitáveis. Em consequência disso, rádio e televisão
aderiram posteriormente à rede mundial de computadores, quando os
avanços tecnológicos permitiram explorar melhor suas possibilidades
multimídia.
2.1 Tradicional versus novo

Os jornais impressos foram ao mesmo tempo pioneiros e “inimigos” da


nova mídia, aquela que poderia e viria a conter (ou convergir) todas as outras.
Era preciso estar na internet como meio de divulgação, de publicidade, de
ocupar espaços e de expor a marca. Mas a estrutura dos jornais, seus
processos industriais e hábitos arraigados a um modelo consagrado faziam
com que a tradição olhasse com desconfiança para a novidade.
5
A internet trouxe aos jornalistas a possibilidade de espalhar a notícia de
forma rápida e fazê-la chegar a qualquer um que tivesse um computador e
uma conexão. Mas, no início, não era tão veloz quanto hoje. O repórter não
escrevia uma notícia ou mandava uma foto feita pelo smartphone direto da rua
pela simples razão de que naquela época não havia ainda o smartphone. O
iPhone só surgiu em 2007. Antes disso, os jornalistas tinham de recorrer a um
telefone celular simples, que não transmitia dados, só chamadas, ou a um
orelhão, e passar as informações para alguém, na redação do jornal, que iria
redigir o texto da reportagem e depois publicá-la. Se houvesse uma foto, só
iria ser acrescentada à matéria depois que o fotógrafo voltasse à redação e
“descarregasse” as fotos da câmera para o sistema, deixando-as à disposição
do editor da internet.
Ainda assim, muitos jornais preferiam “guardar” as notícias para só
liberarem para a internet depois que já tivessem sido publicadas no jornal
impresso. Ou seja, mesmo que uma notícia já tivesse sido dada pelo rádio ou
pela televisão, a página no jornal impresso na internet só daria a mesma
notícia no dia seguinte, pela madrugada ou pela manhã.
Essa desconfiança persistiu por alguns anos, mesmo após o
smartphone ser adotado pelas redações como instrumento de trabalho. Muitos
veículos de comunicação separavam completamente as redações do veículo
tradicional (impressos, principalmente) das redações da internet. Eram duas
equipes, a do jornal impresso bem maior, fazendo os mesmos trabalhos e
competindo entre si. Sim, era uma competição. Uma redação escondia da
outra suas informações e seus furos de reportagem.
Em meio a essa precariedade, desconfiança e aversão tecnológica,
surgia o jornalismo on-line. A concorrência pela agilidade e rapidez em dar
a informação em primeiro lugar fez com que as redações se abrissem à nova
forma do fazer jornalístico. A lógica era clara: se o internauta não encontrasse
o que procurava em um site, ele iria para outro, que estivesse dando a notícia.
Assim, tornou-se indispensável o investimento em tecnologia para suprir as
deficiências das velhas redações. Elas precisariam estar conectadas à
internet, ter sistemas de publicações ágeis e fáceis de usar, e ter profissionais
treinados e adeptos das ferramentas próprias da internet. Repórteres
passavam a sair com laptops e smartphones e poderiam tanto passar

6
informações para a redação quanto eles mesmos publicarem as notícias de
onde estivessem.

TEMA 3 – MUDANÇAS NAS REDAÇÕES

O jornalismo nas mídias tradicionais, como jornal, revista, rádio e


televisão, sempre teve sua produção voltada para os “fechamentos” de
edições.

Saiba mais

Fechamento, quando a produção de material está completa (pauta,


apuração, redação ou gravação de áudio e vídeo), e os editores deixam tudo
pronto e acabado para ser publicado ou ir ao ar, dependendo do meio. O jornal
trabalhava o dia inteiro com vistas ao fechamento, à noite, da edição que iria
ser publicada no dia seguinte. A revista poderia ter um fechamento semanal,
ou quinzenal, ou mensal. Na televisão, as equipes de jornalistas produziam e
“fechavam” seus programas jornalísticos televisivos que iam ao ar em
diferentes horários – o mesmo acontecia nas rádios.
A chegada do jornalismo on-line quebrou esse paradigma porque nele
não há um “fechamento” em horário determinado, ou talvez seja melhor dizer
que o on-line está em constante processo de “fechamento”. Isso implica
mudanças de atitudes e processos.
Os empresários resistiam às mudanças porque o jornalismo tradicional
era responsável pela quase totalidade do faturamento da empresa com
anúncios e assinantes, enquanto o jornalismo digital mal se pagava, ou dava
prejuízo. Mas havia uma mudança em curso e os números não negavam.
Enquanto as tiragens dos jornais impressos vinham em queda contínua,
os acessos aos sites noticiosos cresciam muito. Um jornal já era mais lido
na internet do que em sua versão impressa.

3.1 Crise nas redações

Estava estabelecida a crise da mídia tradicional. A equação não


fechava. Enquanto os números de assinantes e de anunciantes diminuíam, o
faturamento perdido não era nem de perto recuperado pelo aumento das
receitas com o jornalismo digital. Se o modelo econômico baseado

7
principalmente em publicidade ruía, era preciso encontrar outro. Depois de
várias tentativas, a alternativa que mais se popularizou entre as empresas
jornalísticas – mesmo sem ser uma solução definitiva – foi a de “paywall”, ou
seja, fechamento de conteúdo e acesso apenas a pagantes. O paywall não
era inexpugnável. Era um muro poroso, com furos, o internauta tinha direito a
acessar certo número de matérias antes que ele fosse completamente
fechado. Ainda assim, havia algumas ações que permitiam “atravessar” o
muro para acessar o conteúdo do outro lado, como, por exemplo, a mudança
de navegador, a limpeza de “cache” ou a troca de “IP” do computador. As
próprias empresas não se importaram muito com esses subterfúgios porque
para elas também interessa mostrar que seus sites ou portais continuam
sendo muito acessados. O número de visitantes únicos é um dos critérios para
se receber mais publicidade.
Como as empresas passaram a cobrar pelo acesso, necessariamente
deveriam fornecer um conteúdo que atraísse o leitor a ponto de ele querer
pagar uma assinatura. Não era mais possível apenas reproduzir o que era
feito nos jornais impressos. As redações tiveram de se adaptar e satisfazer às
exigências de um público sedento por informações rápidas, diversificadas,
divertidas, com análises e opinião. O jornalismo on-line demandava
informações o dia todo. As redações não podiam mais funcionar com vistas a
um “fechamento” no final do dia. Agora o “fechamento” era contínuo.
Repórteres e editores teriam que estar nas redações desde cedo. As reuniões
de definição e planejamento de pautas e de prioridades teriam que ser feitas
também desde o início do dia.
Junto com essas mudanças, o material a ser oferecido também deveria
ser repensado. Não bastava somente um texto de resumo de uma notícia.
Seria preciso um texto com hiperlinks, com boas imagens, com
contextualização satisfatória, se possível também com interatividade,
com vídeo. E tudo isso com uma boa distribuição. A responsabilidade do
jornalista não termina mais com a publicação do material no site. É preciso
usar as mídias sociais disponíveis para conversar com o público, para avisá-
lo das principais reportagens. É preciso estar onde o grande público está.

8
TEMA 4 – GERAÇÕES DO JORNALISMO ON-LINE

Até aqui falamos das primeiras gerações da internet e sua relação com
o jornalismo. Suzana Barbosa (2007, p. 1) identifica o jornalismo digital a partir
de 3 gerações, inicialmente.

A primeira geração é a fase da transposição ou reprodução e, a


segunda, é denominada como metáfora, quando os sites começam
a empregar alguns recursos de interatividade, o hipertexto, entre
outros. A autora classifica a terceira geração como webjornalismo.
Porém, aqui, optou-se pela terminologia jornalismo digital de
terceira geração, pois, consideramos mais abrangente, englobando
os produtos jornalísticos na web, bem como os recursos e
tecnologias disponíveis para a disseminação dos conteúdos para
dispositivos móveis, como celulares, iPods, MP3, smarthphones,
entre outros.

No momento, vivenciamos a quarta geração em muitos aspectos e


também já podemos identificar exemplos de quinta geração do jornalismo na
web. A quarta geração, segundo Conde (2018, p. 89), inclui a convergência
em diferentes âmbitos.

O uso efeito das bases de dados possibilitou a incorporação de


novos recursos e linguagens de programação a fim de se criarem
produtos mais dinâmicos e mais bem elaborados. Nessa geração,
encontram-se os sites dinâmicos, em que as bases de dados
substituíram o hipertexto na estruturação e no acréscimo de
informações, embora este permaneça como balizador da interface
de acesso de forma dinâmica e em resposta aos comandos dos
usuários.

A quarta geração é marcada, portanto, pelo suo da base de dados para


integração das rotinas produtivas do jornalismo. É possível produzir e publicar
de qualquer lugar. Além disso, a produção jornalística passa a considerar, em
boa parte, os conteúdos disponíveis em diferentes bases de dados para
produção de notícias e reportagens. A ponto de se desenvolver o que vem
sendo chamado de Jornalismo de Dados, que nada mais é do que a produção
a partir do levantamento em bases de dados disponíveis no ambiente digital.
Já a quinta geração é marcada pelo uso dos dispositivos móveis. Além
da acessibilidade, instanteneidade hipertextualidade, multimidialidade e
interatividade, agora também deve se considerar a globalidade. Ou seja, uma
produção plural cuja receita e inovação vem de lugares diferentes. Na quinta
geração verifica-se os produtos autóctones, criados para mobiles. É o caso da
tactibilidade, em que o toque faz parte dos processos.

9
Também o aprofundamento do uso das redes sociais faz parte do
jornalismo de quinta geração. Esta relação se dá de forma convergente em
diferentes canais, possibilitando o acesso por diferentes plataformas, bem
como o desenvolvimento de produtos específicos para cada suporte.

TEMA 5 – CONTEXTO ATUAL: TENDÊNCIAS

O jornalismo vive uma série de mudanças constantes decorrentes das


transformações que vem ocorrendo na sociedade e cujos usos das tecnologias
também tem redefinido a maneira de produzir e consumir notícias. O uso de
smartphones já é uma realidade para o jornalismo. Os aparelhos, munidos de
diferentes aplicativos, permitem a produção de imagens, gravação e edição de
áudio e vídeo, redação, publicação, gestão de perfis em redes sociais, entre
outros aspectos que facilitam em muito o processo de produção jornalístico. Os
acessos aos sites jornalísticos também já são muito mais frequentes em
dispositivos móveis do que em computadores.
Os sites, aliás, já não são tão centrais nos processos de consumo. Hoje é
muito mais comum o consumo de notícias via redes sociais como Facebook,
Twitter ou mesmo o Whatsapp, do que no acesso direto a um portal de notícias.
Também os aplicativos se tornaram muito usuais. É comum encontrar em
celulares aplicativos de notícias que agregam conteúdos de diferentes sites ou
mesmo o aplicativo de um jornal.
Alguns chamam este processo de appificação, no qual todo o acesso e
interação se dá por meio de aplicativos.
Podemos considerar também como tendência, as produções que passam
a aprofundar ainda mais a relação com o público em todas as etapas. Ou seja,
não é apenas no consumo onde o público pode participar do jornalismo, mas
também das etapas iniciais de seleção e assuntos. Muitos jornais, inclusive,
consideram os temas a serem apurados a partir das buscas que o público faz
em redes sociais ou buscadores. Muitas produções, chamadas de “caça-
cliques”, baseiam-se exatamente na capacidade de visualizações ou cliques que
um determinado post pode alcançar. Assim, as produções baseiam-se,
sobretudo, no interesse do público sobre determinados assuntos.
Da mesma maneira, as produções não se encerram na sua publicação,
mas as interações que se sucedem tornam o conteúdo atualizado e capaz de
voltar a ganhar atenção mesmo depois de tempos de sua publicação, como no
10
caso de notícias relacionadas que tratam de assuntos já publicados
anteriormente.
O ambiente fluído da internet também possibilitou o surgimento de várias
iniciativas jornalísticas ou parajornalísticas. Estas iniciativas emergem,
eventualmente, como casos de sucesso em termos de visualização ou mesmo
pela qualidade das produções. Muitas destes casos bem-sucedidos passam
também a influenciar o próprio jornalismo que incorpora práticas para se
aproximar de tendências de consumo. É o que se observa no caso de
apresentadores de telejornais que se tornaram mais informais, a exemplo do que
ocorre em blogs ou canais do Youtube.
Por fim, o jornalismo também tem sido desafiado a lidar com a informação
em um ambiente marcado por desinformação. Esta missão tem se apresentado
como uma importante possibilidade de garantia de credibilidade para os jornais
em tempos nos quais o conhecimento se tornou questionável. A própria imprensa
como instituição tem sido alvo de muitas situações adversas e ataques por
diferentes grupos.

Saiba mais

Leitura obrigatória: o capítulo 8 do livro “Temas em jornalismo digital:


histórico e perspectivas”, de Mariana Conde, a autora elenca uma série de
novidades que podem ser encaradas como tendência para o jornalismo. Confira
o capítulo Tendências no jornalismo digital deste livro.

TROCANDO IDEIAS

Com base no que foi aprendido na aula, troque ideias com os colegas
e responda como surgiu e quais são para você as principais características do
jornalismo digital. Também aponte quais são as diferenças entre jornalismo
digital, webjornalismo e jornalismo on-line.
Deixamos para reflexão o link de um vídeo de uma palestra do jornalista
Ramón Salaverría, professor doutor pela Universidade de Navarra, de 2013.
A palestra foi dada na Colômbia, sob o título de “As chaves digitais para um
novo jornalismo”. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=tC9nuP012EQ>. Acesso em: 6 jan. 2022.

11
NA PRÁTICA

Agora que vimos uma introdução histórica e uma contextualização do


surgimento do jornalismo digital, gostaria que vocês pesquisassem mais sobre
os novos meios que surgem com a união entre a internet e o jornalismo. Para
isso, passo aqui alguns links para espaços que já fazem esse tipo de
discussão. Alguns estão em língua estrangeira, mas essa é outra
característica da integração mundial proporcionada pela internet, em que não
há fronteiras e é preciso conhecer outras línguas para melhor se integrar.
Vamos então a alguns links úteis para a pesquisa de vocês. Não
se limitem a eles, procurem mais e coloquem tudo na rede:
Observatório Nuevos Medios (Espanha). No YouTube – discute as
características dos novos meios usando pequenas entrevistas com
especialistas e jornalistas. Disponível em:
<https://www.youtube.com/channel/UCqm6hUgt1Wf3m-UXWU--mcg>.
Acesso em: 6 jan. 2022.
Vídeo do Seminário Transformação Digital na Imprensa (em espanhol).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RlBfYxaCXqA>. Acesso
em: 6 jan. 2022.

FINALIZANDO

Nesta aula, vimos um pouco sobre o surgimento da internet e como ela


impactou o jornalismo, que estava acomodado em um tradicional modelo de
negócios e em processos que visavam “fechamentos” editoriais para o jornal
impresso e para os jornais em rádio e televisão. A internet acostumou os
internautas a não esperar mais até que as notícias cheguem à sua casa por
meio dos jornais impressos, pelo rádio ou pela televisão. O internauta pode ir
atrás do que lhe interessa na hora que quiser ou puder. Assim, o jornalismo
digital tornou-se jornalismo on-line, buscando e ofertando notícias a todos os
momentos do dia. Essa nova característica mudou a organização das
redações, antes dedicadas aos modelos tradicionais. O lema “digital first”, do
The New York Times, passa a ser adotado pelos jornais de todo o mundo, que
já sofriam a crise de queda de arrecadação com a publicidade e queda no
número de assinantes. As televisões sofrem com a fuga de telespectadores
para as novas mídias que permitem downloads ou apreciação em streaming

12
de conteúdos que as pessoas podem acessar na hora que quiserem. Com as
mudanças, os veículos de comunicação passam a se repensar para se
adaptar aos novos tempos. No entanto, ainda não há um caminho construído
que leve para fora da crise de uma forma segura e com a certeza de sucesso.
Os veículos perseguem alternativas e as mudanças e inovações são
constantes e algumas vezes efêmeras.

13
REFERÊNCIAS

BARBOSA, Suzana. Jornalismo digital de terceira geração. Covilhã:


Labcom, 2007.
CONDE, Mariana. Temas em jornalismo digital: histórico e perspectivas.
Curitiba: Intersaberes, 2018.

14

Você também pode gostar