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A NATUREZA DA LUZ

TEORIA DE NEWTON – Sabe-se que o conhecimento da propagação retilínea da luz e os


rudimentos sobre a reflexão e refração datam da mais remota antiguidade. Somente apenas no
século XVII surgiram as primeiras hipóteses, de caráter científico, sobre a natureza da luz. É
difícil destacar qual o estudioso daquela época que formulou a primeira teoria. As primeiras
concepções sobre a natureza da luz encontram-se nos trabalhos de Kepler, Galileu, Snell,
Descartes, Grimaldi, Roemer, Hooke, entre outros.
Admite-se entretanto, que a primeira hipótese científica sobre a natureza da luz, foi formulada
por Newton, ao explicar a reflexão e refração da luz em seu livro ÓPTICA, publicado em 1704.
Segundo Newton, sua teoria conhecida como corpuscular, admitia que a luz seria devido a um
jato de pequenos corpúsculos que caminham no espaço em todas as direções. Estes
corpúsculos se propagam com grande velocidade, sendo possível atravessar os meios
transparentes e atingir a retina do olho originando a sensação luminosa. Cada cor de luz seria
devida a um determinado tipo de corpúsculo. A teoria corpúscular de Newton explicava
convenientemente os fenômenos da reflexão e refração. Foi entretanto a conclusão sobre a
velocidade da luz em dois meios diferentes que provocou o abandono dessa teoria.

A título de curiosidade vejamos como Newton explicava o fenômeno da refração.


Considere um raio de luz indo de um meio M1 ( ar por exemplo) para outro M2 ( água por
exemplo). Sabemos que nesse fenômeno, o raio refratado forma com a normal um ângulo
menor que o incidente. Pela teoria corpuscular de Newton isso é explicado admitindo que o

meio M2 acelera os corpúsculos luminosos, de modo que sua velocidade inicial v1 soma-se
   
uma velocidade v tal que : v  v1  v 2 .
Sendo assim, no triângulo hachurado, temos:

M1

M2

Logo n2 > n1, conseqüentemente v2 > v1 que é uma contradição do que se observa
experimentalmente (n2 > n1 => v2 < v1).

TEORIA ONDULATÓRIA – Em 1860 Huyghens ao publicar o seu “Tratado da Luz”, expôs a


teoria ondulatória segundo a qual a luz seria resultado de um movimento ondulatório que se
propaga no espaço por meio de ondas semelhantes às sonoras. Para explicar a propagação da
luz no vácuo, fato que não ocorre com o som, Huyghens admitiu a existência de um meio
elástico que penetra em todos os corpos transparentes e enche o espaço cósmico e através do
qual a luz vinda dos astros atinge a Terra. Esse meio foi chamado de “ÉTER”. Huyghens
admitia que a luz era uma onda longitudinal, assim como o som. Esse fato não explica a
polarização da luz. FRESNEL, adepto da teoria ondulatória, admitiu que as ondas luminosas
seriam transversais, colocando assim o fim desse problema. A teoria ondulatória somente foi
totalmente aceita quando FOUCAULT, em meados do século passado, conseguiu medir a
velocidade da luz na água e no vidro, verificando assim que a velocidade da luz nesses meios
é menor que no ar. Fato esse previsto pela teoria ondulatória uma vez que os índices de
refração nesses meios são maiores que o do ar.

COMPRIMENTO DE ONDA E FREQÜÊNCIA DA LUZ – Admitida a teoria ondulatória para a


natureza da luz, devemos considerar que a freqüência da luz independe do meio no qual ela se
propaga e é a característica de sua cor (v = .f). A freqüência cresce da luz vermelha (f =
400.1012 Hz,  = 0,75 m) para a violeta (f = 750.1012 Hz,  = 0,4 m) na seqüência vermelha,
alaranjada, amarela, verde, azul, anil e violeta.
Uma luz resultante de vibrações de uma só freqüência é dita monocromática, isto é luz de uma
só cor e policromática quando composta se ondas de várias freqüências (várias cores).

NOÇÕES SOBRE A TEORIA ELETROMAGNÉTICA DA LUZ - Por volta de 1870 John Clerk
Maxwell, formulou uma teoria, puramente matemática, sobre a natureza da luz. Por essa teoria
toda vez que uma carga elétrica que se encontra no espaço, sofre variação em sua velocidade,
ela cria dois campos, um elétrico e outro magnético, que se propagam no espaço. Durante a
propagação, ao longo de uma reta, os módulos dos vetores E (campo elétrico) e H (campo
magnético) variam de acordo com as funções: E = Eo.cos t e H = Ho.cos t. Os sentidos
desses campos também variam e suas direções são perpendiculares entre si. Ao conjunto
desses dois campos, que se propagam no espaço, dá-se o nome de ONDA
ELETROMAGNÉTICA. Em 1888, Hertz conseguiu produzir pertubações eletromagnéticas que
provocavam ondas de várias freqüências e que apresentavam todas as propriedades da luz
salvo a de impressionar a retina. A descoberta das ondas hertzianas constituiu a confirmação
da teoria eletromagnética da luz de Maxwell e se extendeu para as diferentes modalidades de
energia radiante, que se propagam com a mesma velocidade (3.108 m/s) e se diferem pela
freqüência e comprimento de onda.

Radiação Comprimento de
onda
Ondas hertzianas 30 km a 200 m
infravermelha 400 m a 0,8 m
Luminosa 0,75 m a 0,4 m
Ultravioleta 0,4 m a 0,012 m
Raios X 10 m a 0,005 m

TEORIA DOS QUANTA. FOTON - A teoria eletromagnética sobre a teoria da luz explica
perfeitamente os fenômenos da reflexão, refração, interferência, difração e polarização.
Entretanto no final do século 19, foram observados fenômenos de difícil explicação pela teoria
eletromagnética. Assim em 1900, MAX PLANCK, para justificar a distribuição de energia entre
as diversas radiações no espectro da luz, formulou a suposição pela qual a fonte de luz não
pode emitir energia de forma contínua mas sim por saltos, isto é, por quantidades discretas,
múltiplas inteiras de uma quantidade elementar ou QUANTUM (plural QUANTA). Pouco depois
(1904) ALBERT EINSTEIN, para explicar a emissão de elétrons pela matéria (efeito foto-
elétrico) extendeu a hipótese de Planck à propagação de qualquer radiação (onda
eletromagnética). Segundo a teoria dos quanta, toda a radiação é emitida, propagada e
absorvida por unidades discretas (pacotes) denominada de FOTONS. A quantidade de energia
W associada ao fóton é proporcional à freqüência f da radiação e dada por W = h.f, onde h é
uma constante de proporcionalidade chamada de “constante de Planck” e de valor h = 6,55.10-
27
erg.s.
Assim a energia associada ao quantum da luz vermelha é W = 6,55.10-27 . 4.1014 = 2,62.10-12
erg = 2,62.10-19 J.
Esta quantidade de energia é muito pequena, por exemplo, para elevar a temperatura de 1 g
de água de 1 oC é necessário fornecer 1 cal = 4,19 J ou 16.1018 quanta de luz vermelha.

CONCLUSÃO – Atualmente na Física, em face de experiências contraditórias, aceita-se o fato


da luz apresentar uma natureza dupla: os fenômenos de propagação da luz são explicados de
melhor forma pela teoria ondulatória e a interação da luz com a matéria nos processos de
emissão e absorção é um fenômeno corpuscular.
POLARIZAÇÃ0 DAS ONDAS LUMINOSAS
Um feixe de luz é constituído por um grande número de ondas que são emitidas pelos átomos
ou moléculas da fonte luminosa. Cada átomo emite uma onda, com uma orientação própria do
campo elétrico E, correspondendo à direção da vibração atômica. A direção de polarização da
onda eletromagnética é definida como a direção em que E está vibrando. Como todas as
direções de vibração são possíveis, a onda eletromagnética resultante é uma superposição das
ondas produzidas pelas fontes atômicas individuais. O resultado é uma onda de luz NÃO
POLARIZADA (fig.1b). Nesta figura, a direção de propagação é perpendicular ao plano da
folha. A onda luminosa esta POLARIZADA quando o vetor E vibra numa mesma direção em
todos os instantes (fig. 1c).

Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3

Fig. 1 – Diagrama de uma onda eletromagnética que se propaga na direção do eixo x. O vetor
campo elétrico E vibra no plano xy e o vetor campo magnético B vibra no plano xz.

Fig. 2 – Feixe de luz não polarizada na direção de propagação perpendicular ao plano da folha.
O vetor campo elétrico pode vibrar com igual probabilidade em qualquer direção.

Fig. 3 – Feixe de luz polarizada, com o vetor campo elétrico vibrando na direção vertical.

 POLARIZAÇÃO POR ABSORÇÃO SELETIVA : A maneira mais comum para se ter luz
polarizada é o do uso de material que transmite ondas cujos vetores E vibram num
plano paralelo a uma certa direção e absorve as ondas cujos vetores campo elétrico
vibram nas outras direções. Qualquer substância que apresenta esta propriedade é
chamada de dicróica. Por volta de 1940 descobriu-se um material que denominou-se
polaróide, que polariza a luz mediante a absorção seletiva por moléculas orientadas.
Uma das maneiras de se fabricar esse material é por folhas delgadas de compostos
orgânicos de cadeia longa, álcool polivinílico por exemplo. Durante o processo de
fabricação essas folhas são esticadas de modo que as moléculas de cadeia longa se
alinham.

 POLARIZAÇÃO POR REFLEXÃO : Quando um feixe de luz não polarizada reflete em


uma superfície, a luz refletida pode estar completamente polarizada, parcialmente
polarizada ou não polarizada. Se o ângulo de incidência for 0o (incidência rasante) ou
90o (incidência perpendicular), o feixe refletido é não polarizado. Par ângulos de
incidência entre 0o e 90o parte do feixe de luz refletida é polarizada. Observa-se que,
quando o ângulo entre o raio refletido e o refratado for 90o o feixe refletido está
completamente polarizado. O ângulo de incidência em que isso ocorre é denominado
ângulo de polarização ou ângulo de Brewster. Observe que, quando a luz vai do
meio A para o B, temos :
A polarização por reflexão é um fenômeno comum. A luz solar refletida pela água , ou pelo
vidro é parcialmente polarizada. Quando a superfície refletora for horizontal, o vetor campo
elétrico da luz refletida terá uma componente horizontal forte. As lentes para sol são feitas de
material polarizador (polarização por absorção seletiva) com objetivo de reduzir a luminosidade
da luz refletida. Nessas lentes, os eixos estão orientados verticalmente, de modo a absorver a
forte componente horizontal da luz refletida.

Exercício: Determine o ângulo de polarização (ângulo de Brewster) quando a luz vai do ar (n=1)
para : a) a água n = 4/3 ; b) o vidro n = 1,52).

a) b)
INTRODUÇÃO ÀS FIBRAS ÓPTICAS
As fibras ópticas são fabricadas em vidro (sílica) ou em plástico. As fabricadas em fibras de
vidro possuem menor atenuação (perda de energia) e são, portanto, usadas para transmissão
em longas distâncias. As fibras plásticas, por outro lado, são mais baratas e usadas em
aplicações locais. A estrutura de uma fibra óptica típica é ilustrada na figura 1, e consiste
basicamente de três cilindros concêntricos. O cilindro de raio menor é chamado de núcleo e
por ele luz se propaga. O cilindro de raio intermediário é chamado de casca. O núcleo tem um
índice de refração n1 e a casca tem um índice de refração n2 com n1 > n2 para que ocorra
reflexão total no núcleo. O cilindro mais externo da figura 1 é apenas uma proteção (em geral
plástica), que não tem interação com a luz.

Figura 1 – Estrutura de uma fibra óptica

A característica fundamental da fibra óptica é o fato de que a luz se propaga pelo núcleo de
uma extremidade a outra, mesmo que a fibra não esteja em linha reta. Lembre-se que sem a
fibra, a luz se propagaria sempre em movimento retilíneo, sem fazer curva. Sendo assim, a
fibra guia a luz da mesma forma que um fio de metal guia o movimento dos elétrons.
Como já dito, o mecanismo que faz com que a fibra conduza a luz é a reflexão interna total. A
figura 2 mostra a propagação de dois raios de luz em uma fibra óptica; cada raio faz um ângulo
θ1 diferente com a reta normal a interface entre núcleo e casca. Na figura 2a, este ângulo é
menor do que o ângulo crítico (θc=L) e, portanto, o raio não é totalmente refletido (parte do raio
é refratado para a casca). Isto significa que há uma perda a cada reflexão e que após algumas
reflexões, a luz propagada pela casca é completamente perdida. Na figura 2b θ1>θc(L), de
forma que ocorre reflexão interna total e a luz não se perde para a casca. Desta forma é
possível à luz se propagar por longa distância.

A cada reflexão, parte da


energia luminosa é perdida

A energia luminosa não é


perdida quando ocorre reflexão
total

Figura 2 – Raio de luz se propagando por uma fibra com ângulo θ1 inferior (a) e superior (b) ao
ângulo crítico para reflexão interna total na interface núcleo-casca.
Devemos considerar que, independente da reflexão total no núcleo, o material que compõe a
fibra, atenua a luz ao se propagar por ele, por meio da absorção e do espalhamento. Assim, a
potência de luz que chega à saída da fibra é sempre menor do que a que inserimos na entrada.
Em uma fibra de vidro feita para transmissões de longa distância, esta atenuação é
extremamente pequena, reduzindo a potência da luz em ~4,5% a cada quilômetro propagado.
Sendo assim a potência da luz cai pela metade devido à atenuação após _______ quilômetros.
Fibras ópticas de vidro, portanto, conseguem cobrir distâncias de ~50km sem necessidade de
re-amplificação do sinal óptico. A figura 3 ilustra como uma fibra é capaz de levar dados de um
lado ao outro. Em geral codificamos os dados a serem transmitidos em bits (‘0s’ e ‘1s’) de
informação (código binário ou digital). Estes dados são enviados, sob a forma de um sinal
elétrico a uma fonte de pulsos de luz (em geral um laser). Esta fonte irá gerar um pulso para
cada bit ‘1’ e deixara um espaço sem pulso para cada bit ‘0’. Estes pulsos de luz são então
propagados pela fibra óptica e detectados ao final em um receptor. O receptor transforma os
pulsos novamente em um sinal elétrico que pode ser identificado como os dados transmitidos.

Figura 3  Um sistema de transmissão de dados em fibras ópticas.

Observe que a luz pode se propagar por uma fibra através de mais de um raio. A figura 4
mostra dois raios se propagando por uma fibra; o ângulo θ1 para ambos os raios é maior do
que o ângulo crítico, e portando a perda é pequena. Dizemos que cada raio é um modo que a
luz tem de se propagar. Quando o transmissor emite pulsos de luz, estes pulsos se propagam
por mais de um destes modos. Na figura 4, podemos ver que o caminho percorrido por cada
raio é diferente: o raio 1 percorre um caminho menor. Desta forma, o raio 1 chegará antes ao
fim da fibra e será detectado primeiro. Se a fibra é longa o suficiente, o atraso que um bit se
propagando pelo raio 2 sofre pode ser tal que este chegue ao receptor junto com o próximo bit
do conjunto de dados transmitidos. Isto gera erros na recepção dos dados. Por este motivo,
para transmissão em longas distâncias, usam-se fibras nas quais apenas um modo pode ser
propagado (todos os outros modos possuem θ1>θc).
Fibras deste tipo são chamadas de mono-modo (enquanto que fibras que propagam vários
modos são chamadas de multi-modo). Para que uma fibra seja mono-modo é preciso que se
fabrique um núcleo com dimensões bem pequenas, e que a diferença entre os índices de
refração do núcleo e da casca seja pequena (mas sempre com n1>n2). Em fibras mono-modo
padrão para telecomunicações o diâmetro do núcleo é de 10 μm e a diferença de índice é de
~0,4%. O diâmetro da casca padrão é de 125 μm.

Figura 4  Propagação de dois raios (modos) diferentes em uma fibra óptica.


Exemplo: Considere a figura abaixo mostrando um raio entrando em uma fibra óptica por uma
de suas extremidades e sofrendo reflexão interna total na interface núcleo-casca. Os índices n1
e n2 são 1,450 e 1,444 respectivamente. O meio externo à fibra é o ar, de forma que nar =
1,000. O raio mostrado atinge a interface núcleo-casca com o ângulo crítico.
a) Calcule θ1.
b) Calcule θ0. Este é o ângulo máximo que um raio pode fazer com o eixo da fibra para que
este se propague pelo núcleo desta com baixas perdas.

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