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O presente ensaio tem como objetivo discutir a Divisão do Trabalho nos conceitos de Émile Durkheim,
Karl Marx e Max Weber. Inicia-se com uma breve biografia de cada pensador, as suas contribuições ao
assunto aqui tratado. O ensaio conclui que os três sociólogos colaboraram para os estudos sobre a divisão
do trabalho em que o “tipo ideal” de Weber foi usado por Durkheim e Marx, sem conhecerem e
inadvertidamente, em seus estudos individuais e acentuando que os fenômenos estão envoltos pela
“pluricausalidade” de Weber.
This paper aims to examine the Division of Labor in the concepts of Emile Durkheim, Karl Marx and Max
Weber. It begins with a brief biography of each thinker, their contributions to the subject matter hereof.
The essay concludes that the three sociologists contributed to studies on the division of labor in which the
"ideal type" used by Weber Durkheim and Marx, ignorant and unwittingly, in their individual studies and
stressing that the phenomena surrounded by "multicausality "Weber.
Nato francês, filho de judeus declarou-se agnóstico. Lecionou em Sorbone e também foi
de Letras de Bordeaux entre 1887 e 1902. Considerado um dos pais da Sociologia Moderna
cunhou a afirmação de que “os fatos sociais devem ser tratados como coisas”. Suas
principais obras são: Divisão do Trabalho (1893); Regras do Método Sociológico (1895); O
1
Mestre em Gestão de Negócios pela Universidade Católica de Santos e Doutorando em Ciências Sociais pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. E-mail:
pralves@pucsp.br.
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Leis para cada tipo em então Generalizar para a Sociedade. Ele acreditava que a sociologia
era como uma ciência natural, então, esta sendo um objeto de estudo, pode ser Observada,
Comparada, Registrada, Tipificada, Especificada, chegando a Leis para então Teorizar. Alves
(2010).
objeto, o foco de estudo era a Sociedade, afirmou que a “Divisão do Trabalho não é
econômica e sim moral”, uma vez que une as pessoas, gera o sentimento de solidariedade
agindo como um cimento que une os indivíduos. Para Durkheim (1973) solidariedade é um
Mecânica é a sociedade em todos os seus indivíduos fazem a mesma coisa, é o caso de uma
tribo, de uma horda, também, dito por ele como plasma social. Com a evolução e o aumento
deste tipo de sociedade passa a ser classificada como Orgânica, gerando a Divisão do
Trabalho a qual é menos Técnica e muito mais Moral, desta forma, e seguindo o nosso
densidade da sociedade” – nas sociedades mais simples ocorre pouca ou nenhuma divisão
do trabalho, nas sociedades mais complexas sofisticadas ocorre a Divisão do Trabalho. Nas
como executivos na indústria, outros preparam estes executivos para o trabalho, outros para
Organicista, Durkheim (1973, p. 337), acreditava que o que era válido para os
organismos era também válido para a sociedade. Então numa sociedade rudimentar -
depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais dividido é o trabalho, e, além
Durkheim (1973), em suas afirmações, e isto inclui a Divisão do Trabalho, aplicou a Lei
variam então também varia a Divisão do Trabalho. “A sociedade cresce então a sua relação
Também de origem judaica nasceu no Reino da Prússia e faleceu em Londres. Estudou, por
Perdeu o interesse pelo Direito voltou-se para a Filosofia sendo um seguidor de Georg
interpretar a história, acaba com as frases vazias sobre consciência, a qual é substituída pela
2º. Fato Histórico, ao resolver as suas necessidades básicas ele cria outras necessidades,
criando instrumentos de trabalho e não para de produzir porque não pode parar de
consumir.
4º. Fato Histórico, a natureza se torna historizada por meio do Trabalho e da família.
Dialética: mostra que nada pode ser compreendido isoladamente, você deve olhar o todo,
Histórico: Pela dialética Marx explicou os fatos históricos da sua época ao estudar um
fato histórico, conforme a dialética, buscavam os elementos que não eram coerentes e sim
empírico, a abordagem científica de Marx é sempre do geral para o específico, por exemplo,
ao estudarmos a economia de um país, devemos começar por sua população, classes sociais,
O método de análise utilizado por Marx (1979) considera que o cientista deve desconfiar das
aparências uma vez que elas estão “impregnadas de ideologias”, então, o observador deve
partir das aparências, olhar para todo o contexto passado e volta-se para chegar ao concreto.
população, mas sim para buscar mais valia) o trabalhador de artesão passa a executar uma
parte do produto produzido se especializando numa fração do produto, apenas uma pequena
parte do trabalho, uma vez que a forma de produção assim o exige. O trabalho é dividido em
certo número de etapas que vão depender da complexidade do produto. Aqui existe uma
depreciação da força de trabalho. Marx (1985), afirma que o Capital é capaz de criar uma
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cooperação social complexa, reunindo num mesmo local ofícios iguais e diferentes,
A Divisão do Trabalho na manufatura não é livre, existe muito rigor e, portanto ela é
opressora. Ferguson apud Marx (1985, p.279) afirmou “estamos criando uma nação de
hilotas e não existem livres entre nós”. Marx (1985) condena toda sociedade que imponha
uma Divisão do Trabalho sem considerar a necessidade de bem estar e de máxima realização
não é Empregado e se é Empregado é porque não tem Capital, e ela se dá sempre pela
dominação do mais forte, sendo a “base geral de toda a produção de mercadorias” Marx
(1985, p.277). Para o Marx (1985), o que separa as classes é propriedade dos meios de
trabalho, diferentemente do feudalismo onde ele também tinha a posse da terra e tinha
intercâmbio não cria a diferença entre as esferas de produção, mas as coloca em relação e as
neste caso com estudos relacionados à racionalização e burocracia. As suas obras mais
Para Weber in Alves (2010) existe uma pluralidade de eventos para uma determinada
causa, fenomênico, nós apenas enxergamos, parcialmente, o que o mundo caótico e escuro
tem para nos mostrar. “...assim, todo o conhecimento reflexivo da realidade infinita
realizado pelo espírito humano finito baseia-se na premissa tácita de que apenas um
fragmento limitado desta realidade poderá constituir de cada vez o objeto de compreensão
científica, e de que só ele será “essencial” no sentido “digno de ser conhecido”” Weber
(1982, p. 88).
A ciência para Weber (1982) sempre ocupa uma posição de unilateralidade apesar das
múltiplas faces e que a realidade tem pluricausalidades, quando algo por nós é observado,
estudado é sempre visto como parte de uma realidade muito maior. Na verdade, ainda
afirmava que não é a realidade que se apresenta de uma determinada forma, mas somos nós
que por razões diversas privilegiamos e lemos algumas partes. A realidade, novamente, é
Para Weber (1982, p. 88) os fatos são empíricos, portanto, são observáveis, tem uma
obra, principalmente a asceta, austera e longe dos prazeres mundanos criava empresários
mais agressivos, mais bem sucedidos, mostrando os católicos, menos agressivos e mais
Católicos e Protestantes.
seguidores eram os indivíduos mais bem sucedidos economicamente, para eles Deus
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mantinha contato com os sujeitos e o plano Divino não era alterado. Ganhar dinheiro não é
pecado, o pecado está em não acumular, e consumir. Na crença que o demônio ataca quem
está no ócio e, sem saber se o indivíduo era “um” dos eleitos ao plano divino, eles
mergulhavam no trabalho e se tivessem o sucesso poderiam ser “um” dos eleitos. Segundo
Weber (2001) o Calvinista busca sinais da salvação na vida profissional, para sentir se está
emocional com atitudes racionais e tinham uma ideia de graça mais forte que a
predestinação. Então, no trabalho, as moças pietistas eram muito mais caprichosas porque
louvavam a Deus.
O terceiro movimento estudado por Weber (2001, p. 111), com representação mais
acentuada na Inglaterra e nos Estados Unidos foi o Metodismo. Os seus seguidores tinham a
crença na salvação pelas boas obras, repousavam na incerteza, mas eram metódicos no
Metodistas acreditavam que o perdão tem “hora para acontecer” e as suas obras realizadas
O quarto movimento, estudado por Weber (2001, p.114), o Batista aconteceu mais
intensamente nos Estados Unidos na crença mais forte que os Petistas e os Metodistas, os
Batistas tinham a crença no Batismo e na Bíblia. O indivíduo se comunica direto com Deus
pela consciência e a revelação é direta ao sujeito, isto é pela ação do espírito Divino do
indivíduo, e apenas desse modo. Desta atitude individual, guiada pela alma tranquila que se
comunica com Deus geram atitudes moderadas e ponderadas nos negócios. Não tinham vida
aristocrata eram dirigidos para posições apolíticas gerando máximas do tipo “filosofia de
Em relação ao capitalismo Calvino foi mais liberal que Lutero, afirmando em Weber
(2001, p. 83) que “Deus dispôs todas as coisas de modo a determinarem a sua própria
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vontade”; “Deus chama cada um para uma vocação particular, cujo objetivo é a glorificação
dele mesmo” e “o comerciante que busca o lucro, pela qualidade que o sucesso econômico
Weber (1979, p. 149) também estudou a burocracia e percebeu que ela está
sistema racional em que a divisão do trabalho se dá racionalmente com vista a fins. A ação
Weber apud Lefort (1979, p. 155) elenca algumas características da burocracia moderna
1) as atribuições dos funcionários são oficialmente fixadas por força de leis, normas
ou disposições administrativas;
possível apelar para uma instância superior a propósito das decisões de uma
instância inferior.
divisão é racional e está alinhada ao objetivo a ser atendido por meio do seu aspecto
e este integrante deve saber quais são as sua atribuições e os limites da tarefa, do direito e do
poder. “A burocracia é um órgão a serviço dos dominantes, situada de algum modo entre os
Considerações finais
possível para o cientista social, enquanto fiel observador dos fatos, desenvolver
interpretações neutras e por isso objetiva e “os descaminhos e erros são considerados como
interferência de uma subjetividade que ainda não foi suficientemente dominada”. Durkheim
considerando as experiências anteriores de cada cientista social, para este sociólogo o objeto
se apresenta ao sujeito, para Marx o sujeito interage com o objeto e para Weber o sujeito
Zeitlin (1973, p. 273) afirma que Durkheim apresentou a questão social de uma
maneira totalmente diferente de Marx e esta intenção acabou sendo uma ideologia
conservadora e autoritária, afirmando que o que domina não é uma questão econômica e sim
Trabalho em Durkheim (1973) é apenas uma constatação, por outro lado é ponto de partida
para Marx (1982) em O Capital quando estuda a Divisão do Trabalho. Durkheim observa
“a divisão do trabalho é justificada a partir de uma razão especulativa: a teoria da luta pela
Dos três sociólogos aqui estudados, no assunto Divisão do Trabalho, o único que se
preocupou com o desempenho do indivíduo, no Capitalismo, foi Weber, pois ele acreditava
(1971) a religião do Capitalismo é o Calvinismo, a usura praticada por este movimento foi o
que gerava a Divisão do Trabalho, quando comparado aos estudos de Weber se mostrou
trabalhos aparecem sem a identificação ou qualificação de quem faz, como faz, porque faz e
com que empenho e a razão deste empenho. O indivíduo, neste contexto, para Durkheim
Para Marx (1982) a Divisão do Trabalho, na sociedade, se dá entre quem tem o Capital
e quem não tem, ou seja, entre Dominantes e Dominados. Marx reponde as perguntas 1)
quem faz? – quem não tem o Capital; 2) porque faz? - para sobreviver, mas como faz, com
que empenho e a razão deste empenho são questões não respondidas pelos estudos de Marx
sociedade, não era uma divisão de funções coordenadas, como pensava o organicista
Durkheim; pelo contrário, era um sistema de desigualdade estrutural. Durkheim apud Zeitlin
(1973, p. 276) via como consequências positivas da divisão do trabalho a troca de serviços, a
Para Marx (1982) apud Zeitlin (1973, p. 281) a divisão do trabalho, na manufatura,
constituía uma situação na qual o indivíduo não era livre, produzindo uma deformação
mental e física nele, por conta da obrigatoriedade de engajar-se nesta estrutura para
Dos três sociólogos aqui abordados Marx (1982) se apresentou como o contestador,
pois verificou que havia conflito entre as classes e diante das condições de vida do
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trabalhador, numa classe proletariado, dominada e subjugada acreditava que a sociologia não
deveria ficar restrita a análise científica, mas propor mudança social. Para Marx (1982) a
Marx apud Zeitlin (1973, p. 271) considerava que a abolição das classes e dos abismos entre
elas era a condição necessária para a criação de uma verdadeira comunidade humana. Não
podemos deixar de observar que Durkheim (1973) imaginava tal comunidade mesmo
Weber apud Lefort (1979, p. 157) sustentava que a organização social era sustentada
produção. A sua existência se deve a divisão da sociedade em classes uma vez que a sua
função é o de prevalecer a ordem comum, “em suma, ela é um corpo especial na sociedade,
“Sem método não há ciência” e estes pensadores não apenas discutiram, como tiveram,
cada um, à sua maneira, um método de abordagem ao estudo aqui apresentado. Quando
criado por Weber, onde este sociólogo considerava que a realidade completa jamais poderia
ser alcançada e que toda a verdade era construída parcialmente, uma vez que os fenômenos
constituía e a dialética que parte da tese, passa pela antítese para chegar a síntese, parecem
mais coerentes, com a nossa realidade, quando comparados com o método de Durkheim que
estudava o objeto como ele se apresentava, esquecendo que o observador pode estar
resultado dos seus estudos sobre a divisão do trabalho e desta forma encerramos o nosso
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trabalho sumarizando que a divisão do trabalho aos olhos destes três sociólogos se da pela
mecânica para orgânica, onde a sofisticação e a complexidade da sociedade força que ela
passe a dividir o trabalho. Pela indignação de Marx, que estudou a divisão do trabalho na
artesãos passam a executar apenas uma fração do seu nobre trabalho. Já para Weber que
Sem dúvida os três sociólogos muito colaboraram para os estudos sobre a divisão do
trabalho onde o “tipo ideal” de Weber foi usado por Durkheim e Marx, sem saberem e
“pluricausalidade” de Weber.
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