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Denise M S Gerscovich 1
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
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EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
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EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
1 EMPUXOS DE TERRA
Entende-se por empuxo de terra a ação horizontal produzida por um maciço de solo sobre
as estruturas com ele em contato.
A determinação da magnitude do empuxo de terra é fundamental para o projeto de
estruturas de contenção, tais como: muros de arrimo, cortinas de estacas-prancha, paredes de
subsolos, encontro de pontes, etc. O valor da resultante de empuxo de terra, bem como a
distribuição de tensões horizontais ao longo do elemento estrutural, depende de como o processo
de interação solo-estrutura vai ocorrendo durante todas as fases da obra. O empuxo atuando
sobre o elemento estrutural provoca deslocamentos horizontais que, por sua vez, alteram o valor e
a distribuição do empuxo, ao longo das fases construtivas da obra.
h k o ' v 1.1
O empuxo total passa a ser a soma da parcela efetiva e da parcela da poropressão (u)
h ko 'v u
1.2
' h
de prova, tal que h = 0. Em uma célula triaxial de tensão controlada, por exemplo, as
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deformações axial e volumétrica são medidas e as tensões impostas devem garantir que axia l=
vol. Ensaios triaxiais, realizados por Bishop em areias uniformes (n = 40%) mostraram que k o varia
com o nível de tensões e trajetória de carregamento, como mostra a Figura 1. No 1º
carregamento, ko permaneceu constante; já no descarregamento ko é variou, chegando a atingir
valores superiores a 1. Com isso, prevê-se que em solos normalmente adensados, ko é
constante. Por outro lado, em solos pre-adensados, ko varia em função o grau de pré-
adensamento (OCR ou RPA)
ko 1,7
1,2 descarregamento
0,43
1º carregamento. 2º carregamento.
v
Figura 1. Variação de ko
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2 1 sen '
K o 1 sen ' . Areias
Jaky (1944)
i 3 1 sen ' Argilas normalmente adensadas Bishop (1958)
ii
Argilas pré-adensadas
Ko (OC) = Ko do material pré-adensado;
Alpan (1967) K o (OC) K o ( NC).OCR Ko (NC) = Ko do material normalmente adensado;
= constante, em regra entre 0,4 e 0,5
Holtz e
Kovacs K 0 0,44 0,0042 I p Argilas normalmente adensadas
(1981)
Mayne e
Kulhawy K 0 K 0nc OCR sen ´ Argilas e solos granulares
(1982)
Nos problemas de fundações, a interação das estruturas com o solo implica a transmissão
de forças predominantemente verticais. Contudo, são também inúmeros os casos em que as
estruturas interagem com o solo através de forças horizontais, denominadas empuxo de terra.
Neste último caso, as interações dividem-se em duas categorias.
A primeira categoria verifica-se quando determinada estrutura é construída para suportar
um maciço de solo. Neste caso, as forças que o solo exerce sobre as estruturas são de natureza
ativa. O solo “empurra’ a estrutura, que reage, tendendo a afastar-se do maciço. Na Figura 2
estão apresentadas diversas obras deste tipo.
Na segunda categoria, ao contrário, é a estrutura que é empurrada contra o solo. A
força exercida pela estrutura sobre o solo é de natureza passiva. Um caso típico deste tipo de
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Diz se que a massa de solo esta sob equilíbrio plástico quando todos os pontos estão em
situação de ruptura
Seja uma massa semi-infinita de solo seco, não coesivo, mostrada na Figura 5. O
elemento está sob condição geostática. e as tensões atuantes em uma parede vertical, imaginaria
será calculada com base em:
' ho k o .' vo k o ..z
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v z
h
h
diafragma
Caso o diafragma se desloque em direção oposta a tensão horizontal ira aumentar até
atingir seu valor máximo na ruptura (condição passiva). Neste caso haverá rotação de tensões
principais ; isto é :
h = 1
v = 3
A Figura 6 mostra os estados limites em termos de círculos de Mohr e a Figura 7 apresenta
as trajetórias de tensões efetivas correspondentes à mobilização dos estados limites ativo e
passivo.
estado limite ativo: mantendo-se a tensão efetiva vertical constante e diminuindo-
se progressivamente a tensão efetiva horizontal ;
estado limite passivo: mantendo-se a tensão efetiva vertical constante e
aumentando-se progressivamente a tensão efetiva horizontal.
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Planos de
ruptura
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Por outro lado, se a rotação for pelo topo haverá possibilidade de formação de uma
superfície não planar, sem que toda região atinja equilíbrio plástico.
45+/2 45+/2
Região não
plastificada
Região
plastificada
45+/2
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(a) deslocamento
passivo =45-/2
ativo =45+/2
h
(
(b) rotação pela base
h
ko
ka
ativo
passivo ativo passivo
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=0,5%
50% Ep
=0,5%
Figura 12. Ensaios triaxiais em uma areia compacta sob trajetórias de tensões do tipo ativo
e passivo (Lambe e Whitman, 1969)
Resultados deste tipo são característicos de solos granulares compactos. Em solos fofos,
as deformações correspondentes à mobilização da resistência ao cisalhamento são ainda mais
elevadas.
De certa forma, as deformações necessárias para mobilizar o estado ativo são menores do
que as necessárias para mobilizar o estado passivo. No estado ativo, o solo sofre uma solicitação
de tração. No estado passivo, ocorre a compressão do solo. Os solos possuem resistência à
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compressão, mas não suportam esforços de tração. Sendo assim, basta um pequeno alívio de
tensões horizontais para que ocorra a ruptura do solo por tração.
É importante observar, portanto, que para atingir os estados limites ativo e passivo é
necessário haver deslocamento da estrutura. A Tabela 2 apresenta as deformações mínimas
necessárias para a mobilização dos estados plásticos.
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A Figura 6 permite ainda determinar as direções das superfícies de ruptura nos estados
de equilíbrio limite ativo e passivo, ou seja, as direções dos planos onde a resistência ao
cisalhamento do solo é integralmente mobilizada. Em ambos os casos, as superfícies de ruptura
fazem um ângulo de (45º- ’/2) com a direção da tensão principal máxima (que no caso ativo é a
tensão vertical e no caso passivo é a tensão horizontal).
Para o caso de maciço com superfície horizontal, as tensões na ruptura são calculadas
(Figura 14) por:
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1 3
cos '
2
1 3 1 3
sen '
2 2
Substituindo em c'' tan ' , chega-se a
1 3 3 1 3 sen '
cos ' c' 1 sen ' .
2 2 2 cos '
1 3 3 1 3
cos ' c' 1 sen ' . tan '
2 2 2
Dividindo por cos ’:
1 3 3
c'. cos ' 1 sen '
2 2
1
(1 sen ' ) c. cos ' 3 (1 sen ' ) 2.c'. cos ' (1 sen ' )
2 2 3 1
1 sen ' (1 sen ' )
1 sen 1 sen
h ativo v 2c
1 sen 1 sen
Ka Kac ' h ' v .k a 2c' k a
1 sen 1 sen
hpassivo v 2c
1 sen 1 sen
Kp Kpc 'h ' v .k p 2c' k p
c'' tan '
f
(1-3)/2
3 f 1
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Tabela 4. Valores de ka e kp
’ ka kp
0 1,00 1,00
30 0,33 3,00
45 0,17 5,83
60 0,07 13,90
E h dz
0
No caso mais simples, considerando um solo homogêneo, seco, com c=0 , valor do
empuxo ativo total Ea é igual a área do triângulo ABD (Figura 15) e pode ser obtido pela
expressão:
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h
h 2 .k a
E a k a ..z.dz
o
2
Admitindo-se agora, que a parede se desloque contra o terrapleno (Figura 15b). Para que
se produza o deslizamento, o empuxo deverá ser maior do que o peso do terrapleno. Assim, a
tensão principal maior será horizontal. Neste caso, valor do empuxo ativo E p é igual a área do
triângulo ABD e pode ser obtido pela expressão:
h
h 2 .k p
E p k p ..z.dz
2
o (16)
Em ambos os casos, o ponto de aplicação do empuxo, caso o maciço seja homogêneo
estará a uma profundidade de 2/3h.
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h 0
ativo vKa 2cKac 0
zoKa 2c Ka 2c
zo
Ka
2. c'.kac
Zo Zo
Diagrama
aproximado
Zona
H
H ativa
Pelo fato da região superficial apresentar tensões negativas (Z<Zo), haverá uma
profundidade em que a resultante de empuxo ativo será nula. Até esta profundidade (hc) a
escavação vertical é estável.
hc 2K a
Ea 2chcK ac 0
2
4c K a 4c
hc
K a Ka
A região de tração não deve ser considerada em projeto, reduzindo a tensão horizontal. Ao
contrario, deve-se assumir que a sua existência pode acarretar num possível preenchimento por
água de infiltração. Neste caso a presença da água gera um acréscimo de tensão horizontal igual
a wZo . Recomenda-se nestes casos, considerar no mínimo um diagrama aproximado,conforme
mostrado na Figura 16.
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1 sen' '
ka tan2 45º 0,704
1 sen' 2
K ac K a 0,84
Para Z=0
hativo 2cKac 17,64kPa
Para Z=Zo
2c
zo 1,43m
Ka
Para Z=6,5m
hativo hKa 2cKac 62,53kPa
17,64kPa
1,43m
Diagrama
aproximado
5,07m
Ea
62,53kPa
62,53 5,07
Ea 158,52kN / m
Desprezando a zona de tração: 2
5,07
y 1,69m
3
62,53 6,5
Ea 203,22kN / m
Usando o diagrama aproximado 2
6,5
y 2,17m
3
Considerando a saturação da trinca
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h2K p
h h
Ep k p . v 2cK pc .dz k p .h 2cK pc .dz 2chK pc
o o 2
2.c'.kp
Ep1
Ep2
H/2
H//3
kp. .H
Convém ressaltar que as expressões de empuxo são validas para solo homogeneo e que o
empuxo total é calculado por metro linear.
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O efeito da sobrecarga pode ser também considerado como uma altura equivalente de
aterro (ho):
q
ho
onde: é o peso específico do solo. Neste caso, a tensão horizontal a uma profundidade z,
será dada por:
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Exercício:
Plotar as distribuições de tensão horizontal, correspondentes as condições ativa e passiva
e calcular os empuxos totais.
k tan 2 45 k tan 2 45
Solo
a
2 p
2
Areia ( = 30º) 0,33 3
Argila 0,29 3,39
Areia ( = 40º) 0,21 4,59
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v 17,5 x 4 70kN / m 2
ha1 70 x0,33 23,1kN / m 2 ; pa1 70 x3 210kN / m 2
Profundidade – 4m (solo 2)
v 17,5 x4 70kN / m2
ha 20,3 4 0,29 18,14kN / m2 ; pa 237,3 4 3,39 244,67kN / m2
Profundidade – 7m
v 17,5 x 4 16 x3 118kN / m 2
ha1 70 48x0,29 2 x 2 0,29 32,06kN / m 2 ; pa1 237,3 2 x 2 3,39 48 x3,39 407,30kN / m 2
ha2 70 48x0,21 24,78kN / m 2 ; pa2 70 48x 4,59 541,62kN / m 2
Profundidade – 17m
ha 70 48 20,5x10x0,21 67,83kN / m2 ; pa 70 48 20,5x10x4,59 1482,57kN / m2
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23,1 210
18,14 244,67
32,06 407,30
24,78 541,62
67,83
1482,54
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Exemplo. As condições de solo adjacente a uma cortina estão dadas na figura abaixo.
Plote as distribuições de empuxo ativo e passivo.
q=50kPa
1
Areia
4,5m
c´= o,
´=38 ,
o
4 NA
= 18kN/m
3
1,5
5 2
Argila c´= 10kPa,
´=28 ,
o
3m
= 20kN/m
3
6 3
areia
1 sen' '
ka tan2 45º 0,24
1 sen' 2 hativo v K a 2c K a qK a u
Kp 1/ k a 4,17
argila hpassivo vK p 2c K p qK p u
1 sen' '
ka tan2 45º 0,36
1 sen' 2
Kp 1/ k a 2,78
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lados verticais e topo e base inclinados de assume-se que a tensão vertical e os empuxos ativo
e passivo atuam também a uma inclinação , conforme mostra a Figura 21. Como estas tensões
não são normais aos seus próprios planos elas não são tensões principais
N
H
N = .z=(OA) cos
OA Z = N cos=(OA)
B´= POLO
H N
H = plano vertical
PA = H cos=(OB)
OB
Figura 21. Aplicação do Método de Rankine para maciços com superfície inclinadavii
mas
OD OC cos
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AC OC2sen2 OC2sen2
Então
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M
H A EA
H/3
p
O
1.0
arcsen sen sen
20 '
25
A 45 2 30
2 35
k A cos
cos cos 2
cos 2 40
cos cos 2
cos
2
0.5 45
p A k A H 2 c k A
kA
pA H
EA
2
, c’, ’= parâmetros efetivos do retroaterro
= fator angular do retroaterro ( < < 90º)
0.0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
(graus)
Figura 22. Método de Rankine: cálculo do empuxo ativo para retroaterro inclinado (GeoRio,
1999)
Exercício
Para um muro com paramento vertical e retroterra inclinada de 14,5o. Pede-se, para um
ponto situado a 2,8m de profundidade. Considere como parâmetros do solo =18kN/m3, c=0 e
=35º.
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Condição ativa
3 = 14,48 atua num plano a 63º com o plano horizontal.
1 = 53,42 atua num plano a 153º com o plano horizontal
35°
E
14,5°
A
D
153°
63
°
14,86 C
33,95
48,79
Condição passiva
3 = 47,53 atua num plano a 70º com o plano vertical.
1 = 175,36 atua num plano a 20º com o plano vertical
B
20°
70
° D
48,79
111,45
160,14
As equações apresentadas nos itens anteriores são válidas para situações em que o
empuxo atua em superfícies verticais; isto é, estruturas de contenção com face interna vertical.
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Caso esta face não seja vertical os valores do coeficiente de empuxo ativo são alterados. A
Tabela 5 mostra os valores de coeficiente de empuxo para varias situações.
A hipótese de não haver atrito entre o solo e o muro, adotada pela teoria de Rankine,
raramente ocorre na pratica. Com o deslocamento do muro, a cunha de solo também se desloca,
criando tensões cisalhantes entre o solo e o muro.
No caso ativo, o peso da cunha de solo causa empuxo no muro e este será resistido pelo
atrito ao longo do contato solo-muro e pela resistência do solo ao longo da superfície de ruptura.
Com isso, ocorre uma redução no valor do empuxo se considerada a condição em repouso. No
caso passivo, ocorre o processo inverso.
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ativo
passivo
w
w
Haverá, portanto rotação das tensões principais, que antes atuavam nas direções vertical e
horizontal (Figura 23). Adicionalmente, a superfície de ruptura passa a ser curva, como mostra
a Figura 24. Nesta figura, observa-se que a curvatura é mais acentuada para situação passiva.
Vários autores tentaram estabelecer valores de coeficiente de empuxo (KP) para que a
curvatura da superfície de ruptura pudesse ser incorporada à teoria de Rankine. Caquot e Kerisel
(1948) usaram uma superfície na forma espiral logarítmica e apresentaram fatores de correção
para KP,, mostrados na Tabela abaixo.
A Tabela 7 mostra valores de para diferentes materiais
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Ativo
cw
tan
w = cw + tan
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partir do equilíbrio das forças atuantes na cunha de solo. Com isso verifica-se que o método não é
exato pois não considera equilíbrio de momentos.
A superfície que define a cunha de empuxo é, em princípio, desconhecida. Desta forma, é
necessário determinar, por tentativas, qual a superfície que corresponde ao valor limite do
empuxo.
No caso da inexistência de atrito solo-muro, o método de Coulomb fornece resultado
idêntico a teoria de Rankine, para o caso de parede vertical e superfície do terrapleno horizontal.
i) postula-se um W T
mecanismo de ruptura: E
N
R
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´pico
´res
v) pressupõe trajetória de q
qD kf
tensão vertical o que não
corresponde ao carregamento no
qf qf
campo; isto é , a partir das qND FS
qmob qmob
tensões normais no plano de
p´
ruptura calcula-se qf
vi) na ruptura FS=1
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Ea
C4
C3
C2
Ci
Area
1
B D A E
2
A E A B sen( )
sen( )
H2 sen
W sen sen
B D A B sen( ) 2 sen 2
A B H
sen
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C
-
B
+
H D
180-- >90
A
H2 (1 sen) H2
Pa tan2 45
2 (1 sen) 2 2
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A teoria de Coulomb pode ser estendida para solos coesivos, introduzindo a parcela de
adesão cw. Assume-se que trincas de tração possam se desenvolver até uma profundidade Zo, a
qual é estimada de acordo com a teoria de Rankine
2c
zo
Ka
e as superfícies potenciais de ruptura se desenvolvem conforme mostra a Figura 28. As
forças atuantes na cunha ABCD são:
i) peso da cunha W
ii) reação entre a parede e o solo (P) , com inclinação
iii) força devido a componente de adesão: C w c w EB
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Diagrama de
poropressão
W= peso de ABCD
Incógnitas R’e P”a
Rg = resultante de poropressão na superfície de ruptura
Ao longo de BE:
w = c’w’+’w tan
’w = tensão efetiva normal ao muro
C’w= resultante da parcela de adesao (c’w ) =c’wx BE
Ao longo de BE:
= c’’+’tan’
’ = tensão efetiva normal a superfície de ruptura
C’= resultante da parcela de coesão (c’ ) = c’x BC
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No caso de haver saturação completa sem dreno há um problema para no calculo por
Coulomb. Considerando que a água vai atuar em ambas superfícies da cunha, o diagrama acaba
anulando a influencia da água na montagem do polígono de forcas. Neste caso recomenda-se não
considerar a água na superfície em contato com o muro
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3.3.3 Sobrecarga
Cunha A
H
Cunha B
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Exercício
Para um muro com paramento vertical (H=8m) e superfície do terreno horizontal (
=18kN/m3), calcule o empuxo ativo considerando uma carga uniformemente distribuída a 2,5m de
distancia do topo do muro. Considere as situações seca e saturada
P
’
E’a
E’a
Ea Ew=320kN/m
E’a=265kN/m
Exercício
Para um muro com paramento vertical (H=8m) e superfície do terreno horizontal (
=18kN/m3), calcule o empuxo ativo considerando as seguintes situações:
a) c=0; =30o; =0; =/2 e =.
b) =0o; su=20kPa; cw=0, su /2 e su, com e sem trinca.
c) =25o; c=12kPa; cw=5kPa, =0, sem trinca.
d) =30o; =0, sobrecarga (100kPa) distribuida em linha , distante 2,5m da crista
do muro
e) idem item d com nível d´água 4m abaixo da superfície do terreno
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2c
z0 2,22m
Ka
A D
A D
W
E C E
W
C
C C
R R
B
B
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A D
C
E W
C
R
B
terceira superfície
Distancia 4m 8m 12m
Area ABCD 20,44 40,88 61,32
367,9 1103,
W 2 735,84 76
140,5
C 82 197,4 263
280,3 245,7
Ea 1 290,59 2
Pode-se definir o empuxo ativo igual a 290,59 kN/m, com superfície de ruptura ocorrendo
para a segunda hipótese considerada.
h'2
E w
aw
2 ,
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O empuxo do solo será calculado para três cunhas utilizando o valor do peso especifico
sub. O empuxo ativo corresponderá ao valor máximo encontrado entre as cunhas consideradas
mais o empuxo referente a água.
W W
E E
terceira superfície
Nesse caso em análise, pode determinar o empuxo ativo igual a definido na primeira
cunha.
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H2 sen
W sen sen
2
Analogamente ao empuxo ativo, aplicando-se a lei de senos no polígono Figura 33, tem-
se:
Pp W W sen
Pp
sen sen180 sen180
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H2 (1 sen) H2
Pp tan2 45
2 (1 sen) 2 2
Para solos com c=0, recomenda-se a determinação gráfica, proposta por Culmann, cujo
procedimento esta descrito a seguir:
i) Traça-se a reta BF, conhecida como linha de peso, que faz um ângulo ’com horizontal; com
isso o ângulo entre BF e qualquer superfície de ruptura é (-)
ii) Traça-se a reta BG , conhecida como linha de pressão, que faz um ângulo (-) com a reta
BF
iii) Arbitra-se a 1ª superfície de deslizamento BC1;
iv) Calcula-se o peso do solo da cunha ABC (e de eventuais sobrecargas);
v) Marca-se o ponto D1 sobre a reta BG de modo que a distancia BD1 represente o peso da
cunha ABC1; em uma escala de forças escolhida arbitrariamente
vi) O segmento E1D1, paralelo a BG, representa na escala de forças adotada, a reação que o
paramento tem que exercer para evitar o deslizamento da cunha ABC1.
vii) O empuxo ativo será o maior valor calculado. Ea= Pmax.
i)
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EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
=-
B
L
(c)
O método de Culmann pode ser estendido para o caso passivo se . Neste caso, a
3
curvatura da superfície potencial de ruptura é pequena. A Figura 35 mostra o esquema de
aplicação do método de Culmann, . O empuxo passivo corresponde ao menor valor de P.
Denise M S Gerscovich 53
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 54
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Pont
Po
oM
nto N
Denise M S Gerscovich 55
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
ii) Q = força horizontal no plano DC, representa o empuxo de Rankine, atuante a 1/3 de
DC e dado por
h2K p
Q Ep 2chK pc
2
iii) P = força de reação, atuando num ângulo acima da normal e a uma distancia AB/3
iv) R = reação na superfície de ruptura BC. Quando a resistência ao cisalhamento é
totalmente mobilizada, assume-se que a reação R atue num ângulo com a normal. A linha de
ação de R é portanto tangente ao circulo de centro O e raio rsen
Os valores das forças W e Q são conhecidas e a resultante entre elas (S) é determinada
graficamente. Com isso fecha-se o polígono de forças com as direções de R e P.
A análise deve ser repetida para várias superfícies para então obter Ep = P min
Procedimento
i) desenhar o muro e a retroterra em escala
ii) traçar uma reta passando por A e fazendo ângulo 45o com a horizontal
2
iii) arbitrar ponto C
iv) pelo ponto C traçar reta fazendo ângulo 45o até a superfície do terreno
2
(ponto E)
v) calcular o empuxo passivo na cunha EDC
vi) determinar o centro do circulo (O) passando por BC: traça-se a mediatriz de BC e
traça-se uma perpendicular a reta CE, passando pelo ponto C. A interseção das
retas define o ponto O
vii) calcular W
viii) prolongar a direção de aplicação da força de empuxo Q até encontrar a força W
(ponto M)
ix) Neste ponto, traçar uma reta paralela a direção da resultante S
x) Prolongar a linha de ação de P ate encontrar a linha anterior (ponto N)
xi) Traçar o circulo de raio= rsen
xii) A resultante passa pelo ponto N e é tangente ao círculo rsen
xiii) Repetir o processo a partir do item iii) até obter o menor valor de P
Denise M S Gerscovich 56
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
h2K p
E 2chK pc 2chK pc
2
0
uniformemente distribuído na vertical CD
Exercício:
Comparar Coulomb e circulo de atrito para muro com H=5m =30º , c=10kPa, =/6 e
=2/3, =20kN/m3 e cw=c/2.
=/3
Denise M S Gerscovich 57
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
A E
p
Cw C
R
B
p Peso 769,42
C 158,1
R
Cw 25
W R 2248,2
1949,5
Cw
C Ep 5
h 2 K p
Q Ep sen 2
2 , onde K
sen sen
2
p
Q = 1.144,69
Denise M S Gerscovich 58
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
S
W
R S
W
D E
A
p Q
S
C
B
Denise M S Gerscovich 59
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
D E
A
Q
p '
Cw
C
B
C
P
R
R '
Q
Cw
Distancia
X 15
6,10
Kp 5358
CD 4,33
coesivo
114
Q 4,687
Denise M S Gerscovich 60
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Ponto de 1,44
Q 3333
Area
ABCD 39,2
784,
W 0
Centroide 3,67
x 31
Centroide -
y 2,6225
138
S 9,08
878,
R 12
215
P1 4,76
2,47
Kpc 0902
CD 4,33
213,
Q 9801
Fase 2 - solo coesivo
Ponto de 2,16
Q 5
75,2
C 99
Cw 25
413,
P2 91
256
Empuxo total
8,67
Para comparação entre os dois métodos foi considerada a superfície de ruptura atingindo, na
superfície, uma distância de 15 m da extremidade do muro.
Denise M S Gerscovich 61
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Empuxo passivo
Coulomb 1949,55
Círculo
de atrito 2568,67
Denise M S Gerscovich 62
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
5 MUROS DE ARRIMO
Muros são estruturas corridas de contenção de parede vertical ou quase vertical, apoiadas
em uma fundação rasa ou profunda. Podem ser construídos em alvenaria (tijolos ou pedras) ou
em concreto (simples ou armado), ou ainda, de elementos especiais.
Os muros de arrimo podem ser de vários tipos: gravidade (construídos de alvenaria,
concreto, gabiões ou pneus), de flexão (com ou sem contraforte) e com ou sem tirantes.
crista
Terrapleno ou
reaterro
corpo
tardoz
base
fundaçao dente
Figura 39 Terminologia
Muros de Gravidade são estruturas corridas que se opõem aos empuxos horizontais pelo
peso próprio. Geralmente, são utilizadas para conter desníveis pequenos ou médios, inferiores a
cerca de 5m. Os muros de gravidade podem ser construídos de pedra ou concreto (simples ou
armado), gabiões ou ainda, pneus usados.
Denise M S Gerscovich 63
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
disponíveis no local. No entanto, a estabilidade interna do muro requer que os blocos tenham
dimensões aproximadamente regulares, o que causa um valor menor do atrito entre as pedras.
Muros de pedra sem argamassa devem ser recomendados unicamente para a contenção
de taludes com alturas de até 2m. A base do muro deve ter largura mínima de 0,5 a 1,0m e deve
ser apoiada em uma cota inferior à da superfície do terreno, de modo a reduzir o risco de ruptura
por deslizamento no contato muro-fundação.
Quanto a taludes de maior altura (cerca de uns 3m), deve-se empregar argamassa de
cimento e areia para preencher os vazios dos blocos de pedras. Neste caso, podem ser utilizados
blocos de dimensões variadas. A argamassa provoca uma maior rigidez no muro, porém elimina
a sua capacidade drenante. É necessário então implementar os dispositivos usuais de drenagem
de muros impermeáveis, tais como dreno de areia ou geossintético no tardoz e tubos barbacãs
para alívio de poropressões na estrutura de contenção.
Estes muros (Figura 41) são em geral economicamente viáveis apenas quando a altura não
é superior a cerca de 4 metros. O muro de concreto ciclópico é uma estrutura construída
mediante o preenchimento de uma fôrma com concreto e blocos de rocha de dimensões variadas.
Devido à impermeabilidade deste muro, é imprescindível a execução de um sistema adequado de
drenagem.
A sessão transversal é usualmente trapezoidal, com largura da base da ordem de 50% da
altura do muro (Figura 20). A especificação do muro com faces inclinadas ou em degraus pode
causar uma economia significativa de material. Para muros com face frontal plana e vertical, deve-
Denise M S Gerscovich 64
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
se recomendar uma inclinação para trás (em direção ao retroaterro) de pelo menos 1:30 (cerca de
2 graus com a vertical), de modo a evitar a sensação ótica de uma inclinação do muro na direção
do tombamento para a frente.
Os furos de drenagem devem ser posicionados de modo a minimizar o impacto visual
devido às manchas que o fluxo de água causa na face frontal do muro. Alternativamente, pode-se
realizar a drenagem na face posterior (tardoz) do muro através de uma manta de material
geossintético (tipo geotêxtil). Neste caso, a água é recolhida através de tubos de drenagem
adequadamente posicionados.
Os muros de gabiões (Figura 42) são constituídos por gaiolas metálicas preenchidas com
pedras arrumadas manualmente e construídas com fios de aço galvanizado em malha hexagonal
com dupla torção. As dimensões usuais dos gabiões são: comprimento de 2m e seção transversal
quadrada com 1m de aresta. No caso de muros de grande altura, gabiões mais baixos (altura =
0,5m), que apresentam maior rigidez e resistência, devem ser posicionados nas camadas
inferiores, onde as tensões de compressão são mais significativas. Para muros muito longos,
gabiões com comprimento de até 4m podem ser utilizados para agilizar a construção. A Figura 21
apresenta ilustrações de gabiões.
A rede metálica que compõe os gabiões apresenta resistência mecânica elevada. No caso
da ruptura de um dos arames, a dupla torção dos elementos preserva a forma e a flexibilidade da
malha, absorvendo as deformações excessivas. O arame dos gabiões é protegido por uma
Denise M S Gerscovich 65
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
galvanização dupla e, em alguns casos, por revestimento com uma camada de PVC. Esta
proteção é eficiente contra a ação das intempéries e de águas e solos agressivos (Maccaferri,
1990).
As principais características dos muros de gabiões são a flexibilidade, que permite que a
estrutura se acomode a recalques diferenciais e a permeabilidade.
“Crib Walls” (Figura 43) são estruturas formadas por elementos pré-moldados de concreto
armado, madeira ou aço, que são montados no local, em forma de “fogueiras” justapostas e
interligadas longitudinalmente, cujo espaço interno é preenchido com material granular graúdo.
São estruturas capazes de se acomodarem a recalques das fundações e funcionam como muros
de gravidade.
Denise M S Gerscovich 66
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Os muros (Figura 44, Figura 45) são constituídos por camadas formadas por sacos de
poliéster ou similares, preenchidos por uma mistura cimento-solo da ordem de 1:10 a 1:15 (em
volume).
O solo utilizado é inicialmente submetido a um peneiramento em uma malha de 9mm, para
a retirada dos pedregulhos. Em seguida, o cimento é espalhado e misturado, adicionando-se água
em quantidade 1% acima da correspondente à umidade ótima de compactação proctor normal.
Após a homogeneização, a mistura é colocada em sacos, com preenchimento até cerca de dois
terços do volume útil do saco. Procede-se então o fechamento mediante costura manual. O
ensacamento do material facilita o transporte para o local da obra e torna dispensável a utilização
de fôrmas para a execução do muro.
No local de construção, os sacos de solo-cimento são arrumados em camadas
posicionadas horizontalmente e, a seguir, cada camada do material é compactada de modo a
reduzir o volume de vazios. O posicionamento dos sacos de uma camada é propositalmente
desencontrado em relação à camada imediatamente inferior, de modo a garantir um maior
intertravamento e, em conseqüência, uma maior densidade do muro. A compactação é em geral
realizada manualmente com soquetes.
As faces externas do muro podem receber uma proteção superficial de argamassa de
concreto magro, para prevenir contra a ação erosiva de ventos e águas superficiais.
Esta técnica tem se mostrado promissora devido ao baixo custo e pelo fato de não
requerer mão de obra ou equipamentos especializados. Um muro de arrimo de solo-cimento com
altura entre 2 e 5 metros tem custo da ordem de 60% do custo de um muro de igual altura
executado em concreto armado (Marangon, 1992). Como vantagens adicionais, pode-se citar a
facilidade de execução do muro com forma curva (adaptada à topografia local) e a adequabilidade
do uso de solos residuais.
Denise M S Gerscovich 67
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
um mês de cura, foram observados valores de r cerca de 50 a 100% superiores aos obtidos aos
sete dias. Como conclusão recomenda-se um teor de cimento (C/S) da ordem de 7 a 8% em peso
para a estabilização dos solos em obras de contenção de encostas.
Denise M S Gerscovich 68
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 69
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Muros de Flexão são estruturas mais esbeltas com seção transversal em forma de “L” que
resistem aos empuxos por flexão, utilizando parte do peso próprio do maciço, que se apóia sobre
a base do “L”, para manter-se em equilíbrio.
Em geral, são construídos em concreto armado, tornando-se anti-econômicos para alturas
acima de 5 a 7m. A laje de base em geral apresenta largura entre 50 e 70% da altura do muro. A
face trabalha à flexão e se necessário pode empregar vigas de enrijecimento, no caso alturas
maiores.
Denise M S Gerscovich 70
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 71
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Muros de flexão (Figura 49) podem também ser ancorados na base com tirantes ou
chumbadores (rocha) para melhorar sua condição de estabilidade. Esta solução de projeto pode
ser aplicada quando na fundação do muro ocorre material competente (rocha sã ou alterada) e
quando há limitação de espaço disponível para que a base do muro apresente as dimensões
necessárias para a estabilidade.
Grande parte dos acidentes envolvendo muros de arrimo está relacionada ao acúmulo de
água no maciço. A existência de uma linha freática no maciço é altamente desfavorável,
aumentando substancialmente o empuxo total. O acúmulo de água, por deficiência de drenagem,
pode duplicar o empuxo atuante. O efeito da água pode ser direto, resultante do acúmulo de água
junto ao tardoz interno do muro, ou indireto, produzindo uma redução da resistência ao
cisalhamento do maciço em decorrência do acréscimo das pressões intersticiais. A resistência ao
cisalhamento dos solos é expressa pela equação:
O efeito direto é o de maior intensidade podendo ser eliminado ou bastante atenuado, por
um sistema de drenagem eficaz. Todo cuidado deve ser dispensado ao projeto do sistema de
Denise M S Gerscovich 72
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
drenagem para dar vazão a precipitações excepcionais e para que a escolha do material drenante
seja feita de modo a impedir qualquer possibilidade de colmatação ou entupimento futuro.
Denise M S Gerscovich 73
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 74
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
infiltração
infiltração
(b) Muro Cantilever com dreno inclinado (b) Muro cantilever com dreno inclinado
Denise M S Gerscovich 75
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
canaleta
proteção lateral
aterro aterro
compactado compactado
mat. drenante
em sacos porosos
tubo de PVC75
filtro/ material drenante
tubo de PVC75 filtro
concreto magro
(a) concreto magro
(b)
aterro aterro
compactado mat. drenante compactado filtro
tubo de PVC 75 em sacos porosos
material drenante
canaleta tubo de drenagem
canaleta
tubo de drenagem base impermeável
concreto magro concreto magro
(c) (d)
Denise M S Gerscovich 76
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
tubo de tubo de
PVC75 aterro PVC75
compactado
filtro/material filtro/material
canaleta drenante
canaleta drenante
tubo de drenagem
(a) tubo de drenagem (b) concreto magro
concreto magro
filtro
tubo PVC tubo de PVC aterro
75 75 compactado
aterro compactado
filtro
canaleta
canaleta
Denise M S Gerscovich 77
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 78
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Na verificação de um muro de arrimo, seja qual for a sua seção, devem ser investigadas as
seguintes condições de estabilidade: tombamento, deslizamento da base, capacidade de carga da
fundação e ruptura global, como indica a Figura 56.
O projeto é conduzido assumindo-se um pré-dimensionamento (Figura 57) e, em seguida,
verificando-se as condições de estabilidade.
Denise M S Gerscovich 79
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 80
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
A solução de Rankine tende a fornecer valores mais elevados de empuxo ativo. Entretanto
é mais utilizada porque:
as soluções são simples, especialmente quando o retroaterro é horizontal.
dificilmente se dispõe dos valores dos parâmetros de resistência solo-muro ().
No caso ativo, o efeito do atrito solo-muro no valor do coeficiente de empuxo ativo
Ka é desprezível. O efeito do coeficiente de atrito solo-muro pode ser expresso pela
mudança na direção do empuxo total EA
Para paramentos não verticais, o solo pode ser incorporado ao muro
Denise M S Gerscovich 81
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 82
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
dimensionamento; ’p e c’p são, respectivamente, o ângulo de atrito e a coesão de pico; e FS
e FSc são os fatores de redução para atrito e coesão, respectivamente. Os valores de FS e
FSc devem ser adotados na faixa entre 1,0 e 1,5, dependendo da importância da obra e da
Denise M S Gerscovich 83
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
No contato do solo com a base do muro, deve-se sempre considerar a redução dos
parâmetros de resistência. O solo em contato com o muro é sempre amolgado e a camada
superficial é usualmente alterada e compactada, antes da colocação da base. Assim sendo, deve-
se considerar:
Ângulo de atrito solo muro () = 2/3
Adesão (a) = 2c/3 a 3c/4
Para que o muro não tombe em torno da extremidade externa (ponto A da Figura 60), o
momento resistente deve ser maior do que o momento solicitante. O momento resistente (Mres)
corresponde ao momento gerado pelo peso do muro. O momento solicitante (Msolic) é definido
como o momento do empuxo total atuante em relação ao ponto A.
M RES
FS TOMB 1,5
M SOLIC
E
av E
a FStomb = W.x1 + Eav.x2 1,5.
W Eah. y1
E
x ah
1 y
x 1
2
A O B
b/3
Figura 60. Segurança contra o tombamento
Denise M S Gerscovich 84
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
FRES
FS DESLIZ 1,5
FSOLIC
onde: Fres = somatório dos esforços resistentes; Fsolic = somatório dos esforços
solicitantes FSdesliz = fator de segurança contra o deslizamento.
Ep S
FS DESLIZ 1,5
Ea
W Ea
Ep
S
B
Denise M S Gerscovich 85
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
W
S B c w u tan
Longo prazo permeabilidade alta B
Curto prazo
permeabilidade baixa S B su
(=0)
Notas: = atrito solo-muro, B = largura da base do muro; c’w = adesão solo-muro; W
= somatório das forças verticais; u = poropressão
Denise M S Gerscovich 86
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 87
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Figura 64.. Curvas para determinação da profundidade do dente para garantir FS=1,5.xiii
Denise M S Gerscovich 88
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Fv 0 1 2 b V 1
V
.(1
6.e
)
2 b b
Mo 0 1 2 b b V e 2
V 6.e
.(1 )
2 6 b b
'
Denise M S Gerscovich 89
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
qs= sobrecarga efetiva no nível da base da fundação (qs = 0, caso a base do muro não
esteja embutida no solo de fundação.)
(graus) Nc Nq N
0 5,14 1,00 0,00
2 5,63 1,20 0,15
4 6,19 1,43 0,34
6 6,81 1,72 0,57
8 7,53 2,06 0,86
10 8,35 2,47 1,22
12 9,28 2,97 1,69
14 10,37 3,59 2,29
16 11,63 4,34 3,06
18 13,10 5,26 4,07
20 14,83 6,40 5,39
22 16,88 7,82 7,13
24 19,32 9,60 9,44
26 22,25 11,85 12,54
28 25,80 14,72 16,72
30 30,14 18,40 22,40
32 35,49 23,18 30,22
34 42,16 29,44 41,06
36 50,59 37,75 56,31
38 61,35 48,93 78,03
40 75,31 64,20 109,41
42 93,71 85,38 155,55
44 118,37 115,31 224,64
46 152,10 158,51 330,35
48 199,26 222,31 496,01
50 266,89 319,07 762,89
Se, no entanto, a resultante localizar-se fora do núcleo central, a distribuição será triangular
e limitada apenas à compressão. A Figura 66 apresenta os esforços atuantes. Neste caso:
e' 2.V
1.3. V 1
2 3.e'
Denise M S Gerscovich 90
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Caso qualquer uma das condições não seja obedecida, as tensões na base deverão ser
recalculadas com a nova dimensão da base do muro.
Denise M S Gerscovich 91
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
potencialmente pode se deslocar como um corpo rígido. Normalmente essa verificação consiste
em se garantir um coeficiente de segurança adequado à rotação de uma massa de solo que se
desloca ao longo de uma superfície cilíndrica; isto é
Mresistentes 1,3 obras provisorias
FSglobal
Minstabilizantes 1,5 obras permanentes
Para o cálculo do fator de segurança pode ser utilizado qualquer método de cálculo de
equilíbrio limite, normalmente empregado para avaliação da estabilidade de taludes.
Em relação à fatia n, as forças a considerar são: o peso (Pn), a sobrecarga (Q), as reações
normal e tangencial Nn e Tn ao longo da superfície de ruptura e as componentes normais (Hn-1 e
Hn+1) e verticais (Vn-1 e Vn+1) das reações (Rn-1 e Rn+1) das fatias vizinhas. Como o sistema é
indeterminado, para resolvê-lo deve-se fazer algumas hipóteses quanto às grandezas e pontos de
aplicação de H e V.
O método de Fellenius consiste em admitir que as reações Rn-1 e Rn+1 são iguais, da
mesma direção e sentidos opostos. Com isso despreza-se a ação mútua entre as fatias. De
imediato, escrevem-se as seguintes equações:
Denise M S Gerscovich 92
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Nn
Nn Pn Q cos n
Ln
Tn
Tn Pn Qsen n
Ln
Denise M S Gerscovich 93
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
1
Ka
cos i cos2 i cos2
ka = 0,35 Ea .H 2 .k a = 8,17t
cos i cos2 i cos2 2
Ea h Ea cosi. = 8,05t
Ea v Ea seni. = 1,42t
Ep Ep
( E p ) projeto . 0,85t
FS 3
Fh=8,05-0,85=7,2t
` M = 18,55+Eavx1,9-Eahx1,75+Epx1/3=
` M = 18,55+1,42x1,9-8,05x1,75+0,85x1/3=7,44t.m/m
Sera adotado na analise uma redução de 1/3 para definir os parâmetros solo-muro
Ep S
FS DESLIZ 1,5
Ea
W 21,42
S B c w u tan 1,9 0 0 tan(30 / 3) 3,78t / m
B 1,9
Denise M S Gerscovich 94
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
0,85 3,78
FS DESLIZ 0,57 OK
8,05
M RES
FS TOMB 1,5
M SOLIC
Capacidade de carga:
i) Calculo da excentricidade:
Fv = 21,42t M
e' = 0,35m e =(b/2)- e' = 0,6m e > b/6 = 0,32 !
Fv
M = 7,44t.m/m (tensões de tração na base do muro!)
2.V 2 21,42
max 40tf / m 2 4kgf / cm 2
3.e' 3 0,35
qmax 2
FS 0,5 OK
max 4
Denise M S Gerscovich 95
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
soma 22,3 30
Sera adotado na analise uma redução de 1/3 para definir os parâmetros solo-muro
W 22,3
S B cw u tan 2,3 0 0 tan(30 / 3) 3,93t / m
B 2,3
0,85 3,93
FS DESLIZ 0,59 OK
8,05
30 0,28
FS TOMB 2,15 1,5 OK
14,08
Capacidade de carga:
M
e' = 0,72m e =(b/2)- e' = 0,43m e > b/6 = 0,38 ! (tensões de tração na base do
Fv
muro!)
2.V 2 22,3
max 21tf / m 2 2,1kgf / cm 2 maior que a capacidade de carga)
3.e' 3 0,72
Denise M S Gerscovich 96
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
2,55 3,93
Deslizamento: FS DESLIZ 0,89 OK
8,05
M 16,76
Capacidade de carga: e' 0,75m e =(b/2)- e' = 0,4m e > b/6 = 0,38 !
Fv 22,3
Denise M S Gerscovich 97
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Exemplo 2:
Denise M S Gerscovich 98
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Denise M S Gerscovich 99
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Estruturas de Contenção
CONTEÚDO
1. SOLO REFORÇADO
Vidal (1966) patenteou uma técnica denominada “terra armada” e a partir daí, houve uma
grande aceleração na utilização de reforço de solos.
Os maciços de terra armada são constituídos pela associação de solo e armadura,
complementada por um paramento externo vertical. Esta técnica consiste na introdução de fitas
metálicas no material do aterro que atuam como elemento de reforço, conferindo resistência à
tração ao solo. Os três componentes da terra armada são: o solo compactado, as armaduras e o
paramento externo.
As armaduras são elementos lineares e flexíveis que trabalham à tração e devem possuir
boa resistência à corrosão. São normalmente feitas de aço galvanizado, mas também podem ser
de aço inoxidável ou mesmo de aço de baixo teor de carbono. São fixadas às placas do
paramento externo por meio de parafusos.
O paramento vertical, também chamado de “pele”, pode ser constituído por escamas
metálicas flexíveis ou por escamas rígidas de concreto que são capazes de deslizar, ligeiramente
entre si.
Este sistema de contenção é patenteado, o que reduz a sua aplicabilidade, em termos
práticos. A Figura 69 apresenta uma ilustração de muro de terra armada.
Geossintético
Face
Terra vegetal
com ou sem
geocélula
Barbacã
Aterro
Terreno natural Aterro Terreno natural
Geotêxtil tecido
Geotêxtil não-tecido
Geogrelha
Tiras
Fios, fibras,
microtelas
Geomalha
Geodrenos
Geomembranas
Geocélulas
Geocompostos
Alguns requisitos básicos devem ser atendidos para que um determinado geossintético
possa ser utilizado como elemento de reforço em uma obra geotécnica, quais sejam:
Resistência e rigidez a tração compatíveis.
Comportamento à fluência compatível.
Resistência a esforços de instalação compatível.
Grau de interação entre solo e reforço.
Durabilidade compatível com a vida útil da obra.
Para obras típicas de contenção, a resistência à tração do geossintético deve ser obtida
em ensaios realizados sob condições de deformação plana, sendo o ensaio de tração de tira
larga o mais comumente utilizado. Em vista disso, a resistência a tração de um geossintético
ensaiado à tração plana é expressa em unidade de força por unidade de comprimento normal
à direção solicitada, kN/m.
O ensaio deve ser executado em condições padronizadas e o resultado obtido deve
ser considerado um valor índice, uma vez que, dependendo do polímero utilizado na confecção
do geossintético, os valores de resistência e rigidez a tração podem variar em função das
condições de ensaio, particularmente da velocidade de ensaio.
Geossintéticos à base de polipropileno e polietileno são mais sensíveis à velocidade de
ensaio e à fluência do que geossintéticos à base de poliéster ou poliamida.
geocélula
(j)
(*)
Tipo de solo Geotêxtil tecido Geotêxtil não-tecido Geogrelhas
Areias e siltes arenosos 0,8’ 0,9’ (0,5 a 0,85)’
Siltes argilosos 0,7’ 0,8’ 0,5’
Notas:
’ = ângulo de atrito do solo obtido em condições de cisalhamento drenado.
* Área sólida em planta menor que 85% da área total em planta e boa interação por ancoragem com o
solo envolvente.
Para geogrelhas, a obtenção de atrito de interface é mais complexa. Isto se deve ao fato
de que a intensidade de interação entre solo e geogrelha depende das características mecânicas
da geogrelha, das características do solo, da geometria da grelha, do comprimento ensaiado e
das condições de ensaio (Palmeira, 1987; Palmeira e Milligan, 1989). Jewell e colaboradores
(1984) sugerem a expressão abaixo para a estimativa do coeficiente de interação entre solo e
geogrelha (Figura 72):
fb = coeficiente de aderência entre solo
tan
fb e geogrelha;
tan ’
= ângulo de atrito de interface
equivalente entre solo e geogrelha;
membros de longitudinais
membros de ancoragem
b
área disponível
para ancoragem
'b
sg
Os tipos de solos mais indicados para utilização em obras de solo reforçado são aqueles
materiais predominantemente arenosos, com boa resistência friccional e elevada capacidade
drenante.
Para solos com elevada porcentagem de finos ( 30% passando na peneira 200) devem
ser tomados cuidados quanto a drenagem, deformabilidade do maciço e interação solo-reforço.
Estruturas executadas com solos possuindo elevada porcentagem de finos são suscetíveis à
geração de poropressões durante a construção e a deslocamento significativos da face (Murray e
Bolden, 1979). Em situações em que tais fatores são controlados ou aceitáveis, os resultados
obtidos têm sido bastante promissores.
Em vista da extensibilidade dos geossintéticos e da diferença de níveis de
deformação necessários para romper o solo e o reforço, é recomendável que o ângulo de
atrito do solo para dimensionamento seja o valor de resistência de pico dividido por um fator de
redução. Jewell (1996) recomenda que o valor do ângulo de atrito do solo, obtido para condições
de resistência de pico, seja minorado por um fator de redução que resulte em um ângulo de atrito
de dimensionamento próximo ao valor do ângulo de atrito do solo a volume constante (’cv).
Assim:
Para solos predominantemente arenosos, o valor de ’cv varia tipicamente entre 27 e 38.
Para areias limpas à base de quartzo, esse valor é aproximadamente igual a 33 e para areias
limpas à base de feldspato, 36 (Bolton, 1986). A presença de parcela significativa de finos ou
mica pode reduzir consideravelmente o valor de ’cv.
Tíndice Extrap
olação
Tref
Carga
de tração
Tempo (log)
Tref
Td m dm amb 1,5
m dm amb
onde:
Td = resistência à tração de dimensionamento;
m = fator de redução devido a incertezas quanto ao material. O valor de m é função da
qualidade e acurácia dos resultados de ensaios de laboratório, bem como conhecimento e
experiência com o produto e outras eventuais incertezas. (m 1,1)
dm = fator de redução devido a danos mecânicos durante a instalação/ construção. O
valor de dm depende das condições de instalação do geossintético, do tipo de material de aterro e
dos cuidados e técnicas de construção (equipamentos e energia de compactação, por exemplo).
Os geossintéticos mais leves (menor gramatura, MA) são mais sensíveis a danos, particularmente
os de gramatura inferior a 300 g/m2. A Tabela 13 e a Tabela 14 apresentam valores mínimos
recomendados para dm para geotêxteis e geogrelhas, respectivamente. Quanto menor a
gramatura, mais relevantes podem ser as perdas de resistência devidas a danos mecânicos e
2
Altura da estrutura, H (m) MA (g/m )
2 140
2<H4 200
4<H10 300
H10 500
Estabilidade interna
Estabilidade global.
q
H
S
Dado o maciço reforçado esquematizado na Figura 75, sob a ação de seu peso próprio,
sobrecargas e empuxo de terra, o empuxo de terra (E) pode ser calculado por uma das diversas
teorias de empuxo disponíveis, sendo a de Rankine a mais comumente utilizada. As condições de
estabilidade externa a serem atendidas são descritas a seguir.
Q= qB
Maciço reforçado
q
solo 1 solo 2
c'1, 1 e '1 c'2, , e '2
W
H
E
B yE
O` O
N' tanb
N'
M RES
FS TOMB 2,0
M SOLIC
q
FS t k a 2 1 3
2 H
Bt H
q
3 1
2 2H
Nesta fase de dimensionamento deve-se adotar provisoriamente o maior dos valores entre
Bd e Bt.
N 6.e
Mo 0 v max v min B B N e v min .(1 )
2 6 B B
onde: N = somatório das forças verticais; e = excentricidade; B = largura da base
do muro.
Q= qB
Maciço reforçado
q
solo 1 solo 2
c'1, 1 e '1 c'2, , e '2
W
H
E
B/2 B/2
yE
e
O
vmin
vmax
xR
Figura 76 Distribuição de tensões verticais na base
Alternativamente:
2 N 3x R
v min 1
B B
xR = distância da resultante das forças na base ao
WxW QxQ Ey E
pé da estrutura x R
2N 3x W Q
v max 2 R
B B N = força normal na base (= W + Q);
B B
e xR e = excentricidade da carga na base da estrutura
2 6
B = largura da base da estrutura (maior entre Bd e Bt).
2
H
v max 1H q k a 2 ( 2 H 3q)
B
q
k a 2 1 3
2 H H 2 B
e
1 q B 6
H
2 6
v min 1H q k a 2 ( 2 H 3q)
2 2
H
B
O valor da excentricidade (e) deve ser menor ou igual a B/6, de modo que teoricamente
toda a base da estrutura esteja comprimida (vmin 0).
Este valor deve, então, ser comparado à capacidade de carga do solo de fundação. Para
esta comparação pode-se utilizar a tradicional expressão para o cálculo de capacidade de carga
de uma fundação corrida (Terzaghi e Peck, 1967):
qmax = capacidade de carga do solo de
qmax c'.N c q s .N q 0,5. f .B'.N
fundação;
c’ = coesão do solo de fundação;
qs = sobrecarga no nível da base da estrutura,
No caso de solo de fundação
caso esta esteja parcialmente enterrada;
(graus) Nc Nq N
0 5,14 1,00 0,00
2 5,63 1,20 0,15
4 6,19 1,43 0,34
6 6,81 1,72 0,57
8 7,53 2,06 0,86
10 8,35 2,47 1,22
12 9,28 2,97 1,69
14 10,37 3,59 2,29
16 11,63 4,34 3,06
18 13,10 5,26 4,07
20 14,83 6,40 5,39
22 16,88 7,82 7,13
24 19,32 9,60 9,44
26 22,25 11,85 12,54
28 25,80 14,72 16,72
30 30,14 18,40 22,40
32 35,49 23,18 30,22
34 42,16 29,44 41,06
36 50,59 37,75 56,31
38 61,35 48,93 78,03
40 75,31 64,20 109,41
42 93,71 85,38 155,55
44 118,37 115,31 224,64
46 152,10 158,51 330,35
48 199,26 222,31 496,01
50 266,89 319,07 762,89
z1
S
Iai
45º +'/2
distribuição de tensões
horizontais ativas
Ti ’hz S
Ti = esforço de tração no S
reforço i;
S = espaçamento entre
reforços na profundidade z.
Figura 79 Transmissão de tensões para o reforço
A tensão horizontal junto à face do maciço reforçado depende da tensão vertical, cuja
variação na horizontal é função das características do solo e das dimensões do maciço reforçado.
A distribuição de tensões verticais ao longo do reforço ainda representa uma duvida.
Alguns autores (John, 1987) consideram que o diagrama de tensões verticais em um dado nível
tem a forma trapezoidal, com a tensão máxima ocorrendo junto à face. Esta hipótese pode levar a
espaçamentos entre reforços cerca de 30% menores que os previstos pela abordagem tradicional
(tensão vertical uniforme e igual ao peso de terra mais sobrecargas acima do nível considerado -
Jewell, 1996; Koerner, 1998).
Entretanto, reduções significativas das tensões verticais junto à face da estrutura têm sido
observadas em obras típicas instrumentadas e em ensaios com modelos (Wawrychuck,1987;
Lanz, 1992). Em ensaios em modelos com maciços reforçados esbeltos (B/H 0,5) observaram-
se diagramas de tensões verticais com a tensão máxima ocorrendo junto à face (Ashaari, 1990,
Lanz, 1992).
Considerando-se a hipótese de distribuição de tensões verticais na massa reforçada
uniforme, pode-se determinar a tensão horizontal ativa (efetiva) junto à face, na profundidade z,
por:
'
2c1’ k a1 tan 2 45o 1
’hz k a1 vz
’
2c' k a k a1 1 z q 2
k a1
’1 é o ângulo de atrito efetivo de
dimensionamento do solo 1.
Td
S
2c1’ T é a resistência à tração de dimensionamento do
k a1 1 z q d
a1
kgeossintético
Pode-se observar que o espaçamento necessário entre reforços varia inversamente com a
profundidade. Neste caso, pode-se variar o espaçamento entre reforços ao longo da altura do
aterro de modo a se ter um projeto mais otimizado. Tanto no caso de espaçamento constante
entre reforços quanto no caso de espaçamento variável, a camada de reforço mais solicitada é a
mais profunda, em geral na base do maciço reforçado (z = H). Neste caso, o espaçamento
uniforme entre reforços é dado por:
Td
Suniforme
2c1’
k a1 1H q
k a1
z1
S
Iai
H
Ti
Tf
45º +'/2
Pela teoria de Rankine, a superfície crítica de deslizamento está inclinada com a horizontal
de um ângulo igual a 45o+’1/2, onde ’1 é o ângulo de atrito efetivo do solo da massa reforçada,.
Assim, o comprimento de ancoragem do reforço i, na profundidade zi, é dado por:
o 1'
lai B ( H zi ) tan 45
2
T T
la z1 la
'v 'v
S S z1
' reforço i
'
t t
'h lb lb
'h
(a) Reforço i, a uma profundidade zi. (b) Reforço na superfície do aterro, i = 1.
FS af h' 2 S T
lb 'v
tan inf
tan v sin 1
'
tan l
S
a
onde: t
l
lb = comprimento de ancoragem ao b
longo da horizontal;
FSaf = fator de segurança para a
Figura 83. Tensões na ancoragem
ancoragem na face ( 1,5);
’h = tensão horizontal média entre inf = ângulo de atrito de interface entre
duas camadas de reforço; a face inferior do trecho com comprimento lb e o
’v = tensão vertical entre duas material subjacente (solo ou reforço, se solo:
inf
camadas de reforço; = );
= inclinação do comprimento la
= ângulo de atrito entre o reforço e o
com a horizontal (Figura 82);
solo de aterro 1.
Pode-se observar que a situação mais crítica ocorre em reforços superficiais (’v baixos).
Ensaios em modelos confirmam tal situação (Lanz, 1992). Assim, para a camada de reforço mais
superficial, situada na profundidade z1 a partir da superfície do terrapleno, tem-se:
z1
v' q
2
logo:
FS af h' 1 2 z1
lb
tan z1 2q sin 1 tan inf
tan
tan inf
1
tan
tan inf
0.2 1
tan
Para geogrelhas com baixa razão entre área sólida em planta e área total em
planta, o valor de tan /tan é próximo a 1.
Em geotêxteis = 6 a 30, dependendo das características de rugosidade da
superfície do geotêxtil. Geotêxteis do tipo tecido, razoavelmente lisos, tendem a
fornecer baixos valores de ângulo de atrito de interface geotêxtil-geotêxtil (< 15).
Caso o trecho dobrado esteja em contacto com a camada de reforço ao longo do
comprimento lb e não se disponha de dados de ensaios, pode-se adotar
conservativamente tan /tan =0
Se ’hcomp ’h (em z = z1/2), usar ’h = ’hcomp e q = 0, onde ’hcomp é tensão
horizontal induzida pela compactação (ver item 5.6.3.7).
Se ’hcomp < ’h (em z = z1/2), usar ’h = ’h (para z = z1/2) e q ( 0), onde ‘h (para z
= z1/2) é a tensão efetiva horizontal no estado ativo na profundidade z1/2.
O valor da inclinação é arbitrado pelo projetista. Para materiais de aterro
predominantemente arenosos, pode-se utilizar o valor de próximo ao ângulo de
atrito da areia no repouso ou aproximadamente igual ao ’cv do material de aterro.
1 FS af h '
1 2
lo la lb z1 1m
sin tan z1 2q sin 1 tan inf
tan
Por razões de facilidade construtiva, recomenda-se que o comprimento total dobrado (lo)
não seja inferior a 1 m (Koerner, 1998).
A seqüência de cálculo de lo é a seguinte:
(i) Calcular o valor de la, admitindo-se que o trecho lb é desnecessário (lb = 0):
FS af h' S
la
2 v' tan
S = z1
z1
Para zi = z1
v' q e ‘h = ‘h (em z = z1/2), se ’hcomp < ’h
2
(camada de reforço superficial, i = 1) (em z = z1/2) (10’hcomp 30kPa - ver item 5.6.3.7)
ou
z1
v' e ‘h = ’hcomp, se ’hcomp ‘h (em z = z1/2).
2
S
v' ( zi ) q e ‘h = ‘h (em z = zi - S/2), se
2
’hcomp < ‘h (em z = zi - S/2) (10’hcomp 30kPa - ver
item 5.6.3.7)
Para zi > z1 ou
S
v' zi e ‘h = ’hcomp, se ’hcomp ‘h (em z
2
= zi - S/2).
S (ou z1, para i = 1) Não é necessário o comprimento lb e, neste caso
Se: 1 m la OK lo la 1 m
sin
FS af h' 2 S
lb
tan v sin 1 tan inf
'
tan
Neste caso
z t
la 1
sin
lo la lb 1 m
onde t é a espessura de solo abaixo do trecho com comprimento lb (Figura 82). Para os
demais reforços, z1 deve ser substituído por S da seguinte forma:
z
S = z1 v 1 q e ‘h = ‘h (em z = z1/2), se ’hcomp < ‘h
'
2
(em z = z1/2) (10’hcomp 30kPa - ver item 5.6.3.7)
Para zi = z1
(camada de reforço superficial, i = 1), Ou
z1
v' e ‘h = ’hcomp , se ’hcomp ‘h (em z = z1/2).
2
S
v' zi q e ‘h = ‘h (em z = zi - S/2), se ’hcomp <
Para zi > z1, 2
‘h (em z = zi - S/2) (10’hcomp 30kPa - ver item 5.6.3.7)
ou
S
v' zi e ‘h = ’hcomp, se ’hcomp ‘h (em z = zi -
2
S/2) (10’hcomp 30kPa - ver item 5.6.3.7)
se >
hcomp h(z=0)
hcomp
h(z=0)
Envoltória de tensões
horizontais considerando
as tensões de compactação
Sobrecargas localizadas devem ser levadas em conta nas análises de estabilidade externa
e interna. Apesar da contradição do uso de soluções plásticas e elásticas em um mesmo
problema, as soluções oriundas da teoria da elasticidade têm sido comumente utilizadas para a
estimativa de acréscimos de tensões horizontais. Poulos e Davis (1974) apresentam soluções
elásticas para variados tipos de carregamentos.
As Figura 85(a) e Figura 85(b) esquematizam a presença de sobrecargas localizadas na
superfície do terrapleno. É importante frisar que estruturas em solo reforçado, como outros tipos
de estruturas de contenção de peso, são usualmente consideradas deslocáveis caso existam
estruturas sensíveis a recalques na superfície do terrapleno.
q q
Maciço
Maciço
b reforçado
reforçado
2 2
1 1
h
h
Qv Q carregamento em faixa
Ph = acréscimo de carga horizontal
devido à sobrecarga localizada na superfície;
Qh = componente horizontal da carga
hc Ph
na superfície;
H
Qv = componente vertical da carga na 45o + '1/2
superfície;
ka1 = coeficiente de empuxo ativo do
solo 1. B maciço reforçado
Qv k a1 ’
hv com hc d tan 45o 1
hc 2
onde d é a distância da borda externa do carregamento à face da estrutura (Figura 86).
x
Qh
Qv k a1
hz Qv Q maciço reforçado
b z Qv ka1 /hc
x
2 b
1
x = distância da face da 2
hc
estrutura ao ponto médio do
45o + '1/2 H
carregamento distribuído;
b = largura do Qv ka1
carregamento distribuído; x + (b + z)/2
B
z = profundidade z
Qh
Qv Q maciço reforçado
2Qh/hc
hc
H
45o + '1/2
z
B
4
1 - carregamento uniformemente
distribuído na superfície;
2 - peso próprio do solo;
3 - componente horizontal de carregamento
localizado na superfície;
5
4 e 5 - componente vertical de carregamento
1 localizado na superfície.
Geossintético
Aterro
Terreno natural
maciço reforçado
q
H
u
Emax
Admite-se que o solo de fundação é tão ou mais resistente que o material de aterro. A
metodologia permite que se leve em conta eventuais poropressões no aterro, através do
parâmetro de poropressão ru, definido por:
ru = parâmetro de poropressão;
u
ru
z = peso específico do solo;
z = profundidade do elemento de solo
considerado.
Comumente se utiliza um valor constante de ru para todo o maciço.
Os gráficos para a determinação do coeficiente de empuxo horizontal (kReq) neste caso são
apresentados na Figura 92 a Figura 94. Nestas figuras aparecem também os gráficos para
determinação dos comprimentos dos reforços de modo a se atender a estabilidade interna e a
segurança contra o deslizamento ao longo da base.
'
0,5 20o
ru = 0
0,4 25o
30o
0,3
35o
k
40o
0,2
45o
50o
0,1
0
30 40 50 60 70 80 90
(o)
(a) Coeficiente de empuxo
LR
LR
H
H desliz
int
1.2 1.2 ru = 0
ru = 0
'
0.8 20o 0.8
'
30o 20o
40o 0.4
0.4 25o
50o
30o
45o 35o
0 40o
0
30 50 70 90 30 50 70 90
(o ) (o )
20o '
0,6
25o
ru = 0,25 30o
0,5
35o
40o
0,4 45o
50o
k 0,3
0,2
0,1
0
30 40 50 60 70 80 90
(o)
(a) Coeficiente de empuxo
LR LR
H int H
desliz
30o
0.6 0.6
40o
50o 30o
40o
0 0 50o
30 50 70 90 30 50 70 90
(o) (o)
'
0,8 20o
0,7 ru = 0,50 30o
40o
0,6
50o
0,5
k 0,4
0,3
0,2
0,1
0
30 40 50 60 70 80 90
(o)
(a) Coeficiente de empuxo
LR LR
H int H desliz
3.0 3.0
ru = 0,50 ru = 0,50
'
2.0 2.0 20o
'
20o
25o
sobrecarga na superfície;
H = altura real do talude;
q ho = espessura equivalente de solo para a sobrecarga na
H eq H
superfície do terrapleno;
q = sobrecarga uniformemente distribuída na superfície do
terrapleno;
= peso específico do material de aterro.
Os passos a serem seguidos para o dimensionamento de um talude inclinado por Jewell
(1989 e 1996) são descritos abaixo:
iii) Com as características do talude obtém-se o valor de kReq e LR através da Figura 92 a
Figura 94 (a, b, c), dependendo do valor de ru adotado. O valor de LR é o maior entre os
valores que garantam estabilidade interna e contra o deslizamento ao longo da base.
Os gráficos para a determinação de LR foram construídos admitindo-se um coeficiente
de interação fb (tan/tan)= 0,8. Caso o valor de fb seja diferente, o valor de LR obtido
pelo gráfico deve ser multiplicado por 0,8/ fb.
iv) O espaçamento pode ser constante ao longo de toda a altura do talude ou variar, de
modo semelhante ao apresentado para estruturas de contenção. O espaçamento entre
reforços requerido na base é dado por:
Td
S
k d H eq
Para evitar mecanismos de ruptura superficiais, não passando pelo pé do aterro reforçado,
aumenta-se a tensão horizontal na região superficial do aterro de um valor dado por:
min = tensão a ser equilibrada pelos reforços na região
superficial do aterro (é assumida constante até a profundidade zcrit.
Se min < hcomp, usar hcomp;
min zcrit kRe q zcrit = profundidade crítica, acima da qual o reforço só é
capaz de mobilizar um esforço de tração igual a sua resistência por
ancoragem.
LB
z crit H
LR
z'
z'crit
H eq
z' kd'v
De acordo com a Figura 96, a posição da resultante das forças na base do maciço
reforçado pode ser obtida por:
E é o empuxo de terra sobre a massa reforçada
WxW QxQ Ey E kd
xR E ( H eq2 ho2 )
W Q 2
W
xw
H u
Emax
B
yE
Ntanb
N
xR
Na presente data ainda não são disponíveis métodos simples para a estimativa de
deslocamentos horizontais na face de estruturas de arrimo em solo reforçado com geossintéticos.
Dados de obras reais sugerem deslocamentos horizontais máximos entre 0,2 e 3% da
altura da estrutura (tipicamente entre 0,2 e 1.2% da altura), dependendo das características da
obra, rigidez do reforço, tipo de solo, compressibilidade da fundação etc.
Em vista da complexidade do problema, é importante frisar que as metodologias
apresentadas a seguir devem ser encaradas unicamente como indicativas do possível nível de
deslocamentos horizontais máximos da face de estruturas de contenção em solo reforçado com
geossintéticos.
O Departamento de Transportes Americano (FHWA, 1990) apresenta as seguintes
expressões empíricas para estimativa do deslocamento máximo da face de estruturas reforçadas
com até 6 m de altura:
limites:
H q H q
R 1 0,25 h max R 1 0,25 0
250 20 75 20 0 0.5 1.0 1.5
B/H
0,55 1
0,5
= 0o 0,9
0,45
0,4 hmaxJ
hmaxJ = 10o
0,8
HTr
HTbase 0,35
0,3 0,7
= 20o
0,25
0,6
0,2 0 5 10 15 20 25
20 25 30 35 40 45
Ângulo de dilatância, (graus)
Ângulo de atrito mobilizado (graus)
(b) Espaçamento variável e carga constante nos
(a) Espaçamento uniforme entre reforços reforços
Tbase = esforço de tração no reforço
na base da estrutura;
chumbadores
zona
revestimento plastificada
rígido
revestimento
flexível
(a) (b)
Figura 101. Técnicas de execução de túneis com revestimento flexível (a) e rígido (b)
(GeoRio, 1999).
O reforço com grampos é executado através das seguintes etapas principais: escavação,
introdução dos elementos resistentes e proteção da superfície. conforme ilustra a Figura 104.
Inicialmente, escava-se o material até uma profundidade de 1 a 2 metros,, dependendo das
características de resistência do solo (Tabela 18). Se o material puder permanecer assim durante
algumas horas, sem a ocorrência de deformações, inicia-se rapidamente a introdução dos
grampos. Em caso contrário, pode-se aplicar uma fina camada de concreto projetado, a fim de
evitar que a parede sofra deslocamentos não admissíveis.
consolidada)
A espessura final da face de concreto projetado varia entre 50 e 150 mm para obras
temporárias e de 150 a 250 mm para projetos permanentes. A face pode ser construída em uma,
duas ou mais camadas dependendo do tipo de grampo utilizado, da seqüência construtiva e das
perturbações causadas no solo. Acabamentos de arquitetura podem ser aplicados como última
camada de cerca de 50 mm (Bruce e Jewell, 1987).
Recomenda-se ainda executar uma pequena ficha, com o próprio paramento, abaixo do
nível final da escavação, evitando a possibilidade de carreamento de finos por ação de infiltração
de água, mantendo o solo confinado atrás do paramento, garantindo assim a estabilidade no pé
do solo grampeado. A profundidade da ficha (f) depende essencialmente da qualidade do terreno
bem como da geometria do paramento. Para efeito de projeto, pode-se adotar f = 0,20m para
alteração de rocha e f = 0,40m para solos em geral (Lima Filho, 2000).
Porca
Placa metálica
Barra de aço
(a) (b)
Concreto projetado
0
30
0
20 Concreto
0
moldado in loco
20 50
0
30
25 50 Grampo
0
50
Dimensões em mm
(c)
(d) (e)
Figura 105. Detalhe da cabeça dos grampos: (a) aço 20 mm; (b) aço <20 mm;
(c) extremidade embutida no terreno (GeoRio, 1999); (d) com bloco de proteção; (e)
extremidade embutida (Ingold, 2000).
A técnica mais comum para combater o processo de corrosão nos grampos é o aumento
da seção transversal, a qual é eficiente apenas para processos de corrosão uniforme e não num
processo concentrado.. Schlosser e outros (1992) sugerem:
Tempo de vida útil 18 meses : Espessuras extras entre 0 e 2 mm
Tempo de vida útil > 18 meses : Espessuras extras entre 2 e 4 mm
A drenagem superficial pode ser realizada por drenos atrás e adjacentes ao revestimento
de concreto. Podem ser utilizados drenos tipo barbacãs e drenos de paramento. O dreno tipo
barbacã é o resultado da escavação de uma cavidade com cerca de 40 x 40 x 40 cm preenchida
com material arenoso e tendo como saída tubo de PVC drenante, partindo de seu interior para
fora do revestimento com inclinação descendente O dreno de paramento, é o resultado da
instalação de calha plástica ondulada revestida por manta geotêxtil numa escavação de 10 x 30
cm, na direção vertical da crista até o pé do talude. Aflora na canaleta do pé, sendo considerado
um dreno linear eficiente e recomendável para projeto (Figura 107).
Figura 107. Drenagem superficial com dreno do paramento (Zirlis e outros, 1999).
As canaletas de crista (Figura 108) e pé, bem como as escadas de descida d’água são
moldadas “in loco” e revestidas por concreto projetado.
5.7.3 Dimensionamento
Não existe até o presente momento normalização brasileira que regulamente o controle de
execução de estruturas em solo grampeado. Dias (1992) apresenta uma sugestão de
procedimentos básicos para a execução de estabilização de taludes com solo grampeado,
estruturado nos moldes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), O manual técnico
publicado pela GeoRio (1999) sugere inúmeras recomendações para projetos em solo
grampeado. Outras recomendações foram publicadas no trabalho de Springer (2001).
qs = atrito unitário
La = comprimento injetado
Deflectômetro
Placa
de aço
Célula de
carga
Macaco
hidráulico
Trecho injetado
Comprimento do
qs (kPa) Referencia Observações
grampo (m)
145 a 295 3 grampos injetados
185 a 205 6 Feijó e Erhlich solo residual de biotita-gnaisse
95 a 190 3 (2001) grampos injetados
108 a 248 6 solo residual de gnaisse leptinítico
Azmbuja e outros
204 a 260
(2001)
Pinto e Silveira,
257 a 280 Linha Amarela – RJ
(2001)
grampos injetados no Rio de
50 + 7,5N Ortigão (1997) Janeiro, São Paulo e Brasília
N = NSPT =no de golpes
qs = 67 + 60 In N Ortigão e Palmeira
Vide Figura 110 (1997)
5.7.5.1 Grampo
Com relação à distribuição de tensões nos grampos, a medida que se prossegue com a
escavação, tensões de tração são desenvolvidas nos grampos em função da descompressão
lateral do solo, resultado do processo de escavação.
zona ativa : tensões de atrito lateral aplicadas pelo solo nos grampos são direcionadas para
fora.
zona passiva: tensões de atrito lateral são direcionadas para dentro da massa de solo em
direção oposta aos deslocamentos laterais da região ativa.
h
Zona Ativa
Zona Passiva
L
Figura 111. Zonas ativa e passiva em escavações com grampos fixos (Springer, 2001).
A superfície de ruptura passa pelos pontos de máxima força de tração nos grampos
(Tmáx). Entretanto sua localização exata da não é tão simples de se determinar. No caso de
grampos livres as tensões são máximas dentro da massa de solo. No caso de grampo fixo o ponto
de tração máxima ocorre junto à face. (Springer e outros ,2001)
Co
ulomb
1. atrito solo grampo: Em solos arenosos, o atrito unitário solo-grampo (qs) é praticamente
independente da profundidade (Schlosser, 1983; Schlosser e Unterreiner, 1990) e da tensão
confinante (Unterreiner e outros, 1995). A mobilização do atrito-lateral ao longo dos grampos
se dá para pequenos deslocamentos do grampo em relação ao solo, da ordem de poucos
milímetros.
A seguir, uma distinção é feita entre a ruptura interna do solo grampeado e a ruptura
externa na qual a parede comporta-se como um bloco monolítico.
Ruptura externa de uma estrutura de solo grampeado ocorre geralmente por deslizamento
do terreno ao longo de uma superfície de ruptura afetando a estrutura como um todo e atingindo
diretamente as fundações. Este tipo de ruptura é comum em todos os tipos de estruturas de
contenção. Pode ser resultado da má qualidade do solo da fundação ou por comprimento dos
grampos insuficientes que resultam numa ruptura global que, em parte, toma a forma de
deslizamento da estrutura sobre a base.
Processo de corrosão nos grampos (barras de aço) com significativa redução da seção dos
mesmos;
Ruptura por instabilidade local como resultado de altura elevada nas etapas de
escavação (ruptura interna) Neste tipo de ruptura, o solo flui atrás da face devido a sucessiva
eliminação do efeito de arqueamento do solo (Figura 115).
Figura 115. Ruptura devido a altura elevada nas etapas de escavação (Clouterre, 1991).
Ruptura por erosão interna do solo ou “piping” Este tipo de ruptura é bem similar ao
anterior no que se diz respeito ao modo de ruptura. Este tipo de ruptura é resultado da
heterogeneidade do solo e/ou por falta de sistemas de drenagem durante as etapas de
construção.
A Tabela 21 fornece valores típicos de projetos válidos para muros com altura 5 metros,
em solos homogêneos, sem nível d’água, sem sobrecargas que possam afetar a estabilidade
geral do conjunto.
Tabela 21. Valores típicos de projetos (H 5 m, solos homogêneos, sem NA, grampos
injetados (Clouterre, 1991).
Parâmetro Valor
aço qS
Densidade de grampeamento: dG
SV S H
III. Seleciona-se no ábaco o valor de d densidade de grampeamento por interpolação entre duas
curvas próximas, de forma a obter um fator de segurança (FS) adequado.
OM
IV. FS é dados pela relação entre os segmentos de retas FS .
OA
0,3
L / H = 0,6
L
0,2 H
N=c/H
0,1
M (N, tan ) d=0
tan
0,3
L / H = 0,8
0,2 H
N=c/H
0,1
M (N, tan )
A d=0
0,3
L /H =1
0,2
H
N=c/H
0,1
d=0
d=1 0,5
0,4 0,3 0,2 0,1
0,0 0,75
0 1 2
tan
0,3
L /H =1,2
0,2 H
N=c/H
0,1
d=0
tan
Nestes métodos, o solo é dividido em fatias verticais, as quais são analisadas por equilíbrio
estático. A estabilidade da estrutura é verificada através de um sistema de equilíbrio de forças
estáticas que atuam na massa de solo limitada pela superfície potencial de ruptura. O fator de
segurança (FS) é assumido como constante ao longo da superfície de ruptura e é assumido como
sendo a razão entre a máxima resistência ao cisalhamento do solo (máx.) e a resistência ao
cisalhamento mobilizada () ao longo da superfície de ruptura. O sistema de equilíbrio do solo é
determinado usando a redução de parâmetros de resistência do solo (coesão e ângulo de atrito
interno).
Nestes métodos as forças mobilizadas nos grampos (forças axiais e eventualmente forças
cisalhantes e momentos fletores) devem ser consideradas no equilíbrio estático. Essas forças
dependem das características do mecanismo do solo dentro das quais elas estão sendo
mobilizadas devido a interação solo-inclusão (atrito lateral e pressões laterais entre o solo e o
grampo).
Tabela 22. Métodos de cálculo em solo grampeado (adaptado de Abramson e outros, 2001)
Multicritério Davis Esc Cinemát
Método Alemão Davis Cardiff
(Francês) Modificado oamento ico
Stocker Juran e
Ant
Schlosser e outros (1979) Shen e Elias e Bridle (1989 outros
Referência hoine
(1982 e 1983) e Gässler e outros (1981) Juran (1988) e 1990) (1988 e
(1990)
Gudehus, 1981) 1990)
Teo Análise
Equilíbri
Equilíbrio Equilíbrio . Equilíbrio Equilíbrio ria do de
o Limite –
limite – Momentos limite – Forças limite – Forças limite – Momentos Escoamento tensões
Análise Forças
Estabilidade Estabilidade Estabilidade Estabilidade Esta internas
Estabilid
Global Global Global Global bilidade Estabilid
ade Global
Global ade Local
Parâmet
Parâmetros Parâmetros
Parâmetros Parâmetros ros do solo
(c, ’) Parâmet (c, )
Propriedades (c, ’) (c, ’) (C/H, ’)
Força limite ros (c, ’) Força limite
do material Força limite Força limite Parâmet
nos grampos Atrito nos grampos
pré-definidas nos grampos nos grampos ro adimensional
Rigidez à lateral Rigidez à
Atrito lateral Atrito lateral de rigidez à
flexão dos grampos flexão dos grampos
flexão (N)
Tração, Tração,
solicitações Tração, Traç
Tração Tração Tração cisalhamento e cisalhamento e
nos grampos cisalhamento e flexão ão
flexão flexão
Espi
Superfície de Circular ou Espiral Espiral
Bilinear Parabólica Parabólica ral
ruptura polinomial logarítmica logarítmica
logarítmica
163
EMPUXOS DE TERRA & MUROS GRAVIDADE
Arranca
Mecanismo a
Não
Misto mento dos Misto Misto Misto
de ruptura utilizável
grampos
Fator de
b
segurança
Resistência 1
1,5 1,5 1 1
do solo: Fc, F (Residual)
1,5 1,5 2 2
Resistência 1,5 a 2
ao Arrancamento dos
c
Grampos - F p
164
FEUERJ
Faculdade de Engenharia
Departamento de Estruturas e Fundações
PGECIV
Tipo de execução do grampo (fixo ou livre) em relação à face escavada Para L/H <
0,67, os grampos fixos apresentam menores deslocamentos horizontais e verticais
Para maiores valores de L/H, o processo construtivo (grampo fixo ou livre) não tem
influência significativa nos deslocamentos da massa grampeada. (Springer e
outros, 2001)
Relação L/H;
A Figura 120 apresenta uma sugestão para a avaliação da área de influência () afetada
pela execução da estrutura em solo grampeado. Os deslocamentos horizontais e verticais serão
máximos no topo da estrutura e nulos na distância do topo da escavação, a qual é função do
tipo de solo, através do coeficiente , inclinação da parede () e altura total da estrutura (H). A
Tabela 23 fornece os valores típicos , além de valores máximos de deslocamentos verticais e
horizontais máximos, baseados em resultados empíricos (Schlosser e outros, 1992; Schlosser e
Unterreiner, 1997).
Figura 120. Esquema com as deformações em uma estrutura de solo grampeado (Clouterre, 1991).
Os grampos posicionados nas regiões mais elevadas da parede contribuem mais para a
redução dos deslocamentos horizontais na face, enquanto que os grampos inferiores promovem
um aumento da estabilidade (superfícies de ruptura que passam pela base da estrutura).
Tabela 25 (Gässler, 1990) e ilustrados pela Figura 122 (Dringenberg e Craizer, 1992).
Redução de recalques 2 3
Uma comparação entre as técnicas de solo grampeado e terra armada indica que os
métodos de análise de ambas são bastante semelhantes e o atrito entre o reforço e o solo é o
fator principal no mecanismo de resistência. A principal diferença consiste no método construtivo.
A parede de terra armada consiste em um reforço “construído” no local, ou seja, um aterro
executado com solo de empréstimo compactado durante a obra. Com isso, há um controle sobre
as características do material. O solo grampeado, por sua vez, é um tipo de reforço “in situ”, onde
as características naturais do solo continuam as mesmas, bem como a geometria do talude
permanece praticamente inalterada. A utilização de solo grampeado evita uma série de gastos
adicionais com equipamentos de escavação, transporte, compactação, etc.
O comportamento relativo às deformações também é diferente nos dois casos. A terra
armada é executada em aterros, de baixo para cima, e os maiores deslocamentos observados
são localizados próximos à base da parede. No caso de solo grampeado, como a execução é em
corte, de cima para baixo, os maiores deslocamentos ocorrem no topo do muro (Figura 33).
Com relação à natureza do solo, em reforços com Terra Armada, o tipo de solo do reaterro
é um solo granular com predominância de partículas de diâmetro reduzido. Consequentemente,
têm-se apenas o ângulo de atrito e a coesão. Em relação ao teor de umidade, este é mantido
controlado e com valores relativamente baixos. Ao contrário, em paredes de solo grampeado, o
solo é aquele do terreno natural, geralmente coesivos, até mesmo em solos granulares. Muitas
vezes são heterogêneos apresentando teor de umidade elevado (Schlosser, 1982). Solo
Prof. Denise M S Gerscovich 170
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grampeado tem sido utilizado em escavações em solos granulares e solos coesivos em depósitos
relativamente heterogêneos (Abramson e outros, 2001)
As forças desenvolvidas nos reforços são sustentadas pela aderência friccional entre o solo e
o elemento de reforço;
Estruturas em Solo grampeado e Terra-Armada são sistemas que são consistentes e flexíveis.
Por esta razão, eles oferecem vantagens em oposição a grandes deformações e em observações
de campo após terremotos sobre estruturas de solo grampeado e em terra-armada. Em ambas as
estruturas, verifica-se uma alta resistência das mesmas em relação a esforços dinâmicos (efeitos
sísmicos) (Choukeir e outros, 1997; Jones, 1998; Tufenkjian e Vucetic, 1992 e 2000);
O solo grampeado possui uma aplicação limitada quando comparado às demais técnicas
discutidas pois só se aplica em casos de estabilização de taludes naturais e escavações.
O sistema de reforço por micro-estacas, desenvolvido por Lizzi (1971) consiste na criação
de um bloco monolítico rígido de solo reforçado o qual se estende até uma determinada
profundidade abaixo da superfície de ruptura . Consiste num conjunto de estacas de pequeno
diâmetro com inclinações variadas introduzidas no solo a fim de introduzir no terreno um massa
de solo reforçada a qual suporta a zona sem reforço semelhante ao mecanismo do muro de peso
(Bruce e Jewell, 1986).
A principal diferença entre os dois sistemas consiste no fato de que o comportamento das
micro-estacas é significativamente influenciado pelo arranjo geométrico dos reforços (Figura 124).
Figura 124. Comparação entre solo-grampeado (a) e estaca-raíz (b), (Mitchell e Villet,
1987).
Zona ativa
Revestimento Concreto
armado
Cargas elevadas devem ser aplicadas nos tirantes durante a execução dos mesmos, sendo
assim, há uma necessidade em alguns casos, de colocação de placas de ancoragens para evitar
o puncionamento dos mesmos. Os grampos são colocados no terrenos e acompanhados de
pequenos suportes apenas (placas metálicas);
Os tirantes tendem a ser mais longos (15 a 45 m) e deste modo, necessitam de equipamentos
mais pesados e instalação em larga escala;
De certo modo, a cortina atirantada apresenta uma maior grau de confiabilidade em função da
fixação de critérios para execução e controle através de ensaios aos quais os tirantes devem
obedecer (NBR 5629/96). No caso de solo grampeado, raríssimas vezes os chumbadores são
testados e quando o são o número de ensaios é pouco significativo ou até insignificante em
relação a área contida (Falconi e Alonso, 1996);
M
Valor
ateriais
= 17
kN/m3
c'1 = 0
’1 =
’cv = 32º solo 1
Solo 1 q=10
’p =
39º
29
solo 2
= 19
H=5m
kN/m3
S c'1 = 6
olo kPa
’2 =
30
D=7,2
b =
25
Figura 126 Esquema do exemplo.
c’ = 10
kPa
F ’ =
undação 34
Ef =
30 MPa
f =
0,30
2
Geotêxtil não-tecido de poliéster MA = 430 g/m
fl = 1,8
Reforço Tíndice = 39,2 kN/m
J = 400 kN/m (módulo confinado obtido para a faixa de deformações
esperada no reforço)
' 30
k a 2 tan 2 45 2 tan 2 45 0,333 .
2 2
Desprezando-se a parcela negativa do diagrama de tensões horizontais, o empuxo ativo é
dado por E = 62,11 kN/m e yE = 1,48 m
solo 1
'h = 3,59 kPa
0 10 20 30 'h (kPa)
0,57 m
2
solo 2
H=5m
E=62,1 kN/m
4
1,48 m
FS d E 1,5 62,11
Bd Bd 2,10 m
( 1H q) tan b (17 5 10) tan 28
WxW QxQ Ey E
xR
W Q
W = 17 x 2,1x5 = 178,50 kN/m
Q = 2,1x10 = 21 kN/m 178,5 1,05 21 1,05 62,11 1,48
xW = xQ = 1,05 m xR 0,59m
178,5 21
2 N 3x R
N = W + Q = 178.5 + v min 1
B B
21 = 199,5 kN/m
199,5 3 0,59
v min 1 10,93 kPa < 0
2,1 2
Deve-se aumentar a base da estrutura de modo a se ter vmin positivo e não muito
pequeno. Seja, então, admitir-se B = 3,5 m. Neste caso:
W = 17x3,5x5 =
297,5 kN/m
297,5 1,75 35 1,75 62,11 1,48
Q = 3,5x10 = 35 xR 1,47 m
297,5 35
kN/m
xW = xQ = 1,75 m
332.5 3 1,47
v min 1 24,7 kPa
N = W + Q = 297,5 3,5 3,5
+ 35 2N 3x 2 332,5 3 1,47
N = 332,5 kN/m
v max 2 R = v max 2 =
B B 3,5 3,5
140,6 kPa
q 1628,76
FS f max 3 FS f 14,4 3 OK
113,10
T 39,2
Tref indice Tref 21,8 kN/m ]
fl 1,8
Tref 21,8
Td Td 15 kN/m
m dm amb 1,1 1,2 1,1
Td
S
2c1’
k a1 1 z q
k a1
32
com: k a1 tan 2 45 0,31
2
Considerando z = H = 5 m, obtém-se
15
S 0,51m reforço
20 5m
0,31 17 5 10
0,31
espaçamento uniforme S= 0.50 m 0.5 m
n = 10 camadas
3.6 m
Figura 128 Arranjo com espaçamento uniforme
Para S variável ao longo da altura, a variação de S com a profundidade z será dada por:
15 15
S
0,31 [17 z 10] 5,27 z 3,1
1 5m
3
3.6m
.
profundidade, z (m)
'
lai B ( H zi ) tan 45 1
2
32
l ai 3,5 (5 0,50) tan 45 1,01 m
2
Onde z1 = 0,50 m para o reforço mais superficial.
Sem sobrecarga distribuída na superfície do terrapleno:
2lai 1zi tan
FS anci 2
Ti
onde, para o primeiro reforço:
S
T1 z1 'hz
2
onde: z1 + S/2 = 0,50 + 0,50/2 = 0,75 m
e ’hz é a tensão horizontal média ao longo do trecho da face sob responsabilidade do
reforço. O diagrama de tensões horizontais dentro da massa reforçada junto à face é dado pela
expressão abaixo:
’ ’ 2c1’
hz k a1 vz k a1 1z q
k a1
A Figura 131 apresenta os diagramas de tensões horizontais na face para os casos sem e
com sobrecarga na superfície. Nesta situação, em ambos os casos a tensão horizontal crítica é o
valor induzido pela compactação. Nesse caso, ’hz = 10 kPa. Então:
T1 = 0,75x10 = 7,50 kN/m
2 1,01 17 0,75 tan 29
FS anci 1,90
7,50
Como FSanci < 2,0, deve-se aumentar la.
Aumentando-se 0,10 m o comprimento dos reforços, tem-se la = 1,11 m, logo:
2 1,11 17 0,75 tan 29
FS anci 2,09
7,50
Este valor é satisfatório, pois é superior ao mínimo recomendado (2,0)
Assim, para satisfazer a ancoragem dos reforços, adota-se B = 3,60 m.
2 2
4 4
(a)Sem sobrecarga
(b) Com sobrecarga
Como a tensão horizontal induzida pela compactação é maior que a oriunda do peso
próprio do solo, tem-se ’h = ’hcomp = 10 kPa. Então, para o reforço superficial (S = z1 = 0,45 m):
FS af h’ z1
la
2 v’ tan
1,5 10 0,75
la 1,59 m
0,75
2 17 tan 29
2
Admitindo-se o valor de = 30º para a inclinação do comprimento la do reforço, obtem-se:
z1 0,75
1,50 m < l a o comprimento lb é necessário. Então:
sin sin 30
FS af h' 2 S
lb
tan v sin 1 tan inf
'
tan
Com: ’h = ’hcomp = 10 kPa, S = z1 = 0,75 m e tan inf = tan .
Então:
1,5 10 2 0,75
lb 0,09 m.
tan 29 17 0,75 sin 30 (1 1)
2
Devido ao reduzido valor de lb, deve se adotar lb = 0,30 m.
Admitindo-se pelo menos 10 cm de solo abaixo do segmento com comprimento lb, tem-se:
z1 t 0,75 0,1
la 1,30 m
sin sin 30
Então, para o reforço mais superficial:
lo = la + lb = 1,30 + 0,30 = 1,.60 m
Para o segundo reforço (z = 1.00 m; ’v = 17 x 1,00 = 17 kPa):
1,5 10 0,50 0,5
la 0,40m 1,00m não precisa de lb.
2 17 tan 29 sin30
Adotar então lo = 1,0 m para os demais reforços.
Pelo gráfico da Figura 28 (FHWA, 1990), para B/H = 3,6/5 = 0,72, tem-se R = 1,0.
Considerando-se o efeito da sobrecarga q=10 kPa, tem-se:
H q H q
R 1 0,25 h max R 1 0,25
250 20 75 20
5 10 5 10
1,0 1 0,25 h max 1,0 1 0,25
250 20 75 20
0,023m h max 0,075m
Prof. Denise M S Gerscovich 181
FEUERJ
Faculdade de Engenharia
Departamento de Estruturas e Fundações
PGECIV
Então:
N 342
xe uOT sin 1,853 sin 10,29 0,0038m
Ef 30000
e tan 1 2 cos
Ne
E B 2 CM
f
342 0.27
e tan 1 2 3,013 cos 10,29 0,081
30000 3.60
2
Detalhe 1
Detalhe 1
0,10
0,50
0,10
~
1,5 1,0 0,30
5,0
Detalhe 2 0,5
1,5 Detalhe 2
1,0
Detalhe 3
1,15
3,6
0,5
Estruturas de Contenção
CONTEÚDO
2. . CORTINAS DE ESTACAS-PRANCHA
5.10 . Estacas-Prancha
Para pequenas alturas (H = 3,0 a 4,5m), podem ser utilizadas as cortinas sem ancoragem.
As cortinas sem ancoragem resistem ao empuxo devido ao engastamento no solo e,
portanto, é necessário se obter uma ficha mínima para o equilíbrio da parede. A ficha mínima é
definida como o comprimento mínimo de embutimento da parede no solo abaixo do fundo da
escavação que garante o equilíbrio com uma margem de segurança adequada.
As cortinas em balanço devem ser cravadas no terreno a uma profundidade suficiente para
fixar a estaca como uma viga em balanço.
A estabilidade deste tipo de estrutura pode ser afetada pela erosão que ocorre no pé da
cortina. A rotação da cortina em torno de um ponto O e o sistema de forças atuantes são
indicados na Figura 134. Ressalta-se que, no diagrama simplificado, admite-se que a linha de
ação de Ep2 coincide com o ponto O. Com este procedimento, os cálculos são simplificados.
(a) rotação da cortina (b) diagrama de empuxos teórico (c) diagrama simplificado
5.10.1.1 Dimensionamento
Considere um solo não coesivo (c’ = 0) de peso específico . O empuxo ativo atuante na
parte posterior da cortina é dado por:
(h f ) .(h f ) 2 .k a
E a .(h f ).k a .
2 2
O empuxo passivo atuante na frente da cortina é dado por:
f .f 2 .k p
E p .f.k p .
2 2
Tomando-se os momentos gerados pelas resultantes de empuxo, em relação ao ponto de
aplicação de Ep2, tem-se:
h f . f .k p f
2
.(h f ) 2. k a
MO = 0 x 0 .(h f ) .k a f .k p 0
3 3
x
2 3 2 3
Se o solo for puramente coesivo (’ = 0), os coeficientes de empuxo ka e kp serão iguais a
unidade e os valores dos empuxos ativo e passivo serão:
Ea= .z – 2su
Ep= .z + 2su
A Figura 135 apresenta o diagrama dos esforços atuantes na cortina. Observa-se que,
abaixo da profundidade h o diagrama resultante é, pois, um retângulo de lados z e 4su – .z.
Existem 2 situações possíveis:
Se 4c – .h > 0, o empuxo passivo equilibrará o empuxo ativo.
Se 4c – .h < 0, a parede será instável para qualquer comprimento de ficha.
(4su- (4su-
h) > 0 h) < 0
h-2su
su
(h+z)
h+2su -2su
Figura 135. Cálculo da ficha: solos puramente coesivos
Ep
Fh = 0: A Ea 0
FS
Ep 2 2
MA = 0: f ( h h1 ) E a ( h f ) h1
FS 3 3
com:
1
Ea k a ..(h a f ) 2
2
1
Ep k p ..f 2
2
Este tipo de muro (Figura 137) se aplica em situações onde é possível se escavar uma
base compatível com a altura do muro; isto é, da ordem de 50% a 60% da altura do muro
6.1 Materiais
6.2 Dimensionamento
6.3 Execução
iv) dos Pneus: A primeira camada será lançada, dispondo-se os pneus, na horizontal,
em um numero
i
Jaky, J. (1944) “The Coefficient of Earth Pressure at Rest”. Journal of Society of Hungarian
Architects and Engineers, Budapest, Hungary, pp. 355-358
ii
Bishop, A W. (1958) “Test Requeriments for Measuring the Coeficiente of Earth Pressure at Rest”.
In Proceedings of the Conference on Earth Pressure Problems. Brussels, Belgium, vol.1, pp 2-14.
iii
Brooker, E.W. e Ireland, H.º (1965) “Earth Pressures at Rest Related to Stress History”. Canadian
Geotechnical Journal, vol.2, nº 1, pp 1-15.
iv
França, H. (1976) “Determinação dos Coeficientes de Permeabilidade e Empuxo no Repouso em
Argila Mole da Baixada Fluminense”. Dissertação de Mestrado. PUC-Rio.
v
Ferreira, H.N. (1982) “Acerca do Coeficiente de Impulso no Repouso”. Geotecnia, nº 35, pp 41-
106.
vi
Alpan, I. (1967) “The Empirical Evaluation of The Coeficient Ko and Kor “. Soil and Foundation, Jap. Soc. Soil
Mech. Found. Eng., vol.7, nº 1, pp 31-40.
vii
Craig, RF(1974). Soil Mechanics . Van Nostrand Reinhold Co, Ltd
viii
Tschebotarioff (1974) – Fundações, Estruturas de Arrimo e Obras de Terra
ix
Tschebotarioff, G.P. (1978)Fundações, estruturas de Arrimo e Obras de Terra, Ed Mc-Ggraw Hill
do Brasil
x
Bowles (1977) Foundation Analysis and Design, McGraw Hill
xi
Manual da Geo-Rio – Capítulo 3
Prof. Denise M S Gerscovich 203
FEUERJ
Faculdade de Engenharia
Departamento de Estruturas e Fundações
PGECIV
xii
Manual da GeoRio (1999) – Drenagem e Proteção superficial
xiii
Bowles, J. (1977) Foundation Analysis and Design, Mc-Graw Hill, Inc.
xiv
Manual Geo-Rio (1999)
xv
Deformabilidade e estabilidade de taludes em solo grampeado (2002), Dissertação de
Mestrado, André Pereira Lima , PUC Rio