J. Health Inform.

2018 Abril-Junho; 10(2): 64-8 Artigo Original

A Governança de Tecnologia da Informação em Hospitais melhorando

os resultados estratégicos
The Governance of Information Technology in Hospitals improving the strategic results

La Gobernanza de Tecnología de la Información en Hospitales mejorando los resultados estratégicos

Rodrigo Vaz dos Santos1, Ricardo Terra2

RESUMO
Descritores: Objetivo: Comparar resultados estratégicos de hospitais que utilizam as práticas de Governança de Tecnologia da
Governança; Tecnologia Informação. Método: Revisão sistemática da literatura nas bases de dados do PubMed, BVS e Google Acadêmico sem
da Informação; declinações de tempo ou restrições de tipo de estudo e amostra. Resultados: Todos os trabalhos pesquisados corroboraram
Planejamento para a tese de que a Governança de Tecnologia da Informação melhora os resultados estratégicos do hospital, reestruturando
Estratégico; Instituições processos e agregando valor à instituição. Tal melhora não se resume apenas à entrega de tecnologia, ela se alinha à
de Saúde estratégia e traça novas rotas para o sucesso das metas da alta gestão hospitalar. Conclusão: As instituições que aderem
as práticas da Governança de Tecnologia da Informação produzem melhor interação entre os vários setores do hospital
amadurecendo seus processos.

ABSTRACT
Keywords: Governance; Objective: The purpose of this article is summarized in comparing strategic results of hospitals that use Information
Information Technology; Technology Governance practices. Method: Was a Systematic Review of Literature in PubMed, BVS and Google
Strategic Planning; Scholar databases with no time declines or restrictions of study and sample type. Results: All of the studies surveyed
Health Institutions corroborated the thesis that Information Technology Governance improves the hospital’s strategic results, restructuring
processes and adding value to the institution. Such improvement is not just about technology delivery, it aligns with
strategy and outlines new routes for the success of hospital management goals. Conclusion: The institutions that
adhere to the practices of Information Technology Governance produce better interaction among the various sectors
of the hospital maturing their processes.

RESUMEN
Descriptores: Objectivo: Comparar resultados estratégicos de hospitales que utilizan las prácticas de Gobernanza de Tecnología de
Gobernanza; Tecnología la Información. Método: Revisión Sistemática de la Literatura en las bases de datos de PubMed, BVS y Google
de la Información; Académico sin declinaciones de tiempo o restricciones de tipo de estudio y muestra. Resultados: Todos los trabajos
Planificación Estratégica; encuestados corroboraron para la tesis de que la Gobernanza de Tecnología de la Información mejora los resultados
Instituciones de Salud estratégicos del hospital, reestructurando procesos y agregando valor a la institución. Tal mejora no se resume sólo a
la entrega de tecnología, se alinea a la estrategia y traza nuevas rutas para el éxito de las metas de la alta gestión
hospitalaria. Conclusión: Las instituciones que adhieren las prácticas de la Gobernanza de Tecnología de la Información
producen una mejor interacción entre los diversos sectores del hospital madurando sus procesos.

1
Aluno do Curso de Especialização em Informática em Saúde, Universidade Aberta do Brasil, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, São Paulo (SP),
Brasil.
2
Professor Doutor, Universidade Federal de Lavras - UFLA, Lavras (MG), Brasil.

Autor Coorespondente: Rodrigo Vaz dos Santos Artigo recebido: 10/05/2017

e-mail: rodrivs@gmail.com Aprovado: 28/02/2018
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Santos RV, Terra R.
INTRODUÇÃO
O gerenciamento na área da saúde é mais complexo do
que em qualquer outro tipo de organização(1). Administrar
um hospital implica envolver uma confusa rede de
especialidades distintas como recursos humanos, engenharia,
nutrição, lavanderia, hotelaria e suprimentos, todas
interagindo para darem suporte a área da saúde e dar
condição para a recuperação dos pacientes(1).
Administrar na saúde é planejar, organizar, dirigir,
controlar, coordenar e avaliar os recursos e procedimentos
pelos quais a demanda por cuidados médicos e de saúde, e
as necessidades de um ambiente saudável são atendidos,
mediante a provisão de serviços a clientes individuais(2). Para
que isso seja plenamente atendido, a governança hospitalar
estipula metas a serem alcançadas de acordo com uma
determinada estratégia. Define-se estratégia por um processo
composto por uma cadeia de decisões tomadas por
representantes em diferentes contextos e áreas, envolvendo
um conjunto de processos que levam à formulação e
implementação de intervenções nos vários setores(3).
“Estratégia é um conjunto de regras necessárias à tomada
de decisão para orientação do comportamento de uma
organização” (4) . Para que as organizações de saúde
sobrevivam, precisam buscar estratégias que gerem
características que as diferenciem de seus concorrentes. Para
isso, precisam que a tecnologia se una à estratégia para a
criação ou renovação de singularidades que deem vantagens
à instituição(5).
Fomentado por essa necessidade, o mercado de
prestação de serviços de TI para a área da saúde está
crescendo em todo o mundo. Nos últimos anos, passou a
estar relacionada diretamente com o pensamento estratégico,
com o objetivo de atender às necessidades dos clientes/
pacientes(6).
A informática permite um melhoramento qualitativo
no desempenho da empresa hospitalar. Essa passa a dispor
de informações rápidas e precisas, podendo crescer de
modo racional e equilibrado com mecanismos seguros de
controle(7). Instrumentalizando a gerência com informações
fidedignas que possam fundamentar as tomadas de decisões
dos gestores e do corpo assistencial(5).
Todos esses benefícios advindos da Tecnologia da
Informação (TI) precisam ser incorporados à instituição
através de um planejamento tecnológico. Assim, serão
identificadas as oportunidades de aplicação das novas
tecnologias, definindo as linhas de ação para sua utilização
efetiva na empresa. Deve-se também ser estruturado em
atividades, cujas ações têm como referência a visão
estratégica e o objetivo de criar, sustentar ou aumentar uma
vantagem competitiva da organização no mercado de
saúde(8).
O objetivo deste estudo é realizar uma revisão sistemática
da literatura, analisando resultados de ações de Governança
de TI alinhada à estratégia das instituições. Não basta
comprar tecnologia é preciso planejar, compreender a
estratégia, traçar metas e planos(9) para que as possíveis
aquisições não sejam gastos, mas sim, investimentos(10).
Governança de TI não é suporte(9), é gestão de ativos para
o alinhamento estratégico alcançar as metas previstas para
65
a instituição(11).
MÉTODO
Trata-se de um estudo de Revisão Sistemática da
Literatura (RSL), baseado nas recomendações da Cochrane
Collaboration(12). O método de revisões sistemáticas propõe
pesquisas exploratórias com a finalidade desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias proporcionando
uma visão geral a cerca de deter minado fato (13) ,
possibilitando o mapeamento teórico do estado de um
determinado tema por meio de levantamento de estudos(14).
O protocolo estabelecido para esta Revisão Sistemática
da Literatura é descrito nos nove seguintes itens.
(i) Objetivos: Comparar resultados estratégicos de
hospitais que utilizam Modelos ou Práticas da Governança
de TI.
(ii) Questão de Pesquisa: Um hospital que aplica
modelos e protocolos da Governança de TI é mais
propenso a alcançar melhores resultados estratégicos que
aqueles que não utilizam?
(iii) Palavras-Chave: Governança de TI, Hospitais,
Instituição de Saúde, Gestão;
(iv) Strings de Busca: A primeira string de busca trouxe
melhores resultados no Google acadêmico. A segunda string
traduziu a primeira e restringiu alguns termos ao título e foi
utilizada no PubMed. A terceira string melhorou a anterior
e conseguiu restringir os resultados no site da BVS,
compondo a pesquisa sistemática.
1. (gestão) and (“tecnologia da informação”) and
(hospital).
2. (management[ti] or governance[ti]) and “information
technology”[ti] and hospital.
3. (ti:management or ti:governance or ti:gestão) and
(“information technology”) and (hospital) and ti:(information).
(v) Metodo de Busca de Fontes: Mecanismos de
busca em sites de repositórios eletrônicos.
(vi) Listagem de Fontes: Portal Regional da PubMed,
BVS e Google Acadêmico.
(vii) Tipos de Artigos: Relacionados a Aplicação de
Governança de TI em Hospitais que comparem os
resultados da ação direta da TI na estratégia, modificando
processos no ambiente hospitalar.
(viii) Idioma dos Artigos: Inglês, espanhol e português.
(ix) Critérios de Inclusão e Exclusão dos Artigos:
Artigo científico disponível para leitura completa, preferência
por materiais publicados entre 2011 e 2016, apenas um
trabalho selecionado não correspondeu a este critério por
seu conteúdo conter informações importantes para a revisão.
RESULTADOS
Os scripts com os descritores retornaram 70 artigos nas
bases de dados citadas, incialmente haviam doze trabalhos
cujo resumo apontavam para o tema, mas o escopo foi
reduzido aos seis artigos apresentados no Quadro 1, os
quais estavam mais relacionados à questão de pesquisa desta
revisão sistemática. As restrições de tempo impedem que
os demais artigos sejam abordados neste estudo, embora
seja indicado como trabalho futuro.
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Quadro 1 – Artigos localizados nas bases de dados da BVS, PubMed e Google Acadêmico
Título do Artigo/Referência
Pereira SR, Paiva PB, Sousa PRS,
Siqueira G, Pereira AR. Sistemas de
Informação para Gestão Hospitalar.
Brasil; 2012(15)
Montenegro LC, Brito MJM,
Cavalcante RB, Caram CS, Cunha
GAM. Sistema de informação como
instrumento de gestão: perspectivas e
desafios em um hospital filantrópico.
Brasil. 2013(16)
Labadessa E, Roberto MM. As
transformações dos processos em
qualidade nos atendimentos
hospitalares na era do conhecimento
através da tecnologia da informação.
Brasil. 2011(17)
Prestes AM, Brodbeck AF.
Desenvolvimento de um conjunto de
processos de governança de
tecnologia de informação para uma
instituição hospitalar. Brasil. 2011(18)
Méllo ACLO. A tecnologia da
informação como instrumento para
gestão estratégica hospitalar: Um
estudo de caso sobre a contribuição
do prontuário eletrônico do paciente
– PEP – para a gestão hospitalar do
Hospital Beneficente Maria Vitória–
PE. Rio de Janeiro. Brasil. 2013 (19)
Ribeiro GM. Um Estudo do
alinhamento Estratégico da
Tecnologia da Informação em
Hospitais. Brasil. 2003 (20)
Objetivo
Apresentar uma visão que
incentive a busca pela excelência
em sistemas de gestão hospitalar
em todos os níveis, do
operacional ao estratégico.
Conhecer a percepção dos
profissionais de um Hospital de
Belo Horizonte/MG acerca do
SIS (Sistema de Informação em
Saúde) e sua utilização para
tomada de decisão.
Mostrar como eram feitos os
atendimentos médicos a
pacientes antes do advento da
tecnologia e como está
atualmente.
Apresentar um conjunto de
processos de Governança de TI,
alinhados aos objetivos
estratégicos do negócio vigentes,
para uma instituição hospitalar
privada de médio porte.
Identificar qual a percepção e
expectativas que os Gestores da
Sociedade Hospitalar Maria
vitória têm acerca da
contribuição do PEP (Prontuário
Eletrônico do Paciente) para a
gestão estratégica do hospital.
Produzir um quadro teórico
sobre o alinhamento em
hospitais, segundo a percepção
dos atores que participam de
projetos de TI nesse tipo de
organização.
Resultados
Os sistemas de informação para administração
hospitalar, começa por um sistema ERP (Enterprise
Resource Planning) para ser o alicerce do fluxo de
informação. Esse deve ser integrado a outros
sistemas de gestão hospitalar.
Os resultados apontaram que a utilização do SIS
(Sistema de Informação em Saúde) no trabalho
permite fácil acesso a protocolos institucionais e
capacita o profissional para a tomada de decisão
aumentando seu grau de autonomia.
A área médica e os serviços por ela prestados antes
da informatização era concebida em moldes
rústicos, mas sendo para a época a forma que
melhor se adequava. A mudança frente às
inovações tecnológicas e a visão do paciente como
principal valor das instituições médicas,
fomentaram os avanços para a informatização do
hospital. Provendo possiblidades de melhor Gestão
do mesmo.
Foram gerados os principais processos de GTI
(Governança de Tecnologia da Informação) a
serem adotados pela instituição, os quais trarão
maior retorno ao investimento e à estratégia
estabelecida em curto, médio e longo prazo.
Concluiu-se que o atual sistema de informação do
Hospital Beneficente Maria Vitória não é um
sistema integrado de informação das atividades de
diversos setores. Por isso, 90% dos procedimentos
são realizados manualmente. Na pesquisa com os
gestores, 79,3% reconhecem os benefícios do PEP.
Desta forma, os autores esperam que o estudo sirva
de base para a elaboração de uma proposta a ser
enviada para o governo de Pernambuco, na
tentativa de liberação de recursos financeiros para
implantação do PEP para os hospitais públicos.
A articulação dos conceitos do modelo sugere que
a sofisticação das estruturas e processos de
planejamento da implementação da TI podem
contribuir na redução dos efeitos impedientes
ocasionados pelas particularidades do alinhamento
estratégico da TI em hospitais.

O sistema de informação de um hospital não está
restrito ao Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Uma
visão diferenciada pode orientar o início do sistema
hospitalar partindo de um sistema logístico, como é o
caso do primeiro trabalho escolhido. O estudo, baseado
em pesquisas bibliográficas, considerou a importância da
logística para se diminuir custos. Os autores estimaram
que 46% do orçamento operacional de um hospital seja
relacionado com logística, 27% em material e
equipamentos, e 19% em mão-de-obra(15).
Um sistema que contemple bons processos de logística
auxiliará a redução dos custos e fará um melhor controle
e utilização de recursos escassos, beneficiando o maior
número de pacientes possível. Também integrará vários
setores que dependem da logística para funcionarem,
como farmácia hospitalar, nutrição e dietética, lavanderia
hospitalar, manutenção, almoxarifado geral, e
armazenamento de gases medicinais.
No segundo trabalho listado no Quadro 1, é
postulado que a implantação de um Sistema de
Informação em Saúde (SIS) fornece ferramentas para
auxiliar a gestão no processo decisório, de forma a intervir
para atingir as metas estipuladas e os objetivos da
instituição. Essa pesquisa foi baseada em um questionário
aplicado aos gestores de um hospital em Belo Horizonte/
MG para analisar a experiência da implantação de um
SIS(16).
A pesquisa retornou que, segundo os gestores, seria
necessária uma melhor preparação dos profissionais para
o uso das ferramentas do SIS. Muitos se sentiam
despreparados e, por isso, houveram barreiras dos
próprios funcionários resistindo em utilizar o sistema.
Também foi reportado na pesquisa que o sucesso da
implantação está no seu pleno uso, que não acontece
instantaneamente. A adaptação é gradativa e, na medida
que usam, percebem os benefícios e isso gera mais
utilização.
Os autores do terceiro trabalho escolhido, conduziram
uma pesquisa qualitativa para avaliar o atendimento na
área hospitalar antes e depois da evolução tecnológica e
escolheram um hospital de São Paulo para fazer o estudo
de caso analisando sua história desde sua inauguração. O
estudo histórico revelou que, antigamente, os sistemas
tinham o foco no mercado e, por isso, eram basicamente
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Santos RV, Terra R.
administrativos, financeiros e contábeis. Na época, o
paciente não era visto como a principal preocupação das
organizações médicas, por isso, pouco investimento era
destinado para melhorar a forma de atendê-los(17).
Na medida que o paciente era reconhecido como o
maior ativo das instituições médicas, os processos foram
redefinidos e os sistemas promoveram mudanças radicais
no fluxo de atendimento. Essas mudanças reduziram
custos e geraram lucros. A TI norteou a transformação
através da história do hospital.
O quarto trabalho selecionado, afirma que a TI é
fundamental na implementação de estratégias das
empresas, mas que são necessários bons processos na
Governança de TI para que os investimentos não sofram
o risco de serem mal alocados. Os autores identificaram
alguns processos do framework Cobit, aplicáveis em uma
instituição de saúde. A pesquisa foi realizada em uma
instituição médica privada de porte médio (200 leitos)
em Porto Alegre/RS(18).
Essa pesquisa envolveu gestores e supervisores do
hospital para identificar os processos que auxiliam a
Governança do hospital e a Governança de TI a alocarem
corretamente os necessários investimentos de TI. Segundo
os autores, estudos apontam que a Governança de TI
garante um retorno 40% maior nas empresas. Isso reforça
o fato de que as práticas da Governança de TI são
necessárias para que se atinjam os objetivos estratégicos.
Quanto mais a gestão hospitalar perceber as melhorias,
mais investirá em TI. Por isso, as informações e controles
são imprescindíveis à gestão, para que o processo de
melhorias continue.
Um estudo da percepção dos gestores do Hospital
Maria Vitória-PE quanto a implantação do PEP para a
gestão estratégica da instituição, foi promovido no quinto
trabalho do Quadro 1. Nesse caso concreto, o autor
obser vou-se que 79,3% dos gestores do hospital
compreendem que o PEP trará benefício ao hospital,
principalmente quanto à tomada de decisão. Atualmente,
não existe esse suporte para ação, já que 90% dos processos
são manuais e não possibilitam um rápido acesso à
informação. Também se constatou a necessidade de
treinamento prévio para uma implantação menos
agressiva(19).
Ainda, segundo este mesmo autor, a implantação do
PEP trará uma redução do uso ineficiente de recursos,
por exemplo, há uma previsão de diminuição em 53%
em exames duplicados, tratamentos e outras
intervenções(19).
O último trabalho postula que o alinhamento de TI é
a aplicação de soluções e recursos de TI de maneira
apropriada aos objetivos estratégicos. Um fator essencial
para esse alinhamento é a consolidação de sistemas de
informação. Em sua pesquisa, o autor afirma que em
hospital existe uma reação contrária mais intensa quanto
à implantação de tecnologia e isso poderia ter sido
motivado pelos insucessos em outras experiências ou a
uma menor valorização da TI diante do negócio
hospitalar(20).
A metodologia utilizada pretende descrever como os
principais atores percebem o fenômeno de integração,
67
ajuste e harmonização da TI com os objetivos e as
necessidades do hospital. Foram escolhidas 18 gerentes
ou coordenadores de cinco hospitais onde
desenvolvessem projetos de TI significativos.
O resultado se compõe de práticas a serem adotadas
pelos gestores de negócio e de TI em desenvolver
processos e estruturas de planejamento para o alinhamento
estratégico. Para o sucesso, a TI precisa atender os
objetivos e necessidades do hospital, estudar as interações
internas dos setores para prover um ajuste dos processos
e assim melhorar/desenvolver sistemas para tais fins.
DISCUSSÃO
Os trabalhos revelam uma perspectiva da TI em um
papel mais estratégico, provendo estratégias empresariais
e não apenas suporte(20). A Governança de TI se propôs
a entregar pacotes de serviço que fomentaram mudanças
estratégicas (18,20), históricas (17), setoriais como com o
PEP(19) e logística(15), ou em larga escala como com o
SIS (16) . Cada um dos trabalhos contribuiu para a
compreensão que são necessários processos e ajustes
hospitalares, e a TI é fundamental para esse
desenvolvimento.
Ao falar de Governança de TI, entenda processos
orientados ao propósito da organização, construindo a
estratégia com base em mudança de processos e entrega
de tecnologia. Não é um setor de TI entregando
equipamento, ou dando suporte, mas a TI mudando
processos diminuindo custos e gerando lucros(17), neste
modelo é necessário uma visão mais ampla do papel da
Governança de TI, hospitais têm dificuldade de perceber
esse papel por não ser sua área fim(21).
As resistências evidenciadas no trabalho, sejam elas com
os usuários que não se comprometem com mudanças(16,19),
sejam estratégicas quando a gestão do hospital não
compreende a necessidade de investimentos ou
renovação(20) ou até a falta de literatura para embasar as
mudanças(18-19), são barreiras que precisam ser vencidas e
isso acontecerá com a participação de todas as áreas nos
processos de Governança de TI, sem isso haverá uma
visão deficiente dos processos pelos outros setores que
precisam entender e acreditar no projeto(21).
Para que essas transformações ocorram e sejam bem
sucedidas, precisam partir de um alinhamento estratégico
da Governança de TI(20), bancadas por uma governança
hospitalar(16), fomentadas por um propósito(17) e que sejam
benéficas ao hospital (15,19) . Mudança sempre gera
desconfiança e receio(16,18), mas se for organizada(18),
transparente (21) irá gerar confiança, provendo
transformação e lucro(15,17,19).
Todos os trabalhos, individualmente, apresentam
experiências únicas de implementação(15-17,19), definições
de processos(18) e estratégias(20), mas juntos, traçam uma
visão macro das possíveis transformações que uma
instituição de saúde pode se beneficiar.
O desenvolvimento tecnológico acompanha as
evoluções de valores e metas que historicamente vão
evoluindo na sociedade e atingem todos os setores(17), a
própria Governança de TI é uma grande evolução,
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68
mesmo compreendendo que nenhum dos trabalhos
revelou nível de maturidade da Governança de TI das
instituições de saúde estudadas, o fato das soluções
desenvolvidas entregues enxergarem os hospitais como
um conjunto de processos fazendo-os funcionar de forma
sincronizada, revela que existe maturidade no processo.
Esse desenvolvimento vai além de equipamentos ou ativos,
ele permeia a estratégia redefinindo-a(20). Proporciona
redesenho de processos, utilizando-se de modelos
aplicáveis, gerando métodos para o desenvolvimento.
Torna-se possível criar roteiros de desenvolvimento
através de casos de sucesso, aplicáveis e replicáveis(18).
Ainda há questões evolutivas no processo de aderência
Governança de TI, principalmente quanto à adesão por
completo dos modelos. A substituição dos comitês
gestores por um representante de TI(21), por exemplo,
impossibilita a participação dos outros setores na
contribuição do desenvolvimento das soluções, trazendo
obstáculo na aceitação aumentando custo e tempo(20),
caracterizando que ainda existe uma dificuldade em investir
totalmente nos modelos de Governança de TI.
Os caros investimentos que a TI demanda(18) são
justificáveis quando se consegue ver resultados(16,19). A
Governança de TI aplicada na estratégia permite
sistematizar os processos(18), tornando possível a obtenção
de dados das rotinas(15-16,19). A instituição fica transparente,
gerando confiança nos usuários, gestores e investidores(18).
As ações para correções ou investimento se tornam
pontuais e mensuráveis, pois existe um planejamento
traçado na estratégia e, por isso, a rota pouco se desviará
durante a execução(18). Tais ações são possíveis pois a TI
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J. Health Inform. 2018 Abril-Junho; 10(2): 64-8
entrega gerência, e suporta tudo isso(20).
CONCLUSÃO
Cada artigo selecionado para essa revisão sistemática
da literatura, descreve uma experiência de inserção da TI
em um nível estratégico. Os estudos a elencam como fator
principal para o sucesso em atingir os objetivos
estratégicos. A mudança histórica da percepção do valor
da Tecnologia da Informação propicia alterar, não apenas
a organização da TI nos hospitais, mas também uma
revisão dos processos em todos os setores e níveis das
instituições de saúde.
Saem os CPDs (Centros de Processamento de Dados)
que tinham objetivo de “apagar incêndios
computacionais” e entra a Governança de TI no nível
estratégico, provendo tecnologia e estrutura para agregar
valor e suportar as decisões da gestão dos hospitais.
Investimento em TI é caro e investir errado não é
uma opção. A governança TI entra com o objetivo, não
apenas de uma entrega de tecnologia, mas de uma entrega
tecnológica funcional, orientada à necessidade e embasada
em um estudo prévio do ambiente e da estratégia.
Em todos os trabalhos analisados fica evidente que o
hospital que tem Governança de TI alcançará melhores
resultados dos que os que não tem. Isso ocorrerá, pois a
decisão é pautada no propósito, tendo como suporte o
conhecimento das possibilidades, a análise de risco, a
estrutura organizacional e a aplicação de processos que
respeitam a instituição e o ativo mais importante, o
paciente.
Atlas; 1994.
14. Castro AA, Clark OAC. Planejamento da Pesquisa. São Paulo:
AAC; 2001.
15. Pereira SR, Paiva PB, Sousa PRS, Siqueira G, Pereira AR.
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