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Aula 05 – Direito Processual do Trabalho

1. Defesa do reclamado
Forma: a CLT, antes da reforma, trouxe a defesa como oral, onde a parte tinha que realizar
uma defesa em audiência no prazo de 20 min, art. 847. Entretanto, no dia a dia era mais comum
que a defesa fosse apresentada de forma escrita. Diante disto, a reforma incluiu no art. 847 a
possibilidade de apresentação oral ou escrita da defesa. Se ela for oral, será realizada em
audiência, mas se for escrita, o detalhe é que ela deverá ser apresentada antes da audiência pelo
sistema informatizado.
Peças:
a) Contestação:
É a principal peça de defesa, pois nela tem a defesa de mérito, onde é explicado o motivo pelo
qual os pedidos do autor deverão ser considerados improcedentes. Na contestação, além da
defesa de mérito, sobre os fatos narrados na inicial, ela também é uma defesa processual, onde
são apontados erros no processo, que são chamadas de preliminares de mérito (art. 337, NCPC),
isso porque são apresentadas antes do mérito. Portanto a contestação tem caráter de defesa
processual e defesa de mérito.
Nos termos do 337 pode ser alegada a perempção, por exemplo, que consiste na perda do prazo
de 6 meses, ou seja, que o autor ajuizou a ação antes dos 6 meses; pode ser alegado
litispendência, duas ações semelhantes; erro de procuração; inépcia da petição inicial, etc. Após,
passa-se para a defesa de mérito, onde dois princípios deverão ser observado: princípio da
eventualidade (art. 336 do NPCP), que determina que toda defesa de mérito devem ser levadas
naquele momento, sendo este o momento único e adequado para levar seus fundamentos de
defesa, sob pena de preclusão, ou seja, de não poder apresentar em outro momento; e o
princípio da impugnação específica ou especificada dos fatos (art. 341 do NCPC), que
determina que não pode ser apresentada uma defesa genérica ou por negação geral (aquela que
diz que os fatos narrados são falsos), mas sim uma defesa específica, isto é, uma impugnação
específica para cada fato alegado pelo autor na inicial. A defesa genérica não é considerada,
portanto, se esta for apresentada no lugar da específica, será considerado como se eu não tivesse
apresentado nenhuma defesa sofrendo os efeitos da revelia.
Ainda na contestação, poderá ser alegada a prescrição como prejudicial de mérito, podendo
ser bienal ou quinquenal; a bienal é aquela que determina que o autor apenas poderá ajuizar a
ação trabalhista no prazo de 2 anos após o fato que deu causa à ação; já a quinquenal é aquela

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que determina que o autor pode pleitear todos os direitos existentes nos últimos 5 anos e o que
estiver antes desse período de 5 ano está prescrito.
Quanto à prescrição quinquenal, a súmula 308, I do TST diz que será utilizado como marco
de contagem a data do ajuizamento da ação. Detalhe: não se volta para a data da extinção do
contrato, mas sim do ajuizamento da ação.
A compensação (art. 767 da CLT e súmulas 18 e 48 do TST), ainda no que diz respeito à
contestação, é uma forma de extinção das obrigações, que pode ser feito por meio do pagamento
da dívida, cumprimento de decisão ou compensação. Exemplo de compensação: um empregado
ajuíza uma ação pedindo 10 mil reais, mas ele estava devendo 5 mil para empresa, nesse caso
a empresa apresenta em contestação que dos 10 mil, 5 já deverão ser abatidos.
Detalhe: compensação é matéria de defesa, se não for alegado o juiz não considerará de ofício.
As súmulas determinam que será apresentada em contestação e que apenas dívidas trabalhistas
poderão ser compensadas.

b) Exceção de incompetência, art. 800 da CLT alterado pela reforma:


Através dessa peça é que se alega a incompetência territorial (no local da prestação do serviço).
Caso a exceção seja julgada procedente, os autos serão remetidos par a comarca competente.
Com a reforma o procedimento foi modificado, pois antes da reforma a exceção era apresentada
na audiência junto com as demais peças de defesa. Agora, após a reforma, a exceção é
apresentada antes da audiência, no prazo de 5 dias após o recebimento da notificação.
Portanto, o que acontecerá é que a audiência marcada não ocorrerá, para que seja analisada a
exceção de incompetência para definir o foro competente e, enquanto isso, o processo principal
fica suspenso.
Analisando a exceção, a parte contrária terá que apresentar manifestação no prazo de 5 dias,
onde ela poderá, inclusive, apresentar provas. Quem apresentou as provas, terá o direito de
apresentar suas provas sobre a incompetência no local que considera competente e esta será
apresentada, caso o juiz que recebeu a exceção ache necessário, por meio de carta precatória.

c) Exceções de suspeição ou impedimento, art. 146 do NCPC:


No caso da parcialidade do juiz, aqui se alega o vício do juiz em relação as situações de
suspeição (amigo íntimo ou inimigo capital) e impedimento (parentesco). Isso pode ser feito
voluntariamente pelo juiz, mas, se ele não fiz, a parte apresentará a Exceção, que poderá ser
suspeição ou impedimento.

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Essas exceções serão julgadas pelo tribunal o qual está vinculado o juiz, portanto se está sendo
alegado a suspeição ou impedimento de algum juiz da vara do trabalho, o tribunal competente
será o TRT da região daquela vara.
As exceções são protocoladas na vara e lá será remetida para o TRT. Nesse momento, o juiz
poderá, novamente, se declarar suspeito ou impedido de forma voluntária. Se o juiz assim o
fizer, os autos serão remetidos para o substituto legal.
Entretanto, se o juiz não se declarar, ele poderá apresentar defesa nos autos da exceção no prazo
de 15 dias (no CPC anterior o prazo era de 10 dias).
Após, os autos serão remetidos ao tribunal e é o regimento interno de cada tribunal que
disciplinará o órgão competente para julgar a exceção.
Os autos poderão ser recebidos pelo TRT com ou sem efeito suspensivo (novidade do NCPC,
pois a exceção sempre era recebida com efeito suspensivo).
O TRT, ao julgar, se reconhecer a exceção, determinará o pagamento de custas processuais pelo
juiz, já que ele foi vencido por não reconhecer de forma voluntária e por apresentar defesa, e a
remessa dos autos ao substituto legal.

d) Reconvenção, art. 343 do NCPC:


A reconvenção é considerado como um contra-ataque, onde o réu pedirá a condenação do autor.
Ex.: houve uma briga na empresa e o empregado foi demitido. Com raiva, o empregado quebrou
alguns bens da empresa e esta, por sua vez, não pagou as verbas rescisórias. O empregado
procurou a JT para pleitear as suas verbas e a empresa, na oportunidade, apresentou
reconvenção pedindo a condenação do autor em danos materiais por ter destruído os bens da
empresa.
No código antigo, a reconvenção era apresentada por meio de petição inicial, então era
apresentada a peça contestação e uma peça inicial de reconvenção. Agora não é mais assim; a
reconvenção é um tópico inserido na contestação, não sendo mais uma petição própria.
O NCPC também autoriza a existência apenas da reconvenção, não sendo necessário apresentar
defesa. No exemplo mencionado, a empresa sabe que deve aquele valor então ela poderia não
contestar e apenas reconvir pedindo os danos materiais.
Ação e reconvenção estão no mesmo processo, mas uma não depende da outra, então se a ação
for extinta ou se a parte desistir, a reconvenção prossegue, do mesmo modo o inverso, pois elas
são autônomas.

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