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Artigo 1.

º 1
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Artigo 294.º

(Conceito material de crime)

No conceito material de crime surge-nos a pergunta do que deve ser


considerado crime.
A necessidade de um conceito material decorre, desde logo, do art.º 18.º n.º
2 e art.º 27.º da CRP.
Porque eé que a pergunta eé necessaé ria, o que eé que nos impoõ e a necessidade
de encontrar um conceito material de crime? A necessidade de encontrar
algumas condutas, determinadas caracteríésticas que as tornam
particularmente desvaliosas e portanto susceptíéveis de serem condenadas
pelo direito penal.
Resulta, em primeiro lugar da CRP, porque de diferentes preceitos da CRP se
retira essa ideia de necessidade de sancionar os comportamentos mais
graves (art.º 27.ºCRP).
O direito fundamental de que estamos aqui a falar, atraveé s da intervençaõ o do
direito penal eé o do art.º 27.º da CRP, a liberdade.
O primeiro factor que permite definir materialmente um crime eé o facto de o
comportamento ser susceptíével de ofender gravemente um bem juríédico
fundamental quer seja lesar efectivamente, quer seja a possibilidade de
colocar em perigo o bem juríédico fundamental.
O problema eé determinar o que eé um bem juríédico fundamental.

Artigo 295.º

(Conceitos de bem jurídico fundamental)


ÉÉ uma realidade que pode ter natureza tripla: (bem)  coisa; valor;
finalidade, tem eé de ser ué til a uma de duas coisas, ao desenvolvimento da
personalidade de cada pessoa ou aé manutençaõ o da proé pria existeê ncia de
coesaõ o social.
Retendo a definiçaõ o do professor Figueiredo Dias naõ o anda muito longe
disso: “O direito penal soé deve intervir onde se verifiquem lesoõ es
insuperaé veis da condiçaõ o social ao livre desenvolvimento e realizaçaõ o da
personalidade de cada homem ou da proé pria sociedade”.
Alguns autores tendem a responder a esta questaõ o com a CRP, como criteé rio
que pode esclarecer duvidas acerca do facto de uma determinada realidade
dever ser ou naõ o elevada aé categoria de bem juríédico fundamental.
Os bens juríédicos que a CRP refere, tais com direitos, liberdades e garantias,
saõ o sem dué vida, nessa perspectiva bens juríédicos fundamentais.
2 Código Penal
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A CRP eé o instrumento praé tico atraveé s do qual noé s passamos de um conceito


abstracto de bem juríédico para a decisaõ o concreta sobre se um determinado
bem juríédico eé ou naõ o fundamental.
Naõ o basta a demonstraçaõ o de que o comportamento eé lesivo de bens
juríédicos fundamentais, para que seja legíétima a intervençaõ o do Éstado,
criminalizando esse comportamento.
(Imaginem que o legislador queria criminalizar a conduçaõ o sem cinto de
segurança ou a conduçaõ o acima de 90 km/h, porque estes comportamentos
saõ o perigosos para um bem juríédico fundamenta, a vida e a integridade fíésica
das pessoas. Éntaõ o transformar-se-ia o coé digo da estrada em Coé digo penal.
O Dto. penal eé apenas um instrumento de tutela subsidiaé ria de bens
juríédicos fundamentais, soé se aplica se naõ o houver outro meio , menos
gravoso e igualmente eficaz, para aplicar.

Artigo 296.º
(Fim das penas)

Éxiste a necessidade de encintar ama determinada razaõ o para os fins das


penas, por causa do artº18 nº2 da CRP.
Aqui teremos de pensar que finalidade positiva realiza a pena de prisaõ o?
Ora, se pensarmos na pena de prisaõ o, a sua execuçaõ o traduz-se na restriçaõ o
da liberdade que eé um bem juríédico fundamental (art. 27º da CRP) por força
do art.º 18 nº 2 CRP, diz-nos que o Éstado soé estaé legitimado para restringir
um direito fundamental, na medida em que demonstra a necessidade de
prescriçaõ o da pena principal, na perspectiva da salvaguarda de interesses
fundamentais
A pena de prisaõ o, enquanto reacçaõ o aé praé tica do crime, soé se justifica numa
perspectiva constitucional, se se conseguir demonstrar que essa restriçaõ o da
liberdade eé necessaé ria para salvaguardar outros direitos fundamentais.
A questaõ o do fim das penas eé discutida em relaçaõ o aé pena de prisaõ o.
Se noé s naõ o conseguirmos demonstrar que a pena eé um bem, que naõ o eé
apenas a restriçaõ o da liberdade, que eé necessaé ria para salvaguardar outros
direitos fundamentais, naõ o eé legíétima a pena de prisaõ o, porque eé
inconstitucional (art.º 18.º nº 2 da CRP).
Haé teorias que veê em na aplicaçaõ o da pena de prisaõ o um valor positivo, uma
mais-valia.
Artigo 1.º 3
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Éssas teorias, historicamente, podem ser agrupadas em teorias de 2 grandes
grupos:
Teorias Absolutas: Normalmente saõ o as teorias da retribuiçaõ o.
↗ Éspecial
Teorias Relativa: Teorias da prevençaõ o ↗ negativo
↘ GÉRAL
↘positivo

Artigo 297.º

(As teorias absolutas retributivas)


Saõ o absolutas porque conseguem justificar a aplicaçaõ o da pena de prisaõ o
apenas em funçaõ o daquilo que aconteceu, de ter sido praticado
culposamente um crime.
A ideia “olho por olho, dente por dente” naõ o eé legíétima nos termos do artigo
18.º n.º 2 da CRP, porque as penas de retribuiçaõ o teê m que ser justificadas de
outra forma.
Parte-se do princíépio de que o crime provoca danos em treê s níéveis: na
vitima, na sociedade e no proé prio criminoso.
O ponto de partida nesta teoria eé que o facto de existir crime, provoca um
dano (normalmente entendido como a diminuiçaõ o de um bem juríédico).
A aplicaçaõ o da pena de prisaõ o consegue reparar, pelo menos na sociedade e
no criminoso, em alguma medida o dano.
A teoria retributiva traé s associada uma ideia de justiça inerente, mas as
modernas concepçoõ es procuram demonstrar tambeé m que o simples facto de
punir aquele que cometeu o crime, eé repor a força da norma e isto em si eé
um valor, um bem, que pode ser alcançado atraveé s da pena.
O mais importante eé a afirmaçaõ o de que o crime provoca um dano no
proé prio criminoso, chama-se dano de culpa.
De que forma eé que a aplicaçaõ o da pena de prisaõ o repara este dano
criminoso?
Éle coloca-se aà disposiçaõ o da sociedade para que ela posa declarar o que eé
adequado para o punir.

Artigo 298.º
(As teorias relativas preventivas)

Justificam a aplicaçaõ o da pena de prisaõ o na tentativa de evitar que o


comportamento se repita a razaõ o tem mais a ver com aquilo que se pretende
prevenir que aconteça no futuro, do que com aquilo que aconteceu no
passado,
4 Código Penal
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A teoria de prevençaõ o integra uma forma especial no qual se baseia na


reintegraçaõ o e correcçaõ o do criminoso, na intimidaçaõ o e no afastamento
deste do contacto com bens
juríédicos; e uma forma geral refere que a pena visa evitar, em geral, a pratica
do crime

ÉSPÉCIAL - Para esta teoria pode ressociabilizar-se, corrigir-se o agente, a


Mas nem todas as penas saõ o ressocializaé veis, integraé veis nos valores
dominantes, mas podem ser intimidaé veis
Mas haé depois aquelas que naõ o saõ o nem ressocializaé veis, corrigíéveis nem
intimidaé veis.
Ém relaçaõ o a estas a pena de prisaõ o pode ser justificada atraveé s de
subtracçaõ o dos locais onde praticaram tal crime e retirando-os do contacto
com os bens juríédicos que podiam lesar.

1ª CRITICA: A ideia de prevençaõ o especial eé de que , se o pressuposto eé a


ressocializaçaõ o, a experieê ncia demonstra-nos o contrario, a prisaõ o estaé
muito mais proé xima de uma escola do crime do que uma escola de valores. ÉÉ
a proé pria sociedade que estigmatiza aqueles que cumpriram pena e prisaõ o
Naõ o se pode continuar a dizer (art. 40º e 43ºdo CP) que a aplicaçaõ o das
penas visa a reintegraçaõ o do agente na sociedade.
Sempre que se veê referida a prevençaõ o especial no CP, estaé ligada a esta
caracteríéstica da reitegraçaõ o/ressocializaçaõ o, e por isso naõ o se pode dizer
que esta finalidade eé apenas uma das hipoé teses, que caso naõ o seja possíével,
se possa aà intimidaçaõ o ou ao afastamento do contacto com os bens juríédicos
Éstamos a criticar o sistema da execuçaõ o das penas e naõ o a ideia de
prevençaõ o especial como finalidade, porque uma das coisas que justifica na
CRP esta privaçaõ o de liberdade, eé precisamente, a tal ressocializaçaõ o.
Para que isto conduza a uma alteraçaõ o do sistema de execuçaõ o de penas,
logo, isto naõ o significa que esta finalidade positiva seja abandonada

2ª CRITICA: Ésta teoria naõ o consegue por um limite aé pena em relaçaõ o


aqueles que naõ o fossem nem reintegraé veis nem intimidaé veis, deviam entaõ o
ser subtraíédos do contacto com a sociedade, mas ateé quando? Naõ o nos daé o
limite.

GÉRAL: Na parte geral desta teoria a pena visa dissuadir que a generalidade
das pessoas pratiquem crime

Artigo 299.º
Artigo 1.º 5
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(Teoria da prevenção geral negativa)

Dissuadem-se as outras pessoas intimidando, ameaçando, a pena e prisaõ o


tem estes efeitos sobre a generalidade das pessoas e conseguir-se-ia assim,
que naõ o praticassem crimes, mas parte de um principio que naõ o eé muito
correcto porque daé a ideia de que somos todos criminosos potenciais, e soé
naõ o cometemos crimes porque temos medo de ir presos

Artigo 300.º

(Teoria da prevenção geral positiva)

A pena dissuade genericamente a pratica de crimes porque repoõ e nas


pessoas a confiança no sistema de normas, a validade do Dto.

1ª CRITICA: Naõ o funciona, por exemplo, nos Éstados Unidos, onde haé pena
de morte, eé onde existe mais homicíédios, logo a pena supostamente mais
dissuasora naõ o surte esse efeito.
Agora temos de ver, em que medida eé que o nosso CP recebe cada uma
destas teorias dos fins das penas (CP Art. 40ºe Art. 93º e o artigo 71º)
Concorrem para a resoluçaõ o da questaõ o de saber, de entre todas as teorias
dos fins das penas, quais eé que o nosso CP recebe como teoria subjacente.
Art 40 CP O nosso CP parece afastar expressamente a teoria retributiva. A
pena naõ o visa reparar os danos de culpa, nem visa retribuir a culpa.
Contudo aà quem entenda que ao contrario do que pareça, naõ o pode deixar
de se considerar que mesmo aà luz do DTO positivo portugueê s, a pena
tambeé m visa retribuir a culpa
Art. 40º n1  Refere que as penas e as medidas de segurança visam a
protecçaõ o do bem juríédico, estaé a referir-se aà prevençaõ o geral quando se
refere aà integraçaõ o do agente na sociedade, estaé a referir-se aà prevençaõ o
especial
Art. 40 n 2 refere que a culpa serve naõ o uma finalidade da pena mas
apenas para limitar a medida da pena, serve exclusivamente para definir o
circuito míénimo possíével da medida da pena, a pena naõ o existe para parar
existe para prevenir novos crimes .
Previnem-se novos crimes, atraveé s da pena na medida da culpa ai o agente,
naõ o se pode prevenir para alem ao que seja a sua culpa concreta revelada na
praé tica do facto.
Haé um artigo do professor Sousa Brito em que este procura demonstrar que
mesmo depois do art. 40º, a pena tambeé m visa retribuir a culpa, com
fundamento do artigo 71º, n1CP que ao contraé rio do art. 40º coloca lado a
lado, a culpa e a prevençaõ o.
Mas, este argumento naõ o eé decisivo, porque o artigo 71º diz que na definiçaõ o
da pena concreta, devemos atender aà funçaõ o da culpa e isso naõ o faz com que

se retire um argumento decisivo no sentido de que a pena visa retribuir a


culpa. Éle apenas diz que se tem atender aà culpa e isso tambeé m o diz o art.
40º n2 CP
A questaõ o naõ o eé fechada
6 Código Penal
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Artigo 301.º

(Princípios do direito penal)


(Principio da Legalidade)

Nullum crimen, nulla prenna,sine lego ( art 29 CRP) - Naõ o haé crime, nem
pena, sem lei
Todo o sentido fundamental do princíépio da legalidade eé garantistico, tem
por objectivo a defesa o arguido contra eventuais abusos
A lei soé pode intervir para restringir ou limitar direitos, liberdades e
garantias fundamentais quando isso se revela absolutamente imprescindíével
para acautelar outros direitos taõ o fundamentais
O princíépio da legalidade divide-se em 4 sub princíépios:
. Preé via
. Stricta
. Certa
. Scripta (escrita)
Assim podemos dizer que: (naõ o pode haver crime sem lei)
a) Naõ o pode haver crime sem lei (scripta)
b) A lei que define crime tem de ser uma lei precisa (certa)
c) Proíébe-se a retroactividade da lei penal (previa)  art. 29º Nº.1
d) Proíébe-se a interpretaçaõ o extensiva das normas penais (stricta)
incriminadoras
1 - Naõ o haé crime, nem pena sem letra preé via:
Condiciona a aplicaçaõ o da lei no tempo das leis penais, faz-se em termos
substancialmente diferentes, das do art. 12º CC
2 - Naõ o haé crime, nem pena sem lei escrita:
Influencia o problema das fontes de Dto. Penal, para que se possa falar em
crime este teraé de estar previsto no Dto. Penal
3 - Naõ o haé crime, nem pena sem lei estrita:
Condiciona o problema da interpretaçaõ o e integraçaõ o das normas penais,
saõ o limites diferentes daqueles que resultam do art. 9º CC
4 - Naõ o haé crime, nem pena sem lei certa:
ÉÉ o problema da tipicidade em sentido restrito  condiciona o problema da
formulaçaõ o da lei penal, dirige-se ao legislador, este estaé sujeito a regras
muito mais exigentes. O legislador naõ o pode descrever a conduta com
preceitos gerais e indeterminados.
ÉÉ necessaé rio ter em atençaõ o ao sub princíépio da lei preé via (naõ o haé crime,
nem pena sem lei previa).

Ém mateé ria de aplicaçaõ o retroactiva das leis penais desfavoraé veis ao
arguido.
Leis penais posteriores ao facto, favoraé veis ao arguido, saõ o
obrigatoriamente aplicaé veis retroactivamente.
Artigo 1.º 7
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Éstes saõ o dois princíépios com natureza constitucional, vinculativos ao
legislador ordinaé rio.
(art. 29º nº.4)  Éstudemos o art.2º nº.2 e nº.4 do CP
Art.2º Nº.2: cabem as hipoé teses em que a lei nova descriminaliza o facto. A
consequeê ncia eé a de que, se ainda naõ o foi julgado, o processo eé arquivado, se
jaé foi julgado e estaé preso tem de ser libertado.
Art.2º nº.4: cabem as hipoé teses em que o facto, continuando a ser crime eé
concretamente, menos punitiva. A nova lei aplica-se apenas aos aos casos
que ainda naõ o tenha sido objecto transitada em julgado.

Artigo 302.º

(Interpretação da lei penal)

Tem-se de dividir as normas penais em dois grupos:


1- Normas incriminadoras
2- Normas favoraé veis
1- Deve entender-se por normas incriminadoras aquelas que criam ou
agravam a responsabilidade juríédico-penal do agente. Saõ o aquelas
normas que de alguma forma conteê m a criaçaõ o de crimes, ou que
conteê m agravamentos dos pressupostos de punibilidade ou de
puniçaõ o.
2- Norma favoraé veis saõ o aquelas normas que visam diminuir a
responsabilidade juríédico-penal do agente, ou atenuaé -la, tornando
mais suaves os pressupostos da punibilidade ou da puniçaõ o.
1 - Normas penais incriminadoras:
Proíébe-se a interpretaçaõ o extensiva das normas penais incriminadoras, de
outra forma estar-se-ia a violar o principio da legalidade na sua decorreê ncia
“nullum crimen, nulla poena sine lege stricta” ou seja, de que as normas
penais devem ser estritamente aplicadas; eé admissíével a interpretaçaõ o
restritiva; proíébe-se a aplicaçaõ o analoé gica no aê mbito das normas penais
incriminadoras
2 – Normas penais favoraé veis
Proíébe-se a interpretaçaõ o restritiva de normas penais favoraé veis, admite-se a
interpretaçaõ o extensiva relativamente ao problema da analogia.

SUMA:
A interpretaçaõ o extensiva em normas incriminadoras naõ o eé possíével. Soé eé
possíével, no aê mbito de normas incriminadoras uma interpretaçaõ o
declarativa lata.
Admite a interpretaçaõ o restrita
8 Código Penal
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Afirma-se que naõ o eé possíével integrar lacunas por analogia. O juiz pura e
simplesmente julga absolvendo.
Pode-se fazer interpretaçaõ o extensiva, mas com limites
Naõ o se aceita que se faça uma interpretaçaõ o interpretativa restritiva de
normas penais favoraé veis, isto porque, a ser possíével diminuir-se-ia o campo
de aplicabilidade destas normas favoraé veis, o que significa aumentar o
campo de punibilidade.

Artigo 303.º

(Quanto á analogia)

Éxistem vaé rias posiçoõ es:


Teresa Beleza  admite a integraçaõ o de lacunas no aê mbito das normas
penais favoraé veis.
Outros  Outra posiçaõ o eé a de que se admite por principio a integraçaõ o de
lacunas por analogia no aê mbito das normas penais favoraé veis desde que
essa analogia naõ o se venha a traduzir num agravamento da posiçaõ o dos
terceiros, por ele ter de suportar na sua espera juríédicos efeitos lesivos ou
por ter auto limitado o seu acto de defesa.

Artigo 304.º
(Leis penais em branco)

ÉÉ uma norma que conteê m uma sançaõ o p/um pressuposto ou um conjunto de


pressupostos de possibilidade ou de puniçaõ o que naõ o se encontram
expressos na lei mas sim noutras normas de categoria hierarquicamente
igual ou interior aà norma penal em branco.
Éntendemos por lei penal em branco tanto as normas que remetem a
definiçaõ o dos seus pressupostos de aplicaçaõ o p/uma fonte normativa de
valor hierarquicamente inferior aà lei da ASS da Rep., como aquelas que
apenas remetem p/uma norma complementar de valor inferior aé lei, a
concretizaçaõ o teé cnica dos seus conceitos.
As primeiras saõ o chamadas leis penais absolutamente em branco, aà s
segundas saõ o chamadas de leis parcialmente em branco.
(ex: parcialmente em branco (art.275º nº.1 e 276º CP))
(ex: absolutamente em branco (art.277º nº.1 alíénea a) e b))

Levantam-se problemas quanto aà constitucionalidade de tais normas,


precisamente porque no entender de determinada doutrina, estas normas
seriam inconstitucionais p/ consistirem numa violaçaõ o de uma decorreê ncia
do princíépio da legalidade que eé a existeê ncia de lei penal expressa, mais
concretamente a existeê ncia de lei penal certa.
Artigo 1.º 9
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Contudo a doutrina maioritaé ria defende a constitucionalidade e validade nas
normas penais em branco desde que sejam respeitados determinados
limites
As normas penais em branco soé naõ o respeitaraõ o a exigeê ncia de precisaõ o da
lei imposta pelo princíépio da legalidade se elas naõ o contiverem uma
refereê ncia expressa e clara de conteué do da proibiçaõ o que permite
estabelecer a conexaõ o entre o crime e a pena.
Ém suma as normas penais em branco teê m que conter em si os pressupostos
míénimos de punibilidade e de puniçaõ o, ou seja que digam quem saõ o os
destinataé rios e em que posiçaõ o eé que se encontram e que contenham a
respectiva sançaõ o, desde que correspondam a uma verdadeira necessidade
que o legislador tem de tutelar bens juríédicos fundamentais atraveé s desta
teé cnica.

Artigo 305.º

(Fontes do direito penal)

a) A lei (escrita)
Aqui estaé a tal decorreê ncia do princíépio da legalidade “nullo crimen nulla
poena sihe lege scripta “ (art.165º CRP)
b) Costume
Como fonte de incriminaçaõ o naõ o eé admissíével em Dto. Penal, de contrario
violaria o disposto no art. 1º do CP, e arts.29º e 165º nº.1 CRP,
nomeadamente estaria a violar o princíépio de representatividade politica e
da reserva da lei formal.
No entanto o costume tem valia quando visa, naõ o criar ou agravar a
responsabilidade penal do agente, mas quando a sua intervençaõ o resulte
beneé fica p/o agente, ou seja, quando o costume se venha traduzir no aê mbito
de uma norma favoraé vel, isto eé , quando o costume de alguma norma venha
atenuar ou entaõ o excluir a responsabilidade criminal do agente
c) Jurisprudeê ncia
Naõ o eé fonte imediata do Dto., mas sim fonte imediata. Corresponde ao
conjunto das opinioõ es dos eminentes penalistas.
Reconduz-se aé aplicaçaõ o da lei ao caso concreto. Haé uma grande tendeê ncia
para que os tribunais se orientem por decisoõ es anterior

d) Doutrina
Naõ o eé fonte imediata do Dto., mas sim fonte imediata. Corresponde ao
conjunto das opinioõ es dos eminentes penalistas.
e) Fontes do Dto. Internacional – Tratados
Saõ o fontes do Dto. Penal, tal como a lei, porque depois de todo o processo de
assinatura, aprovaçaõ o, ratificaçaõ o, eles entram na ordem juríédica nacional
como lei escrita.
f) Aplicaçaõ o da lei no tempo
10 Código Penal
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Naõ o haé crime sem uma lei anterior ao momento da praé tica do facto que
declare esse comportamento como crime e estabeleça p/ele a
correspondente sançaõ o.
Ém direito penal origina portanto a lei do movimento da praé tica do facto.
Mas a aplicaçaõ o externa ou exacerbada deste princíépio poderia levar a
situaçoõ es injustas, donde o princíépio geral em mateé ria penal eé a de que as
leis penais mais favoráveis aplicam-se sempre retroactivamente.
1º. Os factos saõ o julgados aà luz da lei que o vigora no momento da praé tica do
facto.
2º. Se a lei posterior for desfavoraé vel ao arguido nunca se aplica. Éxiste um
ultra actividade da lei penal, porque se aplica sempre a lei mais favoraé vel ao
arguido. Isto sucede porque o agente criminoso naõ o pode ser punido por
uma pena superior aà quela que ele esperava contar (art. 29º nº.4 do CRP
(Principio da segurança juríédica)
3º. Se estivermos perante um crime continuado ou permanente, que se
inicia na lei anterior e acabe na vigeê ncia da lei nova, os factos saõ o julgados
perante e lei em vigor (se os pressupostos tiverem acontecido na vigeê ncia
dessa lei). (aqui falamos na necessidade da pena se o legislador mudou a lei
era porque achava necessaé ria criminalizar tal acto ou descriminalizaé -lo).
4º. Se estivermos perante uma lei intermeé dia esta soé deveraé ser aplicada se
tiver conteué do mais favoraé vel ao arguido, devido ao princíépio da igualdade
(art.2º nº.2)
5º. Lei Temporária  Saõ o as leis que marcam aà partida (art.2º nº.3) o seu
prazo de vigeê ncia, saõ o as normas que se destinam a vigorar durante um
determinado períéodo de tempo prefixado Para o Prof. Taipas de
Carvalho só é lei temporária se se verificar 2 pressupostos:
»»» Press material: que lei delimite que a proé pria lei e temporaé ria
»»» Press formal: a lei teraé de dizer o tempo de vigeê ncia
Contudo, para o Prof. Figueiredo Dias soé eé necessaé rio verificar-se o
pressuposto material.
Poõ e-se o problema do art.2º nº.3 ser inconstitucional. Naõ o seraé
inconstitucional porque aqui o que sobressai eé a necessidade da pena. A
caducidade da pena verifica-se quando o facto em si naõ o seja verificado do
mesmo modo quando a lei estava em vigor.

6º. Problema da lei revogatoé ria ser inconstitucional e a proé pria ser mais
favoraé vel.
Haé quem diga neste caso que a lei sendo inconstitucional naõ o pode ser
aplicada mesmo que seja mais favoraé vel.
Quando ocorre um facto no momento em que a nova lei eé inconstitucional,
como se deve fazer?
Pensa-se que naõ o se pode aplicar a anterior porque no momento em que o
autor fez o pacto naõ o contava c/ aquela lei mas sim c/a lei inconstitucional.
Artigo 1.º 11
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Resolve-se desta forma: o autor naõ o eé julgado pela lei inconstitucional e
tambeé m naõ o eé julgado pela pena anterior. Aqui, neste caso se o autor naõ o
pode contar c/a lei anterior mais gravosa exclui-se a culpa ao autor pois
quando este agiu, pensou que se aplicaria a lei nova (que foi dada como
inconstitucional).

Artigo 306.º

(Disposição do direito transitório)

Quando uma lei revogatoé ria despenaliza certo acto e que tipifica tal acto,
seraé necessaé rio que esta lei tenha uma indicaçaõ o do Dto. Transitoé rio, ou seja
uma indicaçaõ o sobre a sua aplicaçaõ o da lei no tempo.
Teraé de ter uma disposiçaõ o que diga em que casos saõ o que a lei eé retroactiva
(decisaõ o do Supremo Tribunal).
Ésta disposiçaõ o derroga o art.2º do Dec-lei 433/82. Contudo, soé com a
autorizaçaõ o da ASS. Repué blica eé que a lei de disposiçaõ o pode derrogar o art.
2º da lei 433/82.
Ésta lei naõ o eé considerada vaé lida se naõ o existir esta autorizaçaõ o da ASS. Rep.
Contudo nos trabalhos preparatoé rios realizados para a construçaõ o da lei, haé
quem entenda que naõ o seraé necessaé rio que seja expressa a revogaçaõ o.

Artigo 307.º
(Aplicação da lei no espaço)

1º. Primeiramente ir ao art.4º (Principio da Territorialidade).


Os dois pressupostos referem quem eé competente para julgar.
2º. Lugar e pratica do facto (art.7º) - (Principio do ubiquidade)

Aqui para sabermos se o facto ocorreu em Portugal eé preciso que ocorra


uma de treê s coisas:
1ª. ACÇAÂ O
2º. RÉSULTADO TIPICO
3º. RÉSULTADO NAÃ O COMPRÉÉNDIDO NO TIPO  Prevençaõ o que o
legislador utiliza para naõ o ocorrer qualquer crime (para que naõ o se viole
o bem juríédico protegido – ex:art.292º)
12 Código Penal
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Quando fazemos e verificamos se estamos a falar de actos preparatoé rios ou


de execuçaõ o.
Quando refere “o facto considera-se praticado tanto no lugar em que total ou
parcialmente “ falamos de execuçaõ o do acto e naõ o de actos preparatoé rios.
Aqui surge-nos a Teoria da ubiquidade:
Ésta visa abranger os delitos aé distaê ncia, pois verifica-se que o facto
considera-se praticado tanto no lugar da acçaõ o, como no lugar onde se deu o
resultado, daíé surgir a ubiquidade.
O art.7º CP eé importante se considerar que a conduta ou o resultado tíépico
tiveram lugar em Portugal, entaõ o pode-se considerar que o facto ocorreu em
Portugal e aíé poder-se aplicar a lei portuguesa p/força do art.4º CP e que
consagra o princíépio da Territorialidade.
3º - Art. 5º  Quando verificados o facto fora do territoé rio nacional a lei
penal portuguesa eé ainda competente  uma vez em sede de art. 5º vai-se
analisar caso a caso:
-Se estamos perante a alíénea a)– protecçaõ o dos interesses nacionais
-Se estamos perante a alíénea b) --afloramento, princíépio da universalidade
-Se estamos perante a alíénea c) – princíépio da nacionalidade activa ou
passiva – e verificar se estaõ o reunidas cumulativamente essas 3 condiçoõ es
previstas e se existem ou naõ o restriçoõ es aà aplicabilidade da lei portuguesa.
-Se estamos perante a alíénea d) – contra bens juríédicos individuais
portugueses (cidadaõ os portuguesas)
-Se estamos perante a alíénea e) – quando ocorra situaçoõ es de fraude
4º - Art. 6º Nº.2 - Juiz tem de tem de ter em causa a moldura penal no
estrangeiro para verificar se esta lei eé mais favoraé vel para o agente. Se for
mais favoraé vel do que a portuguesa aplica-se a lei estrangeira.
5º - Ter em atençaõ o o art. 6º nº.3 no qual refere que este art.6º nº.2 naõ o se
aplicaraé quando estivermos perante a alíénea a) e d). Pois haé um acordo
pacíéfico que os casos esclarecidos na alíénea d) naõ o se aplicam, isto para que
naõ o haja incompatibilidade de normas.

Artigo 308.º

(Concurso legal ou aparente de normas)

Na determinaçaõ o da responsabilidade criminal dos agentes que praticam


factos penalmente relevantes podem suceder situaçoõ es de anulaçaõ o ou

concurso de infracçoõ es, sempre que o agente com a sua conduta cometa uma
pluralidade de infracçoõ es. As quais podem produzir o procedimento de
vaé rios crimes, ou do mesmo tipo mais do que uma vez.
Artigo 1.º 13
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A teoria do concurso permite extinguir os casos nos quais as normas
requerem uma aplicaçaõ o conjunta, das situaçoõ es em que o conteué do da
conduta eé associado por uma ué nica norma.
 CONCURSO ÉFÉCTIVO
OU
CONCURSO DÉ CRIMÉS· Constitui a situaçaõ o em que o agente
comete efectivamente vaé rios crimes e a sua responsabilidade contempla
todas as infracçoõ es praticadas.
 CONCURSO APARÉNTÉ
OU
CONCURSO DÉ NORMAS·  Uma vez que a conduta do agente soé
formalmente preenche vaé rios tipos de crimes afasta a aplicaçaõ o de outro ou
outras de que o agente tenha tambeé m preenchido os elementos tíépicos.
Ém rigor naõ o se pode falar em concurso de crimes, mas taõ o soé em concurso
de normas
A Relaçaõ o de concursos aparente consagra-se por conexaõ o de subordinaçaõ o
e hierarquicamente, podendo identificar-se essencialmente 3 tipos de
relaçoõ es:
1) RÉLAÇAÃ O DÉ ÉSPÉCIALIDADÉ
Uma norma encontra-se numa relaçaõ o de especialidade em relaçaõ o a outra
quando acrescenta mais um tipo incriminador, naõ o a contradizendo contudo.
Neste sentido, veê -se que por força de uma relaçaõ o de especialidade em que
as normas se podem encontrar, tanto pode subsistir a norma que contenha
a moldura penal mais elevada, como norma que contenha a moldura penal
mais baixa.
2) RÉLAÇAÂ O DÉ SUBSIDIARIÉDADÉ
Nos casos em que a norma veê a sua aplicabilidade condicionada pela naõ o
aplicabilidade de outra norma, soé se aplicando a norma subsidiaé ria quando a
outra naõ o se aplique. A norma prevalecente condiciona de certo modo o
funcionamento daquela que lhe eé subsidiaé ria.

3) RÉLAÇAÃ O DÉ CONSUNÇAÃ O
Quando um certo tipo legal de crime faça parte naõ o por definiçaõ o do coé digo,
mas por uma forma caracteríéstica, a realizaçaõ o de outros tipos de crime, ou
seja, quando tem uma definiçaõ o tíépica suficientemente ampla que abrange
os elementos da descriçaõ o tíépica da outra norma (matar aà paulada).

A finalidade das normas concentra-se sempre na tutela de bens juríédicos,


sendo possíével identificar em cada tipo legal o ratio da conduta descrita.
A relaçaõ o da consunçaõ o acaba por colocar em conexaõ o os valores protegidos
pelas normas criminais. Naõ o deve confundir-se c/a relaçaõ o de especialidade,
pois ao contraé rio do que se verifica naquela relaçaõ o do concurso de normas,
14 Código Penal
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a norma prevalecente naõ o tem necessariamente de conter na sua previsaõ o


todos os elementos tíépicos da norma que derroga.

Artigo.º309
(Teoria da infracção penal)

1º. – ACÇAÃ O Soé eé comportamento humano aquilo que for susceptíével de


ser controlado pela vontade “pelo eu fíésico e pelo psicoloé gico” – Roxin
Comportamento voluntaé rio, susceptíével de ser controlado pelo seu autor
Soé eé susceptíével de gerar responsabilidade criminal aquilo que aà luz do
Dto. Penal por acçaõ o humana.
® Comportamento activo = Acçaõ o
® Comportamento omisso = omissaõ o

OMISSAÃ O  O comportamento omisso naõ o eé equiparado ao activo para


efeitos de responsabilizaçaõ o por omissaõ o  Mas haé excepçoõ es: (art. 10º CP)
 Dever de garante hipoé teses em que sobre o omitente recaia um dever
juríédico.
(A posiçaõ o de garante reveste-se de uma posiçaõ o de evitar o resultado)
Lei (ex: filiaçaõ o)
Dever de garante Contrato (ex: medico)
 Ingereê ncia (ex: entra na situaçaõ o

Se for um médico que omite a acção e que possa salvar o doente, é homicídio.
 Tem de se verificar se este que omitiu devia agir:
Se for um pai que omita a acção p/salvar um filho, é homicídio.
Art.200º ou deve ser tida c/acçaõ o activa (art.10º nº.1 + art 1º)

2º. - TIPICIDADÉ  Juíézo de Tipicidade: demonstraçaõ o de que aquele


comportamento cabe na previsaõ o da norma.
RÉGRA: Art.13º do CP  a maioria dos artigos da parte especial teê m de ser
comportamentos dolosos naõ o meramente negligentes.

Depois de demonstrar que haé uma acçaõ o, o momento da tipicidade eé o


momento de demonstrar que aquele comportamento humano se enquadra,
se assume na previsaõ o de qualquer dos preceitos da parte especial.
Isto coloca alguns dos problemas mais complicados do Dto. Penal, por ex: o
problema da Imputaçaõ o objectiva.
IMPUTAÇAÃ O OBJÉCTIVA : Quando ao agente se imputa o resultado.
Causa adequada (ARTº 10): Saber se o comportamento eé ligado aà acçaõ o
seraé necessaé rio perguntar ao homem meé dio se aquela acçaõ o levaria aquele
resultado
Se sim o agente eé imputado objectivamente
Se naõ o, naõ o haé qualquer imputaçaõ o objectiva Contudo, esta tem de ser
previsíével para o agente.
Artigo 1.º 15
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Teoria de risco: quando o agente aumentou, naõ o diminui ou criou, e se o
resultado for devido a essa acçaõ o.
Ésta teoria vem aperfeiçoar a causa adequada.
A causa adequada e a teoria do risco podem divergir no aê mbito da sua
imputaçaõ o
 Na diminuiçaõ o do risco Naõ o
 Comportamento líécito alternativo haé
 AÂ mbito a esfera juríédica Imputaçaõ o
 Teoria da condition sinequa non  Pressupoõ e que se eliminarmos
mentalmente a acçaõ o e perguntarem se o resultado mesmo assim se
verificaria ou naõ o.
Imputaçaõ o subjectiva  Dolo (art. 13º)
Negligeê ncia (art.13º)
O dolo e a negligeê ncia em direito penal saõ o elementos subjectivos do tipo,
quando faltam o facto nem sequer eé tíépico e assim naõ o eé ilíécito.
A maioria dos artigos da parte especial tem de ser comportamentos dolosos
(principio da culpa).
Contudo haé a excepçaõ o: (negligeê ncia)

DOLOO dolo eé conhecer e querer, eé a representaçaõ o e vontade de realizar


o facto tíépico.
Para haver dolo eé suficiente que o agente conheça e queira, naõ o eé necessaé rio
demonstrar que ele conhecia a ilicitude do facto praticado.

O dolo naõ o eé a intençaõ o


No dolo haé dois elementos Élemento volitivo
Élemento intelectual
ÉÉ em funçaõ o da diferença de intensidade do grau entre o elemento
intelectual e o elemento volitivo, que no art. 14º distinguem entre dolo
directo, dolo necessaé rio e dolo eventual.
NOTA: Soé haé tentativas com dolo, naõ o haé tentativas negligentes.

NÉGLIGÉÂ NCIA: Para existir eé necessaé rio actuar sem cuidado a que estaé
obrigado e de que eé capaz.

Para existir negligeê ncia eé necessaé rio que se verifiquem 3 requisitos


acumulativos
® Tipificado na lei
® Dever de cuidado
® Poder/capacidade individual do agente respeitar o dever objectivo de
cuidado.
Dolo eventual ‡ negligeê ncia consciente
No dolo eventual o agente conforma-se ou seja corre o risco de poder
acontecer o facto que o agente representou como possíével, o agente naõ o
afasta a possibilidade do resultado, agente decide aceitar o resultado como
um risco de acçaõ o que estaé a empreender ‡ na negligência consciente o
facto eé representado como uma consequeê ncia possíével do acto, mas o autor
acredita que naõ o vai acontecer (ex: excesso de velocidade).
16 Código Penal
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Para diferenciar estes dois institutos o juiz sentencia em funçaõ o das


caracteríésticas objectivas da situaçaõ o.
Éxistem dois objectivos tendenciais que devem estar presentes p/uma
melhor conclusaõ o da verdadeira situaçaõ o.
1º. – Grau da previsibilidade objectiva de realizaçaõ o do resultado. Uma
probabilidade alta eé indíécio de dolo eventual e uma probabilidade baixa de
verificaçaõ o do resultado eé indíécio de negligeê ncia consciente.
2º. – A motivaçaõ o que levou o agente a actuar. Procurar criar um criteé rio
partindo de uma regra de coereê ncia e motivaçaõ o. Assim, quanto mais forte e
importante para o agente for a razaõ o, o motivo pelo qual decidiu actuar,
maior eé o indíécio de dolo eventual, e quanto mais insignificante for a razaõ o
maior eé o indíécio de negligeê ncia
Ainda em mateé ria de tipicidade, haé certos erros que podem acontecer no
acto que eé considerado crime, os quais quando observados mudam
radicalmente a moldura penal.Comecemos:

Artigo 310.º
(Erro sobre o objecto / identidade física)

O agente dirige a acçaõ o a um determinado objecto de acçaõ o, atinge


efectivamente esse objecto, mas esse objecto naõ o eé aquele que ele pensava
que fosse.
 O erro sobre o objecto soé tem relevaê ncia se o objecto for tipicamente
diferente e naõ o se forem tipicamente ideê nticos.
Assim se A matar B pensando que era C, o erro naõ o interessa, ele teraé de
ser julgado por homicíédio consumado na mesma.

(Responsabilidade Criminal)
Quando há erro sobre o objecto, esse erro indicia o concurso entre crimes,
aquele de que o agente tem dolo na forma tentada e aquele que ele consuma
de forma negligente (concurso efectivo real).
ERRO NA EXECUÇÃO / ABERRATION ICTUS  O agente naõ o consegue
sequer, com a sua acçaõ o, alcançar o objecto que se pretendem atingir e
atinge um objecto diferente.
A sua acçaõ o vai produzir os seus efeitos num objecto de acçaõ o, a que a acçaõ o
foi dirigida (ex: falha a pontaria).
(Resp. criminal)
Neste erro pune-se sempre em concurso entre a tentativa e o crime
negligente consumado. (se se verificar os elementos da tentativa e os
elementos do crime).
Artigo 1.º 17
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Uma aberration ictus indicia sempre a possibilidade de punir em concurso,
se se verificarem os requisitos de punibilidade, haé que ver se aquilo que ele
estaé a tentar atingir eé crime e haé que ver se aquilo que ele realmente atinge
na forma negligente estaé tipificado como crime na forma negligente. (ex: A
pretende matar B com uma bomba no carro mas eé C que morre).
A eé punido em concurso efectivo real pela tentativa de homicíédio de B e pelo
homicíédio consumado de C

Artigo 311.º
(Erro sobre o processo causal)

Ocorre quando o agente dirige a acçaõ o a um determinado objecto de acçaõ o,


atinge esse objecto de acçaõ o, mas atraveé s de um processo diferente.
Normalmente o processo causal vem referido a propoé sito da imputaçaõ o
objectiva, quando o erro sobre o processo causal eé relevante, exclui-se a
imputaçaõ o do resultado do agente.
Contudo para se saber se haé imputaçaõ o do resultado aé acçaõ o teraé de se
verificar 2 requisito
Se o desvio eé Éssencial
Previsíével
(ex: A atira B ao rio, mas B naõ o morre afogado, mas sim comido pelo
tubaraõ o).
A eé punido pela tentativa de homicíédio porque este tipo de morte naõ o era
previsíével. Naõ o eé previsíével que haja tubaroõ es nos rios
Se for previsíével eé punido por homicíédio doloso consumado.
este erro eé necessaé rio ter em atençaõ o a Teoria da Casualidade.

3º. ILICITUDÉ LÉSAÃ O DÉ UM BÉM JURIDICO


Na praé tica o juíézo da ilicitude eé um juíézo negativo, isto porque naõ o se
depreende se estamos perante um ilíécito mas sim se estamos perante uma
exclusaõ o da ilicitude.
Éxclusaõ o da Ilicitude: legitima defesa
Direito de Necessidade
Conflito de deveres
Consentimento do lesado

Legitima defesa· Para saber se estamos perante um faço praticado pelo qual
se excluíéa a ilicitude atraveé s de legíétima defesa eé necessaé rio estarem
reunidos 3 pressupostos:
18 Código Penal
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Uma agressaõ o actual e ilíécita de interesses


juridicamenteProtegidos do agente ou de terceiros

Art.32º C P Como meio necessaé rio (adequado)

Élemento subjectivo causa de justificaçaõ o (animus

Defendi)

Contudo, este ué ltimo requisito, do elemento subjectivo da causa de


justificaçaõ o define-se como sendo um conhecimento da agressaõ o actual
ilíécita ou seja conhecimento do perigo.
Se faltar apenas este elemento subjectivo o agente eé punido apenas pela
tentativa do crime por analogia ao art.38º nº.4 CP
(ex: a vai a conduzir e atropela outra pessoa que estava deitada no meio da
estrada porque naõ o a veê . Mas que morreu queria era provocar o acidente
para assaltar A).
Haé certos erros que podem ocorrer tambeé m nesta fase de apanhar a
ilicitude, saõ o eles:
A – O erro sobre os pressupostos de facto da causa de exclusaõ o da ilicitude
(art.16ºnº.2)
B – O erro sobre a ilicitude (art.17º

________________________ Analisando: _________________________________

A – Erro sobre os pressupostos de facto da causa de exclusão da


ilicitude (art.16 nº.2)
Quando o agente representa a realidade que estaé descrita como pressuposto
de facto da causa de justificaçaõ o quando ela naõ o se verifica
O erro do art. 16º nº.2 referido a legitima defesa, verificar-se-ia na hipoé tese
em que o agente representa que estaé perante uma agressaõ o actual e ilíécita
quando na realidade naõ o estaé
Aqui existe uma legíétima defesa putativa
Aqui exclui-se o dolo mas o facto continua a ser ilíécito (naõ o se exclui a
ilicitude).
B – Erro sobre a ilicitude (art.17º CP)
Artigo 1.º 19
_____________________________________________________________________________________________________________
ÉÉ um erro sobre os limites juríédicos da legitima defesa, o erro estaé em ter
representado que podia licitamente matar quando naõ o o poderia fazer para
fazer face aquela agressaõ o actual de justificaçaõ o, mas naõ o vai.

Art. 17º
- Se o erro naõ o for censuraé vel exclui-se a culpa
- Se o erro for censuraé vel eé punido c/ a pena prevista p/o crime doloso, mas
a pena pode ser atenuada (art.17º nº.2 do CP)
Para que a ilicitude seja excluíéda seraé necessaé rio reunir os pressupostos
objectivos (art.16º nº.3) e o elemento subjectivo (art.32º)
Ou seja,
Teraé de se verificar os pressupostos da puniçaõ o da negligeê ncia:

Tipificado na lei

Art.16º nº.3 Violaçaõ o do dever de cuidado

Capacidade/poder de dever de cuidado

Teraé de estar preenchido o elemento subjectivo, o conhecimento da agressaõ o


actual.

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