Você está na página 1de 35

Princı́pios de Telecomunicações 1 Arlei Fonseca Barcelos

MODULAÇÃO AM

Existem diversas formas de modulação em amplitude(AM), com ou sem portadora, com ou


supressão ou não de uma das faixas laterais. Ela pode subdividir-se em 3 categorias:
• AM-DSB - Modulação em Amplitude com Banda Lateral Dupla
• AM-DSB/SC - Modulação em Amplitude com Banda Lateral Dupla e Portadora Suprim-
ida
• AM-SSB - Modulação em Amplitude com Banda Lateral Simples

1 MODULAÇÃO AM-DSB

O princı́pio da modulação AM-DSB consiste no fato de que o sinal modulante interfere ex-
clusiva e diretamente na amplitude da portadora. Sejam:
PORTADORA: eo (t) = Eo .cos(ωo t)
MODULANTE: em (t) = Em .cos(ωm t)
SINAL MODULADO: e(t) = [Eo + Em (t)].cos(wo t)
e(t) = [Eo + Em .cos(ωm t)].cos(ωo t)
e(t) = Eo .[1 + Em /Eo .cos(ωm t)].cos(ωo t)
Chamamos a relação Em /Eo de ”ÍNDICE DE MODULAÇÃO”e é simbolizada por ”m”.
Logo,

e(t) = Eo .(1 + m.cos(ωm t))cos(ωo t)


e(t) = Eo .[cos(ωo .t + m.cos(ωm .t).cos(ωo .t)]
Da relação trigonométrica:
cos(A).cos(B) = 1/2.cos(A + B) + 1/2.cos(A − B)
Teremos:
mEo mEo
e(t) = Eo .cos(ωo t) + 2 .cos(ωo + ωm )t + 2 .cos(ωo − ωm )t

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 2 Arlei Fonseca Barcelos

1.1 Forma de Onda

Figura 1: Formas de onda de uma modulação AM-DSB

1.2 Espectro de freqüência

Observe que o sinal mensagem modula a amplitude do sinal da portadora. Analisando o


espectro de frequência do sinais na figura 2 teremos os seguintes gráficos.

Figura 2: Espectros de frequências de uma modulação AM-DSB

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 3 Arlei Fonseca Barcelos

1.3 MEDIDA DE ÍNDICE DE MODULAÇÃO

Observando a forma de onda do sinal modulado na figura 3:


Do gráfico de sinal modulado temos:

Figura 3: Gráfico para medida do ı́ndice de modulação

A = (Eo − Em ) − (−Eo + Em ) = 2.Eo − 2.Em (1)


B = (Eo + Em ) − (−Eo − Em ) = 2.Eo + 2.Em (2)
B + A = (2.Eo + 2.Em ) + (2.Eo − 2.Em ) = 4.Eo (3)
B − A = (2.Eo + 2.Em ) − (2.Eo − 2.Em ) = 4.Em (4)
Logo,
B − A 4.Em Em
= = =m (5)
B+A 4Eo Eo
B−A
m= (6)
B+A

1.4 INFLUÊNCIA DO ÍNDICE DE MODULAÇÃO NO SINAL MODULADO

Sabemos que o ı́ndice de Modulação é a relação entre as amplitudes do sinal modulante e da


portadora. Sabemos também que as amplitudes do sinal modulado são funções daquelas duas
outras amplitudes. Desta forma, a relação dada pelo ı́ndice de modulação é extremamente
importante na determinação da forma de onda do sinal modulado.

• 0 < m < 1 ⇐⇒ Em < Eo

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 4 Arlei Fonseca Barcelos

O gráfico fica como mostrado na figura 3. Este é o caso mais comum de trasmissão em
AM-DSB

• m = 1 ⇐⇒ Em = Eo
Existe o tangenciamento da envoltória no eixo dos tempos.

Figura 4: Modulação AM-DSB

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 5 Arlei Fonseca Barcelos

• m > 1 ⇐⇒ Em > Eo

Ocorre a passagem da envoltória através do eixo dos tempos.

Figura 5: Modulação AM-DSB

1.5 POTÊNCIA DO SINAL AM-DSB


2
Emax
Temos que P m = 2R

Considerando R = 1Ω
teremos
2
Emax (amplitude)2
Pm = = (7)
2 2
• P. PORTADORA
Po = Eo2 /2 (8)

• P. BANDA LATERAL INFERIOR


(m.Eo /2)2 m2 .Eo 2
PBLI = = (9)
2 8
• P.BANDA LATERAL SUPERIOR
(m.Eo /2)2 m2 .Eo 2
PBLI = = (10)
2 8

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 6 Arlei Fonseca Barcelos

• P. MÉDIA TOTAL

Pm = Po + PBLI + PBLS (11)


Eo 2 m2 .Eo2
Pm = + (12)
2 4
Exercı́cio: Para uma portadora de 1220KHz modulada em AM-DSB, que é mostrada na
figura 6, determimar:

Figura 6: Modulação AM-DSB

1. A expressão da onda portadora, sua forma de onda e espectro.

2. A expressão da onda modulante, sua forma de onda e espectro.

3. A expressão da onda modulada e espectro.

4. Potência média do sinal modulado.

5. Qual o percentual da potência total média é gasta para transmitir a banda inferior.

Exercı́cio: Numa modulação AM-DSB foi utilizada uma portadora de 20 V pico a pico e
frequência de 3MHz, é feita uma modulação com uma informação cossenoidal de 9Vpp
e 5KHz. Determine:

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 7 Arlei Fonseca Barcelos

1. A expressão da onda portadora, sua forma de onda e espectro.

2. A expressão da onda modulante, sua forma de onda e espectro.

3. A expressão da onda modulada, sua forma de onda e espectro.

4. Potência média do sinal modulado.

5. Qual o percentual da potência total média é gasta para transmitir a banda lateral
inferior.

1.6 Circuitos Moduladores AM-DSB

É responsável por gerar um sinal AM-DSB a partir de um sinal de informação e de uma onda
portadora. Podem ser divididos de acordo com o princı́pio de funcionamento em moduladores
sı́ncronos e quadráticos

1.6.1 Moduladores sı́ncronos

São moduladores que possuem elemento que chavea o sinal modulante pela portadora. Na
figura 7, vê-se o diagrama simplificado de um modulador sı́ncrono, utilizado em pequenos
transmissores de AM.

Figura 7: Modulador sı́ncrono tı́pico

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 8 Arlei Fonseca Barcelos

1.6.2 MODULADOR SÍNCRONO A DIODO

Seu princı́pio de funcionamento é baseado no fato de que um sinal amostrado por uma função
do tipo ”chave sı́ncrona”gera uma série de harmônicos, que podem ser convenientemente
recuperados por uma filtragem passa-faixas. A figura 8 mostra um circuito tı́pico que executa
a modulação sı́ncrona AM − DSB, onde R1 ,R2 e R3 formam um somador resistivo, o diodo
D1 executa o papel de chave sı́ncrona de freqüência fo e o conjunto de indutores e capacitores
a seguir formam um circuito sintonizado em fo que retira, de todo o espectro disponı́vel no
sinal chaveado, as raias necessárias para a formação do AM − DSB. A análise do circuito

Figura 8: modulador sı́ncrono a diodo

pode ser feita facilmente a partir das formas de ondas nos principais pontos, destacados nas
figuras 9, 10,11,12 acima por 1,2,3 e 4. Na figura 9(A) temos o sinal da portadora aplicado ao
ponto 1 e na figura 10(B) o sinal modulante aplicado ao ponto 2. Esses dois sinais somados
ponto-a-ponto são observados no ponto 3 e mostrados pela figura 11(C). A função chave
sı́ncrona executada por D1 , em conjunto com o efeito de oscilação sintonizada em fo feita
pelo filtro passa-faixa resulta no sinal modulado em AM − DSB do ponto 4 apresentado na
figura 12(D).

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 9 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 9: Sinal da Portadora do modulador

Figura 10: Sinal da Mensagem do modulador

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 10 Arlei Fonseca Barcelos

1.6.3 MODULADOR SÍNCRONO A TRANSISTOR

Obedece a um princı́pio de funcionamento absolutamente idêntico ao do modulador sı́ncrono


a diodo, com única ressalva que o chaveamento sı́ncrono com a frequência da portadora é
agora feito pela junção base-emisor de um transistor. A figura 13 mostra um circuito tı́pico
de aplicação de um modulador sı́ncrono a transistor.
O transistor da figura 13 é não-polarizado com nı́vel DC propositadamente , pois o efeito
de chaveamento só pode ser obtido se o transistor funcionar em estados de corte/condução,
o que não seria possı́vel se houvesse uma pré-polarização. Uma rápida análise das formas de
onda nos pontos estratégicos do circuito permite compreender seu funcionamento com uma
certa facilidade. A figura 14(A) mostra um sinal da portadora, aplicado à base de T1 e a
figura 15(B) mostra o sinal de informação, aplicado ao emissor de T1 . Assim, a tensão VBE
será a diferença entre os sinais, mostrados na figura 16(C). Quando o transistor recebe entre
base e emissor um tensão do tipo da figura 16(C), a sua operação resume-se praticamente à
de um diodo, gerando uma corrente de coletor composta por pulsos proporcionais à diferença
entre eo (t) e em (t). Estes pulsos de corrente excitam o circuito LC formado por L/C3 e L/C4,
dando a tensão de saı́da mostrada na figura 17(D).
Uma observação interessante é que caso tivéssemos no lugar do filtro LC um resistor, tanto
no modulador a diodo quanto no modulador a transistor, terı́amos o espectro mostrado na
figura 18, porém com a ação do filtro LC(passa-faixa) na saı́da do circuito teremos apenas a
parte separada pelo pontilhado no desenho, onde vemos que este é um sinal AM − DSB.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 11 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 11: Soma da Portadora e mensagem do modulador

Figura 12: Sinal Modulado

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 12 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 13: modulador sı́ncrono a transistor

Figura 14: Sinal da portadora do modulador

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 13 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 15: Sinal da mensagem do modulador

Figura 16: Sinal da diferença da mensagem e portadora do modulador

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 14 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 17: Sinal modulado

Figura 18: Espectro de frequência do modulador sem considerar o filtro passa-faixa

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 15 Arlei Fonseca Barcelos

1.6.4 OUTROS MODULADORES SÍNCRONOS

A figura 19 mostra 3 tipos de circuitos utilizados em transmissores comerciais. O funciona-


mento destes moduladores são semelhantes ao descritos nos anteriores.

Figura 19: Outros moduladores sı́ncronos

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 16 Arlei Fonseca Barcelos

1.6.5 MODULADORES SÍNCRONOS No MATLAB

O programa abaixo, feito no MATLAB mostra as formas de ondas e espectros de um modu-


lador AM − DSB.
% Programa que mostra as formas de ondas e espectro de um sinal modulado em AM

clc
close all
clear all
Eo=1.5
Em=1
t = 0:0.00005:0.03;
em=Em*(sin(2*pi*50.*t))
subplot(3,2,1)
plot(t,em);title(’Mensagem’)
Y = fft(em,16384);
Pyy = abs(Y)/16384;
f = 20000*(0:8191)/16384;
subplot(3,2,2)
plot(f,Pyy(1:8192));title(’Espectro do Sinal Mensagem’)
axis([-50 600 0 0.03])
eo=Eo*(sin(2*pi*300.*t))
subplot(3,2,3)
plot(t,eo);title(’Portadora’)
Y = fft(eo,16384);
Pyy = abs(Y)/16384;
f = 20000*(0:8191)/16384;
subplot(3,2,4)
plot(f,Pyy(1:8192));title(’Espectro do Sinal Portadora’)
axis([-50 600 0 0.03])
e= (Eo+em).*sin(2*pi*300.*t)
subplot(3,2,5);
plot(t,e);title(’Sinal Modulado’)
Y = fft(e,16384);
Pyy = abs(Y)/16384;
f = 20000*(0:8191)/16384;
subplot(3,2,6)
plot(f,Pyy(1:8192));title(’Espectro do Sinal Modulado’)
axis([-50 600 0 0.03])

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 17 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 20: Gráficos no MATLAB

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 18 Arlei Fonseca Barcelos

O programa abaixo mostra um programa feito no MATLAB, mostrando as formas de ondas


de um modulador sı́ncrono.
clc
close all
clear all
Eo=1.5
Em=1
t = 0:0.00005:0.03;
em=Em*(sin(2*pi*50.*t))
subplot(3,2,1)
plot(t,em);title(’Mensagem’)
Y = fft(em,16384);
Pyy = abs(Y)/16384;
f = 20000*(0:8191)/16384;
subplot(3,2,2)
plot(f,Pyy(1:8192));title(’Espectro do Sinal Mensagem’)
axis([-50 1000 0 0.03])
eo=Eo*(sin(2*pi*300.*t))
subplot(3,2,3)
plot(t,eo);title(’Portadora’)
Y = fft(eo,16384);
Pyy = abs(Y)/16384;
f = 20000*(0:8191)/16384;
subplot(3,2,4)
plot(f,Pyy(1:8192));title(’Espectro do Sinal Portadora’)
axis([-50 1000 0 0.03])
e= (Eo+em).*sin(2*pi*300.*t)
for i=1:length(t),
if e(i)<0
e(i)=0;
end
end
subplot(3,2,5);
plot(t,e);title(’Sinal Modulado’)
Y = fft(e,16384);
Pyy = abs(Y)/16384;
f = 20000*(0:8191)/16384;
subplot(3,2,6)
plot(f,Pyy(1:8192));title(’Espectro do Sinal Modulado’)

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 19 Arlei Fonseca Barcelos

axis([-50 1000 0 0.03])

Figura 21: Gráficos no MATLAB

1.6.6 MODULADOR QUADRATICO A FET

Outro importante modulador de amplitude utiliza um FET para executar o produto entre
os sinais de entrada. A figura 22 apresenta o diagrama téorico do circuito. Na saı́da do
modulador existe um filtro passa-faixa sintonizado na frequência do sinal de portadora. A
largura da faixa desse filtro deve ser suficiente para acomodar as faixas laterais geradas
no processo de modulação. Através de CRF o sinal de AM é acoplado à carga RL , onde
desenvolve-se a tensão de saı́da e(t) . A figura 23 mostra as formas de onda tı́picas do
circuito.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 20 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 22: Modulador quadrádico à FET

Figura 23: Formas de ondas do modulador quadrádico da figura 22

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 21 Arlei Fonseca Barcelos

A tensão VGG é igual a -3,25V, Eo é igual a 1,63V e Em é igual a 1,63V. Nessas condições,
as componentes de alta frequência da corrente de dreno atingem um máximo de 6,4mA e um
mı́nimo de 2,12mA, aproximadamente.
A análise matemática exata desse modulador é relativamente simples,porém exige bastante
trabalho. Sabe-se que a corrente em um FET pode ser expressa pela equação abaixo:

VGS 2
ID = IDSS (1 − ) (13)
VP
onde:
ID - corrente de dreno;
IDSS - corrente de dreno para VGS = 0;
VGS - tensão porta-fonte;
VP - tensão VGS para ID = 0.
A tensão VGS , no modulador quadrático, é dada por

VGS = VGG + em (t) − eo (t) (14)


Elevando-se ao quadrado a expressão entre parênteses, na equação 14, tem-se:
2
VGS VGS
ID = IDSS (1 − 2 + 2) (15)
VP VP
2
Percebe-se a presença de VGS na terceira parcela da soma dentro do parênteses. VGS é uma
expressão da forma (a + b − c). Seu quadrado é:a2 + b2 + c2 + 2ab − 2ac − 2bc.
Fazendo-se a = VGG , b = em (t) e c = eo (t) e substituindo-se no quadrado da expressão entre
parênteses, fica:
2 1
ID = IDSS [1 − (a + b − c) + 2 (a2 + b2 + c2 + 2ab − 2ac − 2bc) (16)
VP VP
O produto que nos interessa é o que por fatores em (t) e eo (t), ou seja, a parcela ”−2bc”.

IDSS
ID = [−2.em (t).eo (t)] (17)
VP2
IDSS
ID = −
[2.Em cosωm .t.Eo .cosωo .t] (18)
VP2
Aplicando-se a identidade trigonométrica:
1 1
cos(A).cos(B) = cos(A + B) + cos(A − B) (19)
2 2
onde: A = ωo .t e B = ωm .t

IDSS
ID = − [Em .Eo .cos(ωo + ωm )t + Em .Eo .cos(ωo − ωm )t] (20)
VP2
AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica
Princı́pios de Telecomunicações 22 Arlei Fonseca Barcelos

IDSS Em Eo IDSS Em Eo
ID (F L) = − 2
.cos(ωo + ωm )t − .cos(ωo − ωm )t (21)
Vp Vp2
Resta agora o cálculo do valor da corrente da portadora. Ela corresponde às parcelas em que
aparece o fator c(exceto,naturalmente, o termo -2bc”). A corrente da portadora será dada por:

IDSS
ID (P ORT ) = (VP − VGG ).2Eo cosωo .t (22)
VP2
Exercı́cio: No modulador da figura 24, para um FET BF245C (VP = −6.5V e IDSS = 17mA,
VDSS = 18V ), determinar:

1. Os valores de Em e Eo que maximizem a saı́da dos sinais de faixas laterais.

2. Determinar a componente da corrente de dreno correspondente às faixas laterais.

3. Determinar a componente da corrente de dreno correspondente à portadora.

4. Determinar o valor de RL para uma tensão de saı́da igual a 10V no pico da envoltória

5. Desenhar o espectro da tensão de saı́da e determinar o ı́ndice de modulação.


6. Calcular os valores de Em e Eo para obter-se o ı́ndice de modulação unitário.

Figura 24: Modulador quadrático do exercı́cio

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 23 Arlei Fonseca Barcelos

1.6.7 MODULADOR QUADRATICO A BJT

Seu princı́pio de funcionamento baseia-se no aproveitamento da região quadrática contida na


curva caracterı́stica de entrada de um transistor em emissor comum, que é exponencial.

Figura 25: Modulador quadrático a BJT

O circuito da figura 25 mostra o esquema básico de um modulador quadrático. E im-


portante deixar claro que o funcionamento do circuito está ligado à polarização correta do
transistor.Veja na figura 26; ela mostra a caracterı́stica tensão x corrente de entrada para o
transistor do modulador. Se a polarização for feita de tal maneira que possamos aproximar

Figura 26: Caracterı́stica iB xvbe do transistor

o trecho de exponencial para uma parábola, estaremos criando um modulador quadrático.


O modelo matemático que comprova o funcionamento desse circuito como modulador AM −
DSB é descrito a seguir: uma função exponencial admite decomposição em série de Taylor
da seguinte forma:

x2 x3 x4 xn
f (x) = ex = 1 + x + + + + ... + (23)
2 6 24 n!

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 24 Arlei Fonseca Barcelos

Sabemos que ic = β.iB e que iB = f (VBE ) de forma exponencial. Assim podemos afirmar:
2 3
ic = a + b.VBE + c.VBE + d.VBE (24)
onde : a,b,c,d,...são constantes numéricas.
Polarizando um transistor em uma região quadrática e considerando que, pelo circuito, temos
VBE = eo (t) + em (t); podemos aproximar:

ic (t) = a + b[eo (t) + em (t)] + c[eo (t) + em (t0]2 (25)


ic (t) = a + b.eo (t) + b.em (t) + c.e2o (t) + c.e2m (t)2.c.eo (t).em (t) (26)
ic (t) = a+b.Eo .cos(ωo .t)+b.Em .cos(ωm .t)+c.Eo2 .cos2 (ωo .t)+c.Em
2
.cos2 (ωm .t)+2.c.Eo .cos(ωo ).Em .
(27)
Das relações trigonométricas tiramos que:
c.Eo2 c.Eo2 c.Em2
c.Em2
ic (t) = a+b.Eo .cos(ωo .t)+b.Em .cos(ωm .t)+ + cos(2.ωo .t)+ + cos(2.ωm .t)+c.Eo
2 2 2 2
(28)
O espectro da corrente de coletor é dado na figura 27, sendo demostrada na mesma figura,
a região circunvizinha a ωo , na qual vai agir o circuito sintonizado colocado no coletor do
transistor.
A figura 28 leva em conta que o filtro só deixa passar os sinais em torno de ωo , apresentado
um esboço do espectro na saı́da do modulador, que é o espectro de um sinal AM − DSB.
É importante notar que todo o desenvolvimento matemático foi baseado no fato de que o

Figura 27: Modulador quadrático AM-DSB sem a ação do filtro passa-faixa

Figura 28: Modulador quadrático AM-DSB com a ação do filtro passa-faixa

transistor estaria polarizado em uma ”região quadrática”e assim as constantes numéricas a


partir do termo de segunda ordem na eq.24 foram desprezadas.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 25 Arlei Fonseca Barcelos

Exercı́cio: Mostre que se o termo de terceira ordem, ou seja, o termo ”d”não for nulo teremos
um raia espectral em ωo + / − 2ωm , sendo esta muito difı́cil de ser eliminada.

1.7 Circuito DeModulador AM − DSB

Um circuito demodulador é responsável por recuperar um sinal de informação , ou sinal


modulante, a partir de um sinal modulado AM − DSB recebido na antena.

1.7.1 DETETOR DE ENVOLTÓRIA

É um dispositivo cujo circuito é mostrado na figura 29:

Figura 29: Detetor de envoltória

Nesse circuito, o papel da chave sı́ncrona é executado pelo diodo detetor e o circuito RC
colocado a seguir cumpre seu papel de filtro passa-baixas. Uma análise mais detalhada do
funcionamento do circuito é feito pela figura 30, onde temos o sinal modulado em AM-DSB,
na figura 31 temos o que aconteceria com aquele sinal ao passar pela retificação imposta
pelo diodo, sem a colocação do capacitor C. Na figura32 temos a tensão que se observa nos
terminais de saı́da, já com a colocação do capacitor e na figura 33, a tensão de saı́da idealizada
pois como a frequência da portadora é muito maior que a do sinal modulante, a tensão de
saı́da pode ser suposta uma cossenóide pura, somada a um nı́vel DC (valor médio) que pode
ser facilmente eliminado por um acoplamento capacitivo feito em um estágio posterior do
receptor, como será visto adiante.

Figura 30: Sinal AM − DSB

Um cuidado deve ser tomado no cálculo da constante de tempo RC do filtro passa-baixas do


detetor, pois se tivermos a constate de tempo muito alta, a envoltória sofrerá um descolamento
na demodulação e se RC for muito baixo teremos uma filtragem insuficiente da envoltória.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 26 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 31: Sinal após o diodo, sem capacitor

Figura 32: Ação do capacitor do filtro

Figura 33: Sinal mensagem recuperado com nı́vel DC

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 27 Arlei Fonseca Barcelos

Uma regra prática que permite o cálculo da constante de tempo do filtro passa-baixas é dada
pela equação abaixo, onde a presença do ı́ndice de modulação na fórmula tende a adequar a
sensibilidade do filtro à porcentagem de modulação efetuada. Como o ı́ndice de modulação
é normalmente igual a 1(100%), a equação se reduz, via de regra, a um simples cálculo de
frequência de corte de um filtro passa-baixas.
1
RC = (29)
2π.m.fmmax
onde fmmax é a máxima frequência do sinal modulante, que em radiofusão comercial AM −
DSB é de 5KHz.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 28 Arlei Fonseca Barcelos

2 MODULAÇÃO AM − DSB/SC

A modulação AM − DSB/SC surgiu como uma tentativa de economizar a potência utilizada


pela portadora no sistema AM − DSB, que é no mı́nimo 67% da potência total do sinal
modulado.
Como o próprio nome do sistema (Modulação em Amplitude com Banda Lateral Dupla e
Portadora Suprimida-AM − DSB/SC) já diz, o principio para a economia de potência é a
supressão da Portadora, fazendo com que a potência do sinal modulado seja destinada às
raias de informação.
A obtenção desse sinal se baseia na propriedade trigonométrica de que um produto entre duas
cossenóides gera outro par de cossenóides, com freqüência da soma e da diferença entre as
freqüências das cossenóides originais. Assim, em AM − DSB/SC:

e(t) = K.em (t).eo (t) (30)


onde K é a constante do circuito modulador, que permite a multiplicação de duas tensões
resultar uma outra tensão.

e(t) = K.Em .cosωm t.Eo .cosωo t (31)


1 1
e(t) = K.Em .Eo [ cos(ωo − ωm )t + cos(ωo + ωm )t] (32)
2 2
K.Em .Eo K.Em .Eo
e(t) = .cos(ωo − ωm )t + .cos(ωo + ωm )t (33)
2 2
Fica assim determinada a expressão do sinal modulado AM − DSB/SC. Outros pontos a
respeito do sinal modulado que devem ser discutidos são:

2.1 Análise das formas de onda:

A obtenção da forma de onda do sinal modulado pode ser feita a partir das formas de onda
e0 (t) e em (t), levando-se em consideração a definição do sinal modulado AM-DSB/SC da
equação acima.
A figura 34 mostra a obtenção do sinal modulado colocado em fase com e0 (t) e em (t). Note que
sempre que um dos dois sinais passar por zero, o mesmo irá acontecer com o sinal modulado.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 29 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 34: Sinal modulado AM − DSB/SC sincronizado com o sinal modulante e com a portadora

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 30 Arlei Fonseca Barcelos

2.2 Análise dos Espectros

Veja, na figura 35, a ausência da raia da frequência angular da portadora.

Figura 35: Espectros AM − DSB/SC

Espectros da modulação AM − DSB/SC.


(a) Do sinal modulante
(b) Da portadora
(c) Do sinal modulado.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 31 Arlei Fonseca Barcelos

2.3 Potência do sinal AM − DSB/SC

O espectro de potência do sinal modulado é mostrado na figura 36:

Figura 36: Espectros de Potência de um sinal AM − DSB/SC

Observe que toda a potência contida no sinal modulado pertence às raias que contêm in-
formação, já que não há freqüência da portadora. Consequentemente, não faz sentido tecer
comentários sobre o rendimento da transmissão pois ele será de 100 %, com a potência divi-
dida entre as duas bandas laterais.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 32 Arlei Fonseca Barcelos

2.4 Circuitos Moduladores AM − DSB/SC


2.4.1 Modulador em Ponte

Neste circuito modulador, a portadora chaveia uma ponte de diodos, permitindo ou não a
passagem do sinal modulante, que vai excitar um circuito LC. A figura 37 mostra um circuito
básico para esse tipo de modulação, indicando os pontos principais de análise do circuito.

Figura 37: Circuito Modulador em ponte AM − DSB/SC

Veja nesse circuito que, quando a portadora polariza diretamente os diodos da ponte, o
sinal de informação é aterrado, visto que o ponto 3 fica ao potencial de zero Volt. Por outro
lado, se a portadora polariza os diodos de maneira reversa, o sinal de áudio não encontra
obstáculos e vai excitar o circuito sintonizado com-posto por L e C2. A figura 38 explica, com
uma seqüência de formas de onda, o mecanismo de funcionamento do circuito. Vale a pena
observar, no gráfico que segue em (c), que a forma de onda no ponto 3 não cor-responde ex-
atamente a um trecho do sinal modulante, mas isso é facilmente explicável, pois se tivéssemos
uma onda quadrada como portadora, os diodos teriam um chaveamento instantâneo e pas-
sariam a conduzir no mesmo momen-to, mas como a portadora utilizada é cossenoidal, deve
existir um intervalo de tempo para o inı́cio de condução dos diodos, até que se estabeleça o
sinal modulante no ponto 3, ou até que esse sinal de lá desapareça.
É interessante verificar que, neste caso, o perfeito casamento entre os diodos dará a re-
jeição de portadora do circuito, pois como a cada passagem por zero do sinal modulante existe
uma inversão de fase de 180o do sinal modulado em relação à portadora, se os diodos não
forem perfeitamente iguais haverá um ”resı́duo de portadora”que pode ser medido da forma
convencionada no item anterior. De qualquer maneira conseguem-se ı́ndices de supressão da

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 33 Arlei Fonseca Barcelos

portadora muito bons com o modulador em ponte pela facilidade de encontrar componentes
cujas caracterı́sticas sejam mais semelhantes.

Figura 38: Formas de ondas AM − DSB/SC

Sinal modulado AM − DSB/SC


(a) Sinal Modulado
(b) Sinal da portadora.
(c) Sinal chaveado pela ponte.
(d) Sinal modulante

2.5 Circuitos Demoduladores AM − DSB/SC

Em vista da supressão da portadora quando da modulação AM − DSB/SC, fica impossı́vel


fazer a demodulação com um circuito tão simples quanto um detetor de envoltória. Assim, a
solução encontrada foi reinjetar na recepção uma portadora de mesma fase e mesma freqüência
que aquela suprimida na modulação.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 34 Arlei Fonseca Barcelos

2.5.1 Demodulador sı́ncrono AM-DSB/SC com diodos em ponte

O principio básico de funcionamento desse demodulador é praticamente o mesmo usado na


modulação, porém o filtro passa-baixas composto por R3 e C2 recupera o valor médio do
sinal do ponto 3. A figura abaixo mostra as quatro principais formas de onda do circuito.

Figura 39: Circuito Demodulador sı́ncrono AM-DSB/SC com diodos em ponte

Vemos nessa figura o sinal reinjetado pelo Oscilador Local em perfeito sincronismo de fase
e freqüência com o sinal modulado, fazendo com que, quando os diodos conduzem, o sinal
modulado chega ao filtro passa-baixas, resultando o sinal recuperado.
Você, que é uma pessoa bastante observadora, já deve ter notado a ênfase que está sendo
dada ao sincronismo de fase e freqüência entre o sinal do Oscilador Local e a portadora que
foi suprimida na modulação.

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica


Princı́pios de Telecomunicações 35 Arlei Fonseca Barcelos

Figura 40: Formas de ondas do Circuito Demodulador sı́ncrono AM-DSB/SC com diodos em ponte

AEDB Aula de Modulação AM Engenharia Eletrônica

Você também pode gostar