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MEDIAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Ação de Alimentos
Requerente: Aninha e Joãozinho Silva e Silva,
representados por sua mãe Ana Souza e Silva
Requerido: João Oliveira Silva

Ana e João casaram-se em 1994. Ele, integrante do departamento comercial de uma


empresa, ela, bancária. Têm, atualmente, dois filhos: Aninha e Joãozinho, com 8 e 4
anos, respectivamente. Embora inicialmente felizes, começaram a surgir problemas
no relacionamento durante a segunda gravidez de Ana. Dois meses antes de Ana
engravidar de Joãozinho, o casal aceitou abrigar em casa um dos irmãos de João, de
nome Pedro, que, por estar desempregado e inadimplente, foi despejado do
apartamento onde residia sozinho. Passado o primeiro mês, João foi ficando
enciumado, suspeitando que estivesse havendo uma aproximação excessiva entre
sua mulher e Pedro, seu irmão. Um dos amigos de João lhe confidenciou que teria
visto Ana e Pedro juntos, de tarde, no cinema. Quando Ana lhe deu a notícia de que
estava novamente grávida, João ficou desconsertado. Não lhe saía da cabeça a ideia
de que o filho não era seu.
Não tendo coragem de expor as suas suspeitas para a mulher – até porque ela estava
grávida e, afinal de contas, não havia provas -, João determinou ao seu irmão, com
certa rispidez, que se mudasse para qualquer outro lugar, sob o pretexto de que
precisava preparar o quarto para o seu novo filho. Joãozinho nasceu e João sempre
muito calado e sem ânimo. Vez por outra chegava muito tarde ou viajava para
trabalhos pouco prováveis. Tornara-se muito esquecido, constantemente deixando
o celular desligado. A relação entre Ana e João nunca mais voltou a ser a mesma.
Três anos após o nascimento de Joãozinho, João, inesperadamente e sem dar
qualquer satisfação, abandonou a família.
Ana e os filhos começaram a passar por sérias necessidades. Joãozinho está
agressivo e Aninha deprimida. Ambos com problemas na escola. Ana, desesperada,
conseguiu, um ano após o desaparecimento de João, descobrir o seu paradeiro. Este
foi recentemente notificado para comparecer perante a Defensoria Pública, onde
Ana solicitara apoio.
ANA
João foi uma terrível decepção em sua vida. Esse homem se transformou, nos
últimos quatro anos, em uma pessoa deprimida, arredia, um fantasma daquele
homem bom e empreendedor que ela, apesar de tudo, ainda ama. Quando
engravidou de Joãozinho, sentiu-se rejeitada, tal o desinteresse de João por seu
segundo filho. Não acreditava no que estava acontecendo. João cada vez mais
distante. Teve até que tomar as dores de Pedro, irmão de João, injustamente expulso
de casa. Embora nunca tenha tido a oportunidade de comprovar, está convencida
de que João deve ter arranjado uma amante desde o tempo em que ela ainda estava
grávida de Joãozinho. Embora tenha percebido os ciúmes de João quanto a Pedro,
nunca o traiu, mesmo se sentindo muito só. Arrepende-se de ter ido ao cinema com
Pedro sem uma prévia comunicação a João. Tem notícia de que tal fato gerou
algumas insinuações maldosas. Ana está com raiva da atitude arredia de João e sofre
com a sua ausência, inclusive por conta das dificuldades por que passou sozinha
durante este último ano.
JOÃO
Ana foi uma terrível decepção. Aquela mulher companheira, sensual e bonita foi
capaz de traí-lo com seu próprio irmão. E justamente com aquele irmão a quem
concedeu abrigo em momento de necessidade. Com isto, grande tristeza, solidão e
uma profunda mágoa da mulher e do irmão. Foi em decorrência de sua baixa
autoestima que João pediu transferência para outro Estado, na tentativa de se
afastar de todos aqueles sofrimentos. De nada adiantara aquelas noites em que
procurou se divertir ou os fins de semana em que participou de grupos de terapia.
A saudade da sua filha Aninha o atormentava. A namorada que arranjara e com
quem desfrutou bons momentos não suportou a sua insatisfação, uma vez que
constantemente ele vivia se lamentando de como havia sido infeliz no casamento e
como a vida é cruel.

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