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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Num. Processo : 0003189-17.2014.8.05.0022


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : SERASA S/A
Recorrido(s) : ORMELIA SOUZA CESAR HOLANDA
Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - BARREIRAS
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RESTRIÇÃO CREDITÍCIA. SERASA EXPERIAN.ALEGAÇÃO


DE FALTA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA DO CONSUMIDOR
POR PARTE DO ÓRGÃO ARQUIVISTA. COMPROVAÇÃO DE
ENVIO DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. PRESCINDIBILIDADE
DE AVISO DE RECEBIMENTO, EX VI SÚMULA 404 STJ.
SENTENÇA REFORMADA PARA AFASTAR A
CONDENAÇÃO DA SERASA.

ACÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE - Relatora, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS
QUEIROZ - Presidente, LEÔNIDES BISPO DOS SANTOS SILVA, em proferir a seguinte
decisão RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento.Sem custas e honorários advocatícios, pelo êxito da parte no recurso..
Salvador, Sala das Sessões, 17 de Setembro de 2015.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Num. Processo : 0003189-17.2014.8.05.0022


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : SERASA S/A
Recorrido(s) : ORMELIA SOUZA CESAR HOLANDA
Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - BARREIRAS
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. INDENIZATÓRIA.


RESTRIÇÃO CREDITÍCIA. SERASA
EXPERIAN.ALEGAÇÃO DE FALTA DE NOTIFICAÇÃO
PRÉVIA DO CONSUMIDOR POR PARTE DO ÓRGÃO
ARQUIVISTA. COMPROVAÇÃO DE ENVIO DE
NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. PRESCINDIBILIDADE DE AVISO
DE RECEBIMENTO, EX VI SÚMULA 404 STJ. SENTENÇA
REFORMADA PARA AFASTAR A CONDENAÇÃO DA
SERASA.

RELATÓRIO
Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte ré na ação de origem,
SERASA S/A, objetivando a reforma completa da sentença que julgou procedente o
pedido do autor para “ condenar a ré a pagar, a título de indenização por danos morais, a quantia de
R$ 2.000,00 (dois mil reais), devidamente corrigido pelo INPC/IBGE, mais juros de 1% (um por cento)
ao mês, tudo a partir desta data”.

A parte autora, na origem, ajuizou ação declaratória de inexistência de


débito com pedido de danos morais contra a TIM e a ora recorrente, em virtude da
negativação de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito, bem como pela
ausência de prévia notificação acerca da inclusão.

A recorrente busca a reforma da sentença, alegando que não cometera


qualquer ato ilícito, alegando que “ Ora, a Recorrente não concede crédito, tão somente anota os
fatos de inadimplência exatamente como lhe são repassados. Portanto, não tem como fazer qualquer
conferência de documentos, sendo certo que tal obrigação é do concedente de crédito e não da
Recorrente.(...)A Serasa tão-somente efetuou a inclusão da anotação e encaminhou o comunicado
conforme dados fornecidos pela instituição credora, o que restou devidamente comprovado nos autos.”

Em contrarrazões, o recorrido pugna pela manutenção da sentença.

Vieram os autos conclusos.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, recurso tempestivo


e devidamente preparado, conheço-o, apresentando voto com a fundamentação aqui
expressa, que submeto aos demais membros desta Egrégia Turma.

VOTO
Sem preliminares a serem examinadas.
A delimitação da matéria recursal adstringe-se à condenação da recorrente
pelos danos morais causados pela indevida negativação do nome da recorrida nos
órgãos de proteção ao crédito, sem que houvesse a prévia notificação, como determina o
art.43,§2º, do CDC, cuja transcrição segue:

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às
informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo
deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada
por ele.

A parte autora alega que não recebera a prévia notificação acerca da


inclusão de seu nome no cadastro. Neste caso, incumbia à ora recorrente a
comprovação da realização da prévia notificação, através de comprovante de envio da
correspondência aos correios, em data anterior à inclusão indevida

Vislumbra-se a necessidade de aplicação ao presente caso do enunciado nº


404 da súmula do STJ que prevê que o aviso de recebimento se faz dispensável na carta
de comunicação ao consumidor de eventual inscrição dos dados em órgão de restrição
ao crédito.
Neste contexto, embora se reconheça que o endereço destinatário se
apresenta flagrantemente equivocado, há de se asseverar que a retidão das informações
do consumidor se faz ônus do credor, não podendo a referida responsabilidade ser
transferida ao órgão arquivista.

Neste sentido, o entendimento da egrégia Segunda Turma Recursal do


Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul no julgamento do Recurso Cível nº
71003976594 RS.

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ALEGAÇÃO DE


FALTA DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA QUANTO À INSCRIÇÃO EM
ÓRGÃO RESTRITIVO DE CRÉDITO. EMBORA A NOTIFICAÇÃO
TENHA SIDO REMETIDA PARA O ENDEREÇO EQUIVOCADO, É
DA EMPRESA CREDORA A RESPONSABILIDADE DO ENVIO DO
ENDEREÇO CORRETO. RÉ QUE CUMPRIU COM A OBRIGAÇÃO
IMPOSTA PELO ARTIGO 43, § 2º, DO CDC. SENTENÇA
MANTIDA. (Recurso Cível Nº 71003976594, Segunda Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Vivian Cristina
Angonese Spengler, Julgado em 27/03/2013) (TJ-RS - Recurso
Cível: 71003976594 RS , Relator: Vivian Cristina Angonese
Spengler, Data de Julgamento: 27/03/2013, Segunda Turma
Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
02/04/2013).

Ademais, no caso em tela, a recorrente logrou comprovar qa notificação


prévia, tendo em vista que comprovara no evento 18 projudi que o
comunicado relativo a esta anotação foi postado nos Correios no dia
23/09/2013, com dez dias de antecedência da data em que a anotação fora
disponibilizada na base da Serasa para acesso a terceiros, que se dera no dia
10/10/2013

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO ao recurso interposto pelo SERASA, julgando improcedente a
queixa em relação a este. Sem Condenação em honorários por se tratar de recorrente
vencedor.

Salvador, sala de sessões, 17 de Setembro de 2015.


Bela. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza de Direito

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