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Captação de Serragem
SILVA, Arlei Marques (Unitri – arley_iub@htomail.com)
GUERRA, Clever Jesus Zárate (Unitri - czarate@bol.com.br)
1 INTRODUÇÃO
O Brasil com sua economia estável e com altos investimentos na área
da construção civil tem aumentado cada dia mais o consumo de madeira em
todo território nacional, usado em todas as etapas em uma construção civil,
desde a alvenaria ao acabamento. Entretanto, seu processo de beneficiamento
gera uma grande quantidade de resíduos (serragem, pó, maravalha e cavaco),
ocasionando diversos transtornos no local de trabalho, pois seu descarte atual
é feito de forma manual, gerando mais esforço para os funcionários, despesas
com o frete, taxa de descarte no aterro sanitário, poeira no ambiente de
trabalho, e incômodo aos vizinhos.
A instalação de um sistema de ventilação local exautora por
armazenamento dos resíduos em um silo devidamente projetado, eliminando a
contaminação (pois sairá das máquinas diretamente para o depósito),
agregando valor ao subproduto e preservando as peças e equipamentos de
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uma maneira geral. Dentre outros fatores, menciona-se, também e não menos
importante, o aspecto da saúde humana no ambiente de trabalho e
reaproveitamento dos resíduos como matéria prima para a fabricação de
briquetes, camas ou adubos orgânicos.
Assim sendo, este estudo se justifica pela importância técnica e social e
tem como objetivo propor um projeto de dimensionamento de um sistema de
ventilação exaustora para captação do resíduo em uma indústria madeireira
envolvendo desde os cálculos de dimensionamento dos dutos, escolha das
coifas, perdas nas bifurcações e junções, escolha dos materiais corretos,
cálculo de velocidade e vazão até orçamento e custo do projeto final.
Nas seções seguintes serão apresentados os principais conceitos para a
contextualização do tema tratado.
2 VENTILAÇÃO
A grande maioria das operações e processos industriais geram uma
grande quantidade de vapores, gases, fumos e poeiras produzidas, que são
contaminantes que possuem uma alta toxicidade, não podendo ser dispersos
em um ambiente de trabalho afetando diretamente os funcionários, e com isso
gerando consequências em seus organismos (MACINTYRE, 1990).
A presença de ar sem contaminantes nos ambientes de trabalho é
essencial para o metabolismo do homem, por ser fonte de oxigênio, porem o ar
também é um veiculo que transporta as impurezas suspensas até a penetração
e absorção no organismo, dessa maneira a ventilação nos ambientes de
trabalho deve ser devidamente planejada de forma natural ou artificial, a fim de
prevenir danos à saúde, segurança e bem estar aos trabalhadores (MESQUITA
et al, 1977), conforme conceitos, a seguir:
a) Ventilação Natural - É a movimentação de ar controlado, através de
aberturas projetadas para obter uma melhor eficiência, utilizando a
movimentação natural dos ventos, que causam diferenças de temperatura
e pressão. Fazendo com que o fluxo de ar entra e sai de um espaço
confinado, ocasionando uma melhoria do ambiente, pelo controle da
temperatura, pureza do ar, umidade e velocidade, (MESQUITA et al,
2
1977).
b) Ventilação Forçada - É a movimentação do ar forçada por meios
mecânicos que promove um deslocamento de massa maior que a
gravidade e a resistência dos materiais onde são transportados, podendo
ser definidos como: geral diluidora ou local exaustora (MACINTYRE,
1990). Esta, por sua vez, se divide em:
• Ventilação Geral Diluidora - A ventilação geral diluidora (VGD)
promove uma redução na concentração dos contaminantes,
insuflando ou exaurindo ar, misturando os poluentes com o ar
limpo, diluindo antes de serem retirado do ambiente. A ventilação
geral diluidora não impede a emissão dos poluentes no ambiente
de trabalho podendo ser aplicada somente nas condições onde o
poluente não deve estar em concentrações que exceda a
capacidade de diluição adequada, a distancia dos trabalhadores
com o ponto de geração deve ser o suficiente para assegurar a
saúde, a toxidade do poluente deve ser baixa e o poluente é
gerado de forma uniforme (MESQUITA et al, 1977).
• Ventilação Local Exaustora - A ventilação local exaustora
(VLE),possui um maior controle dos poluentes gerados em
diversos campos de trabalho, pois o contaminante é removido
diretamente no ponto onde é gerado, não havendo uma
dissolução no ambiente, pois possuem diversos captores que
atuam diretamente na fonte de geração do contaminante
(CLEZAR, NOGUEIRA, 1999).Segundo (MESQUITA et al,1977),
um sistema de ventilação local exaustora possui o objetivo de
proteção da saúde do trabalhador, e deve ser projetado a fim de
obter a melhor eficiência e com o menor custo possível, utilizando
os princípios da engenharia.
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Captor: Onde o contaminante é sugado para o sistema, podendo variar
devido à complexidade da maquina ou equipamentos onde são instalados, de
forma simples ou complexa, pois a sua eficiência estará ligada diretamente
com o sucesso ou falha na captação, tornando um componente
importantíssimo.
Dutos: É responsável por interligar da fonte contaminante ao reservatório
coletor, onde será depositado.
Ventilador: Fornece a energia responsável para produzir o deslocamento
dos gases.
Coletor: Equipamento de controle de poluição, responsável por evitar a
poluição atmosférica circunvizinha à indústria, armazenando o contaminante
em seu interior.
3 INDUSTRIA MADEIREIRA
Segundo a ABIMCI, (2004), o Brasil é um dos maiores produtores
mundiais de madeira serrada, sua produção gira em torno de 23,5 milhões de
m³ por ano e seu mercado nacional consomem 85% de toda produção
nacional, sendo 14,5 milhões m³ de madeira serrada tropical e 9 milhões de m³
de madeira serrada de pinus.
Após o desdobro das toras podem ser obtidos produtos de varias forma,
como por exemplo, vigas, tabuas, caibros, ripas, ripões, pranchas, pontalete,
dormentes, (BUAINAIN, BATALHA, 2007).
Devido à grande abundancia de matéria-prima presente em algumas
regiões brasileiras, a utilização dos resíduos madeireiros é subestimada pelas
indústrias produtoras, tornando um problema em muitas empresas por não
receberem um tratamento adequado, gerando grandes volumes de resíduos
que ficam sem nenhuma utilização, ocupando lugares indevidos e causando
problemas ambientais, não sendo agregado valor ao subproduto, que possui
um alto valor energético, podendo ser usado na cogeração de energia elétrica,
tornando sustentável seu consumo (PEREIRA et al , 2007).
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3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS
4 METODOLOGIA
Este trabalho de dimensionamento utilizou como base a Equação da
Continuidade no dimensionamento de dutos para o escoamento do resíduo,
traduzida pela equação de Bernoulli, desde sua captação até seu descarte
(MACINTYRE, 1990).
A equação define a vazão volumétrica a ser transportada, utilizando
velocidade média de escoamento do ar e a área transversal do duto que será
dimensionado.
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(1)
– vazão do ar [m³/s]
– área transversal [m²]
– velocidade do contaminante [m/s]
(2)
(3)
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que o escoamento turbulento é uma característica proveniente do escoamento,
não do fluido, pois as partículas entram em movimento caótico macroscópico,
devido ao aumento da velocidade criando movimentos transversais nos fluidos,
dissipando energia e irregularidade nos trajetos macroscópicos (CLEZAR,
NOGUEIRA, 1999).
Definindo:
(4)
– número de Reynolds
– velocidade média do escoamento [m/s]
–diâmetro da tubulação
-coeficiente de viscosidade cinética [m²/s]
(5)
Onde:
(6)
(7)
(8)
ε - rugosidade relativa
-diâmetro [m]
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Figura 2 – Captor receptor (Fonte: (MESQUITAet al, 1977)
a) Serra circular
(9)
b) Lixadeira horizontal
(10)
(11)
Sendo:
e (12)
8
4.4 PERDA DE CARGAS NAS BIFURCAÇÕES EM Y E CURVAS 90°.
As bifurcações em Y devem ser feitas de forma apropriada, para não
ocorrer perda de pressão como na figura 3.
Figura 3 – Bifurcações em Y. Fonte: (MACINTYRE, 1990)
9
As curvas realizam mudança na direção do fluido, gerando perda de
energia mecânica convertida em energia térmica, a qual é encontrada através
da formula (9), variando o seu (K), que é obtido através da figura 5 (CLEZAR,
NOGUEIRA, 1999).
Figura 5 – Coeficiente de perda de carga nas curvas de 90º. Fonte: (CLEZAR, NOGUEIRA,
1999)
(13)
5 ESTUDO DE CASO
A AGM Madeiras LTDA está situada na cidade de Itumbiara – GO, em
funcionamento desde 2007 e especializada na venda de madeiras beneficiada
para alvenaria, telhados, portas e portais. Conta com uma equipe de 10
10
funcionários e sua venda mensal é em torno 100 m³ de madeira gerando 12 m³
de resíduos e não possui um sistema de captação de resíduos.
A indústria possui cinco máquinas sendo: (1) Serra circular, (2) Plaina
desengrossadeira, (3) Tupia de bancada, (4) Plaina de mesa, (5) Lixadeira
horizontal.
Visando eliminar todos os resíduos gerados na indústria, será realizado
o dimensionamento de um sistema de ventilação local exaustora que retire e
deposite num silo.
ACGIH, (1998) definiu a velocidade mínima para exaustão da serragem
em 4000 Pés/mim equivalente a 20,32m³/s.
A vazão volumétrica (m³/s) varia de acordo com o tipo de máquina, onde
é definida por ACGIH, conforme mostrado nas tabelas 1 e 2.
Tabela 1 – Definição da vazão volumétrica para plainas (a)e serra circular (b)
(a) (b)
Tabela 2 – Definição da vazão volumétrica para plainas (a)e serra circular (b)
(a) (b)
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A tabela 3 define a vazão volumétrica para a exaustão das partículas
geradas em cada máquina da indústria madeireira.
Vazão Volumétrica
Nº Máquina [cfm] [m³/s]
1 Lixadeira horizontal 900 0,4248
2 Plaina 550 0,2596
3 Tupia de bancada 600 0,2832
4 Plaina desengrossadeira 800 0,3776
5 Serra circular 350 0,1652
Velocidade real do
Vazão do ar Vel. do contaminante Diâmetro Diâmetro
Trechos contaminante
[m³/s] [m/s] [m] [m²]
[m/s]
1 –A 0,4248 20,32 0,16315 0,02091 19,84
2–B 0,2596 20,32 0,12754 0,01278 20,49
3–C 0,2832 20,32 0,13321 0,01394 22,36
4–D 0,3776 20,32 0,15382 0,01858 20,70
5–E 0,1652 20,32 0,10174 0,00813 20,38
B- F 0,2596 20,32 0,12754 0,01278 20,49
A–F 0,4248 20,32 0,16315 0,02091 19,84
F–G 0,6844 20,32 0,20708 0,03368 21,10
C –G 0,2832 20,32 0,13321 0,01394 22,36
D–H 0,3776 20,32 0,15382 0,01858 20,70
G–H 0,8259 20,32 0,22749 0,04064 20,12
H–I 1,2035 20,32 0,27461 0,05923 19,63
E–I 0,1652 20,32 0,10174 0,00813 20,38
I 1,3687 20,32 0,29285 0,06736 20,42
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5.2 PERDA DE CARGA NAS COIFAS
Utilizando a velocidade média de 10 m/s definida por ACGIH nas
fórmulas (9), (10), (11) e (12) foi estabelecida as perdas nas coifas (tabela 7).
Tabela 7 – Perda de carga nas coifas
6 RESULTADOS
Tabela 10 – Resultados
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6.1 SELEÇÃO DO VENTILADOR
Com os resultados obtidos na tabela 10, o ventilador selecionado deve
gerar uma vazão volumétrica maior ou igual 4927,32 m³/h e vencer a perda de
carga de 2129,14 Pa.
Tabela 11 – Seleção do ventilador
Tipo RA
Modelo 900
Classe L
Potência [cv] 5,1
Vel. Descarga [m/s] 25,12
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6.2 PROJETO
O projeto foi elaborado atendendo todas as especificações e medidas
encontradas.
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6.3 ORÇAMENTO DE CUSTO
Tabela 12 - Orçamento
6.5 ANALISE
17
7 CONCLUSÂO
BIBLIOGRAFIA
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HILLIG, Éverton; SCHNEIDER, Vânia Elisabete; WEBER, Cristiane; TECCHIO
Ramon Diego. Resíduos de madeira da indústria madeireira –
caracterização e aproveitamento. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil,
2006.
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