Você está na página 1de 25

EXCENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SÃO


CARLOS - SP.

TEREZINHA MARIA DE AZEVEDO


SILVA, brasileira, RG nº. 10.487.528, CPF nº. 033.098.088-23,
residente na Rua Aurora Godoy Carreira, nº. 497, São Carlos
VIII, quadra 15, nesta cidade e Comarca de São Carlos, Estado
de São Paulo, assistida pela DEFENSORIA PÚBLICA DO
ESTADO, dispensada de apresentar instrumento de mandato,
nos termos da lei, vem propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C INTERNAÇÃO


COMPULSÓRIA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS
EFEITOS DA TUTELA

em face do MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, pessoa jurídica de


direito público interno, com sede no Palácio Conde do Pinhal,
situado na Rua Conde do Pinhal, nº 2.017, Centro, São
Carlos/SP, representado juridicamente pelo Prefeito Municipal,
e em face de seu filho ODAIR DE AZEVEDO SILVA,
brasileiro, RG nº. 28.936.720-7, CPF nº. 290.330.618-48,
residente na Rua Sizenando Toledo Porto, nº. 452, Jardim das
Torres, São Carlos, SP, pelos motivos de fato e de direito a
seguir expostos:

DOS FATOS

O requerido Odair de Azevedo Silva é filho


da autora e conta atualmente com trinta e um anos de idade
(nascido em 22 de março de 1977).

Odair de Azevedo Silva é toxicômano,


possuindo dependência em grau avançado de álcool e drogas.
Por ser usuário de drogas há vários anos (desde a
adolescência), e em razão disso ser pessoa que apresenta
comportamentos agressivos, Odair já fora internado
compulsoriamente várias vezes.

O estado de saúde do requerido Odair é


grave, a ponto de sua vida estar constantemente em risco, em
virtude das mazelas que seu vício acarreta. As pessoas que
estão ao redor do requerido, principalmente a sua mãe,
também sofrem risco de vida, diante das constantes ameaças
de morte por parte dele, o que comprova ainda mais a
necessidade do deferimento do pedido de internação, para que,
em estabelecimento adequado, possa o filho da autora receber
os tratamentos necessários.

Ressalte-se que o requerido Odair


demonstra ser pessoa completamente transtornada em razão
de sua toxicomania, já tendo agredido fisicamente sua
genitora, que teve que mudar para a casa da filha, para ficar
longe da agressividade do filho.

Pelos documentos em anexo percebe-se


que o requerido apresenta alto grau de dependência química,
sendo ele pessoa agressiva e sem o discernimento
necessário para entender a necessidade de um
tratamento médico para sua melhora.

Como a requerente não possui condições


para custear tratamento adequado em clínica de resuperação
de viciados em drogas, procurou a Defensoria Pública para que
fosse providenciada a internação compulsória do filho.

Dessa forma, foi providenciada ação de


internação compusória que teve trâmite perante a 2ª. Vara
Cível desta Comarca, feito nº 316/2008, cuja cópia integral dos
autos segue em anexo.

O referido processo foi extinto, visto que as


internações compulsórias se mostraram inúteis, considerando
as reiteradas fugas do requerido do estabelecimento no qual
fora internado (Hospital Psiquiátrico Cairbar Schutel), que se
mostrou flagrantemente despreparado para o recebimento e
tratamento de Odair.

É de conhecimento de Magistrados,
Defensores Públicos e membros do Ministério Público da
Comarca de São Carlos que as internações compulsórias
determinadas no Município são cumpridas pela Secretaria
Municipal de Saúde com envio dos pacientes ao Hospital
Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel, na vizinha cidade de
Araraquara – SP.

Para tal estabelecimento são encaminhados


tanto os pacientes internados em razão de enfermidades
psiquátricas (acometidos de transtornos bipolares em geral,
como esquizofrenia, depressão, etc.) quanto dependentes
químicos que necessitam de tratamento para desintoxicação
química.

Ocorre que o Hospital Cairbar Schutel é


destinado ao tratamento de doentes mentais, e não de
dependentes químicos, de forma que não o estabelecimento
não tem condições de ofertar um tratamento adequado aos
toxicômanos. Na realidade, os dependentes químicos são para
lá encaminhados em virtude de ser tal hospital o único da
região conveniado com o SUS.

A situação se agrava ainda mais


considerando que de regra o SUS custeia apenas 15 dias de
internação no Hospital Cairbar Schutel. Assim, o tratamento
que vem sendo propiciado aos dependentes químicos pelo
Município de São Carlos é ineficaz, não só em razão da
exigüidade do tempo de tratamento ofertado, mas também
porque o é em entidade que não dispõe de infra-estrutura para
a desintoxicação, nem de segurança adequada que impeça a
fuga dos internos.

Na busca de entidades que pudessem


propiciar tratamento adequado a dependentes químicos a
Defensoria Pública expediu diversos ofícios às clínicas e
comunidades terapêuticas da região, e mesmo ao Hospital
Cairbar Schutel, sendo que alguns foram respondidos.

Das respostas obtidas verifica-se que o


prazo mínimo de duração do tratamento, tempo este indicado
por entidades especializadas no tratamento de dependentes
químicos, é de 4 meses, podendo chegar a 12 meses, ou seja,
tempo em muito superior ao atualmente oferecido pelo
Município (apenas 15 dias).

Dentre as cinco entidades que


responderam aos ofícios da Defensoria Pública, duas delas,
quais sejam, a DAREVI – Descalvado Ajudando na Recuperação
da Vida, e Comunidade Terapêutica “Luz à Vida”, informaram
que não realizam a internação compulsória.

Duas outras entidades, “Saber Amar


Comunidade Terapêutica” e “Clínica Via Saúde”, realizam o
tratamento de desintoxicação, mesmo contra a vontade do
interno, e dispõem de aparato e pessoal para impedir a fuga.

Portanto, em São Carlos a entidade “Saber


Amar Comunidade Terapêutica” oferece tratamento adequado
às necessidades do requerido Odair. Conforme informado pela
“Saber Amar” à Defensoria Pública, o tratamento ali tem custo
diário de R$ 60,00, e pode estender-se de 6 a 12 meses.

Da mesma forma, também é adequado o


tratamento ofertado pela Clínica Via Saúde, localizada na
vizinha cidade de Descalvado, que tem custo total de cerca R$
7.800,00, e se estende de 6 a 9 meses, sendo que em caso de
eventual convênio o preço poderá ser negociado em R$800,00
mensais.

A “Comunidade Terapêutica Saber Amar” e


a “Clínica Via Saúde” foram pessoalmente visitadas por
membros da Defensoria Pública. Na ocasião alguns Defensores
Públicos, dentre eles o que subscreve esta petição, tiveram
contato com as instalações físicas das entidades, com os
profissionais que ali trabalham e com dependentes químicos
em diversos estágios de recuperação.

Pode-se constatar que ambas dispõem de


infra-estrutura para abrigamento involuntário de dependentes
químicos, inclusive para dificultação de fugas, e de vasta
experiência no tratamento e recuperação de toxicômanos, e
possibilitam, além da desintoxicação, a conscientização e
reinserção social dos drogaditos, razões pelas quais são as
mais indicadas, na região, para o internamento do requerido
Odair.

Sendo que a internação em entidade de


desintoxicação constitui medida de alto custo, e não tendo a
família do requerido Odair condições financeiras de arcar com
o pagamento, deve o Município de São Carlos custear o
tratamento, ou disponibilizar tratamento equivalente e
igualmente eficaz, em clínica pública especializada.

A interdição do requerido Odair já está


sendo providenciada em ação própria, a qual tem trâmite
perante a 2ª. Vara Cível desta Comarca, feito n. 2033/2008,
com cópias dos autos em anexo.
No processo de interdição supra
mencionado foi deferida a curatela provisória em favor da
autora, bem como foi deferida a internação compulsória do
requerido Odair, que atualmente encontra-se internado
Hospital Cairbar Schutel.

Importante ressaltar que a internação


compulsória realizada no processo de interdição foi deferida
em caráter provisório e emergencial, tendo em vista que o
Juízo da 2ª Vara Cível local já reconheceu que o
estabelecimento no qual o paciente se encontra não possui
aptidão para acolhê-lo.

Conforme constou na decisão de fls. 128


dos autos do processo de interdição, “o grau de
toxicodependência do requerido é elevado e o Hospital Cairbar
Shutel já demonstrou não estar à altura das necessidades do
requerido”. A mesma decisão indeferiu pedido de internação
compulsória formulada na inicial da ação de interdição, “na
medida em que se mostrou inútil nas 5 anteriores vezes
concedidas e materializadas por ordem judicial”.

De fato, o requerido Odair já foi várias


vezes submetido a internações compulsórias no Hospital
Cairbar Schutel, sem nenhum resultado útil. Toda a
documentação inclusa demonstra esse fato, principalmente o
conteúdo dos autos 316/08 – 2ª Vara Cível (cópia em anexo).

Assim, a intervenção do Judiciário é


imprescindível para que se determine ao Poder Público
Municípial que custeie a internação e o tratamento do
requerido Odair em estabelecimento de custódia e recuperação
de viciados em drogas.

DA NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA

Conforme esclarecido, o requerido Odair é


dependente químico em estágio avançado, e já tem sua
capacidade de discernimento comprometida. Ele não aceita
submeter-se a de forma espontânea a tratamento para
desintoxicação, e, sem consciência de que coloca sua vida em
risco permanente, prefere dedicar-se ao uso das drogas.

Por não ter a autora condição financeira de


arcar com os custos do tratamento de desintoxicação, tanto
que é assistida pela Defensoria pública, o Município de São
Carlos é parte legítima para figurar no pólo passivo da
presente ação, vez que a ele cabem as providências
necessárias para disponibilização de tal tratamento.

Desse modo, tanto é possível a internação


compulsória involuntária do requerido Odair como incumbe ao
Município figurar no pólo passivo da ação para que seja
reconhecida sua responsabilidade e dever de providenciar ao
paciente o tratamento que necessita.

Consagrando as idéias até aqui expostas,


citamos os seguintes julgados:

AGRAVO. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA


PARA TRATAMENTO CONTRA
DROGADIÇÃO REQUERIDA PELA
COMPANHEIRA DO DEPENDENTE.
MUNICÍPIO. LEGITIMIDADE PASSIVA.
1. Em casos como o dos autos, em que o
dependente químico encontra-se em surto
psicótico, é responsabilidade do Município
assegurar-lhe o direito à vida e à saúde,
providenciando a internação compulsória
em Hospital Psiquiátrico para tratamento
contra drogadição.
2. Manifesta improcedência do recurso que
autoriza julgamento monocrático. Art. 557
do CPC.
NEGADO PROVIMENTO EM
JULGAMENTO MONOCRÁTICO. (Agravo
de Instrumento nº 70020624540, Sétima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RX,
Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado
em 04/09/2007). (grifo nosso).

FAMÍLIA. INTERNAÇÃO HOSPITALAR


COMPULSÓRIA. TRATAMENTO DE
INDIVÍDUO MAIOR, DEPENDENTE
QUÍMICO. AÇÃO MANEJADA PELO PAI.
INDEFERIMENTO DA INICIAL. ORDEM
JUDICIAL IMPRESCINDÍVEL PARA A
OBTENÇÃO DO TRATAMENTO, POR SE
TRATAR DE PESSOA MAIOR E
NECESSITADA. DIREITO À SAÚDE,
GARANTIA DE TODOS E DEVER DO
ESTADO. RESPONSABILIDADE
PARTILHADA DA UNIÃO, ESTADOS E
MUNICÍPIOS. OBRIGAÇÃO QUE
DECORRE DA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, NÃO PODENDO A
RESPONSABILIDADE PELA SAÚDE
PÚBLICA SER VISTA DE MANEIRA
FRACIONADA, CABENDO A QUALQUER
DOS ENTES FEDERADOS. EXEGESE DO
ART. 23, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
SENTENÇA DESCONSTITUÍDA.
APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº
70020394284, Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Ari
Azambuja Ramos, Julgado em 29/11/2007).
(grifo nosso).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ESTATUTO


DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. AÇÃO
CIVIL PÚBLICA. INTERNAÇÃO
COMPULSÓRIA. TRATAMENTO PARA
DROGADIÇÃO. CUSTEIO DA
INTERNAÇÃO EM ENTIDADE
PRIVADA. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA DOS ENTES PÚBLICOS.
DIREITO À SAÚDE ASSEGURADO
CONSTITUCIONALMENTE.
DESNECESSIDADE DE PREVISÃO
ORÇAMENTÁRIA. AUSÊNCIA DE
VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
INDEPENDÊNCIA DOS PODERES. 1) O
custeio de tratamento em entidade privada
para menor dependente químico constitui-
se em dever e, por tanto, responsabilidade
do Estado in abstrato (CF, art. 23, II),
considerando-se a importância dos
interesses protegidos, quais sejam, a vida e
a saúde (art. 196, CF). Desta forma, tem-se
a competência comum dos entes
federativos, seja o Estado ou o Município,
para assegurar tal direito. 2) Comprovada,
cabalmente, a necessidade de recebimento
de assistência médico-hospitalar a
portador de dependência química, e que
seus responsáveis não apresentam
condições financeiras de custeio, é devido
o fornecimento pelo Município de Novo
Hamburgo, visto que a assistência à saúde
é responsabilidade decorrente do art. 196
da Constituição Federal. 3) Não há falar
em violação ao princípio da separação dos
poderes, porquanto ao Judiciário compete
fazer cumprir as leis. 4) Tratando-se, a
saúde, de um direito social que figura
entre os direitos e garantias fundamentais
previstos na Constituição Federal, impende
cumpri-la independentemente de previsão
orçamentária específica. RECURSO
DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70021804620, Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: José
Ataídes Siqueira Trindade, Julgado em
29/11/2007). (grifo nosso).
Assim, visando a consagração do direito
magno à saúde, é razoável a intervenção do Poder Judiciário a
fim de determinar, de um lado, a internação compulsória do
requerido Odair e sua submissão ao tratamento de
desintoxicação e recuperação, e, de outro, que o Município de
São Carlos tome as providências que se fizerem necessárias
para disponibilização de um tratamento adequado e eficaz.

DO DIREITO AO TRATAMENTO

Em que pese não esteja o direito à saúde


previsto expressamente entre os Direitos e Garantias
Fundamentais, o certo é que o caput do artigo 5º da
Constituição da República garante o direito à vida. Óbvio que o
direito ali previsto refere-se a uma vida digna e saudável, e
engloba, via de conseqüência, o direito à saúde.

O dever dos entes estatais de disponibilizar


adequado tratamento de saúde vem expresso no artigo 23 da
Constituição Federal, e é compartilhado pela União, pelos
Estados e pelos Municípios, sendo todos solidariamente
responsáveis. Vejamos o texto legal:

“Art. 23. É competência comum da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
(...)
II - cuidar da saúde e assistência pública,
da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência;
(...)”

Em relação aos Municípios, ainda, há


previsão expressa na Constituição da República de atribuição e
responsabilidade a prestação do atendimento à saúde. Diz o
artigo 30, inciso VII, que “Compete aos Municípios: (...)
prestar, em cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, serviços de atendimento à saúde da população” (CF,
art. 30, VII).
Não se deve perder de foco que a questão
ventilada nesta ação está diretamente relacionada com o
direito à saúde, bem de todos e dever do Estado, que por
mandamento constitucional está compelido a assegurá-lo em
caráter de universalidade.

O direito à saúde, em discussão no caso


vertente, é daqueles que integram o mínimo existencial
garantidor da dignidade da pessoa humana, um dos
fundamentos da República (artigo 1º, III, da Constituição da
República), e previsto em diversos outros dispositivos:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes [...]”.

“Art. 6º São direitos sociais a educação, a


saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta
Constituição”.

“Art. 196. A saúde é direito de todos e


dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação”. (grifos nossos).

A Constituição Paulista também reconhece


a saúde como direito de todos e obrigação do Estado, nos
seguintes termos:
“Artigo 219 - A saúde é direito de todos e
dever do Estado.
Parágrafo único - O Poder Público estadual
e municipal garantirão o direito à saúde
mediante:
(...)
4 - atendimento integral do indivíduo,
abrangendo a promoção, preservação e
recuperação de sua saúde”.

O Código de Saúde do Estado de São Paulo


(Lei Complementar Estadual nº 791/95), no que concerne ao
tema em pauta, estabelece que:

“Artigo 2º. - A saúde é uma das condições


essenciais da liberdade individual e da
igualdade de todos perante a lei.
§ 1º. - O direito à saúde é inerente à
pessoa humana, constituindo-se em
direito público subjetivo”.

Artigo 18 - Compete à direção municipal


do SUS, além da observância do disposto
nos artigos 2º e 12 deste Código:
I - Planejar, organizar, controlar e avaliar
os serviços de saúde de âmbito municipal e
gerir e executar os serviços públicos de
saúde;
(...)
III - Executar ações e serviços de:
a) assistência integral à saúde;
(...)” (grifos nossos).

E além de todos estes preceitos


constitucionais e legais invocados, constantes em nosso
ordenamento jurídico, é de se ressaltar também a previsão do
direito à saúde na esfera internacional, em tratado
internacional sobre Direitos Humanos incorporado ao direito
pátrio.
Com efeito, o Protocolo Adicional à
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos em Matéria de
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Protocolo de San
Salvador, adotado em São Salador, El Salvador, em 17 de
novembro de 1988, ratificado pela República Federativa do
Brasil em 21 de agosto de 1996, dispõe em seu artigo 10 sobre
o Direito à Sáude, destacando o seguinte:

Toda pessoa tem direito à saúde, entendida


como o gozo do mais alto bem-estar físico,
mental e social.

Assim sendo, o descumprimento do


dever estatal em propiciar ao paciente condições
adequadas ao exercício do direito à saúde constitui
infração a disposição de direito internacional contida em
Tratado de Direitos Humanos.

Além disso, a dispositivo invocado é claro


ao expor que direito à saúde constitui direito ao gozo de bem
estar físico, mental e social.

A permanecer nas condições em que se


encontra o requerido Odair não está em condições de gozar de
bem estar físico, visto que seu vicio em drogas provoca
indiscutíveis prejuízos ao seu corpo; de bem estar mental, visto
que sua drogadição está a lhe acarretar até mesmo a
incapacidade civil; e tampouco de bem estar social, visto que
nas condições em que se encontra ele além de estar
incapacitado de ter vida social também está a provocar riscos
em prejuízo do corpo social que o cerca.

Incontestável, pois, a obrigação estatal em


propiciar ao requerido Odair o tratamento médico adequado à
sua desintoxicação e libertação do vício, em consagração ao
direito fundamental à vida digna e saudável.

DO TRATAMENTO ADEQUADO
Incontestável, outrossim, que o tratamento
de saúde a ser fornecido pelo Município não é qualquer
tratamento, mas um tratamento adequado e eficaz.

Cediço que o Município de São Carlos


encaminha os dependentes químicos que necessitam de
tratamento ao Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel,
na vizinha cidade de Araraquara, SP.

Ocorre que o tratamento disponibilizado


pelo Hospital Cairbar Schutel é inadequado e ineficaz ao
tratamento de drogaditos. Ora, tal estabelecimento é
especializado ao tratamento de doentes mentais, e não de
toxicômanos, e, ainda, o tratamento ali custeado pelo SUS o é
por tempo insuficiente.

Comforme documento em anexo, em


resposta a ofício desta Defensoria Pública o Hospital
Cairbar Schutel informou que:

“A duração do tratamento custado pelo


SUS é de 15 dias, sendo posteriormente
encaminhado para atendimento extra-
hospitalares.
O período de desintoxicação varia de trinta
a quarenta dias, portanto o período de
internação adequado irá variar de acordo
com o tempo de abstinência percorrido
antes da internação.
O hospital não disponibiliza infra-
estrutura para um tratamento
adequado e completo” (grifamos).

Como já ressaltado, o direito à saúde está


intimamente ligado ao direito à vida, o mais básico de todos os
direitos, consagrado pela Constituição de República e por
todas as declarações de direitos humanos.

Não é razoável, portanto, que o requerido


Odair seja submetido a tratamento médico que visa à
desintoxicação e a conservação de sua vida, em
estabelecimento hospitalar que não disponibiliza tratamento
adequado. Vale dizer, realizando a internação de Odair no
Hospital Cairbar Schutel, o Município de São Carlos estaria
“tapando um buraco” da rede pública de saúde, de forma
irresponsável, e colocando em maior risco a vida e a segurança
do requerido.

Conforme documentos que instruem a


presente, existem em São Carlos e na cidade de Descalvado ao
menos duas entidades especializadas no tratamento de
dependentes químicos, que dispõem de infra-estrutura para um
tratamento adequado e eficaz, quais sejam, “Saber Amar
Comunidade Terapêutica” e “Clínica Via Saúde”.

Insista-se que, conforme prevê o Código de


Saúde do Estado de São Paulo (Lei Complementar Estadual nº
791/95), são direitos dos cidadãos:

“Artigo 3º. - O estado de saúde, expresso


em qualidade de vida, pressupõe:
(...)
IV - Reconhecimento e salvaguarda dos
direitos do indivíduo, como sujeito das
ações e dos serviços de assistência em
saúde, possibilitando-lhe:
a) exigir, por si ou por meio de entidade
que o representante e defenda os seus
direitos, serviços de qualidade
prestados oportunamente e de modo
eficaz;
(...)
c) ser tratado por meios adequados e
com presteza, correção técnica,
privacidade e respeito;
(...)” (grifos nossos).

Não há outra forma, conclui-se, de


atendimento aos princípios constitucionais e aos dispositivos
insculpidos em Tratados Internacionais de Direito Humanos, e
mesmo da legislação infra-constitucional, que salvaguardam a
vida e a saúde, que não a internação de Odair em uma das
mencionadas entidades, arcando o requerido, Município de São
Carlos, com os custos do tratamento.

Neste sentido, a título meramente


exemplificativo, citamos os seguintes julgados:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER. INTERNAÇÃO HOSPITALAR
PARA TRATAMENTO DE DEPENDENTE
QUÍMICO, INDISPENSÁVEL À SAÚDE
E VIDA DO AUTOR. OBRIGAÇÃO DO
MUNICÍPIO. DESNECESSIDADE DE
ESGOTAMENTO DA VIA
ADMINISTRATIVA E INVIABILIDADE DE
PROVA PRÉVIA A RESPEITO DA
INEXISTÊNCIA DE LEITO NA REDE
PÚBLICA. PROVIMENTO LIMINAR DO
AGRAVO DE INSTRUMENTO NA FORMA
DO QUE DISPÕE O ART. 557, § 1.º-A, DO
CPC. É dever e responsabilidade da
União, Estados e Municípios, por força
de disposição constitucional e
infraconstitucional, o fornecimento de
medicamentos, assim como, quando
indispensável, a internação hospitalar,
indispensáveis à saúde e à própria vida
do autor. O direito à saúde, pela nova
ordem constitucional, foi elevado ao nível
dos Direitos e Garantias Fundamentais,
sendo direito de todos e dever da União,
Estados e Municípios. Aplicabilidade
imediata dos princípios e normas que
regem a matéria. Não se faz necessário,
para o ajuizamento da demanda, o
esgotamento da via administrativa e nem é
possível exigir do autor, face à urgência
reclamada, que traga prova pré-constituída
a respeito da insuficiência ou inexistência
de leitos na rede pública. AGRAVO
PROVIDO LIMINARMENTE. (Agravo de
Instrumento Nº 70008949828, Primeira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Henrique Osvaldo Poeta Roenick,
Julgado em 03/06/2004). (grifo nosso).

Sendo evidente, assim, a obrigação do


Município de São Carlos, ora requerido, em fornecer ao
também requerido Odair, tratamento médico adequado à sua
desintoxicação, a procedência da presente ação é a única via a
ser trilhada, com condenação do Ente Público Municipal a
disponibilizar em favor do paciente tratamento médico em
clínica especializada à recepção e recuperação de
toxicômanos.

DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Justifica-se a concessão da tutela,


antecipadamente, nos termos do artigo 273 do Código de
Processo Civil, eis que a obrigação legal do requerido,
Município de São Carlos, somada à gravidade do estado de
saúde e do perigo constante a que está submetida a vida do co-
requerido Odair, circunstâncias estas aliadas a condição
financeira da requerente, autorizam a medida.

Assim, a plausibilidade do direito


ameaçado de lesão — fumus boni iuris — está demonstrada
pelo reconhecimento do direito à saúde como direito público
subjetivo de todos e pela correlata obrigação estatal de
garantir e efetivar esse direito; e o periculum in mora
manifesta-se na necessidade de se prover, urgentemente, o
tratamento especializado de que carece o co-requerido Odair,
que é imprescindível à manutenção de sua vida e de sua saúde.
Autorizando a antecipação dos efeitos da
tutela, a fim de, liminarmente, realizar-se a internação do
dependente químico que necessita de tratamento, seguem os
seguintes julgados:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO


PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO.
INTERNAÇÃO HOSPITALAR.
DEPENDÊNCIA QUÍMICA. ANTECIPAÇÃO
DE TUTELA. Presentes os requisitos
autorizadores para a concessão da
antecipação de tutela, deve ser
reformada a decisão que indeferiu o
pedido de internação em hospital
especializado para dependentes
químicos. RECURSO PROVIDO.
UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº
70011541109, Segunda Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roque
Joaquim Volkweiss, Julgado em
06/07/2005). (grifo nosso).

AGRAVO. DIREITO À SAÚDE. PEDIDO DE


AVALIAÇÃO E ENCAMINHAMENTO A
TRATAMENTO CONTRA DROGADIÇÃO
SOB PENA DE BLOQUEIO DE VALORES
NAS CONTAS DO MUNICÍPIO. 1.
Consagrando o direito à saúde, de
matriz constitucional, não somente é
admissível como é recomendável a
antecipação de tutela, diante da
omissão de poder público em
providenciar avaliação e - se
necessário - tratamento adequado a
drogadito na rede conveniada ao SUS
ou, na falta desta, em nosocômio
particular. 2. O bloqueio de valores é
medida legalmente prevista que visa a
assegurar a tutela específica da obrigação
quando o obrigado permanece inerte
diante da determinação judicial.
NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME.
(SEGREDO DE JUSTIÇA) (Agravo de
Instrumento Nº 70014040356, Sétima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado
em 12/04/2006). (grifo nosso).

PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO –


TUTELA ANTECIPADA CONTRA A
FAZENDA PÚBLICA – SERVIÇO ÚNICO
DE SAÚDE – SISTEMÁTICA DE
ATENDIMENTO (LEI 8.080/90) 1. A
jurisprudência do STJ caminha no
sentido de admitir, em casos
excepcionais como, por exemplo, na
defesa dos direitos fundamentais,
dentro do critério da razoabilidade, a
outorga de tutela antecipada contra o
Poder Público, afastando a incidência
do óbice constante no art. 1º da Lei
9.494/97.
2. Paciente tetraplégico, com possibilidade
de bem sucedido tratamento em hospitais
da rede do SUS, fora do seu domicílio, tem
direito à realização por conta do Estado.
3. A CF, no art. 196, e a Lei 8.080/90
estabelecem um sistema integrado entre
todas as pessoas jurídicas de Direito
Público Interno, União, Estados e
Municípios, responsabilizando-os em
solidariedade pelos serviços de saúde, o
chamado SUS. A divisão de atribuições não
pode ser argüida em desfavor do cidadão,
pois só tem validade internamente entre
eles.
4. Recurso especial improvido.
(REsp 661.821/RS, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
12.05.2005, DJ 13.06.2005 p. 258). (grifo
nosso).

Por fim, em caso de descumprimento, por


parte do Município, da obrigação de custeio de tratamento
adequado de desintoxicação ao requerido Odair, espera a
autora o bloqueio da quantia necessária ao financiamento do
tratamento médico, nas contas do Município.

Importante ressaltar que a Jurisprudência


vem se solidificando no sentido de que é perfeitamente possível
tal bloqueio, quando da inércia do ente estatal na
disponibilização do tratamento, por ser este o meio mais eficaz
de realização e efetivação do direito do cidadão à saúde.
Vejamos:

PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO.


AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO
ESPECIAL. SÚMULA N. 182/STJ. CUSTEIO
DE MEDICAMENTO. DIREITO À VIDA E À
SAÚDE. BLOQUEIO DE VALORES EM
CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE.
ART. 461, § 5º, DO CPC.
1. "É inviável o agravo do art. 545 do CPC
que deixa de atacar especificamente os
fundamentos da decisão agravada"
(Súmula n. 182 do STJ).
2. A Constituição Federal excepcionou da
exigência do precatório os créditos de
natureza alimentícia, entre os quais
incluem-se aqueles relacionados à garantia
da manutenção da vida, como os
decorrentes do fornecimento de
medicamentos pelo Estado.
3. É lícito ao magistrado determinar o
bloqueio de valores em contas públicas
para garantir o custeio de tratamento
médico indispensável, como meio de
concretizar o princípio da dignidade da
pessoa humana e do direito à vida e à
saúde. Nessas situações, a norma
contida no art. 461, § 5º, do Código de
Processo Civil deve ser interpretada de
acordo com esses princípios e normas
constitucionais, sendo permitida,
inclusive, a mitigação da
impenhorabilidade dos bens públicos.
4 - Agravo regimental não-provido.
(AgRg no REsp 795.921/RS, Rel. Ministro
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA
TURMA, julgado em 14.03.2006, DJ
03.05.2006 p. 189). (grifo nosso).

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. BLOQUEIO DE


VALORES EM CONTA ESTATAL.
CABIMENTO E ADEQUAÇÃO. 1. O
fornecimento gratuito de realização do
exame postulado constitui
responsabilidade do Estado. 2. O
bloqueio de valores faz-se necessário
quando permanece a inadimplência do
Estado. O objetivo é garantir o célere
cumprimento da obrigação de fazer diante
da imperiosa necessidade de imediato
atendimento da decisão judicial. Recurso
desprovido. (Agravo de Instrumento Nº
70012032967, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio
Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado
em 28/09/2005). (grifo nosso).

O fato é que no presente caso, a


necessidade de concessão da tutela antecipada é medida
extremamente necessária, visto ainda que conforme
documentos em anexo (fls. 128, 136-verso e 152 dos
autos n. 2033/08 – 2ª Vara Cível – Interdição), foi
deferida a internação compulsória do requerido Odair,
mas em caráter provisório, atendendo à necessidade de
urgência até que a presente ação judicial fosse
promovida.

E, ainda conforme consta às fls. 152


dos autos n. 2033/08 – 2ª Vara Cível – Interdição, o
Hospital Psiquiátrico Cairbar Schutel, onde o requerido
Odair foi internado, possui previsão de manutenção do
paciente por apenas quatro semanas.

Desse modo, segundo informação do


nosocômio no qual o paciente se encontra internado, a
internação será mantida por apenas mais alguns poucos
dias.

Necessário, pois, o deferimento


imediato da tutela antecipada, em decisão liminar
(inaudita altera parte), para que o Município seja
compelido a recolher o paciente no Hospital Psiquiátrico
em que se encontra e ato contínuo o encaminhe a clínica
de tratamento de toxicômanos, pois em caso de liberação
do paciente ou mesmo de fuga do nosocômio onde se
encontra (fato este que já ocorreu e está documentado
nos autos 316/08 – 2ª Vara Cível, fls 67), haverá solução
de continuidade no tratamento, fato que acarretará dano
irreparável ou de difícil reparação.

Assim, espera a autora a antecipação dos


efeitos da tutela, nos moldes do já exposto, a fim de que seja
determinada a internação compulsória do requerido Odair em
clínica especializada no tratamento de dependentes químicos,
clínica essa a ser disponibilizada pelo co-requerido Município
de São Carlos, sob pena de bloqueio do valor necessário ao
custeio de dito tratamento em clínica particular.
DO PEDIDO

Considerando os fatos narrados,


amparados em sólida e farta prova documental, posutla-se
julgamento de integral procedência dos pedidos formulados na
presente ação, a fim de que seja determinada a internação
compulsória do requerido Odair em clínica especializada no
tratamento de dependentes químicos, clínica essa a ser
disponibilizada pelo co-requerido Município de São Carlos, ou
na rede pública de saúde, ou em clínica particular, sob pena
de bloqueio do valor necessários ao custeio de dito tratamento.

REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, requer-se:

1) seja o Ente Público Municipal condenado


providenciar, às suas expensas, a
internação compulsória do requerido Odair
em clínica especializada em tratamento
adequado de dexintoxicação e recuperação
de toxicômanos, seja na rede pública de
saúde, seja em clínica particular, sob pena
de bloqueio do valor necessário ao custeio
de dito tratamento, mantendo-se o
requerido Odair em tratamento pelo
período que for necessário à sua
dexintoxicação e recuperação;

2) a antecipação dos efeitos da tutela


jurisdicional de mérito a fim de que seja
determinada a internação compulsória do
requerido Odair em clínica especializada
no tratamento de dependentes químicos,
clínica essa a ser disponibilizada pelo co-
requerido Município de São Carlos, em
estabelecimento da rede pública de saúde,
ou em clínica particular, sob pena de multa
diária no valor de R$500,00 (quinhentos
reais);

3) a citação dos requeridos;

4) a condenação dos requeridos ao


pagamento das custas processuais,
inclusive honorários sucumbenciais;

5) a intimação do Ministério Público.

Para fins de internação do requerido Odair


em clínica particular às expensas do Município, indica-se desde
já os seguintes estabelecimentos especializados em
dexintoxicação e recuperação de toxicômanos:

- Saber Amar Comunidade Terapêutica,


com escritório situado na Rua Humberto de
Campos, n. 37, Jardim Luftfalla, Município
de São Carlos - SP

- Clínica Via Saúde, CNPJ


08.399.845/0001-03, com escritório na Rua
Pedro Alcântara Camargo, 468, Bairro
Morumbi, Município de Descalvado – SP

Requer-se, outrossim, os benefícios da


assistência judiciária gratuita, por ser a autora pessoa pobre
na acepção jurídica do termo.

Protesta a autora pela produção de todas


as provas em direito admitidas, especialmente pela prova
documental, testemunhal e pericial

Atribui-se à causa o valor estimativo de dez


mil reais.

Nestes termos,
Pede deferimento.
São Carlos, 29 de dezembro de 2008.

DANILO MENDES SILVA DE OLIVEIRA


Defensor Público do Estado

Você também pode gostar