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José Roberto Guimarães e Edson Aparecido Abdul Nour

Neste artigo é descrita a situação atual de tratamento de águas residuárias no Brasil, bem como os principais
processos de tratamento. São discutidos os processos físico-químicos e biológicos, e apresentam-se as
principais reações de transformação da matéria orgânica. Também são descritas as mais importantes variáveis
de interesse sanitário e ambiental, bem como a legislação federal para classificação das águas.

esgoto, água residuária, processos físico-químicos, processos biológicos, parâmetros ambientais

U
ma parcela significativa das d’água, seja ele pontual ou difuso, ime- ração. No entanto essa definição é 19
águas, depois de utilizadas para diatamente as características químicas, questionável, pois não leva em consi-
o abastecimento público e nos físicas e biológicas desse local co- deração outras variáveis ambientais,
processos produtivos, retorna suja os meçam a ser alteradas. Por exemplo, como por exemplo a presença de sais
cursos d’água, em muitos casos levan- pode ocorrer um aumento muito gran- e de metais, alteração da diversidade
do ao comprometimento de sua quali- de da carga orgânica, refletindo-se no e população biológica e do nível trófico
dade para os diversos usos, inclusive aumento da DBO (demanda bioquí- etc.
para a agricultura. Dependendo do mica de oxigênio), da DQO (demanda Antes de atingirem os corpos aquá-
grau de poluição, essa água residual química de oxigênio), do COT (carbono ticos as águas residuais podem e
pode ser imprópria para a vida, cau- orgânico total) e, devem sofrer algum tipo de
sando, por exemplo, a mortandade de conseqüente- Segundo dados do BNDES purificação. Os processos
peixes. Também pode haver liberação mente, uma de- (1998), 65% das internações de tratamento de águas
de compostos voláteis, que provocam pleção da con- hospitalares de crianças residuais são divididos em
mau odor e sabor acentuado, e po- centração de oxi- menores de 10 anos estão dois grandes grupos, os
derão trazer problemas em uma nova gênio dissolvido, associadas à falta de biológicos e os físico-quími-
operação de purificação e tratamento fruto, principal- saneamento básico. Nos cos. A utilização de um ou
dessa água. Segundo dados do mente, do me- países em desenvolvi- de outro, ou mesmo a com-
BNDES (1998), 65% das internações tabolismo de mi- mento, onde se enquadra binação entre ambos, de-
hospitalares de crianças menores de croorganismos o Brasil, estima-se que 80% pende das características
10 anos estão associadas à falta de aeróbios. Parte das doenças e mais de um do efluente a ser tratado, da
saneamento básico. Nos países em da matéria orgâ- terço das mortes estão área disponível para monta-
desenvolvimento, onde se enquadra o nica presente no associadas à utilização e gem do sistema de trata-
Brasil, estima-se que 80% das doenças efluente se dilui, consumo de águas mento e do nível de depu-
e mais de um terço das mortes estão sedimenta, sofre contaminadas ração que se deseja atingir.
associadas à utilização e consumo de estabilização A maioria dos proces-
águas contaminadas (Galal-Gorchev, química e bioquímica. Esse fenômeno sos de tratamento de efluentes aquo-
1996). A hepatite infecciosa, o cólera, é conhecido como autodepuração. sos, principalmente os biológicos, são
a disenteria e a febre tifóide são exem- Comumente, utiliza-se apenas o pa- baseados em processos de ocorrência
plos de doenças de veiculação hídrica, râmetro oxigênio dissolvido para avaliar natural. O objetivo principal de qual-
ou seja, um problema de saúde pú- esse processo, ou seja, quando a quer uma das muitas opções de siste-
blica. concentração de oxigênio retorna ao mas de tratamento é o de simular os
Quando ocorre o lançamento de valor original (antes do lançamento), fenômenos naturais em condições
um determinado efluente em um corpo assume-se que houve uma autodepu- controladas e otimizadas, de modo

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que resulte em um aumento da veloci- sistema e aumentando a velocidade e Como mostrado na Figura 2 (note
dade e da eficiência de estabilização eficiência da degradação. que é o mesmo processo discutido no
da matéria orgânica, bem como de Nos processos anaeróbios de tra- texto sobre lixo p. 15), o processo de
outras substâncias presentes no meio. tamento de efluentes são empregados digestão anaeróbia pode ser dividido
microorganismos que degradam a ma- em quatro fases bem características:
Processos biológicos téria orgânica presente no efluente, na hidrólise, acidogênese, acetogênese e
Os processos biológicos são subdi- ausência de oxigênio molecular. Nesse metanogênese. Uma via alternativa
vididos em dois grandes grupos, os tipo de processo, a grande maioria de pode ocorrer, quando na presença de
aeróbios e os anaeróbios. Normal- microorganismos que compõem a mi- sulfato, chamada de sulfetogênese.
mente, os efluentes compostos de crofauna também é de bactérias, basi- Na etapa de hidrólise, as bactérias
substâncias biodegradáveis (esgotos camente as acidogênicas e as metano- fermentativas hidrolíticas excretam
domésticos e de indústrias de alimen- gênicas. Como sistemas convencio- enzimas para provocar a conversão de
tos) são preferidos nessas duas clas- nais anaeróbios, os mais utilizados são materiais particulados complexos em
ses de processos. os digestores de lodo, tanques sépti- substâncias dissolvidas (reações extra-
Nos processos aeróbios de trata- cos e lagoas anaeróbias. Entre os celulares). Na acidogênese, as bacté-
mento de efluentes são empregados sistemas de alta taxa, ou seja, aqueles rias fermentativas acidogênicas meta-
microorganismos que para biooxidar1 que operam com alta carga orgânica, bolizam as substâncias oriundas da
a matéria orgânica utilizam o oxigênio destacam-se os filtros anaeróbios, rea- etapa anterior até produtos mais sim-
molecular, O 2 , como receptor de tores de manta de lodo, reatores com- ples, tais como ácidos graxos, hidro-
elétrons. Normalmente há um consór- partimentados e reatores de leito gênio, gás carbônico, amônia etc. A fa-
cio de microorganismos atuando con- expandido ou fluidificado. A configu- se de acetogênese, que ocorre em se-
juntamente nos processos de estabi- ração mais comum para tratamento de guida, consiste na metabolização de
lização da matéria orgânica. A micro- esgoto doméstico, descrita na literatura alguns produtos da etapa anterior pelo
fauna é composta por protozoários, especializada, é de um tanque séptico grupo de bactérias acetogênicas,
fungos, leveduras, micrometazoários e seguido de um filtro anaeróbio. obtendo-se acetato, dióxido de carbo-
20 sem dúvida a maioria é composta por O tanque séptico é um exemplo de no e hidrogênio. Esses últimos produ-
bactérias. Há uma grande variedade de tratamento em nível primário, no qual tos serão utilizados na metanogênese,
sistemas aeróbios de tratamento de os sólidos mais densos são removidos evidentemente pelas bactérias meta-
águas residuais; as mais empregadas do seio da solução por sedimentação, nogênicas, para formação do principal
são lagoas facultativas, lagoas aera- ou seja, ficam no fundo do reator, onde produto da digestão anaeróbia, que é
das, filtros biológicos aeróbios, valos acontece uma série de reações bioquí- o gás metano, CH4, além de CO2 e H2O.
de oxidação, disposição controlada no micas. Esse material é retido por até Uma outra etapa que pode ocorrer
solo e sem dúvida uma das opções alguns meses para que aconteça a sua quando da presença de sulfatos é a
mais utilizadas é o lodo ativado. Este estabilização, evidentemente em sulfetogênese, ou seja, formação de
sistema compõe-se principalmente de condição anaeróbia. H2S no meio, fruto da atuação das
um reator (ou tanque de aeração), de Os filtros anaeróbios são reatores bactérias redutoras de sulfato que
um decantador secundário (ou tanque preenchidos com um material inerte, por competem com as metanogênicas
de sedimentação) e de um sistema de exemplo brita, anéis de plástico e pelo mesmo substrato, o acetato.
recirculação do lodo (Figura 1). Parte bambu, que servem de suporte para
do lodo gerado no decantador secun- fixação da biomassa. O efluente sofre As reações biológicas de óxido-
dário, que é composto basicamente de degradação biológica ao ser conduzido redução
microorganismos, é devolvido ao por um fluxo ascendente, e não por pura Uma reação geral (equação 1) que
tanque de aeração, mantendo uma alta filtração, como sugere o nome do sis- descreve o mecanismo do metabolis-
concentração de microorganismos no tema. mo aeróbio de compostos orgânicos,
representado por CxHyOz , é a seguinte:

Tanque de CxHyOz(aq) + ¼(4x + y - 2z)O2(g) →


Tanque de aeração sedimentação xCO2(g) + ½(y)H2O(l) (1)
Afluente Efluente
A título de ilustração, é possível
exemplificar a respiração aeróbia utili-
zando-se como modelo a molécula de
glicose (equação 2), mostrando ape-
nas a oxidação de um carboidrato. É
Recirculação de lodo Excesso de lodo
importante salientar que essa é uma
representação bem simplificada, e que
outras etapas certamente ocorrem an-
Figura 1: Representação simplificada de um sistema de lodo ativado. tes de se chegar aos produtos finais,

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bactérias. No entanto, pode-se descre-
Orgânicos complexos
vê-lo simplificadamente por meio de
Hidrólise uma equação geral para carboidratos
(bactérias fermentativas) (Equação 3), e como exemplo utilizan-
do-se novamente a glicose (Equação
Orgânicos simples 4). Neste caso, o carbono aparece en-
(açúcares, aminoácidos, peptídios) tre os produtos no seu mais alto estado
de oxidação (4+), na molécula de CO2,
Acidogênese e em seu estado mais reduzido (4-),
(bactérias fermentativas) na molécula de CH4. A energia resul-
tante dessa reação também é utilizada
Ácidos orgânicos para os mesmos fins que o processo
(propionato, butirato etc.) aeróbio.

Acetogênese CxHyOz(aq) + ¼(4x - y – 2z)H20(l) →


(bactérias acetogênicas) 1/8(4x - y + 2z)CO2(aq) +
Bactérias acetogênicas produtoras de hidrogênio 1/8(4x + y - 2z)CH4(aq) (3)

H2 + CO2 Acetato C6H12O6(aq) → 3CH4(aq)


Bactérias acetogênicas consumidoras + 3CO2(aq) + Energia (4)
de hidrogênio
Desde o início da degradação da
matéria orgânica complexa até os pro-
Metanogênese
dutos finais (principalmente CH 4 e
(bactérias metanogênicas) CO2), existe um sintrofismo2 entre as
várias espécies de bactérias, atuando 21
CH4 + CO2
Metanogênicas hidrogenotróficas Metanogênicas acetoclásticas seqüencial e simultaneamente, ou seja,
os produtos de degradação são os
Sulgetogênese substratos para uma etapa seguinte.
(bactérias redutoras de sulfato) É importante ressaltar que as diversas
H2S + CO2 reações ocorrem concomitantemente
e em situação de equilíbrio.
Figura 2: Seqüências metabólicas e grupos microbianos envolvidos na digestão anaeróbia Vale a pena destacar que nos pro-
(Fonte: Chernicharo, 1997). cessos aeróbios há uma elevada

ou seja, ao dióxido de carbono e à


Geração de energia nas reações bioquímicas
água. Essa reação bioquímica pode
ser realizada por apenas um microor- Os microorganismos que participam da degradação dos diversos
ganismo, e não necessariamente em compostos presentes no esgoto são heterotróficos, ou seja, os compostos de
várias etapas por diferentes microorga- carbono são as fontes de energia e alimento que esses seres vivos utilizam
nismos. para a manutenção de sua atividade biológica. As principais reações
bioquímicas que ocorrem para geração de energia são:
C6H12O6(aq) + 6O2(aq) → 6CO2(aq) Condições aeróbias: degradação de matéria orgânica
+ 6H2O(l) + Energia (2) C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O + Energia
A energia liberada nesse processo Condições anóxicas: desnitrificação
de respiração é utilizada para manu-
2NO3- + 2H+ → N2 + 2,5O2 + H2O + Energia
tenção das atividades vitais dos micro-
organismos, como por exemplo os Condições anaeróbias: degradação da matéria orgânica
processos de reprodução, locomoção, (metanogênese):
biossíntese de moléculas fundamen-
CH3COOH → CH4 + CO2 + Energia
tais para sua sobrevivência etc.
Em relação ao metabolismo anae-
4H2 + CO2 → CH4 + 2H2O + Energia (redução de CO2)
róbio, como visto anteriormente na Fi-
gura 1, a degradação da matéria orgâ- Dessulfatação (sulfetogênese):
nica é realizada em diversas etapas
CH3COOH + SO42- + 2H+ → H2S + 2H2O + 2CO2
distintas e por diferentes espécies de

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atividade celular. Aproximadamente
As formas oxidadas e reduzidas do nitrogênio
50% da carga orgânica, suspensa e
dissolvida, que entra em um sistema O nitrogênio pode existir em vários estados de oxidação na natureza, e
de lodo ativado é convertida em bio- todos essas espécies possuem a sua importância ambiental, industrial, biológica
massa celular, conhecida como lodo etc. No entanto, em sistemas aquáticos as formas que predominam e que são
biológico. Esse fenômeno é uma importantes para avaliação da qualidade da água apresentam número de
síntese de material celular (fase sólida) oxidação 3-, O, 3+ e 5+. Abaixo são mostradas as principais espécies de
a partir de compostos dispersos no ocorrência natural do nitrogênio, e o seu respectivo estado de oxidação.
meio líquido (fase líquida), sendo (3-) (3-) (0) (1+) (2+) (3+) (4+) (5+)
possível considerá-lo uma simples
Norg NH3 N2 N2O NO NO2– NO2 NO3–
transferência de fase. É evidente que
ocorrem modificações moleculares,
resultantes de reações bioquímicas de molecular. Esse mecanismo é efetuado facultativas, que promovem a desnitri-
transformação de uma grande parte da em etapas distintas por grupos diferen- ficação. Esse processo transforma o
matéria orgânica presente no meio tes de microorganismos. Uma primeira nitrato em gás nitrogênio, sob condi-
aquoso. Além disso, uma parte pode etapa é a conversão do nitrogênio ções anóxicas 4 . Nesse processo é
ser absorvida e adsorvida sem nenhu- orgânico em amônia pela ação de necessária e fundamental a presença
ma modificação em sua estrutura. bactérias heterotróficas sob condições de matéria orgânica de fácil degrada-
Transformações da matéria orgânica aeróbias ou anaeróbias (Equação 5). ção, como por exemplo o metanol. Em
bactérias heterotróficas alguns casos pode haver a remoção
nitrogenada Norgânico → NH3 (5) de até 40% do nitrogênio, quando
A matéria orgânica normalmente A amônia liberada pode ser oxidada utilizado esse procedimento. A Equa-
presente em águas residuais é compos- por bactérias nitrificantes autotróficas. ção 8 ilustra esse caso.
ta basicamente por carbono, hidrogênio, O grupo das bactérias Nitrosomonas,
oxigênio, nitrogênio, fósforo, enxofre e 6NO3-(aq) + 5CH3OH(l) + 6H+(aq) →
conhecidas como formadoras de
22 outros elementos em menor proporção, nitritos, convertem a amônia, necessa- 3N2(g) + 5CO2(aq) + 13H2O(l) (8)
porém essenciais para a ocorrência dos riamente sob condições aeróbias, para
processos biológicos de estabilização3 A Equação 8 descreve a redução
nitrito (Equação 6). O nitrito por sua vez
desassimilatória de nitrito e nitrato, na
desse material. O nitrogênio é um dos é oxidado pelo grupo das bactérias
elementos limitantes do crescimento qual o produto final é um gás inerte,
Nitrobacter até nitrato (Equação 7). N2, de modo que o nitrogênio orgânico
celular, abundante na natureza e bastan-
te importante em sistemas de tratamento 2NH3(aq) + 3O2(aq) → 2NO2 (aq)
– ‘desaparece’ e não mais provocará um
de efluentes. consumo de oxigênio em ecossiste-
+ 2H+(aq) + 2H2O(l) (6) mas aquáticos, em geral os corpos
Na biodegradação de aminoácidos
e proteínas (matéria orgânica nitroge- d’água receptores.
2NO2-(aq) + O2(aq) → 2NO3–(aq) (7) Na Figura 3 é apresentado o ciclo
nada) em processos biológicos de tra-
tamento de esgotos ocorre a conversão Uma das formas de remoção de ni- do nitrogênio, onde são indicados os
destes em compostos mais simples trogênio nos efluentes líquidos é a mecanismos de nitrificação e desnitri-
utilização de bactérias heterotróficas
como amônia, nitrato, nitrito e nitrogênio ficação.
Por exemplo, é possível estimar se
houve despejo de esgoto
Processo de biodegradação vs. receptores de elétrons doméstico em um corpo
aquático analisando-se as
Redox (mV)
várias formas do nitrogênio:
CO2 / H2O se o aporte do resíduo foi
Presença Condições > ZERO
de O2 aeróbias recente, certamente a maior
O2 fração do nitrogênio total
CxHyZz (matéria orgânica) será o nitrogênio orgânico
ou mesmo na forma de
Condições ao redor NO3- amônia, indicando que a
anóxicas de ZERO matéria orgânica ainda não
Ausência CO2 / N2 foi oxidada. No entanto, se
de O2 for um lançamento antigo,
SO42- e evidentemente se o meio
Condições < ZERO
CO2 for aeróbio, a espécie mais
anaeróbias
CO2 / H2S significativa, dentre todas,
CO2 / CH4 será o nitrato, a forma mais
Fonte: Von Sperling, 1996. oxidada. Por outro lado, se

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(0) N2 lação e se baseia na ocorrência de cho-
ques entre as partículas formadas ante-
riormente, de modo a produzir outras
de muito maior volume e densidade,
agora chamadas de flocos.
(3-) Norgânico (3-) NH3 Esses flocos, que são as impurezas
(1+) N2O
que se deseja remover, podem ser se-
parados do meio aquoso por meio de
sedimentação, que consiste na ação
da força gravitacional sobre essas
partículas, as quais precipitam em uma
unidade chamada decantador. Uma
outra opção para a retirada desses
(5+) NO3- (1-) NH2OH
(2+) NO flocos do seio da solução é a utilização
da flotação por ar dissolvido, que con-
siste na introdução de microbolhas de
ar que aderem à superfície da partícula,
diminuindo sua densidade, trans-
portando-a até a superfície, de onde
(3+) NO2- são removidas. Essa unidade é conhe-
cida como flotador.
A adsorção consiste de um fenô-
Fixação de nitrogênio Redução disassimilatória meno de superfície e está relacionado
de nitrato com a área disponível do adsorvente,
Nitrificação
Assimilação de amônia a relação entre massa do adsorvido e
Redução assimilatória Amonificação massa do adsorvente, pH, tempera-
de nitrato 23
tura, força iônica e natureza química do
adsorvente e do adsorvido. A adsor-
Figura 3. Ciclo do nitrogênio (Fonte: Saunders, 1986).
ção pode ser um processo reversível
ou irreversível.
uma grande proporção do nitrogênio muitos aspectos, como uma verda- Historicamente o carvão ativado
estiver na forma intermediária de deira solução. Tais partículas possuem (CA) ficou conhecido como o adsor-
oxidação, o nitrito, isso pode significar normalmente em sua superfície um re- vente ‘universal’, usado principalmen-
que a matéria orgânica encontra-se sidual de carga negativa que faz com te para tratamento de águas residuais
ainda em processo de estabilização. que elas interajam com moléculas de contendo radionuclídeos e metais. No
O acompanhamento das várias for- água, permanecendo em suspensão. entanto, esse adsorvente é notada-
mas de nitrogênio ao longo de um deter- A coagulação é um processo onde mente efetivo para a remoção de
minado trecho de um rio indica qual a partículas que originariamente se apre- moléculas apolares, e é muito utilizado
capacidade desse corpo d’água para sentam separadas são aglutinadas em tratamento de água de abasteci-
degradar e transformar a carga orgânica pela utilização de coagulantes, princi- mento, para remoção de substâncias
nitrogenada e, principalmente, a sua palmente sais de ferro III e alumínio, que provocam cor e sabor. Predomi-
capacidade de assimilar determinadas além de polieletrólitos. Esse processo nantemente utiliza-se carvão ativado na
classes de resíduos líquidos. resulta de dois fenômenos: o primeiro forma granular, produzido a partir de
é químico e consiste de reações de madeira, lignita e carvão betuminoso,
Processos físico-químicos hidrólise do agente coagulante, produ- com área superficial variando de 200
Em relação aos processos físico- zindo partículas de carga positiva; o a 1.500 m2/g.
químicos, os mais utilizados são a segundo é puramente físico e consiste A adsorção em alumina ativada
coagulação, a floculação, a decantação, de choques das partículas com as im- (AA) tem sido utilizada na remoção de
a flotação, a separação por membranas, purezas, que apresentam carga nega- fluoreto, arsênio, sílica e húmus. Esse
a adsorção e a oxidação química. tiva, ocorrendo uma neutralização das adsorvente, Al2O3, é preparado em
Nas águas residuais existem partí- cargas e a formação de partículas de uma faixa de temperatura de 300 a
culas de dimensões muito pequenas, maior volume e densidade. A coagula- 600 oC e apresenta uma área superfi-
da ordem de 1 µm ou até menores, ção ocorre em um curto espaço de cial de 50 a 300 m2/g. Na verdade, a
chamadas de partículas coloidais, que tempo, podendo variar de décimos de adsorção é um fenômeno de troca iôni-
podem permanecer em suspensão no segundo a um período da ordem de ca, e os ânions são mais bem adsorvi-
líquido por um período de tempo muito 100 s. dos em pHs próximos de 8,2 , ou seja,
grande. Essa mistura é chamada de A floculação é um processo físico no pHZPC, conhecido como potencial
suspensão coloidal e comporta-se, em que ocorre logo em seguida à coagu- zeta ou isoelétrico. Na faixa de pH de

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5 a 8 há uma ordem preferencial de Tabela 1: A proporção de oxigênio livre disponível de cada agente oxidante.
adsorção de ânions: OH- > H2AsO4- >
Oxigênio reativo equivalente
F- > SO42- > Cl- > NO3-. É importante
notar que se o pH do efluente a ser Semi-reação Mol de [O] por Mol de [O] por
tratado for alto (elevada concentração mol de oxidante kg de oxidante
de OH-), haverá uma rápida saturação
dos sítios ativos do adsorvente. Cl2 + H2O → [O] + 2Cl– + 2H+ 1,0 14,1
Outros adsorventes naturais têm HOCl → [O] + Cl– + H+ 1,0 19,0
sido testados, tais como plantas,
raízes, bagaço de cana, cabelo, cinzas 2ClO2 + H2O → 5[O]
[O] + 2Cl + 2H – +
2,5 37,0
etc. O aguapé, uma macrófita flutuante, O3 → [O] + O2 1,0 20,8
foi muito utilizado para tratamento de
efluentes contendo fenol e metais. H2O2 → [O] + H2O 1,0 29,4
Esses compostos são adsorvidos em 2MnO4– + H2O → 3[O]
[O] + 2MnO2 + 2 OH– 1,5 9,5
grande parte nas raízes, e evidente-
mente como desvantagens pode-se 2FeO 4
-2
+ 2H2O → 3[O]
[O] + Fe2O3+ 4 OH -
1,5 7,6
citar a necessidade de uma renovação
periódica da planta, o aparecimento de
mosquitos e destino final das plantas Tabela 2 : Potencial padrão de cada agente agente oxidante

utilizadas. oxidante. MO → CO2 + H2O (9)


A oxidação química é o processo pelo Oxidante Meio reacional Eh (V) Na oxidação química de um deter-
qual elétrons são removidos de uma subs- minado composto, ou mesmo de uma
tância ou elemento, aumentando o seu Cl2 ácido 1,36 mistura deles, pode ocorrer uma oxi-
estado de oxidação. Em termos químicos, HOCl ácido 1,49 dação primária, na qual se observa um
um oxidante é uma espécie que recebe básico 0,89 rearranjo das espécies iniciantes, de
24 elétrons de um agente redutor em uma modo que a estrutura química é alte-
ClO2 ácido 1,95
reação química. rada, levando a subprodutos que po-
básico 1,16
Os agentes de oxidação mais dem ser mais ou menos tóxicos que
comumente utilizados em tratamento O3 ácido 2,07 os compostos originais. Quando hou-
de águas residuais são cloro (Cl 2), básico 1,25 ver uma conversão das espécies quí-
hipoclorito (OCl –), dióxido de cloro H2O2 ácido 1,72 micas originais para subprodutos de
(ClO 2), ozônio (O3), permanganato KmnO4 ácido 1,70 toxicidade reduzida, trata-se de uma
(MnO4–), peróxido de hidrogênio (H2O2) oxidação parcial. Na oxidação total há
básico 0,59
e ferrato (FeO42-). Na desinfecção de uma completa destruição das espécies
K2FeO4 ácido 0,74
águas de abastecimento, que também orgânicas, ou seja, uma completa
é uma reação de oxidoredução, os básico 2,20 mineralização.
agentes comumente utilizados são Cl2, Os processos de separação por
OCl–, HOCl, ClO2 e O3. meio ácido a espécie predominante, a membranas, tais como osmose rever-
A capacidade de oxidação pode ser forma não dissociada HOCl, possui um sa, ultrafiltração, hiperfiltração, e eletro-
comparada pela quantidade de oxigê- potencial de oxidação bem maior que diálise, usam membranas seletivas
nio livre disponível, [O], fornecida por a espécie iônica OCl– (íon hipoclorito), para separar o contaminante da fase
cada um desses agentes oxidantes. Na predominante em meio básico. líquida. Essa separação é efetuada por
Tabela 1 são apresentadas as semi- Na maioria dos casos, a oxidação pressão hidrostática ou potencial elé-
reações relativas à formação dessa de compostos orgânicos, embora seja trico. Nesse processo o contaminante
espécie. Também é mostrado nessa ta- termodinamicamente favorável (ener- dissolvido (ou solvente) passa através
bela o que se define como oxigênio gia livre de Gibbs menor que zero) é de uma membrana seletiva ao tama-
reativo equivalente, uma relação entre de cinética lenta. Assim, a oxidação nho molecular sob pressão. Ao final do
quantidade da espécie [O] e de oxi- completa é geralmente inviável sob o processo obtém-se um solvente relati-
dante. ponto de vista econômico. vamente puro, geralmente água, e uma
Na Tabela 2 é apresentado o poten- Uma das grandes vantagens da oxi- solução rica em impurezas.
cial padrão de cada oxidante, onde é dação química comparada a outros Na hiperfiltração acontece a passa-
feita uma comparação de cada um tipos de tratamento, como por exemplo gem de espécies pela membrana com
deles, inclusive em relação ao poten- o processo biológico, é a ausência de massa molecular na faixa de 100 a
cial hidrogeniônico do meio, ou seja, subprodutos sólidos (lodo). Os produ- 500 g/mol; a ultrafiltração é usada para
em diferentes condições de pH. Como tos finais da oxidação química de separação de solutos orgânicos com
exemplo, pode-se observar uma gran- matéria orgânica, por exemplo, são massa molecular variando de 500 até
de diferença no poder de oxidação no apenas o dióxido de carbono e a água 1.000.000 g/mol. A ultrafiltração e a
caso do ácido hipocloroso, ou seja, em (Equação 9): hiperfiltração são especialmente úteis

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para concentrar e separar óleos, centrada. O processo ocorre até que entupimento ou colmatação das mem-
graxas e sólidos finamente divididos se atinja o equilíbrio. Se uma pressão branas. Para uma melhor eficiência de
em água. Também servem para con- maior que a pressão osmótica é apli- remoção, pode ser preciso que a água
centrar soluções de moléculas orgâni- cada na solução mais concentrada, a ser tratada recircule quantas vezes
cas grandes e complexos iônicos de observa-se o fenômeno da osmose re- for necessário para alcançar o nível
metais pesados. versa, ou seja, a água flui da solução desejado de qualidade.
A técnica de separação por mem- mais concentrada para a menos con- Na Tabela 3 são apresentados os
branas mais difundida é a osmose centrada. A pressão osmótica que ne- mecanismos de remoção dos compo-
reversa (OR). Embora superficialmente cessita ser vencida é proporcional à nentes poluentes mais utilizados em
similar à ultra e hiperfiltração, ela ope- concentração do soluto e à tempe- estações de tratamento de águas
ra por um princípio diferente no qual a ratura, e totalmente independente da residuais. A maioria deles já foi descrita
membrana é seletivamente permeável membrana. anteriormente nos processos biológi-
para a água e não para solutos iôni- O princípio básico da eletrodiálise cos e físico-químicos.
cos. Essa técnica utiliza altas pressões é a aplicação de uma diferença de po-
para forçar a permeação do solvente tencial entre dois eletrodos, em uma Legislação ambiental
pela membrana, produzindo uma solução aquosa, separados por mem- No território brasileiro, o Conselho
solução altamente concentrada em branas seletivas a cátions e ânions e Nacional do Meio Ambiente (CO-
sais dissolvidos. A osmose reversa é dispostas alternadamente. Os cátions NAMA), por meio da Resolução n. 20,
tradicionalmente utilizada para produ- migram em direção ao catodo e os de 18 de junho de 1986, estabelece os
ção de água para abastecimento a par- ânions em direção ao anodo, produ- padrões de qualidade de corpos aquá-
tir de água salgada, na separação de zindo fluxos alternados, pobres e ricos ticos, bem como de lançamentos de
compostos inorgânicos, como metais em cátions e ânions, separados fisica- efluentes. As águas residuais, após
e cianocomplexos, de compostos or- mente pelas diferentes membranas. tratamento, devem atender aos limites
gânicos de massa molecular maior que Alguns estudos em estações de tra- máximos e mínimos estabelecidos pela
120 g/mol e de sólidos em concen- tamento de efluentes líquidos mostram referida resolução, e os corpos d’água
tração de até 50.000 mg/L. que a eletrodiálise é um método de receptores não devem ter sua quali- 25
A osmose reversa é baseada no grande potencial prático e econômico dade alterada.
princípio da osmose. Quando duas para remover mais de 50% de com- É importante salientar que é possí-
soluções de concentrações diferentes postos inorgânicos dissolvidos em vel utilizar a legislação específica de ca-
estão separadas por uma membrana efluentes que sofreram um pré-trata- da estado, desde que a mesma seja
semipermeável, a água flui da solução mento para remoção de sólidos em mais restritiva que a federal. Neste tra-
menos concentrada para a mais con- suspensão, os quais provocariam balho será abordada apenas a legis-

Tabela 3: Principais mecanismos de remoção de poluentes no tratamento de esgotos.

Poluente Dimensões Principais mecanismos de remoção

Sólidos Maiores dimensões Gradeamento Retenção de sólidos com dimensões superiores ao


(maiores que ~1 cm) espaçamento entre barras
Dimensões intermediárias Sedimentação Separação de partículas com densidade superior à
(maiores que ~0,001 mm) do esgoto
Dimensões diminutas Adsorção Retenção na superfície de aglomerados de bactérias
(menores que ~0,001 mm) ou biomassa
Sedimentação Separação de partículas com densidade superior à
do esgoto
Dimensões superiores a Adsorção Retenção na superfície de aglomerados de bactérias
~0,001 mm ou biomassa
Estabilização Utilização pelas bactérias como alimento, com
Matéria conversão a gases, água e outros compostos inertes
orgânica Dimensões inferiores a Adsorção Retenção na superfície de aglomerados de bactérias
~0,001 mm ou biomassa
Estabilização Utilização pelas bactérias como alimento, com
conversão a gases, água e outros compostos inertes
Radiação ultra-violeta Radiação do sol ou artificial
Organismos Condições ambientais Temperatura, pH, falta de alimento, competição com
transmissores adversas outras espécies
de doenças
Desinfecção Adição de algum agente desinfetante, como o cloro
Fonte: Barros et. al., 1995.

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lação federal, da qual alguns artigos tes líquidos primeiramente deva aten- de refrigeração (art. 22°), com objetivo
serão transcritos integralmente e outros der ao próprio padrão de lançamento de atender aos padrões de lança-
apenas citados e comentados. (art. 21°) e ao mesmo tempo não pro- mento.
Segundo a concentração de sais, vocar alteração na classe (padrões de A origem da água residual a ser tra-
as águas são classificadas, de acordo qualidade, art. 4° a 11°) do corpo tada pode ser doméstica, industrial ou
com o artigo 2 o, em águas doces d’água receptor, conforme descrito no uma mistura de ambas. O nível de tra-
(salinidade ≤ 0,05%), águas salobras art. 19°. tamento desejado ou exigido por lei de-
(0,05% < salinidade < 3%) e águas O padrão de lançamento de efluen- pende das características do próprio
salinas (salinidade ≥ 3%). tes pode ser excedido desde que os esgoto e do padrão de lançamento, ou
Na Tabela 4 são apresentados os padrões de qualidade dos corpos mesmo se a água residual tratada for
principais padrões de qualidade d’água sejam mantidos e desde que reutilizada. De um modo geral, o que
referentes às diferentes classes dos haja autorização do órgão fiscalizador se deseja remover das águas residuais
corpos d’água, e a título de ilustração estadual, resultante de estudos de im- é matéria orgânica, sólidos em suspen-
e comparação, também são apresen- pacto ambiental. É muito importante são, compostos tóxicos, compostos
tados os padrões de lançamento, salientar que não é permitida a diluição recalcitrantes, nutrientes (nitrogênio e
descritos no artigo 21°. O ideal é que de águas residuais com águas de fósforo) e organismos patogênicos.
qualquer tipo de disposição de efluen- abastecimento, água de mar e água Dependendo da concentração e do
tipo do composto poluente, é neces-
sária a utilização de diversos níveis de
A classificação das águas pelo 1o artigo da resolução CONAMA n. 20/1986
tratamento para atingir o grau de depu-
Águas doces ração desejado ou exigido. Usual-
mente, os níveis de tratamento são
I- Classe Especial – águas destinadas: a) ao abastecimento sem prévio classificados em primário, secundário
tratamento ou com simples desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural e terciário. Na Tabela 5 esses níveis são
das comunidades aquáticas. descritos de forma resumida, mos-
II - Classe 1 – águas destinadas: a) ao abastecimento doméstico após trata- trando as suas principais caracte-
26
mento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação rísticas e objetivos quanto à necessi-
de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho); d) à irrigação de dade de aplicação.
hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvem rentes
ao solo e que são ingeridas cruas sem remoção de película; e) à criação Principais parâmetros de interesse
natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação hu- sanitário e ambiental
mana. As normas para classificação de
III - Classe 2 – águas destinadas: a) ao abastecimento doméstico, após corpos aquáticos, bem como para
tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à re- lançamentos de efluentes líquidos
creação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho); d) à irrigação tratados, envolvem uma série de
de hortaliças e plantas frutíferas; e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) parâmetros de interesse sanitário e
de espécies destinadas à alimentação humana. ambiental, que devem ser monitorados
IV - Classe 3 – águas destinadas: a) ao abastecimento doméstico, após e atendidos. A seguir serão apresen-
tratamento convencional; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e tados os parâmetros comumente ava-
forrageiras; c) à dessedentação de animais. liados em ambientes aquáticos e em
estações de tratamento de águas
V - Classe 4 – águas destinadas: a) à navegação; b) à harmonia paisagística;
residuais, tanto na entrada como na
c) aos usos menos exigentes.
saída desses locais.
Águas salinas Os principais fatores que influen-
ciam o pH e suas variações na água
VI - Classe 5 – águas destinadas: a) à recreação de contato primário; b) à
são as proporções de espécies carbo-
proteção das comunidades aquáticas; c) à criação natural e/ou intensiva (aqui-
natadas, a presença de ácidos disso-
cultura) de espécies destinadas à alimentação humana.
ciáveis, constituição do solo, decom-
VII - Classe 6 – águas destinadas: a) à navegação comercial; b) à harmonia posição da matéria orgânica, esgoto
paisagística; c) à recreação de contato secundário. sanitário, efluentes industriais, tribu-
tários5 e solubilização dos gases da
Águas salobras
atmosfera. Vários vegetais e animais
VIII - Classe 7 – águas destinadas: a) à recreação de contato primário; b) à são responsáveis por processos como
proteção das comunidades aquáticas; c) à criação natural e/ou intensiva a fotossíntese e a respiração, que
(aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana. aumentam ou diminuem o pH das
IX - Classe 8 – águas destinadas: a) à navegação comercial; b) à harmonia águas. Em relação a processos de
paisagística; c) à recreação de contato secundário. tratamento de águas, essa variável
afeta a coagulação química, a desidra-

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Tabela 4: A inter-relação entre os principais padrões de qualidade das diversas classes de tação do lodo, a desinfecção, a oxida-
corpos d’água (água doce) e padrão de lançamento. ção química, as reações de amoleci-
Parâmetro Unidade Padrão para corpo d’água Padrão de mento de águas e o controle de corro-
Classe lançamento são. Em relação aos processos bioló-
1 2 3 4 gicos de tratamento de efluentes, o pH
Cor uH (1)
30 75 75 - - é de fundamental importância nas
Turbidez uT(2) 40 100 100 - - reações bioquímicas, como por exem-
Sabor e odor - VA VA VA - - plo em processos de tratamento de
Temperatura ºC - - - - < 40 efluente anaeróbio, no qual o pH deve
Materiais flutuantes - VA VA VA VA ausente ficar na faixa de 6,8 a 7,2 para que a
Óleos e graxas - VA VA VA (5) (6) eficiência do processo seja ideal. Uma
Corantes artificiais - VA VA VA - - elevada concentração de íons H +
Sólidos dissolvidos mg/L 500 500 500 - - (baixo valor de pH) pode diretamente
Cloretos mg/L 250 250 250 - - provocar fitotoxicidade causada pela
pH - 6a9 6a9 6a9 6a9 5a9 própria concentração deste íon, ou
DBO(4) mg/L 3 5 (7) 10 (7) - 60 (8) indiretamente pela liberação de metais
OD(3) mg/L 6 5 4 2 - presentes no solo, ou sedimento, para
Amônia mg/L 0,02 (9) 0,02 (9) - - 5,0 (9) a solução, disponibilizando-os. No
Coliformes totais org./100 mL 1.000 5.000 20.000 - - solo, o exemplo clássico se refere ao
Coliformes fecais org./100 mL 200 1.000 4.000 - - íon alumínio, Al3+. Em relação ao sedi-
Regime de lançamento - - - - - (10) mento, além do alumínio, outros metais
são normalmente liberados para a
Fonte: Barros et. al., 1995, (modificada).
VA: virtualmente ausente. (1): 1 uH (unidade Hazen) é equivalente à cor produzida por 1 coluna d’água, incluindo os metais
mg K2PtCl6/L (1 mg de cloroplatinato de potássio por litro). (2): 1 uT (unidade de turbidez) pesados, Cd2+, Hg2+ e Pb2+, que são
é equivalente à turibez produzida por 1 mg SiO2/L (1 mg de óxido de silício por litro). (3): bastante tóxicos.
oxigênio dissolvido: é a quantidade de oxigênio gasoso (O2) presente na água. (4): Demanda Muitas espécies de organismos 27
bioquímica de oxigênio é definida como a quantidade de oxigênio necessária para a aquáticos não têm chance de sobrevi-
estabilização biológica da matéria orgânica, sob condições aeróbias e controladas (período vência em águas com baixos níveis de
de 5 dias e 20 °C). (5): toleram-se efeitos iridescentes (que dão as cores do arco-íris). (6): oxigênio dissolvido (OD). Por outro
minerais: 20 mg/L; vegetais e gorduras animais 50 mg/L. (7): estes valores podem ser lado, para uma parcela significativa de
ultrapassados quando na existência de casos de estudo de autodepuração do corpo d’água
organismos o oxigênio é extremamente
indiquem que a OD deverá estar dentro dos padrões estabelecidos quando da ocorrência
de condições críticas de vazão (média das mínimas de 7 dias consecutivos em 10 anos de tóxico, denominados de microorga-
recorrência). (8): pode ser ultrapassado caso a eficiência do tratamento seja superior a nismos estritamente anaeróbios, que
85%. (9): padrão do corpo receptor: amônia (NH3); padrão de lançamento: amônia total são tão importantes na estabilização
(NH3 + NH4+). (10): a vazão máxima deverá ser 1,5 vez a vazão média do período de da matéria orgânica e no equilíbrio
atividade no agente poluidor. ecológico, quantos os microrganismos

Tabela 5: Características dos níveis de tratamento dos esgotos.


Item Nível de tratamento
Preliminar Primário Secundário Terciário
Poluentes Sólidos grosseiros • Sólidos sedimentáveis • Sólidos não sedimentáveis • Matéria orgânica suspensa
removidos • Matéria orgânica sedi- • Matéria orgânica não e dissolvida
mentável sedimentável • Compostos inorgânicos
• Eventualmente nutrientes dissolvidos
• Nutrientes
Eficiência — • Sólidos suspensos: 60 a • Matéria orgânica: 60 a 99% • Patogênicos: próximo a
de remoção 70% • Patogênicos: 60 a 99% 100%
• Matéria orgânica: 30 a • Nutrientes: 10 a 95%
40% • Metais pesados: próximo a
Tipo de • Patogênicos: 30 a 40% 100%
tratamento Físico Físico Biológico • Físico-químico
predominante • Biológico
Cumpre o padrão Não Não Usualmente sim Sim
de lançamento?
Aplicação Montante de Tratamento parcial Tratamento mais completo Tratamento mais refinado e
elevatória Etapa intermediária de (para matéria orgânica) eficiente para produzir um
Etapa inicial de tratamento mais completo efluente de melhor qualidade
tratamento
Fonte: Barros et. al., 1995 (modificado).

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aeróbios. A degradação da matéria de poluição de esgotos domésticos e avaliação do conteúdo orgânico em
orgânica provoca o consumo de oxi- industriais em termos do consumo de águas é o carbono orgânico total
gênio presente na água (Equação 10). oxigênio. É uma estimativa do grau de (COT). Esse teste fornece a quantidade
Muitas das mortandades de peixes não depleção de oxigênio em um corpo de carbono orgânico presente em uma
são causadas diretamente pela pre- aquático receptor natural e em condi- amostra, sem distinção se a matéria
sença de compostos tóxicos, e sim pela ções aeróbias. O teste também é utili- orgânica é biodegradável ou não. Nes-
deficiência de oxigênio resultante da zado para a avaliação e controle de ta análise, o dióxido de carbono (CO2)
biodegradação da matéria orgânica. poluição, além de ser utilizado para é quantificado após a oxidação da
microorganismos
propor normas e estu- amostra em um forno
{CH2O} + O2 → CO2 + H2O (10) dos de avaliação da A demanda bioquímica a alta temperatura
Além da oxidação de matéria capacidade de purifi- por oxigênio (BDO) pode (entre 680 e 900 °C),
orgânica mediada por microorganis- cação de corpos re- ser considerada em ensaio, na presença de um
mos, também o oxigênio pode ser con- ceptores de água. A via oxidação úmida, no catalisador e oxigê-
sumido pela biooxidação de compos- DBO pode ser con- qual organismos vivos nio. Outra opção é a
tos orgânicos nitrogenados (Equação siderada um ensaio, oxidam a matéria orgânica degradação da maté-
11), assim como por reações químicas via oxidação úmida, no até dióxido de carbono e ria orgânica utilizan-
ou bioquímicas de substâncias poten- qual organismos vivos água do-se um forte oxi-
cialmente redutoras presentes na água oxidam a matéria orgâ- dante em meio ácido
(equações 12 e 13). nica até dióxido de carbono e água. sob a presença de luz ultravioleta. O
Há uma estequiometria entre a quanti- tempo de duração do teste varia de 2
NH4+(aq) + 2O2(aq) → 2H+(aq)
dade de oxigênio requerida para a 10 minutos.
+ NO3-(aq) + H2O(l) (11) converter certa quantidade de matéria Os principais nutrientes encontrados
orgânica para dióxido de carbono, nas águas são o nitrogênio e o fósforo,
4Fe2+(aq) + O2(aq) + 10H2O(l) → água e amônia, o que é mostrado na e possuem importante papel nos
+
4Fe(OH)3(S) + 8H (aq) (12) seguinte equação generalizada: ecossistemas aquáticos, atuando como
fatores limitantes de crescimento e
28 CaHbOcN(aq) + a02(aq) → aCO2(aq)
2SO3 (aq) + O2(aq) → 2SO4 (aq) (13)
2- 2- reprodução das comunidades e respon-
+ cH O + NH (14) sáveis pelos processos de eutrofização
A atmosfera, que contém cerca de 2 (l) 3(aq)
e alteração de seu equilíbrio dinâmico.
21% de oxigênio, é a principal fonte de A demanda química de oxigênio
As fontes de nitrogênio e de fósforo
reoxigenação de corpos d’água, por (DQO) é uma análise para inferir o con-
sumo máximo de oxigênio para degra- podem ser naturais ou antrópicas.
meio da difusão do gás na interface
dar a matéria orgânica, biodegradável As fontes principais de nitrogênio
água/ar. O oxigênio também pode ser
ou não, de um dado efluente após sua são a atmosfera, a precipitação pluvio-
introduzido pela ação fotossintética
das algas. No entanto, a maior parte oxidação em condições específicas. métrica, o escoamento superficial, o
do gás oriundo dessa última fonte é Esse ensaio é realizado utilizando-se revolvimento de sedimento de fundo,
consumido durante o processo de um forte oxidante, ou seja, o dicromato esgoto sanitário, efluentes industriais,
respiração, além da própria degrada- em meio extremamente ácido e tempe- erosão, queimadas, decomposição,
ção de sua biomassa ratura elevada. O valor obtido indica o lise celular e excreção.
morta. quanto de oxigênio um Em relação às fontes de fósforo
A demanda bio- A demanda química de determinado efluente naturais, as principais são os proces-
química de oxigênio oxigênio (DQO) é uma líquido consumiria de sos de intemperismo das rochas e
(DBO) é definida co- análise para inferir o um corpo d’água re- decomposição da matéria orgânica. Já
mo a quantidade de consumo máximo de ceptor após o seu as artificiais consistem de efluentes
oxigênio necessária oxigênio para degradar a lançamento, se fosse industriais, esgotos sanitários e fertili-
para a estabilização matéria orgânica, possível mineralizar zantes. É importante ressaltar ainda
da matéria orgânica biodegradável ou não, de toda a matéria orgâ- que os sabões e detergentes são os
degradada pela ação um dado efluente após sua nica presente, de mo- maiores responsáveis pela introdução
de bactérias, sob con- oxidação em condições do que altos valores de de fosfatos nas águas.
dições aeróbias e específicas DQO podem indicar A presença ou ausência desses
controladas (período um alto potencial po- nutrientes pode ser benéfica ou não. Em
de 5 dias a 20 °C). Basicamente, a luidor. Esse teste tem sido utilizado estuários, a presença excessiva de
informação mais importante que esse para a caracterização de efluentes in- nitrogênio pode provocar um aumento
teste fornece é sobre a fração dos dustriais e no monitoramento de esta- na população de organismos aquáticos.
compostos biodegradáveis presentes ções de tratamento de efluentes em O mesmo ocorre em lagos, quando do
no efluente. Muito importante, inclusive, geral. A duração desse ensaio é de aumento da concentração de fósforo. O
para trabalhos de tratabilidade de aproximandamente 3 horas. crescimento exagerado da população
águas residuais. O teste de DBO é Um outro ensaio que atualmente de algas em águas doces decorre da
muito usado para avaliar o potencial vem sendo bastante utilizado para elevada concentração de nutrientes, um

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fenômeno bastante comum em lagos e mes, há um risco de se encontrar os saneamento básico, ou seja, trata-
reservatórios. Freqüentemente há uma tais organismos infectantes ou causa- mento de água para abastecimento e
depleção de oxigênio em corpos aquá- dores de doenças. Infelizmente, exis- de esgotos, haveria uma economia
ticos resultante da oxidação da biomas- tem algumas exceções, como os cistos significativa em gastos com saúde.
sa formada por algas mortas. O ambien- do agente da disenteria amebiana, que Segundo o IBGE (1997), no ano de
te anaeróbio é fatal para muitos organis- são muito mais resistentes que os 1996 aproximadamente 74,2% e 40,3%
mos. Mais detalhes sobre o processo coliformes. dos domicílios brasileiros dispunham
de eutrofização podem ser encontrados O grupo coliforme é dividido em de água tratada e rede coletora de es-
no artigo As águas do planeta Terra (p. bactérias fecais (ou intestinais) e não goto, respectivamente. Esses números
35). fecais. As primeiras indicam que uma gran-
A remoção de amônia, nitrato e nitri- vivem e se multipli- As bactérias do tipo de parcela da popu-
to das águas residuais nas estações cam no trato digestivo coliforme, em geral, lação não tem acesso
de tratamento de esgotos (ETE) é de animais de sangue mostram-se mais resistentes à água encanada e ao
importante, pois são compostos que quente (mamíferos e que as patogênicas. Se em saneamento básico.
produzem efeitos deletérios à saúde aves) e são elimina- uma amostra não forem Nesse sentido, polí-
tanto dos organismos presentes nos das junto com as fe- encontrados coliformes, ticas sérias de investi-
corpos d’água como aos seres huma- zes. As não fecais são certamente os patógenos mentos nessas áreas
nos consumidores de água de abaste- encontradas normal- não estarão presentes em são de fundamental
cimento oriundas de manancias super- mente no solo. quantidade significativa importância para a
ficiais e subterrâneos. Concentrações Há dois subgru- saúde pública.
de amônia acima de 0,25 mg/L afetam pos de coliformes. Os coliformes totais É sempre importante ressaltar que
o crescimento de peixes e na ordem são formados pelos gêneros Escheri- a água é uma riqueza de quantidade e
de 0,50 mg/L são letais. Já o nitrato, chia coli, Citrobacter spp, Enterobacter qualidade limitada, sendo necessário
quando ingerido, é reduzido a nitrito no spp e Klebsiella spp. Os coliformes que se faça um uso racional desse
trato intestinal e ao entrar na corrente fecais, pelos gêneros: Escherichia coli bem. A necessidade do tratamento de
reage com a hemoglobina, conver- e Klebsiella t.t. A identificação destes águas residuárias com o objetivo de 29
tendo-a em meta-hemoglobina, molé- subgrupos é realizada utilizando-se controle de poluição promove uma
cula que não possui a capacidade de diferentes meios de cultura, ou seja, melhoria na qualidade dos corpos
transportar oxigênio. Além disso, o para os totais é utilizado um meio de aquáticos e de águas destinadas ao
nitrato ingerido pode ser convertido a amplo espectro, enquanto para os abastecimento público, além da redu-
nitrosaminas, composto cancerígeno. fecais o meio é necessariamente ção da poluição ambiental.
Os organismos patogênicos, tais seletivo. O desperdício de água e a utiliza-
como bactérias, vírus, vermes e proto- ção de tecnologias inadequadas, ultra-
zoários, são os principais causadores Considerações finais passadas e ineficientes pelo setor
de doenças de veiculação hídrica e Dados recentes mostram que na industrial, são práticas que devem ser
aparecem na água, normalmente, em região metropolitana de São Paulo combatidas por meio da otimização e/
baixa concentração e de forma intermi- (RMSP), apenas 17% de todas as ou substituição de processos, e mes-
tente. O isolamento e detecção de um indústrias tratam de alguma forma seus mo pela própria conscientização da
patógeno tem um custo elevado e em efluentes (Água na boca, 2000). Certa- população, além da ação importante
média o teste leva 6 dias para obten- mente esse valor deve ser bem menor dos órgãos fiscalizadores.
ção do resultado;um tempo muito quando se considera todo o território O tratamento, o reuso e a dispo-
longo para qualquer tomada de deci- nacional. sição adequada de águas servidas são
são. Em relação ao tratamento de esgo- procedimentos que visam minimizar os
O exame bacteriológico mais co- to sanitário, principalmente aqueles efeitos e as conseqüências indesejá-
mum para avaliação da qualidade mi- gerados nas residências, muito pouco veis ao ambiente. No entanto, antes de
crobiológica de águas consiste da do total coletado em todo o país recebe se encontrar a solução tecnológica
determinação de bactérias do grupo algum processo de depuração, mes- mais adequada para amenizar tais efei-
coliforme. As bactérias do grupo mo que em nível primário. Portanto, tos e conseqüências, a pergunta que
coliforme, em geral, mostram-se mais grande parte desse efluente in natura deve ser feita para todos os setores da
resistentes que as patogênicas, em atinge os cursos d’água, caracteri- população é a seguinte: Será que é
relação aos processos naturais de zando-se no maior problema de po- necessário gerar determinado volume
depuração e à ação de desinfetantes. luição aquática (Alves, 1992). e tipo de efluente, para que depois o
Portanto, se em uma amostra não No nosso país, aproximadamente mesmo seja tratado?
forem encontrados coliformes, certa- 60% dos pacientes internados em hos-
mente os patógenos não estarão pitais estão com alguma doença cuja Notas
presentes, pelo menos em quantidade origem é de veiculação hídrica, e esti- 1. Biooxidar (oxidação biológica):
significativa. Por outro lado, se for mativas apontam que se houvesse processo em que os organismos vivos,
encontrado bactérias do grupo colifor- uma política de aplicação de verbas em em presença ou não de oxigênio, por

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meio da respiração aeróbia ou anae- tido de oxidação biológica. José Roberto Guimarães (jorober@fec.unicamp.br),
róbia, convertem matéria orgânica 4. Em condições anóxicas, ou seja, bacharel em química, doutor em ciências pela
presente na água residuária em subs- Eh ao redor de zero, na ausência de UNICAMP, especialista em química ambiental/sanitária,
tâncias mais simples. é docente da Faculdade de Engenharia Civil da
oxigênio molecular, ocorre o processo Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP. Edson
2. Sintrofismo: é um fenômeno que
de desnitrificação. Aparecido Abdul Nour (ednour@fec.unicamp. br),
envolve a troca de nutrientes entre duas
5. Tributário: nesse caso refere-se engenheiro de alimentos e tecnólogo em saneamento,
espécies de organismos, na qual cada doutor em recursos hídricos e saneamento pela USP,
um recebe benefícios dessa asso- a outros corpos d’água que atuam co-
especialista em tratamento de águas residuárias, é
ciação. mo afluentes do corpo d’água princi- docente da Faculdade de Engenharia Civil da
3. Estabilização: tem o mesmo sen- pal. Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.

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nicípios. v. 2 – Saneamento, Belo Ho- v. 2, Belo Horizonte: DESA-UFMG, 1996. de efluentes industriais, Aracaju, 1993.
30 SAUNDERS, F.J. A new approach to the SAWER, C.N. et. al. Chemistry for envi-
rizonte: DESA-UFMG, 1995.
CHERNICHARO, C.A.L. Princípios do development and control of nitrification. Wa- ronmental engineering, New York:
tratamento biológico de águas residuárias: ter and Waste Treatment, v. 43, p. 33-39, 1986. McGraw-Hill Book Company, 4 ed., 1994.
Reatores anaeróbios. v. 5, Belo Horizonte: VON SPERLING, M. Princípios do
DESA-UFMG, 1997.
Para saber mais tratamento biológico de águas residuárias:
GALAL-GORCHEV, Desinfección del AZEVEDO-NETTO, J.M. et al. Técnica de Lodos ativados. v. 4, Belo Horizonte:
agua potable y subproductos de inter’s abastecimento e tratamento de água. v. 2, DESA-UFMG, 1997.

Resenha

Uma boa leitura dade de vida da sociedade em que Lixo municipal – manual de geren-
está inserido. ciamento integrado. Organizadores:
A obra Lixo municipal – manual de
O livro é dividido em sete capítulos Maria Luiza Otero D’Almeida e André
gerenciamento integrado do IPT (Insti-
e anexos, cobrindo extensamente as- Vilhena. Segunda edição, São Paulo:
tuto de Pesquisas Tecnológicas) e do pectos sobre reciclagem de materiais IPT/CEMPRE, 2000 (Publicação IPT
CEMPRE (Compromisso Empresarial (orgânico, plástico, papel, vidro e me- 2622).
para Reciclagem) apresenta uma abor- tais). Para professores e estudantes,
dagem sobre o gerenciamento dos além da capacidade de abordar a
resíduos sólidos no Brasil. Escrita por questão dos resíduos de forma crítica,
uma equipe técnica de especialistas da o texto também coloca à disposição
área, trata-se de uma publicação que tabelas, gráficos e muitas ilustrações
aborda aspectos fundamentais para a que contribuem perfeitamente para a
definição de políticas públicas, ativida- análise dos temas associados ao ge-
des de treinamento técnico e educa- renciamento do lixo urbano. Em um de
ção ambiental, investimentos em no- seus anexos, encontra-se a relação de
vas tecnologias e, ainda, a reestrutu- entidades e associações governamen-
ração jurídica e financeira da atividade tais e não-governamentais, que peca
de tratamento e disposição final do lixo. por não fornecer o endereço na Web.
Sua linguagem direta e acessível pode Lixo municipal é referência obrigató-
atender às necessidades das prefei- ria para aqueles que se ocupam da
turas municipais, organizações não- educação ambiental, especialmente
governamentais e a todos que tenham professores comprometidos com a
interesse em exercer a sua cidadania contextualização da química em qual-
em favor do meio ambiente e da quali- quer nível de ensino.

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Tratamento de esgotos Edição especial – Maio 2001

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