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Dr.

Reginaldo Carvalho da Silva


OAB/RJ – 55.177
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“Bem aventurados os que observam o direito, o que pratica a Justiça em todos os tempos. S106,3)”

HISTORIA DO BUSHIDO: BY REGINALDO CARVALHO = KODANSHA

BUSHIDO CODIGO DE HONRA DO SAMURAI

Uma casta de guerreiros conseguiu uma reputação inigualável no mundo:


os samurais, conhecidos por suas técnicas militares e de combate, pelo seu
caráter ..

BU-SHI-DO significa literalmente Militar-Cavaleiro-Caminho, os princípios


que os guerreiros devem observar, tanto em sua diária como em sua profissão;
em uma palavra, são os preceitos do Cavalheirismo a Nobre Obrigação da Classe
guerreira. Bushido, pois, é o Código de Princípios Morais que os cavaleiros deviam
ou aprendiam a observar.

FONTES DO BUSHIDO

Estas são as relações morais se correspondem virtudes Cardinais:

義 GI – JUSTIÇA E RETIDÃO

Este é o mais poderoso preceito no Código do Samurai. Não há mais


repugnante para um Samurai que os atos dissimulados ou as empresas tortuosas.
Retidão é a faculdade de decidir certa linha de conduta, de acordo com a razão,
sem titubear. Morrer quando é justo morrer, matar quando é justo matar. Esta
regra diz respeito à integridade. Você deve acreditar que a justiça não é algo que
é praticado pelos outros, mas algo que você respeita todos os dias. Deve ser
honesto sempre e tomar suas decisões baseadas naquilo que é certo e justo para
as pessoas ao seu redor.
Retidão, que compreende: Valor, fraternidade, integridade, pureza, etc.

名誉 MEIYO – HONRA

O verdadeiro samurai só tem um juiz de sua honra: ele mesmo. As escolhas que
você faz e como você trabalha para obtê-las são um reflexo de quem você
realmente é. Você não pode se esconder de si mesmo. É a qualidade essencial.
Ninguém pode pretender ser Budoka (guerreiro no sentido nobre da expressão) se
não tiver uma postura honorífica. É da honra que partem todas as outras
qualidades. É um código moral e um ideal, de maneira a ter sempre um
comportamento digno e respeitável.
O sentimento de Honra implica uma consciência clara de dignidade e de
merecimento pessoal”. Ofender-se por provocação considerava-se mesquinho e
ridículo e como uma forma de caráter fraco. Um ensinamento diz: A verdadeira
paciência consiste em suportar as coisas que nos parecem insuportáveis”. A
Honra, considerada como a justa valorização dos demais, e este princípio do
Bushido, elevado a sua máxima expressão filosófica transmutam-se em
compreensão e amor.
Daí, nasce talvez este outro ensinamento que diz: “Se o adversário é inferior
a ti, por que brigar? Se o adversário é superior a ti, por que brigar? Se o
adversário é igual a ti, compreenderá o que tu compreendes e não haverá luta.”
Este é dos princípios da não violência que durante muito tempo alimentou o
autêntico espírito das Artes Marciais.
A Honra não é orgulho, senão consciência real do que se possui. Fala-se que
em um tempo, vivia um jovem guerreiro, que ao jogar diariamente com a vida e a
morte, devido à sua profissão chegou a questionar-se.

勇 YUU – CORAGEM (YUUKI ou YUUKAN)

A força da alma que permite enfrentar o sofrimento chama-se Coragem. É


essa Coragem que nos leva a fazer respeitar o que aos nossos olhos nos parece
justo, e que apesar de medo e receio nos permite enfrentar os obstáculos Viver é
arriscado e perigoso. Ficar escondido não é a melhor maneira de encarar a vida.
Você deve se esforçar para viver ao máximo e intensamente. Mas ser corajoso não
é ser um idiota. Você deve ter inteligência e cautela por trás de seus atos.

Os mais bravos são os mais ternos. A ternura de um Bushi se encontra


simbolicamente representada na flor de cerejeira; ela constantemente lhe
lembrava que o homem é como uma flor sobre a terra nasce de uma semente,
cresce, entrega seu perfume e sua cor para converter-se em fruto, guardando em
si muitas sementes.
仁 JIN – COMPAIXÃO

Um samurai treina arduamente para fazer o bem. Amor, amizade,


solidariedade e nobreza de sentimentos são considerados como os maiores
atributos da alma. Ajude seus colegas em todas as oportunidades que houver.

礼 REI – RESPEITO (SONCHOO)

A verticalidade dá origem ao respeito para com o próximo. A gentileza é a


expressão desse respeito para com o próximo quaisquer que sejam as suas
qualidades, fraqueza ou posição social. Saber tratar as pessoas e as coisas com
decência e respeitar o sagrado é o primeiro dever de um Budoka. O samurai não
tem nenhuma razão para ser cruel. Não há necessidade de provar a sua força. Ele
deve ser cortês até mesmo para com os seus inimigos. Se não fosse assim, ele
não seria melhor do que qualquer animal. Um homem é respeitado não só por sua
coragem, mas também pela forma como trata os outros os seu redor.

Correção, que engloba: Respeito, caução, humildade, deferência, etc.

诚 MAKOTO – HONESTIDADE

Mentir é um ato covarde e desonroso. Quando um samurai diz que vai fazer
algo, é como se já tivesse feito. Nada vai impedi-lo de cumprir uma promessa.
Boa Fé, que compreende: Verdade, sensibilidade, sinceridade, honestidade

忠 CHUU – LEALDADE\ FIDELIDADE (CHIJITSU)

Não pode existir honra sem fidelidade e a lealdade em relação a certos


ideais e para quem os partilha. Ela simboliza a necessidade de cumprir as
promessas. Um samurai é leal àqueles que estão sob seus cuidados. Por quem ele
é responsável, ele permanece fiel.

SINCERIDADE (SEUITSU)

A fidelidade necessita de sinceridade nas palavras e nos atos. A mentira


arrasta a desconfiança que é a origem de todas as separações. No
Kyokushinkaikan, a saudação é a expressão dessa sinceridade, é o sinal daquele
que não se esconde os seus sentimentos, pensamentos, daquele que sabe ser
autêntico.

BONDADE (SHINTETSU)

A bondade é um sinal de coragem e que mostra um grande sentido de


humanidade. Ela leva-nos a ser atento para com o próximo e ao que nos rodeia, a
ser respeitoso para com a vida.

HUMILDADE (KEN)

Saber ser humilde isento de orgulho e vaidade, sem fingir, são garantias da
modéstia.

VERTICALIDADE (TADASHI ou SEI)

Seguir a linha do dever e nunca mais se desviar. Lealdade, honestidade e


sinceridade são os pilares dessa verticalidade.

CONTROLE (SEIGYO)

Qualidade essencial para todo o faixa preta representa a possibilidade de


dominar os nossos sentimentos, impulsos e controlar o nosso instinto. É um dos
principais objetivos da prática do Kyokushinkaikan Karate porque condiciona toda
a nossa eficácia.

A BENEVOLÊNCIA
“O sentimento de compaixão, o amor, a magnanimidade, o afeto aos
demais, a simpatia, foram considerados sempre as virtudes supremas, os mais
altos atributos da alma humana”.
“A retidão levada ao extremo se petrifica em rigidez; a benevolência
praticada sem medida se funde em debilidade”.

Mêncio chama a Benevolência o espírito do homem, e a retidão seu


caminho. “Quando lamentável, exclama, é esquecer o caminho e não seguí-lo,
perder o Espírito e não saber buscá-lo! ”A Retidão é o caminho estreito que o
homem deve tomar para recobrar o paraíso perdido.

Benevolência, que inclui: Espírito público, Piedade filial, etc.


A CORTESIA

Em uma forma superior, a cortesia quase se confunde com o Amor, supondo


que se há de fazer uma coisa, sem dúvida que haverá uma maneira melhor que a
outra para fazê-la e, que a melhor maneira, será a mais econômica e a mais bela.
A verdadeira graça significa então economia de movimento.
As belas maneiras significam poder em repouso. Os Mestres do Kyudo (caminho
do arco e flecha) ensinam que para que a flecha acerte o alvo, existe somente um
ponto e, para errar, infinitos pontos…. Aqui também se observa esse princípio de
economia e ordem natural, que nos sugere a procura desse caminho que une
todas as coisas.

DOMÍNIO DE SI MESMO
“Não dá sinais de alegria, nem tristeza”, era a frase comum dos Samurais,
para designar uma pessoa de caráter enérgico.
Um jovem guerreiro escreveu: “Sentes o fundo de tua alma comovido por
pensamentos ternos? é momento em que germinam as sementes. Não o perturbes
com palavras, deixa que trabalhe só, na calma e em segredo”. “Encerrar com
palavras articuladas, os pensamentos e sentimentos mais íntimos, era
considerados como um sinal infalível de que esse pensamento e sentimento não
era assim tão profundos, nem muito sinceros”.
Diz um provérbio popular: “Não vale mais que um centavo, aquele que
abrindo a boca o conteúdo de seu coração. A linguagem é com freqüência, a arte
de disfarçar pensamentos. Para a mentalidade dos Bushi, o domínio sobre os
nossos pensamentos e emoções é o único juiz que pode determinar em que
momentos, perdida a Honra, a morte converte-se em descanso, em asilo seguro,
contra a desonra.
O equilíbrio interior nos leva a buscar a morte não como pode fazer um
louco, nem escapar dela como faria um covarde, senão esperá-la em qualquer
momento. “Sofrer e fazer frente a todas as calamidades e adversidades com
paciência e com consciência pura”. “Quando o Céu está a ponto de conferir um
grande trabalho a alguém, primeiro exercita seu espírito no sofrimento, seus
nervos na preocupação e seus ossos na fadiga: expõe seu corpo à fome e o sujeita
a extrema pobreza e o faz fracassar em suas empresas. Por estes caminhos todos,
estimula o espírito, endurece o corpo e remedia toda sua deficiência”. Desejava
saber o que era o CÉU e o INFERNO. Quando seu coração já não podia mais
suportar este mistério, dirigiu-se a uma montanha em busca de um sacerdote
ancião, para que o iluminasse com seus ensinamentos. Ao encontrá-lo. Saudou-o
reverentemente e lhe disse: Oh! Venerável senhor, desejaria que me instruísse
sobre ò que é o CÉU e o INFERNO. Ao que o Mestre respondeu: Esta pergunta é
mais própria de um camponês que de um guerreiro como tu, a não ser que sejas
um camponês disfarçado. “Como dizes? Replicou o jovem samurai. Digo que nem
pareces um guerreiro, não somente pela sua infantil pergunta, senão também
pelas roupas que levas.”
A tudo isto, o acidental discípulo já estava vermelho de ira por semelhante
insulto e o sacerdote continuou. “Tua falta de controle afirma minha suposição” E
já não suportando mais, o Samurai despoja a sua espada e sua ira. Nesse
momento, com um gesto enérgico o monge lhe diz:” Observa, isto é o INFERNO”,
o jovem sentiu-se como que atravessado por uma flecha de vergonha, baixando a
cabeça e guardando cerimonialmente a espada falou: “Perdão senhor, agora
compreendo teu ensinamento” ao que o Mestre respondeu:” Observa, isto é o
CÉU.” A honra é o domínio e fortaleza interna. ”Ainda que me desnudes e insultes,
que importa?…. Não poderás manchar minha ALMA com teu ultraje.

O VALOR, A AUDÁCIA E O SOFRIMENTO


Conhecimento, que inclui: Conhecimento do Homem, da Natureza e do
destino.
Confúcio define o valor por seu contrário, ao dizer: “Conhecer o que é justo,
e não executá-lo, denota falha de valor. O verdadeiro valor consiste em viver
quando é justo viver, e morrer quando é justo morrer.”
O aspecto espiritual do valor se manifesta na compostura, a tranqüila
presença do espírito.
A tranqüilidade é o valor em repouso; é manifestação estática do valor,
assim como os atos audaciosos são uma manifestação dinâmica.
Um homem verdadeiramente valoroso está sempre sereno; jamais é tomado
de surpresa, nada perturba a equanimidade de seu espírito. No auge da batalha
permanece frio; no meio catástrofes mantém seu espírito em repouso, os
terremotos não o abalam e ri na tempestade.
Verdadeiramente grande é quem em presença imediata de um perigo de
morte, conserva o domínio sobre si mesmo, quem não compor um poema estando
ameaçado de um grande perigo ou cantarolar uma canção frente à morte; levar a
termo uma dessas ações sem que trema a perna ou a voz, se considera como
prova infalível de uma natureza forte, que longe de saturar-se tem sempre lugar
para algo mais”.

Ota Dokan, o grande fundador do Castelo de Tóquio, foi atravessado por


uma lança; seu assassino, conhecendo as tendências poéticas de sua vítima
acompanhou o golpe com este verso: Ah! Quão certo é, que em momentos como
este, nosso coração chora a fragilidade da vida” e, no mesmo instante, o herói
experiente, sem acovardar-se pela ferida mortal, respondeu: “Se é que em horas
de Paz não aprendemos a olhar a vida com indiferença”. Coisas que são sérias
para os mortais podem ser consideradas como um jogo para um valente. Daí que
as antigas guerras não fosse coisa rara, que as partes beligerantes fizessem um
torneio de poemas ou iniciassem uma discussão retórica. Um combate não era
somente um assunto de força bruta; era também uma luta intelectual. ”Deveis
estar orgulhosos de nossos inimigos, porque então o triunfo de vosso”. O valor e a
Honra pedem que não sejamos inimigos na guerra, senão de quem mereça ser
nosso amigo na Paz.

A ESPADA, A ALMA DO SAMURAI


Desde muito cedo, o Samurai aprendia Esgrima. Aos cinco anos, se vestia
como todo traje de Samurai e, se colocava sobre um trabalho de GO (supõe-se
que represente campo de batalha) e, iniciava-se nos mistérios da profissão militar,
atravessando em seu cinturão uma espada de madeira; em seguida, a espada era
substituída por outra de madeira dourada e, depois de alguns anos passava a usar
a outra, verdadeira, porém, sem fio. Aos 15 anos, passavam a ter espadas com
grande corte. Durante o dia, eram guardadas no lugar mais visível da casa. À
noite, vela o descanso de seu amo, junto à almofada, ao alcance de sua mão. Os
filhos dos Samurais eram desde muito pequenos educados nas disciplinas mais
rígidas; levantavam-se antes do sol; dirigiam-se à casa dos Mestres com os pés
descalços e no mais frio inverno, passavam as noites sem dormir, lendo livros em
voz alta, visitavam sozinhos durante a noite os lugares de execução, etc.
A veneração que recebiam as espadas converteu-se em adoração e em
objeto de culto.
A espada é o símbolo dos poderes da alma, o poder criador e destruidor,
representados em cada um de seus fios. Simboliza a manifestação dual da
natureza, a polarização do Universo, se associa ao Sol e a Sabedoria, que corta os
nós da dúvida e do temor. A Bainha representa o Corpo Físico, que serve de
templo protetor.
O conjunto é o seus períodos de atividades e repouso. Ao desnudar o aço, é
a alma que atua com rapidez como raio e com mestria, seguindo nas danças o
movimento dos astros e, quando recolhia, só deve ser guardada, envolvida em
seda ou couro. Um lema antigo sempre lembrava ao Samurai o seguinte: “Não me
desnudes sem motivo. Não me guardes sem honra”;

KYOKUSHINKAIKAN E A ESPADA
A espada Japonesa não é somente uma arma perigosa, uma arma
desenhada para matar eficazmente, mas também é uma bela obra de arte.

E assim deveria ser um praticante de ARTE MARCIAIS. Uma pessoa tem a


escolha de utilizar a arte para se desenvolver numa peça de beleza ou numa arma
totalmente destrutiva e insensível. Torna-se numa pessoa civilizada e atenta. A
arte ensina como se viver e como morrer; como dosar vida e como tirá-la. O
coração deveria mostrar a beleza artística da espada. A vida é uma luta constante;
vive-se com a pureza e com a intensidade de uma espada, deliberadamente e com
espírito infalível do seu corte.

O BUSHIDO tratou ligeiramente do puro conhecimento.

Não se buscava como fim substancial, mas como um meio farta a aquisição
da SABEDORIA.

O homem que se detém no puro conhecimento sem chegar a seu fim maior,
era considerado não mais que uma máquina útil capaz de fabricar máximas e
poemas a ordem. Assim o conhecimento se identifica com sua aplicação prática na
vida, a esta doutrina Socrática encontra seu mais constante expositor no filósofo
chinês Wang Yanng Ming que jamais cansou de repetir, “ Saber e Fazer não são
mais que uma coisa”.

Disse outro Bushi, “Retidão é o esqueleto que presta firmeza e mantém a


estrutura. Assim como sem os ossos a cabeça não pode descansar sobre os
ombros, nem as mãos mover-se nem pés sustentar-se, também sem retidão, nem
talento nem estudo pode-se converter um ser humano num Samurai.

REGINALDO CARVALHO SEU AMIGO CERTO DAS HORAS INCERTAS, CONTE


COMIGO ADVOGADO E PROFESSOR DE JUDO KODANSHA (6ª DAN).

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