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HISTORIA

LIVRO

PERSEGUIDO

BRASIL
Equipe de

Reportagem
Todos os direitos reservados à

Editora Revisão Ltda


R. Voltaire Pires, 300
Conj. 2 - CEP 90.630
Porto Alegre - RS - Brasil

Catalogação na fonte

A historia do livro mais perseguido do Brasil


[pela] Equipe de Reportagem do RS. Porto
Alegre, Revisão, 1991.

ISBN 85-7246-008-X

1. Segunda guerra mundial - História - Judeus.


2. Segunda guerra mundial - História - Judeus -
Artigos de jornais. I. Equipe de Reportagem doRSi
II. Título.

CDU 940.53(=924)
94G.53(=924)(046)

Ficha catalografica elaborada pela Bibliotecária


Ma Elisabete Garcia CRB 10/213
UMA PEQUENA INTRODUÇÃO

1- Eu vou pagar o pato. É, eu sei que vou pagar o


pato. Aconteça o que acontecer, eu vou terminar pa
gando o pato. Desde que a minha equipe resolveu co
locar no.cabeçalho do RS:"O Jornal do Jockymann" que
eu pago o pato. Eu sei que eles estavam bem inten
cionados, que o jornal não vendia, que ninguém sabia
o que era RS, mas mesmo assim, no dia em que junta
ram o sub-título, eu comentei: "Daqui por diante vou
pagar o pato". E paguei. Não sai uma linha no RS sem
que os vivos da cidade digam: "Foi o Jockymann" que
escreveu. Até o Promotor do Caso Daudt berrou na
frente das câmeras, que não existia Lopes de Veiga,
que não existia Heraldo de Souza,que não existia Ale
xandre Frol, porque eu, Jockymann, era todos eles.
"0 Jockymann é o maior gênio da nossa imprensa", ele
disse. Sou ubícuo e múltiplo. Até o Mendelski, que é
uma raposa velha,jogou sobre meus ombros um descuido
do Heraldo. Outro dia um promotor aí disse que eu
transtornei todo o Caso Daudt e evidentemente absol
vi Dexheimer. Não passa dia sem que alguém me pisque
um olho e diga:"Foi vocêquem escreveu isso,não foi?"

2- Por que, eu perguntei ao Amadeu Weinmann,por que?


E ele me respondeu: "Porque tu és notório". Nem a-
dianta dizer que não tenho culpa de ser notório,por
que no dia seguinte um vivo irá dizer que eu plane
jei tudo isso. Porto Alegre, lamentavelmente,é assim.
Eu não cheguei até aqui porque trabalhei feito um cão,
mas porque sou muito malandro, muito esperto e muito
tinhoso.No mesmo dia em que vendi um apartamento pa
ra dar de comer à minha família, um vivo me viu sair
do cartório e me disse na cara: "Baita golpe, tchê.
Vendes o apartamento e continuas com os dólares".
Depois da falência da Caldas Júnior,fiquei po
bre de marre, marre, marre. Até hoje pago dívidas e,
pelas minhas contas, continuarei pagando até o final
de 1992. Ainda não consegui convencer ninguém disso.
Portanto, não há mais nada que eu possa fazer,vou pja
gar o pato pela série de reportagens que iniciamos
hoje sobre Siegfried Ellwanger e seu livro "HOLOCAUS
TO; JUDEU OU ALEMÃO?"

3- Não sei o que fiz para ser chamado de anti-semita.


Escapa do meu entendimento. Mas é uma acusação tão
imbecil que me recuso a discuti-la. Em 1984,quando a
Caldas Jr. entrou em crise, distribuíram um panfleto
que perguntava: "Agora que a Caldas Jr. fechou, onde
os nazistas Rogério Mendelski, Adroaldo Streck e Ser
gio Jockyrnann vão encontrar emprego?"Me disseram que
o autor era o dono de uma fábrica de móveis. Ri. Sou
anti-imbecis de todas as nacionalidades. Sejam eles
judeus, alemães, japoneses ou brasileiros.0 Mauricio
Rosemblatt me disse um dia que judeus e alemães se
hostilizam tanto porque são dois povos que se julgam
superiores. Não me convenceu. Jung disse exatamente
o contrário,que judeus e alemães não se entendem poj:
que se julgam inferiores.

4- Eu, pela minha parte, fico com Louis Bromfield,


que colocou o seguinte diálogo no primeiro capítulo
do romance "As chuvas de Ranchipur":
-Você gosta de alemães?-perguntou o primeiro.
-Não-respondeu o segundo.
-Você gosta de ingleses?-tornou a perguntar o
primeiro.
-Não-respondeu mais uma vez o segundo.
-Você gosta de judeus?
-Não.
-Mas que diabo-explodiu o primeiro- afinal de
quem você gosta?
-Dos meus amigos-respondeu o segundo.
Eu assino embaixo sem perguntar o sobrenome dos
meus amigos, sua religião, sua raça ou seu credo po
lítico.

5- Desde março de 1987 que os meus editores me suge


rem uma série de reportagens sobre o livro "HOLOCAUS
TO; JUDEU OU ALEMÃO?" e o seu autor, S.E.Castan.Des-
de março de 1987 que eu recuso. Por quê? Sou hones
to. Pura intuição. Achei que não estava na hora.Li o
livro? Li. Tenho minha opinião sobre ele,que preten
do externar no momento oportuno. Durante um ano in
teiro não tive a menor idéia sobre S.E.Castan. 0 dia
que descobri, fiquei meia hora de boca aberta. Eu e
o Dr. Gildo Milman conhecemos o Siegfried Ellwanger
Castan no lugar mais inesperado do mundo. Duvido que
o Gildo descubra, assim como eu duvido que eu jamais
teria descoberto, se ele não me dissesse quem era. A
vida, senhores, causa efeitos estranhos sobre a vida
dos homens.

6- Eu detesto censura. Eu não dou a nenhum homem o


direito, sob nenhum pretexto, de censurar ou apreen
der obras alheias. Toda a minha vida foi dedicada à
causa da Liberdade. De todas as liberdades, nenhuma
me é tão cara quanto a liberdade de expressão. Senti
na carne o ultraje de ser censurado. Acho que qual
quer judeu que defenda a apreensão de livros, está
cuspindo no sangue do seu próprio povo, que, como
nenhum outro, sentiu as conseqüências da intolerân
cia. Não existe meia Democracia, não existe meia Li
berdade. Todo homem é livre para dizer ou escrever o
que pensa, mesmo que isso me desagrade, me ofenda ou
me desrespeite. Quem concorda com a apreensão de um
livro hoje, aprova a prisão de um adversário amanhã
e fatalmente, cedo ou tarde pedirá o extermínio dos
que considera seus inimigos.0 desrespeito pela huma
nidade começa sempre pelo desrespeito a um homem. A
causa da liberdade não tem exceções.

7- Vou publicar a série de reportagens sobre o livro


"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMBO?" e sobre o seu autor;
Siegfried Ellwanger Castan, por duas razões. Primei
ra, porque ela é vital para nossa democracia, porque
põe em questão a causa da liberdade. Segundo, porque
é uma excepcional matéria de interesse jornalístico.
Ponto final, senhoras e senhores.
8- Não tenho preconceitos, não tenho rancores e não
tenho contas a acertar com ninguém. Não estou preo
cupado com a felicidade de um povo, mas de toda a hu
manidade. Espero poder, com essa série, pelo menos
diminuir o número de imbecis de nosso Estado. É uma
tarefa ingrata, eu sei. Mas se,através de nosso tra
balho, conseguirmos que pelo menos uma meia dúzia se
sinta constrangida em nos fazer vítimas de sua idio
tice, eu já me acharei realizado. Dedico esta série,
preparada por jornalistas jovens e cheios de espe
rança, a todos os homens e mulheres de boa vontade
que, como eu, acreditam na liberdade.

SÉRGIO JOCKYMANN
Jornalista
Porto Alegre, 17/11/1990.
O JORNAL D
ANOS • N.-218 • PORTO ALEGRE • Novwnbio 17/18 • 19» • Pn^OCtttOflO

HISTÓRIA
m> DO LIVRO
PERSEGUIDO
DO BRASIL

A CAMPANHA ELETRÔNICA
A HISTORIA DO LIVRO
MAIS PERSEGUIDO DO BRASIL

CAPÍTULO I

EMPAREDADO PELO SILÊNCIO DOS MEIOS DE CO


MUNICAÇÃO , MESMO ASSIM ELE JA VENDEU MAIS DE
100.000 EXEMPLARES, UM RECORDE QUE NENHUM
OUTRO LIVRO JAMAIS ALCANÇOU EM NOSSO ESTADO

Não concordo com uma só palavra


do que dizeis, mas defenderei
até a morte o vosso direito
de dize-lo - voltaire -

Dia 6 de novembro de 1990, "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?".


terça-feira. Os jacarandás estão A cena não é nova para os
floridos, os pardais,tagarelas co porto-alegrenses. Em 1964 as li
mo sempre e os namorados passeiam vrarias Farroupilha e Coletânea
de mãos dadas. A Feira do Livro foram invadidas por agentes do
inicia mais uma das suas tardes DOPS e todos seus livros foram
festivas. Num segundo,no entanto, confiscados, acusados de pregarem
o tempo pára perplexo e logo co a subversão. Entre os livros sub
meça a regredir. O Delegado Roque versivos apreendidos estava "0 A-
Villande, em companhia de quatro MANTE DE LADY CHATTERLEY".Até ho
policiais, se dirige para uma das je, por sinal, perdura uma dúvida
bancas da Livraria Palmarinca e terrível:Quem era o subversivo; o
comunica a um dos seus proprietá amante ou a própria Lady? Mas e-
rios, Rui Gonçalves, que, por or xiste uma profunda diferença en
dem do Juiz plantonista da Comar tre 1964 e 1990. Há 26 anos as a-
ca de Porto Alegre,deve apreender preensões eram lideradas por a-
todos os livros da Editora Revi gentes federais.Na terça-feira, 6
são, acusados de fomentar o anti- de novembro, a apreensão era li
semitismo pelo "Movimento Popular derada pelo "Movimento de Justiça
Anti-Racismo". Antes que os pre e Direitos Humanos".Decididamente
sentes consigam se refazer da sur a pobre democracia brasileira pqs_
pressa, os policiais começam a sui inimigos nos lugares mais i-
retirar os livros das prateleiras.. nesperados.
0 primeira a ser confiscado é:
preensão, declarando:
-0 ato de apreensão
Mas, apesar dos pesares,os qualquer livro, seja qual for seu
tempos mudaram. Em 1964 ninguém conteúdo, é arbitrário e fere os
parava para assistir ao assalto direitos constitucionais.
do DOPS às livrarias. Todos os Luiz Gomes, estudante de
porto-alegrenses que passavam pe filosofia,que assistiu ao confis
la Andrade Neves ou pela Praça da co, ironizou:
Alfândega caminhavam apressada -"Madame Bouvary" é in li
mente de cabeça baixa, porque um vro atroz, pornográfico e desesta
simples olhar de desagrado pode bilizador. Tenho certeza que pre
ria acarretar uma prisão ou um es^ judica as boas famílias. Quem sa
pancamento. Em 1990, nem a presen be se impetra um mandado de se
ça de líderes do Movimento Negro, gurança contra ele?
do "Movimento Popular Anti-Racis- 0 Delegado Roque Villande
mo" e do Movimento de Direitos nSo fez comentários, declarou a-
Humanos, conseguiu abafar a in penas que cumpria uma ordem judi
dignação do público. Rui Gonçal cial
ves, um dos sócios da Livraria
Palmarinca,foi o primeiro a se in A REVOLTA
surgir contra a decisão:
-É o fim da picada - decla Enquanto os policiais corn
rou. pletavam a sua ingrata tarefa,uma
-No ano passado, o Movi pequena multidão se formava na
mento de Direitos Humanos me pves_ frente das barracas da Livraria
sionou para retirar os livros.Não Palmarinca, vaiando o confisca.
cedi porque esse boicote é perigo^ Por um momento parecia que have
so. Se eu for por aí, logo terei ria um choque entre populares i
que retirar das prateleiras ou os membros dos Movimentos que pa
tras obras que não agradem a es trocinavam a apreensão, mas os
te ou aquele setor. próprios livreiros, temendo uma
A publicitária Daniela violência maior 7acalmaram os âni
Silva, de 21 anos, foi incisiva: mos, h noite,como era inevitável,
-É um absurda. Afinal de a apreensão foi noticiada pela te
contas nos juraram que que a cen levisêto, onde, pela primeira vez,
sura tinha acabado.Todo mundo po foram ouvidos os que discordavam
de publicar o que quiser. Os lei da medida. No dia seguinte,o jor
tores são livres para comprar ou nalista Juremir Machado da Silva
n3o. condenou nas páginas centrais de
Rodrigues Tlll,advogado e ZERO HORA a apreensão dos livros
editor, também foi contrário a a- da Editora Revisão, declarando:
"Não dá para dizer outra Logo que o último livro
coisa: direitos humanos, negros e foi retirada, seu advogado, o Dr.
judeus, pisaram na bola".
Marco Pollo Giordani,anunciou que
Era a primeira vez que o entraria com um mandado de segu
jornal, de propriedade da família rança contra a decisão judicial
Sirotsky, permitia que a liberdade que havia determinado a apreensão
da Editora Revisão publicar o que dos livros. Mas na quarta-feira
quisesse fosse defendida. 0 que posição do "movimento Popular An-
não impediu, evidentemente,que no ti-Racismo" parecia ser imbatível.
dia seguinte o "Movimento Popular Rui Gonçalves, o sócio da
Anti-Racista" enviasse uma carta Livraria Palmarínca que estava
ao jornalista dizendo-se "surpre presente quando os livros foram
endido pela matéria opinativa de apreendidos, foi intimado a depor
sua assinatura". Ao mesmo tempo, na 1S Delegacia de Polícia. Ele
em todos os programas de debates não se mostrou preocupado.
do rádio e da televisão,o confis -Que eu saiba- disse -ne
co era debatido pela comunidade. nhum dos livros estava proibido
A opinião pública desta vez foi de circular. Não entro no mérito
totalmente contrária à apreensão ideológico dos livros. Sou um co
de livros, considerando o ato ar merciante e apenas vendo meu pro
bitrário è inconstitucional. duto. Sabemos que outras livrarias
têm as mesmas obras da Editora Re
visão na Feira,mas só a Palmarin-
A REPETIÇÃO
ca foi atingida. Gostaria de sa
ber por quê.
Nem por isso, no entanto,
a açSo policial diminuiu.Na quar No fim do dia,a Federação

ta-feira, as cenas deprimentes da Israelita do Rio Grande do Sul co-

Praça da Alfândega se repetiram


comunicava à Câmara Rio-granden-

na sede da Editora Revisão. Um se do Livro que a entidade nada

apreensão de livros "anti-semi


tora e confiscou mais de oito mil
tas".
volumes de suas prateleiras. Des
ta vez, Siegfried Ellwanger, au
tor dos livros mais visados e pro^ O MANDADO
prietário da editora, estava pre
sente, mas não ofereceu o menor Na sexta-feira, 9 de no
obstáculo à ação policial: vembro, o desembargador Waldemar
-Vamos recuperar todos e,s Luiz de Freitas F9. concedeu o
ses livros- declarou tranqüilamen_ Mandado de Segurança impetrado pe_
te. E acrescentou: Ia Editora Revisão contra a de
-Isso não vai ficar assim. cisão judicial que determinou a
apreensão de seus livros. 0 des Lei exigia, a sua decisão.A de_
pacho foi extremamente duro e co cisão do Juiz foi absolutamente
meça dizendo: lacônica:
"Não se sabe quais as ra- "Defiro. Prazo de cinco
zBes que levaram o MM. Juiz Impe dias. Horário das Oóh às 19:30 ho
trante a tão extrema decisão, da ras".
do que o ato judicial impetrado Encerrando o seu despacho,
não apresenta qualquer fundamen diz o desembargador Waldemar Luiz
tação" . de Freitas F2,;
Ao que tudo indica, a apre_ "Uma última palavra, dada
ensão dos livros foi uma cadeia de a delicadeza da matéria: não sig
atos impensados e atabalhoados que nifica, esta decisão, que não se
atropelou a própria Constituição. possa combater o racismo. Não só
Primeiro, a Polícia aceitou aqueí^ se pode, como se deve, poise cri
xa do "Movimento Popular Anti-Ra- me nefando. Contudo,é preciso ter
cismo", sem exigir prova de que a cuidado para que, na ânsia de se
entidade existia. Como lembrou o querer erradicar do orbe, tal im-
desembargador Freitas FePJ a re fâmia, se atropele as regras da
presentação "vem firmada por pes lei e os próprios direitos huma
soas físicas sem que se saiba se nos, inseridos no artigo ne 5 da
jam, realmente,representantes le Carta Magna nacional". E diz,
gais da 'entidade1 representante". mais adiante:
Segundo, não foi feito o "É preciso que os comba
indispensável inquérito policial. tentes do racismo não acabem por
A representação foi encaminhada à cometer os mesmos equívocos que os
1& Delegacia no dia 5 de novembro agentes do racismo".
e, no mesmo dia, o titular da de 0 mandado de segurança
legacia a enviou ao Juiz de plan liberou os livros apreendidos,mas
tão, que, por sua vez, na mesma nem por isso colocou um ponto fi
data ordenou a apreensão. Como nal na questão. Mas isso não per
lembrou ironicamente o desembar turba Siegfried Ellwanger Castan,
gador Freitas FB.: porque ele, desde 1987, armado de
seus livros, luta contra a Histó
"Datavênia,duvido que ha
ria e os movimentos anti-racistas.
ja abertura e encerramento de um
inquérito policial em um só dia".
Terceiro, a 1^ Delegacia 0 COMEÇO
não oficiou ao Ministério Públi-
co, como manda a Lei. 0 ano de 1987 começou de pé
Quarto, o Juiz de plantão esquerdo. 0 Plano Cruzado havia
que ordenou a apreensão dos li desabado em novembro,os juros co
vros não fundamentou,, coma a meçaram a subir vertiginosamente
e a inflação retomou,como sempre, Na opinião de Valdir, o l_i
a sua caminhada.Não havia dinhei vro estava sendo lançado justa
ro na praça e a temporada de vera mente onde devia. Provavelmente,
neio em Capão da Canoa prometia se ele tivesse lido duas ou três
muito pouco. páginas, teria mudado de opinião.
0 sr.Valdir Matzembacher, Mas enfim, Valdir tem outros ne
dono da Livraria Seleta,não esta gócios e não lhe sobra tempo para
va muito preocupado,porque o for andar lendo os livros que vende.
te do estabelecimento não eram os Uma boa promoção poderia ajudar

livros, mas as revistas,e em tem as vendas, que estavam fracas, e

porada de praia as vendas sempre por isso ele aceitou o oferecimen

pagavam as despesas. Mesmo assim to daquele alemão sorridente que

foi com entusiasmo que Valdir re se chamava Siegfried Ellwanger.


cebeu um alemão gordo e sorriden
te que lhe propôs lançar um livro
A PREPARAÇÃO
na sua livraria.
Valdir le muito pouco
Nas últimas semanasde ja
considera os livros como simples
neiro, o próprio Ellwanger come
mercadoria. 0 título do livro lhe
çou a preparar o lançamento.A li
parecia muito promisor; "HOLO
vraria foi praticamente forrada
CAUSTO; JUDEU OU ALEMfiO?". com cartazes de fotografias de Hi-
0 sub-título também prometia boas
tler, Stalin, Churchill e outros
vendas: "Nos Bastidores da
líderes da Segunda Guerra Mundial.
Mentira do Século". A Livraria Seleta é.também
Mas o que mais agradava o um posto da Loteria Esportiva e,
dono da Livraria Seleta é que o por isso, em menos de uma semana
autor do livro estava disposta a todos os clientes comentavam o li
gastar um bom dinheiro no lança vro.

mento. Ele não só publicaria anún Em fevereiro, Ellwanger


cios nos principais jornais de cumpriu a sua promessa e publicou
Porto Alegre, como prometia rede- anúncios de um quarto de página
corar a livraria com cartazes e no CORREIO 00 POVO, no JORNAL DO
fotografias de líderes da Segun COMÉRCIO e na GAZETA MERCANTIL. Os
da Guerra Mundial. Os balconistas balconistas reclamaram que a ZERO
também acharam que o livra vende HORA era o jornal mais lido em
ria bem porque havia a palavra má Capão da Canoa; mas Valdir achou
gica na capa: "judeu". Capão da que Ellwanger estava guardando o
Canoa é.a praia do Rio Grande do matutino para a última semana.Ele
Sul que possui o maior número de realmente nunca se preocupou com

freqüentadores da comunidade ju o lançamento, porque a receptivi


daica. dade parecia boa e tudo levava a
crer que a novidade seria bem-su- sar pela avenida principal sem ver
cedida. a promoção. Mesmo assim, fora da
Os balconistas, no entan coletividade israelita, ninguém
to, na medida em que se aproxima mais se lembra do lançamento. 0
va o dia do lançamento,reclamavam verSo, por si só tem memória cur-
da falta de anúncios na ZERO HO e até mesmo entre os judeus, foi
RA. Dois deles dizem que Ellwanger difícil encontrar quem soubesse
explicou, na ocasião,que os anún precisar a data. Todos falam que
cios da ZERO HORA eram muito ca "naquele verão" lançaram um livro.
ros e não compensavam o gasto. Por No fim de semana surgiram
sinal, nenhum dos jornais de Por os primeiros curiosos. Tanto El
to Alegre teve a menor restrição lwanger quanto Valdir esperavam
aos anúncios. 0 departamento co que a coletividade judaica dispu
mercial da ZERO HORA jamais rece tasse o livro avidamente e seu au
beu qualquer solicitação de Sieg- tor chegou a comentar que achava
fried Ellwanger ou de quem quer cinco mil exemplares muito pouco.
que seja para a publicação de a- Sua grande preocupação em feve
núncios do- livro "HOLOCAUSTO; JU reiro de 19$7 era conseguir um
DEU OU ALEMÃO?". Se tivesse sido meio para imprimir outros cinco
solicitada a publicação,não teria mil nas próximas semanas. As ven
havido o menor impedimento. Mes das, no entanto, não estavam cor
mo porque os anúncios eram abso respondendo à expectativa. Valdir
lutamente inócuos.Vários leitores se mostrava mais esperançoso por
inclusive acharam que o autor era que alguns membros influentes da
judeu e que o livro era contra o comunidade judaica haviam adqui
nazismo. rido o livro no domingo pela ma-
nhS. Os dois esperavam que o su
0 LANÇAMENTO cesso acontecesse na terceira se
mana de fevereiro.Confiado nisso,
"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALE- Ellwanger aumentou a publicidade
MAO?" foi iançado no dia 13 de fe no CORREIO DO POVO e no JORNAL DO
vereiro de 1987, uma sexta-feira. COMÉRCIO.
0 dia estava quente e cheio de sol
e por isso o movimento da Livra
O SILÊNCIO
ria Seleta estava baixo. Nem mes
mo os apostadores da Loto e da Lo- Na semana seguinte, no en
teca ajudaram, porque em Capão da tanto, a venda foi mínima.Qs bal
Canoa as apostas encerravam na conistas notaram que os clientes
quinta-feira.Toda a frente da li judeus tinham diminuído, mas até
vraria estava cheia de cartazes e então não havia nenhum comentário
banderolas e era impassível pas em Capão da Canoa.Como jamais ha-
via sido feita uma experiência, senhora baixinha e de cabelos
Valdir só conseguia atribuir a brancos, apanhou um exemplar do
venda fraca ao tradicional desin livro, caminhou até a caixa eper
teresse dos brasileiros pelos li guntou furiosa:
vros. Ellwanger, inclusive,comen -Por que vocês estão ven
tou na ocasião que não se surpre dendo essa porcaria?
endia com o fracasso das vendas, Antes que os funcionários
parque havia escrito o livro pen conseguissem abrir a boca, ela a-
sando na Espanha e Portugal. Na tirou o livro longe e saiu. 0 es
ocasião, ele comentou que Capão pantoso é que nenhum dos balconis
da Canoa era uma espécie de tes tas tenha revelado a menor curio
te para aquilatar as possibilida sidade para saber o que havia no
des do livro. livro para provocar uma reação tSo
Seu ponto de vista pare violenta. Todos eles acharam que
cia correto no fim de semana,quan a senhora de cabelos brancos era
do, para surpresa^ dos próprios uma neurótica que havia cismado
vendedores,os turistas argentinos com o livro.
começaram a demonstrar interesse
Nenhum deles também reve-
pelo livro.Nas últimas semanas de

ber quem ela era.A palavra "anti-


por oitenta por cento das vendas.
semita" não foi pronunciada e o
Quanto ao público costumeiro de
"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMRO?«cqn
Capão da Canoa,continuava absolu
tinuou inocentemente na vitrine.
tamente desinteressado. Apesar de
todos os cartazes,que durante to
do o fim da temporada continuavam
Ninguém em Capão da Canoa
decorando a livraria,raramente um
se recorda de qualquer manifesta
cliente folheava o livro de S.E.
ção pública ou privada da comuni
Castanho pseudônimo escolhido por
dade judaica contra o livro. Não
Siegfried Ellwanger.Pouco a pouco
houve qualquer comentário nos ba
os livros começaram a ser retira
res e restaurantes.
dos e devolvidos ao autor.
Hoje se sabe que várias
famílias judaicas leram o livro e
O SINAL ficaram indignadas com o seu con
teúdo, mas na época todos prefe
No último sábado de feve riram silenciar sobre o assunto.
reiro, no entanto, surgiu o pri A comunidade israelita, sempre
meiro sinal da tempestade que se muito discreta, condenou o livro,
aproximava* mas preferiu ignorá-lo a tomar
À tardinha, quando o mo qualquer outra medida.Nem Valdirj
vimento da livraria era maior,uma nem os que trabalharam na Livra-
ria Seleta, naquele verão de 87, se pé quebrado e se locomovia com di
recordam de qualquer tipo de pres ficuldade.
são. A senhora baixinha e de cabe -Achei o livro muito cha
los brancos foi o único e solitá to -diz ele-porque não sou ligado
rio sinal de repúdio. nesse negócio de guerra.
Compagnoni não sabe que
fim o livro levou e ficou muito
0 BOICOTE
espantado quando soube que era con_
siderado um livro anti-semita.
Até abril de 1987 não hou
Ao que tudo indica,os poucos lei
ve qualquer boicote oficial con
tores não-judeus não se entusias
tra o livro de Ellwanger.O silên
maram com o livro,nem ficaram im
cio que caiu sobre ele partiu da
pressionados com suas revelações.
comunidade israelita e faz parte
Mas aqui é preciso notar que El-
do seu modo de agir em situaçSes
lwanger na época nem sonhava on
semelhantes. Os primeiros judeus
de encontrar o público para seu
que leram o livro acharam que ele
livro.
era de qualidade inferior e que
não teria a menor chance de ter
maior repercusão, a menos,é claro,
O FRACASSO
que se transformasse num escânda
lo. Embora não tenha havido ne Q fim da temporada de 87
nhuma reuniSa.nem em Capão da Ca foi melancólico tanto para o li
noa nem em Porto Alegre, houve um vreiro quanto para o autor.Apesar
consenso geral entre os judeus de de toda a curiosidade dos argen
que o melhor caminho era desconhe tinos, o livro foi um fracasso de
cer o livro,já que as prateleiras vendas. Vendeu 350 exemplares. É
cheias da Livraria Seleta pare muito mais do que vende usualmen
ciam provar que ele era um rotun- te um best-seller em Capão da Ca
do fracasso de vendas. Na época noa ou em qualquer outra praia
também ninguém fez o menor comen gaúcha, mas era muito pouco para
tário sobre a curiosidade dos ar as ambições do autor, que sonhava
gentinos, fato que,ao que tudo iri com cinco ou dez mil leitores.To
dica, passou em brancas nuvens. da a parafernália de propaganda
Fora da coletividade is montada na livraria foi retirada
raelita,o livro também não provo e Ellwanger voltou para Porto A-
cou a menor curiosidade.Foi difí legre com um encalhe de 4.650 e-
cil encontrar seus primeiras lei xemplares.Suas vendas tinham sido
tores em Capão da Canoa. Um ape rigorosamente de 7% da edição.
nas, Mario Compagnoni, se recor Como se não bastasse o fra
da de ter comprado o livro no fim casso das vendas,"HOLOCAUSTO; JU
de fevereiro,porque estava com um DEU OU ALEMÃO?" havia sido também
um desastre de crítica. Ellwanger ger. Mais habituadas que ele aos
havia, corno fazem todas as edito negócios editoriais, as livrarias
ras, enviado exemplares do seu li haviam considerado a experiência
vro para todos os críticos e jor de Capão da Canoa um extraordiná
nais da cidade.Não recebeu sequer rio sucesso. Era voz corrente en
uma linha em troca. Nas redações tre os livreiros,que um livro que
o livro nem chegou a ser examina havia vendido 350 exemplares em
do. Era consenso geral de que se quatro semanas, na praia, poderia
tratava de mais um livro denun vender facilmente cinco ou dez mil
ciando as barbáries do nazismo. no ano inteiro. Por sinal, todos
Delmar Marques, hoje edi os livreiros, naquela altura, sa
tor do ESTADO DE SAO PAULO,se re biam muito bem do conteúdo do li
corda que no JORNAL DO COMÉRCIO ai vro. Ao contrário de Valdir Mat-
guém comentou que "um irmão do Nel zembacher, nenhum deles estava
son Castan havia escrito um livro comprando no escuro, mas absoluta_
defendendo Israel" Nelson Castan, mente consciente de que se trata
vereador e um dos membros desta va de uma obra explosiva que já
cados da comunidade israelita,era havia desagradado à comunidade
na época, diretor da CARRIS. israelita.
Até março, nenhum crítico 0 que interessava para os
examinou o livro de Ellwanger. A livreiros é que a publicidade que
maioria nem sequer se recorda de se destinava a Capão da Canoa ha

tê-lo recebido. Diga-se de passa via despertado o interesse da Ca

gem que naquela época havia uma pital e de todo o interior do Es


minissérie na televisão intitula tado. Todos os balconistas se re
da "Holocausto" e que a maioria cordam muito bem de que, nas pri

confundiu com o livro. Com o fi meiras semanas de março, dezenas

nal da temporada de praia,a comu de pessoas entravam nas livrarias

nidade israelita também esqueceu pedindo o livro de Ellwanger.Ani

S.E.Castan e seu livro de estréia. mado com esse súbito e inesperado

Muitos judeus hoje confessam que interesse, o autor foi extremamen

acreditaram que "HOLOCAUSTO; JUDEU


te condescendente em termos dè ne

OU ALEMAO?"era mais um dos tantas gócios e distribuiu todos os cin


co mil exemplares que tinha, em
livrinhos anti-semitas quede tem
consignação. Aliviado,ele acredi
pos em tempos aparecem nas livra
rias e depois somem, para os ju
tava que poderia vender pelo me

deus, portanto, ele era um caso nos três mil exemplares e assim

encerrado em março de 1987. pagar os custos da edição. Nem de


longe sonhava que venderia 100 mil
A SURPRESA exemplares, e que em trinta dias
Mas em Porto Alegre havia estaria empenhado numa verdadeira
uma surpresa à espera de Ellwan guerra.
CAPÍTULO II

O SUCESSO QUE NINGUÉM ESPERAVA

APENAS DUAS LIVRARÍAS


SE RECUSARAM A VENDER 0 LIVRO:
TODAS AS DEMAIS SE JOGARAM GULOSAMENTE
EM CIMA DO MAIOR SUCESSO EDITORIAL DO ANO

Na segunda quinzena de milagre conseguem quinhentos lei


março de 1987, o livro de Sieg- tores. "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALE-
friet! Ellwanger estava à venda em MSO?" foi um sucesso tão espeta
praticamente todas as livrarias de cular que vendia em média trezen
Porto Alegre. As duas únicas ex tos exemplares por mês em cada li-
ceções eram a Livraria Papyrus e a
Livraria Kosmos, que pertencem a
judeus ê que, quando procuradas,
se recusaram prontamente a vender A FEDERAÇÃO
□ livro. Embora hoje todos os li
vreiros se digam indignados com o Desde fevereiro a Federa

livro e solidários com a comunida ção Israelita do Rio Grande do Sul


de israelita, nenhum deles, na é- recebia centenas de cartas e te
poca,fez a menor restrição ao li lefonemas exigindo providências
vro "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMfíO?'.1 contra o livro "HOLOCAUSTO; JUDEU

Muito pelú contrário, todos eles OU ALEMRO?". A comunidade estava


se mostraram entusiasmados còm a dividida. De um lado, os mais jo

potencialidade de vendas do livra, vens exigiam resposta às acusações


que ganhou destaque em todas as de S.E.Castan (até então ninguém
vitrines das livrarias. sabia quem era realmente o autor).
Ele foi realmente o gran De outro lado,os mais velhos acori

de "best-seller" dos meses de mar selhavam prudência, confiando que


ço e abril. Normalmente um livro qualquer tipo de resposta termi

de sucesso vende em Porto Alegre naria por fazer mais mal do que
de trezentos a quinhentos exem bem,porque necessariamente aumen

plares por mês e raramente atin taria as vendas dó livra. Prova


ge a mil e quinhentos num ano. Ao velmente quem decidicr a questão

contrário do que se pensa, o por- foram os intelectuais da comunida

to-alegrense lê muito pouco."Best de, que leram o livro e considera

-sellers" internacionais vendem ram "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMfíO?!'


em média mil exemplares, e livros uma obra falha e mal-escrita.
sobre história e política só por Até abril a comunidade is-
raelita não exerceu a menor pres Ellwanger procurou uma agência de
são sobre as livrarias. Nenhum publicidade para fazer o lançamen
balconista entrevistada por nâs se to de seu livro. A agência alegou
recorda do menor incidente ou de que não poderia fazer o trabalho
que qualquer cliente judeu tenha porque possuia vários clientes jju
protestado contra a venda do livro. deus. Mas, na oportunidade,deu vá
Na Livraria Miscelânea, que fica rios conselhos a Ellwanger.Um de
na Andrade Neves,no centra da ci les é que não deveria procurar a
dade, e que possui vários fregue ZERO HORA, porque o jornal cer
ses judeus, o livro era vendido tamente não aceitaria seus anún
sem protestos. A comunidade engo cios .
lia sua revolta e esperava que o
0 que parecia ser um pre
tempo derrotasse S.E.Castan, fos
juízo, por que afinal a ZERO HORA
se lá ele quem fosse.
era (e continua senoo)o jornal de
maior circulação no Estado, ter
A IMPRENSA minou beneficiando Ellwanger de um
modo inesperado.Em vários municí
Também na imprensa Sieg- pios do interior,especialmente de
fried Ellwanger não tinha o menor colonização alemã,existe uma sur
problema. Seus anúncios,que se 11 da resistência contra a ZERO HO
mitavam a recomendar a leitura do RA, por acreditarem que o jornal,
seu livro, não continham a menor por ser de propriedade da família
crítica aos sionistas e foram pu Sirotsky, hostiliza os descenden
blicadas normalmente e sem a me tes de alemães. 0 fato do "HOLO
nor censura no CORREIO DO POVO e CAUSTO; JUDBJ OU ALEMflO?" não ser
no OORNAL DO COMÉRCIO. 0 que pro nem noticiado nem anunciado pela
va definitivamente que a comuni ZERO HORA transformou o livro nu
dade israelita ainda se mantinha ma espécie de protesto alemão e
na espectativa é que,durante mar foi o responsável por sua venda-
ço e abril, os anúncios do livro gem espetacular nessas regiQes.
foram também publicados normalmeji
te na edição local da GAZETA MER
A ESCARAMUÇA
CANTIL, jornal que é de proprieda
de da família Levy,membros de des Na medida em que o mês de
taque da comunidade judaica pau abril de 1987 avançava,os membros
lista. mais jovens da comunidade judaica
Em abril, naslivrarias cor ficavam impacientes, porque o li
ria o boato de que a ZERO HORA ha vra de S.E.Castan, longe de dimi
via se recusado a publicar os a- nuir o seu ritmo de vendas, o es
núncios do livro. 0 boato não tem tava aumentando. Foi em abril que
a menor procedência. Siegfried começaram a surgir os primeiros
boatos de que "HOLOCAUSTO; JUDEU mento horrendo num fato de
OU ALF-MRO?" não era obra de um ho reduzidas dimensões"*
mem só, mas fazia parte de um no
vo e vasto movimento anti-semita..
A RESPOSTA
Essa hipótese foi reforçada pelo
aparecimento de algumas suásticas
A rapidez com que 5ieg-
nos muros do Bom Fim (que depois
fried Ellwanger respondeu ao arti
se soube serem de autoria de mole
go do vereador Isaac Ainhorn dei
ques do próprio bairro).Toda essa
xa claro que ele aguardava o de
situação influiu no vereador Isa-
bate com ansiedade. Mesmo sem que
ac Ainhorn, que decidiu usar o dia
seu livro tivesse sido citado, a
26 de abril, "Dia da Recordação"
veemência da crítica de Ainhorn
para a comunidade israelita, para
provava que ele, Ellwanger, havia
dar uma resposta a S.E.Castan.
atingido a comunidade israelita.
"HOLOCAUSTO: quando é pre
No dia 29 de maio, ele publicou
ciso lembrar" foi o título de seu
uma longa resposta no CORREIO DO
artigo publicado na ZERO HORA,
PQVQ, usando como título o própria
justamente no dia 26 de abril.
nome de seu livro: "HOLOCAUSTO;
Embora o livro de Ellwan-
JUDEU OU ALEMSO?". Essa resposta,
ger não fosse citado, era eviden
por sinal, ficou quase duas sema
te a intenção de Ainhorn de con
nas na mesa do Sr. Renato Ribeiro,
testar suas alegaçSes:
proprietário do CORREIO DO POVO,
"Nunca é demais lem que demorou em conceder permissão
brar: os povos n5o devem para a sua publicação,temendo re
esquecer as grandes liçQes presálias da comunidade israeli-
da História, para que pos
sam assim opor obstáculos Siegfried Ellwanger nSo é
à repetição de fatos que jornalista nem escritor, mas um
foram trágicos para a hu engenheiro confessadamente sem ex
manidade. 0 Holocausto, o periência literária.Sua resposta,
genocídio, a morte de seis não entanto, em termos publicitá
milhões de judeustdeve,por rios, foi de um sucesso espetacu
isso, ser constantemente lar. Num parágrafo ele estabeleceu
lembrada para que a histó o grande divisor entre suas opi
ria não se repita. Princi niões e as opiniões dos judeus.
palmente agora, quando no Ele escreveu:
va onda anti-semita surge- "Numa passagem do seu
nos clara e evidente; co artigo o sr. Isaac cita *a
meçaram a questionar a ver morte de 6 milhOes de civis
dade trágica do Holocausto que nunca estiveram em guejr
querendo tornar o aconteci ra com ninguém, que não
eram soldados,que não usa ac Ainhorn e da Federação Israe
vam armas1.Justamente este lita.
mágico número de 6 milhões É irônico que a nota que
é que motivou a expressão desencadeou toda essa publicidade
do meu livro de MENTIRA DO inesperada tenha partido justa
SÉCULO. A página 210,eu ei. mente de Ainhorn, um dos mais ar
to as palavras do dr. Lis- dorosos defensores da tese de que
tojewski, um judeu,que de deveria ser evitado o debate.
clarou há 35 anos atrás: -Desde o inicio- declarou
■Como estatístico te o vereador- Ellwanger queria uma
nho me esforçado em 2 anos publicidade fácil.Por isso lançou
e meio em averiguar o núme o seu livro em Capão da Canoa, o
ro de judeus que pereceram balneário escolhido pela comuni
durante a época de Hitler dade judaica para descansar.0 au
(1933-1945). A cifra osci tor esperava que essa provocação
la entre 350 e 500.000. Se fosse lhe dar respostas hostis,
nós, os judeus, afirmamos que dariam notoriedade ao livro.
que foram 6-000.000,isto é Mas nós preferimos não responder
uma infame mentira1". na hora.
Três meses depois,o efei
to foi o mesmo. As vendas do li
0 ESPANTO
vro, que já eram um sucesso, pas
saram a ser um fenômeno.
Nunca os números do Holo
causto haviam sido contestados pe_ A EDITORA
Ia imprensa.Para a maioria do pú
blico,a cifra de 6 milhões era o- Em maiD,Siegfried Ellwan
ficial e definitiva.A nota publi ger foi literalmente atropelado
cada por S.E.Castan, contestando pelo sucesso. Livrarias, bazares e
o total,causou um violento impac banoas de revistas do interior
to entre os leitores do CORREIO DO solicitavam o seú livro, enquanto
POVO.Não se tratava mais da velha ele lutava para abastecer a capi
discussão se eram realmente seis tal. 0 que havia iniciado como um

ou cinco milhões, mas uma redução capricho se transformou num negd-


brutal para menos de dez por cen cio. Pressionado pelas vendas,ele
to da cifra conhecida. Pior, Cas- foi obrigado a se transformar em
tan apresentava como testemunha editor, lançando a Revisão Edito
um estatístico judeu. Mas,na opi ra Ltda.,com sede na rua Voltaire
nião da maioria dos leitores que Pires, 300,conjunto 2. Entre mar

entrevistamos, o que calou mais ço e maio, "HOLOCAUSTO; JUDEU OU


fundo na opinião pública foi a fal ALEMÃO?" teve cinco ediçBes, que
ta de contestação do vereador Isa_ somadas com a primeira punham na
rua 30 mil exemplares.Só com isso livros distribuídos ainda não ti
o livro se tornava o maior suces^ nham sido pagos.
so editorial de todos os tempos,
superando inclusive as obras mais
A SORTE
populares de Érico Veríssimo.
Naquela altura, Ellwanger
Os editores experientes
não pensava em editar outros li
só têm uma palavra para definir o
vros. Totalmente inexperiente, ele
sucesso de Ellwanger: sorte. No
ainda não se havia dado conta do
pior momento de 1987, quando os
fenômeno que era "HOLOCAUSTO; JU
juros começaram a disparar, ele
DEU OU ALEMRO?" e ainda pensava
distribuía livros à vontade em
que 30 mil exemplares era a tira
consignação, sem o menor prazo de
gem habitual de qualquer livro mé
pagamento. Se tivesse havido a
dio. Mal informado,ele também fez
mais ligeira queda nas vendas, a
uso do sistema de consignação, a-
Revisão Editora teria falido ele
chando que fosse o método habi
vado seu proprietário à miséria.
tual. Ele não teve o menor senso
O livro, não entanto, era
comercial e a menor cautela edi
um sucesso tão espetacular que su
torial nos primeiros meses. Aten
portava toda a desorganização da
dia todos os pedidos, sem jamais
editora e falta de pagamento das
cogitar da capacidade de venda das
livrarias. Não houve uma só que
livrarias.
deixasse de pagar,com medo de per
Possivelmente foi essa
der aquela galinha dos ovos de
gritante desorganização que aquie
ouro.
tou a coletividade israelita. Na
Apesar disso, em maio,
opinião geral, Ellwanger estava
quase que as profecias dos edito
galopando para a falência e, em
res se realizaram. Os atrasos nos
questão de semanas,não teria onde
pagamentos, somadas com o creci-
pôr os livros encalhados.
mento vertiginoso da inflação,
Ellwanger, na época,esta descapitalizaram fulminantemente
va totalmente deslumbrado. Embora a Revisão. Os amigos aconselharam
engenheiro competente e bem suce Ellwanger a parar com as vendas
dido, ele era um homem comum per até que o dinheiro fosse recupe
dido na multidão dos anônimos. De rado, masele agora se sentia mais
um momento para outro, se trans do que um autor, uma espécie de
formou numa celebridade. Sacos de vanguarda do revisionismo histó
correspondência chegavam aseu es rico.Para enfrentar as dificulda
critório. Embriagado por esse su des, ele pôs à venda sua casa de
cesso repentino e inesperado, sd- praia, em Atlântida. 0 comprador
mente em junho é que Ellwanger se foi o empresário Alécio Ughini. A
deu conta de que metade de seus venda teve um resultado totalmen-
te inesperado: revelou à coleti uma família israelita. Quando "HO
vidade israelita quem era na ver LOCAUSTO; JUDEU OU ALEMfíO?» foi lan
dade S.E.Castan, o autor de "HOLO çado, houve um momento de perple
CAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?". xidade, porque muitos leitores
pensaram que o autor, S.E.Castan,
fosse judeu. Três meses depois, a
O PSEUDÔNIMO coletividade israelita achou que
o autor, fosse lá quem fosse, ha
Siegfried Ellwanger é um via escolhido um nome judeu para
homem alegre e bonachão. Foi um zombar dos judeus.
homem bem sucedido, fez um pé-de- Ellwanger sá pretendia i-
meia folgado e teria tido uma tran nicialmente manter o anonimato.
qüila aposentadoria se não tives Mas, na medida em que ele ofere
se escrito "HOLOCAUSTO; JUDEU OU cia o livro aos editores, começou
ALEMÃO?". Ele não queria provocar a ser avisadodo-."perigo judaico".
discussões, mas apenas iniciar uma Suas própias idéias a respeito do
revisão na história- da Segunda sionismo contribuíram também para
Guerra Mundial. Essa revisão,con que a composição e a impressão do
vém notar, já está sendo feita na livro se transformassem numa ope
própria Alemanha,com muita caute ração secreta, onde os verdadei
la. Ellwanger decidiu começar a ros nomes jamais deviam ser citados.
revisão pelo ponto mais sensível: Na medida em que os livros desper
a morte dos judeus. Aí começou tavam a ira da coletividade israe
seu sucesso e acabou a sua tranqüi lita f -Ellwanger descobria as van
lidade. Mas,quando lançou seu li tagens do pseudônimo. Ele podia
vro, Ellwanger nem sonhava com a entrar e sair das livrarias sem
repercussão que ele teria. Pensa jamais ser interpelado por nin
va que os judeus responderiam com guém. Por outro lado, o pseudôni
outro livro e que, dali por diante1, mo mantinha a imprensa distante
o debate continuaria elegantemen do autor,obrigando a que todos os
te nas prateleiras das livrarias. contatos fossem feitos par carta.
Para manter sua privacida No entanto, todo o segredo labo
de e sua timidez,criou um pseudô riosamente contruído caiu por ter
nimo: S.E.Castan, que era,na ver ra no momento da venda da sua ca-
dade, uma reformulação do seu no
me original, Siegfried Castan El
lwanger. Ele havia herdado o so
A DESCOBERTA
brenome Castan de sua bisavó fran
cesa e jamais duvidou de sua ori Ellwanger não pode culpar
gem. Acontece que, por ironia do ninguém pela quebra de sigilo.Ele
destino, Castan é também o nome de foi o primeiro a revelar seu se-
gredo. Durante as negociações pa "-Apresentei-me
ra a vencia de sua casa de praia, como Túlio Millman, jorna
Ellwanger contou a Alécio Ughini lista do Jornal da Comuni
que era ele o autor do livro mais dade Judaica.Disse que ha
discutido do momento: "HOLOCAUS via lido o livro e que gos
TO; JUDEU OU ALEMÃO?". Havia uma taria de algumas declara-
ponta de vaidade na revelação,que çSes. Ele, então, com mui
Alécio recebeu com surpresa. Como ta cordialidade, disse que
Ellwanger não pediu segredo, Alé seu objetivo ao escrever o
cio passou a novidade ao seu ad livro nSo foi de machucar
vogado, dr. Gildo Millman, pessoa ninguém e que aceitaria sem
de destaque na coletividade isra nehuraa restrição bater um
elita. 0 advogado não ligou o nome papo comigo".
à pessoa, porque se tivesse liga Nunca houve o papo.Ellwan
do provavelmente teria se lembra ger pediu que Túlio telefonasse
do que havia conhecida Siegfried na semana seguinte,o que o jorna
Ellwanger, nos anos cinqüenta, no lista fez. Mas,no segundo telefo
Partido Socialista Brasileiro. nema, apesar de Ellwanger conti
0 dr. Gildo Millman conen nuar cordial, já não se mostrava
tou a descoberta em casa e com tão receptivo.Os dois travaram um
isso atiçou a curiosidade de seu diálogo curto e difícil, que ter
filho, Túlio Millman,estudante de minou com a promessa de Ellwanger
jornalismo na PUC. Túlio na época de comparecer a um almoço no Bar
colaborava com o jornalzinho da ranco. No dia aprazado, Túlio re
comunidade judaica e era um dos cebeu um bilhete de Ellwanger di
que acreditava que o livro de S. zendo que não podia 'comparecer,
E.Castan deveria ser debatido pu por ter um compromisso urgente em
blicamente. Ele decidiu descobrir Santa Catarina.
quem era afinal Siegfried Castan Na época, Túlio quis pu
Ellwanger e solicitar abertamen blicar uma longa reportagem sobre
te uma entrevista a ele para seu Ellwanger, mas, depois de muitas
jornal.Em menos de uma semana fez discussões, a comunidade israeli
um levantamento da vida de Ellwan ta não achou a idéia aconselhável.
ger e finalmente telefonou para Portanto, oficialmente, os judeus
ele. de Porto Alegre continuavam não
tomando conhecimento do livro. 0
artigo de Isaac Ainhorn foi con
O CONTATO siderado uma imprudência e a
coletividade judaica continuava
Túlio contou, mais tarde, esperando que,terminada a novida
no seu jornal, o primeiro contato de, a venda do livro cessasse.Não
com Ellwanger: houve nenhum tipo de pressão, e á
prova é que na ZERO HORA de 31 de mais absurdos sobre "os verdadei
maio de 1987 o livro de Ellwanger ros autores do livro".Vários jor
"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMRO?"fi nalistas ficaram sob suspeita e as
gurou tranqüilamente na lista dos versEes mais estapafúrdias come
mais vendidos. çaram a correr a cidade. Até Kha-
dafi, o ditador da Líbia,apareceu
como um dos financiadores do livro.
A SUSPEITA Mas até: a primavera de 87
a sensatez ainda prevalecia na co
A revelação de que S.E.Cas munidade israelita e impedia um
tan era na verdade um pacato Enge confronto com Siegfried Ellwanger
nheiro chamado Siegfried Castan O sucesso do livro eraun fenômeno
Ellwanger, foi recebida com abso tão inusitado que forçosamente te
luta incredulidade pela maioria ria curta duração. Quando começou
da coletividade israelita.A idéia setembro, a colônia alemã de San
de uma "conspira 3o anti-semita" ta Catarina descobriu o livro,e o
estava tão profur .amente arraiga que parecia ser um problema local
da na maioria que não parecia crí começou a se transformar num pro
vel que ur nanem só fosse o res blema nacional. Pela primeira vez
ponsável pelo livro. Como sempre a coletividade judaica brasileira
acontece nessas situaçQes, os ma- se sentiu ameaçada e, como era i-
ledicentes foram os mais ouvidos nevitável, reagiu. Em novembro,
e começaram a circular os boatos começou a guerra.

carta £ta ;nc '219 do jornal RS de 24 de novembro de 1990.

AS PERGUNTAS conteúdo. Agora, gostaria que vo


cês com toda a independência e'ili-
PERI MÜLLER DE OLI berdade que têm, me respondessem
VEIRA, POA: "É com prazer que a essas duas perguntas: 1) Será
escrevo a este Apequeno notável1 que o autor é tão otário a ponto
semanário. Esperamos nós, leito de escrever livros sem fundamen
res, que ele venha a ser logo um to? 2) E a editora imprimiria mi
grande diário. Afinal, há muito lhares de livros se eles não ti
que Porto Alegre nâo tem um jor vessem nenhum atrativo editorial?
nal de verdade. Mas eu queria De minha parte, se existem idéias
questionar essa alaüza formada e mensagens, elas devem fluir li
sobre os livros-anti-semitas e a vremente sem qualquer censura.Que
conseqüente apreensão dos mesmos. faça uso delas quem quiser e como
Não li nenhum deles, por isso não bem entender."
tenho condições de discutir seu
RS: Sua carta evidentemente é an dade de reponder sozinho às suas
terior à série de reportagens que perguntas.Nesse assunto de leitu
estamos publicando sobre "HOLO ra, estamos com S.Paulo, que dis
CAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?",o livro se í "Lede de tudo e retei o que é
mais perseguida do Brasil. Lendo bom".
as reportagens V. terá a oportuni

CAPÍTULO III

O TIRO QUE SAIU PELA CULATRA

UMA REPORTAGEM FEITA PARA ACABAR


COM 0 LIVRO; TIRA "HOLOCAUSTO; JUDEU
OU ALEMÃO?" DO FUNDO DAS
PRATELEIRAS E 0 COLOCA
OUTRA VEZ NA LISTA DOS
MAIS VENDIDOS

No segunda semestre de e na Francisco Alves, mas não teve


1987,parecia n3o haver limite pa a menor repercusSo nas livrarias
ra as vendas do livro de Siegfried Siciliano e La Selva.
Ellwanger. Em agosto,"HOLOCAUSTO; Ele provavelmente teria
JUDEU OU ALEMflO?" chegou a os su passado em brancas nuvens se a co
permercados de Porto Alegre,onde, munidade israelita não tivesse
sem protestas e reclamações,repe reagido tão prontamente.0 fenôme
tiu o sucesso das livrarias. Em no que havia acontecido em Porto
setembro, ele foi descoberto pela Alegre, onde uma crítica do verea
colônia alemã de Santa Catarina e dor Isaac Ainhorn desencadeou as
rompeu as fronteiras estaduais. vendas, se repetiu em São Paulo,
Semanas depois se tornava depois que "HOLOCAUSTO; JUDEU OU
também um "best-seller" no Para ALEMfiO?" mereceu praticamente uma
ná e chegava a São Paulo. Estava página da FOLHA DE SffO PAULO,na e-
na nona edição e foi exposto na dição de domingo,4 de outubro de 1987,
vitrine das principais livrarias quando o jornal atinge a tiragem
paulistanas. A reação dos paulis de 400.000 exemplares. Repentina-,
tas, apesar da colônia árabe ser mente, dois milhSes de paulistas
muito grande, não foi . o que El tomaram conhecimento do livro.Nem
lwanger esperava, o livro vendeu pagando, Siegfried Ellwanger te
bem nas livrarias da Brasiliense ria conseguido tanta publicidade.
A CRÍTICA de cerca de 6 milhões de judeus
europeus) não existiu (ou que,pe
Abrindo a página, havia lo menos,não pode ser demonstrado)
uma crítica de Nelson Ascher de e patentear que a verdadeira ví
molindo o livro: tima do conflito foi a própria A-
"0 livro 'HOLO lemanha, que continua pagando (em
CAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?- Nos Bas dinheiro, culpa e reputação) por

tidores da Mentira do Século'", es crimes que jamais praticou".


creveu ele abrindo seu artigo-"de Os balconistas da Brasi-
S.E.Castan, residente em Porto A- liense se recordam de que, no dia
legre (RS), não mereceria,em prin seguinte, os primeiros comprado

cípio, qualquer tipo de atenção. res do "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALE-


Nada apresenta de novo ou original MAO?" entraram na livraria per

no contexto da já ampla biblio guntando "pela livro que conta o

grafia anti-semita e/ou apologéti lado alemão da História".


ca do nazismo,Seus argumentos são Nenhum dos compradores de

os mesmos de sempre e sua argumen monstrou o menor interesse pelo

tação é um lugar-comum. Em termos final da crítica, onde Nelson As

de escrita, trata-se ou da elucu- cher comentava:

bração de um semi-analfabeto ou de
uma montagem iletrada traduzida de "Muito mais inte
similar da literatura Estrangei ressante do que refutar ponto por
ra". Provavelmente,se Ascher ti ponto todas as inábeis deturpa
vesse ficado por aí, o livro con ções históricas realizadas no li
tinuaria até hoje nas prateleiras. vro, é tratar de entender como tal
Decidido a acabar de vez como au tipo de literatura ainda consegue
tor, ele foi mais longe e Inten público, mesmo num canto perdido
cionalmente despertou a atenção do Terceiro Mundo, onde os judeus
dos leitores. são escassos,os nazistas autêntiz
0 trecho mais citado pe cos rareiam (devido menos à caça
los interessados, na semana pos de criminosos de guerra do que a
terior, nas livrarias, foi o se idade provecta que alcançaram) e
guinte: a maior parte da população sequer
"Traduzindo em poucas pa possui noçSes mínimas sobre a Se
lavras, o que autor faz em exces gunda Guerra Mundial".

sivas, o objetivo do livro é re- Ascher, preocupado com o


contar a história da Segunda Guer_ aspecto "ideológico" do livro,não
ra Mundial, seguindo uma perspec percebeu que era a novidade(o la
tiva totalmente favorável ao na do alemão da historie) que estava
zismo, e demonstrar que o assim vendendo o "HOLOCAUSTO; JUDEU OU
chamado 'holocausto' (o massacre ALEMÃO?".
"Na manhã i
sexta-feira,a FOLHA esteve na firma
A reportagem da FOLHA DE de Castan tentando antecipar a en
SSo PAULO acrescentou um novo in trega de suas respostas. Dos três
grediente à carreira do livro: o funcionários presentes no escritó
mistério.0 repórter Carlos Alber rio, dois tinham dúvidas quanto a
to de Souza, da sucursal gaúcha seu paradeiro: se o interior do
do jornal escreveu: Estado ou Manaus. Embora circule
"S.E.Castan ('S' pelas livrarias de Porto Alegre,
de 5iegfried e 'E1 de Ellwanger), em busca de informações sobre ò
autor de 'HOLOCAUSTO; JUDEU OU A- desempenho do livro, S.E.Castan
LEMAo? - Nos Bastidores da Mentira reveste-se de uma aura de misté
do Século1, é representante comej_ rio. As pessoas que o procuram na
ciai no setor metalúrgico,estabe Editora Pallotti,que imprimiu seu
lecido com uma firma no 10^ an livro (embora o nome não conste no
dar de um edifício na zona norte expediente), é fornecido o número
de Porto Alegre (RS). N de um telefone que nunca atende.
contato que a FOLHA conseguiu fa A entrega dos exemplares
zer com ele, na manhã da última de "HOLOCAUSTO;..." às livrarias
quarta-feira, Castan mostrou-se de Porto Alegre, é feita por uma
arredio em conceder entrevistas, senhora".
mas aceitou que lhe fosse passada
uma série de perguntas, que 'só
teria condições de responder nes O CONSELHO
ta semana*.No contato telefônico,
Castan disse que o assunto trata Em outubro, vários líde
do no livro 'não é brincadeira' e res da comunidade judaica de São
que uma entrevista, mesmo gravada, Paulo pensavam em pedir o confis
sempre deixa margem a erros;disse
co do livro. Numa nota à parte da
que a forma mais segura de falar mesma reportagem, o crítico Nel
sobre o 'holocausto' seria atra son Ascher.ele mesmo um judeu,co
vés de questionário. menta;

"0 livro deve poder ser ven


Intencionalmente ou nao, dido e lido por quem quer que
a verdade é que a reportagem es queira desperdiçar seu tempo, ex
tava dando um tom conspiratório ceto se alguma vítima sobreviven
ao livro. Ellwanger saiu dela não te ou parente de alguém massacra
mais como um simples autor, mas do no 'holocausto' judeu,que, se
como um personagem cinematográfi gundo o autor, não existiu,prefe
co. Isso se acentua ainda mais no rir processar o autor e tentar ti
parágrafo seguinte: rar de circulação seu livro. Esse
esforço é desacanselhável por duas crito por Eliezer Strauch, já fi
razões: é melhor deixar os anti- cava claro que a revista preten
semitas falarem para saber o es dia arregimentar toda a coletivi
tado atual do seu discurso;e quem dade israelita para a guerra:
já é lunático, continuará a sê-lo "Len
com. ou sem a influência desse li tamente, sem excesivo alarde,a di_
vro". reita totalitária e anti-semita
Era um conselho sensato, começa a reerguer a cabeça e tenta
que vinha acompanhado da notícia recuperar o terreno perdido desde
de que não existe censura de li a implantação da Nova República.
vros no Brasil, que nãafciouvida. Disso há sinais múltiplos e muito
A reportagem da FOLHA ti assustadores, muitas dos quais,
rou 0 "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALE- senão todos, nos dizem respeito
MAO?" do fundo das prateleiras e como judeus e vítimas tradicionais
o colocou novamente nas vitrines. do extremismo fascista. É o caso,
Mas o milagre de Porto Alegre não por exemplo, da tentativa que se
oe repetiu. As vendas estiveram faz no Rio Grande do Sul de rees-
bem durante outubro,mas começaram crever a História com o objetivo
a cair em novembro. Tudo levava a de apagar os vestígios do genocí
crer que a carreira do livro de dio cometido contra o povo judeu e
Ellwanger terminaria em dezembro, inverter os papéis, colocando o
quando mais uma vez a comunidade povo alemão no lugar de suas ví
israelita reagiu. 0 "HOLOCAUSTO" timas, como se ele, e não os ju
começou a ser atacado nas revis deus, tivesse sofrido o mais hor
tas SHALON e 0 HEBREU. Em novem rendo massacre de todos os tempos".
bro de 87, por sinal, o livro era
noticiado na capa de SHAL0N,a mais Quanto a Siegfrièd Ellwari
importante revista judaica do Bra ger, recebeu uma repentina promo
sil: ção: deixou de ser um industrial
"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMfiO? par se tornar um aventureiro na
UM LIVRO ANTI-SEMITA VIRA BE5T- zista. Diz Strauch:
SELLER"
"Pouco importa
Mas, desta vez, as críti que o livro usado para esse fim
cas transcendiam ao livro.Ellwan não passe de um exercício canhes-
ger era acusado de fazer parte de tro assinado por um,até aqui, anô
um inesperado "ressurgimento do nimo aventureiro nazista, cuja ú-
nazismo". nica credencial é sua fanática
lealdade ao legado de Hitler. Pe

O ATAQUE lo contrário,é até altamente ins


trutivo saber que obra tão medío
No editorial de SHALON,es cre, que, segundo o testemunho de
quem a folheou, é mal escrita e en no em forma de opúsculo se propa
fadonha, se tenha convertido num gue? Não é necessário, se souber
best-seller no Estado que congre mos estabelecer a diferença entre
ga uma das maiores concentraçSes o que é pensamento legítimo, pas
de alemães do mundo". sível de ser debatido publicamen
0 editorial de Strauch é te, e o que são falsidades compro
candente e exagerado: vadas cuja difusão é proibida por
"Trata-se de lei. Assim, quando se exige a pro
uma vindita por todos os anos em ibição dos "PROTOCOLOS...", nada
que eles (os alemães) tiveram que há de excepcional ou incongruente,
engolir a condenação dos crimes pois desde longa data tribunais
contra a humanidade cometidos pe europeus já estigmatizaram a obra
los seus ídolos". como uma aleivosia mentirosa for
Mais adiante afirma: jada por espíritos criminosos. Den
"Não se tro desse mesmo raciocínio, seria
trata de um fenômeno isolado, mas talvez o caso de se levar o autor
parte de um processo que se rea de "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMflO?"
liza em escala mundial". aos tribunais a fim de provar a
Por fim, o autor já não é crua falsidade contida em seu tex
apenas Ellwanger,mas um grupo mis to, e a partir de uma sentença ju

terioso: dicial neste sentido exigir-se o

"No caso dos livros de banimento dessa grosseira detur

provocação anti-semita, por exem pação da história".


Estava lançada a semente
plo, seus responsáveis se es
condem por trás da liberdade de para todos os acontecimentos fu

expressão 'que nós defendemos1 e turos, que não prejudicaram o li


vro, como pretendiam os mais exal
que eles pretendem abolir".
tados, mas, muito pelo contrário,
mantiveram o "HOLOCAUSTO;..." na
A ORIENTAÇÃO lista dos mais vendidos.

0 editorial de Strauch, que


foi considerado inábil por vários
O EXAGERO
líderes da comunidade israelita de
Porto Alegre que conheciam a exata
dimensão do fato, serviu de base, No mesmo número de SHALON,
no entanto, para todas as ações Airton Gontow fazia uma reporta
futuras dos elementos mais radi gem sobre o livro recheada de exa
cais. Diz ele. no seu final: geros e más informações.Comentan
"Que fazer do o lançamento de "HOLOCAUSTO;..1,1

então? Fechar os olhos,olhar para em Capão da Canoa, ele diz:


outro lado e permitir que o vene "Apesar do sol
forte, alguns judeus deixaram de era de aquietar, mas de alarmar a
ir ao mar e preferiram permanecer comunidade israelita.
nas ruas, conversando sobre os
cartazes ou visitando as livrarias.
Os mais exaltados discutiam com os
A MALDADE
gerentes e perguntavam os motivos
pelos quais os livros estavam sen No capítulo intitulado
do vendidos" Castan, Gontow tempera a sua fan
Como já mostramos,na pri tasia com insinuações maldosas,o-
meira reportagem desta série, o riundas do que ele chama"uma fon
lançamento foi feito em apenas u- te bem-informada" ( o dono de una
ma livraria, a Seleta, e não teve conhecida fábrica de móveis de Por_
a menor repercussão. 0 único pro to Alegre). Escreve ele:
testo foi de uma senhora grisalha "Castan na verdade se
que se limitou a perguntar: chama Siegfried Ellwanger. 0 nome
-Por que vocês estão ven Castan foi 'retirado' de seu avô
dendo essa porcaria? materno, um alemão que trabalhava
Gontow também fantasia o como mestre de obras na comunida
lançamento do .livro em Porto Ale de luterana de Candelária, peque
gre: na colônia alemã do interior gaú
"Poucos dias depois o li cho. Apesar de luterano, a avô de
vro aparecia também em Porto Ale Siegfried era considerado judeu
gre, surpreendendo ainda mais a por muitos colonos da região".
comunidade judaica. Apesar de já 0 avô materno de Ellwanger
estarem um tanto 'habituados1 a não era alemão, mas francês. Não
manifestações anti-semitas num Es vivia em Candelária, mas em San
tado de forte presença da coloni ta Cruz e jamais foi considerado
zação alemã,era a primeira vez que judeu, porque no final do século
os judeus gaúchos viam uma obra passado ninguém se preocupava com
deste teor lançada no estilo best- isso nas colônias alemãs. Mas, e-
seller". videntemente,apresentar Ellwanger
Nunca houve a menor de- como um neto de judeus não só o
mostração de "anti-semitismo" de tornava um anti-semita como tam
parte da colônia alemã. Nas duas bém um traidor perante a comuni
vezes, nos últimos trinta anos,em dade israelita.
que apareceram suásticas pintados A maldade, no entanto,não
nos muros,eram de autoria de ado ficou por aí. Diz Gontow:
lescentes moleques, todos eles de "Siegfried
descendência portuguesa. Mas a fi teria viajado, nos últimos anos,
nalidade da reportagem de Gontow, cinco vezes para Alemanha, 'o que
como do editorial de Strauch, não é muito suspeito*, afirma (a fon-
te)". Mas essa maldade gratuita
Castan, aliás Ellwanger, frutificou na comunidade israeli
esteve apenas uma vez na Alemanha. ta e até hoje o CORREIO DO POVO
Prossegue Gontow: não recebe um só anúncio de em-:
"Apesar do livro presas de propriedade de judeus.
estar sendo muito vendido, nossa
fonte, que pediu para n3o A REPERCUSSÃO
ser identificada com medo
de represálias, afirma duvidar A pressão da revista SHA-
que Siegfried, 'um homem sem mui LON não surtiu efeito entre os
ta cultura1 tenha conseguido rea membros mais esclarecidos da co
lizar sozinho o livro e a campanha munidade israelita.Moacyr Scliar,
promocional. 'Ele tem se encontra médico e escritor, considerou o
do muitas vezes com um jornalista livro uma besteira e disse:
conhecido aqui em Porto Alegre.A- -Como este livro não é pro
cho que esse jornalista o está as duto de uma manifestação organi
sessorando culturalmente1, afirmou. zada, não há por que haver uma ma
'Sei ainda que ele deseja que o nifestação conjunta da comunidade
CORREIO DO POVO se torne novamente judaica.
um grande jornal e assim concorra Scliar estava, portanto,
com a ZERO HORA,• um jornal cujo reduzindo o livro à sua dimensão
dono é um judeu". exata.
Tudo isso ê a mais pura Nilo Berlin,presidente da
fantasia. Primeiro,Ellwanger é um Loja Ehuda Halevi, declarou:
homem pacífico de mais de sessen -Não somos pela censura
ta anos, que jamais agrediu al do livro.-Para nós, judeus, a li
guém. Segundo, jamais se teve no berdade faz parte de nossa ética.
tícia em Porto Alegre de um judeu Se a verdade dele [Ellwanger]éa-
agredido por 'grupos anti-semi quilo, sentimos muito,mas não po
tas'. Mesmo porque os grupos an demos proibir que ela seja divul
ti-semitas não existem. Tercei gada. Nós não devemos apoiar nada
ro, basta ler o "HOLOCAUSTO;...", que possa proibir a liberdade.
para saber que Ellwanger jamais Abrão Finkelstein, vice-
recebeu assessoramento de quem presidente da Federação Israelita
quer que seja. na época, também teve uma posição
0 fabricante de móveis é sensata:
uma pessoa obcecada em defender a -Quando vejo um livro co
ZERO HORA de pseudo-nazistas. Ja mo este, fico realmente revoltan
mais poderia ter servido de fonte do. Por outro lado, quem poderá dizer
de informações para quem quer que quando um livro pode ou não pode
fosse. ser publicado?Voltaríamos de novo
ao problema que era ainda pior:Li judaísmo. Sou contra a censura,
ma censura que abafava a criação por princípio e por uma razão sim
literária e artística. ples: quem vai censurar o,censor?
Paulo Wainberg,que depois A idéia é que não existe um cri
pediria a proibição do livro, ti tério determinado.
nha em 87, uma posição totalmente
diferente:
-A obra - disse ele- deve A COMUNIDADE
ser discutida na comunidade e des-
mistificada. É evidente que o li A comunidade israelita de
vro é uma distorção, uma farsa, Porto Alegre não se sentia ameaça
e esta farsa tem que ser revela da e por isso não reagiu às pres
da. A comunidade não pode se omi sões da revista SHALON. Mas, evi
tir quanto ao conteúdo de uma obra dentemente, essa tranqüilidade de
como esta. Não acho, contudo, que pendia do volume de vendas do li
a comunidade deva exigira proibi vro "HOLOCAUSTO; JUDEU OUALEMAO?".
ção ou censura deste tipo de co- Em outubro de 87, ele já não era
municaçãa. o sucesso dos primeiros meses.Verj
0 único a apoiar a linha dia bem, mas num ritmo decrescen
radical da revista foi Ênio Rober te. Uma crítica,de autoria de Ro-
to Kaufman, diretor do Curso uni ney Cytrynowicz, publicada na re
ficado: vista SENHOR,chamando o livro de:
-Alguns pretensos líderes "-i..um tranqüilo passeio pe
da comunidade judaica têm a pos la banalidade do mal"...,não cau
tura do avestruz.E isto não ocor sou o menor efeito. Também em São
re apenas diante deste livro; já Paulo as vendas não eran promisso
ocorreu antes em outras questSes ras e o assunto parecia definiti
que envolvem a comunidade judai vamente encerrado quando subita
ca. Algumas lideranças,como o ve mente a interior do Estado desco
reador Isaac Ainhorn, se manifes briu o livro. Durante oito meses
tam publicamente contestando as os anúncios publicados no CORREIO
bobagens do livro; Euf inclusive, DO POVO não tinham atraído os lei
sou diretor de um curso pré-ves- tores do interior, mas repentina
tibular e um de nossos professo mente, por razões que ninguém co
res de história, não-judeu,se po nhece,ele se tornou um grande fu
sicionou contra o livro. 0 livro ror.

é extremamente perigoso porque As vozes sensatas que ha


explora o sentimento do anti-se viam contido a indignação'da cole
mitismo, dando-lhe uma conotação tividade israelita do Rio Grande
de anti-sionismo, como se fosse do Sul foram imediatamente abafa
possível diferenciar sionismo de das pelas lideranças mais agres-
sivas. O.Üv,ro_ agora era tomado a respeito de movimentos nazistas
como uma espécie de toque de reu e grupos palestinos. No meio da
nir dos nazistas adormecidos. A confusão ninguém parou para vi
memória judaica é a própria razão sitar a nova editora Revisão e
da sobrevivência do povo judeu. descobrir que o barulho todo era
Ela se mantém sempre viva e sem feito por Ellwanger e três inocen
pre acesa, pronta para detectar o tes funcionáros. A guerra tinha
menor sinal de perigo. 0 aumento começado e não havia possibilida
das vendas foi um sinal de alarme. de de acordo.
Porto Alegre ficou cheiade boatos

PUBLICADO NO JORNAL RS DO DIA 19 DE DEZEMBRO DE 1990,(N2 220)

cartas:

Feira do Livro. Tais livros, da


A DISCUSSÃO
Ed. Revisão,têm todos um propósi
to muito nítido:a difusão de-pro
ANTÔNIO ROSA DOS SAN
paganda de ódio racial contra os
TOS, POA: '■" A vida é estranha
judeus, seja falseando completa
mesmo: um homem da maior coragem
mente os fatos acerca do holo
cívica, que há vinte e cinco anos
causto causado por Hitler, seja
luta pelos direitas humanos, ten
'reeditando* clássicos da 'lite
do arriscado a própria vida du
ratura anti-semita1. Lamentavel
rante os negros anos da ditadura
mente, exemplos históricos não
militar, encontra-se subitamente
faltam para comprovar a perículo-
cercado de dedos em riste, que o sidade de tal propaganda, sendo o
acusam de inquisidor e autoritá mais trágico de todos,os fatos o-
rio, entre outras coisas muito corridos na Alemanha, na primeira
piores. Este homem chama-se Jair metade deste século. A constitui
Krischke, conselheiro ob Movimento ção de Weimar,vigente na Alemanha
de Justiça e Direitos Humanos,e o de 1919 até a ascensão de Hitler,
ato que causou tanta indignação não apresentava defesas contra a-
em setores dos quais não se ouviu queles que queriam rasgá-la. Os
a voz durante a ditadura seria nazistas tiveram toda a liberdade
considerado una vitória dos direi para difundir sua pregação racis
tos humanos, nas democracias mais ta e gerar fatos que cresceram co
avançadas - na caso, o pedido de mo uma bola de neve,-esmagando não
apreensão de propaganda racista só os judeus, mas a sociedade,co
sob forma de livros, os quais se mo um todo, até desencadear a 2S
encontravam expostos na última Guerra Mundial.As incontáveis vi-
das ceifadas pela 2^ Guerra foram ponta do nariz para as liçGes da
o preço para que os regimes demo História. Veremos que os inimigos
cráticos aprendessem a se defen jurados da liberdade invocam-na
der de seus inimigos.Modernas de sempre que querem tolher a dos
mocracias como a Suécia, França, outros. Se quisermos que todos os
Alemanha e outras estão dotadas homens vivam em liberdade,devemos
de legislação anti-racista que, ser atentos e protegê-la de seus
entre outras coisas, proíbe a di algozes."
fusão de material como o apreendi
do da Feira. A'lei 8.081,elabora
da, entre outros, pelos deputados RS: Sua tese, Antônio,é extrema
gaúchos Ibsen Pinheiro (PMDB) e mente perigosa. A liberdade não
Paulo Renato Paim (PT), foi re admite exceçQes. Por sinal, V.es
centemente aprovada pelo Congres tá rnal-informado. Existe a mais
so e sancionada, em função desses ampla liberdade de expressão na
princípios, visando combater a i- Suécia e na França. Na Alemanha,
negável discriminação racial que realmente as leis são muito seve
há no Brasil, inclusive o incita ras com relação ao anti-semitis
mento feito por meios de comuni mo, mas exclusivamente com ele. 0
cação. Todos sabem que o direito inimigo n^ 1 dos racistas alemães
de uma pessoa termina onde come agora é o turco. Mas, na França,
ça o das outras, e que o abuso de publicam-se milhares de livros an
direito é o oposto do exercício ti-semitas por ano e nem por isso
da liberdade. Um homem que empre os franceses são racistas. Mas,
gue revólver com o fim de cometer por favor, leia a carta seguinte.
crimes terá a sua arma apreendida
-e ninguém falará de cerceamento
ao direito da propriedade-e natu LUÍS RENATO PADILHA, POA:
ralmente será preso-e ninguém fa "No momento em que o RS,
lará do direito de ir e vir. Da em boa hora, inicia a discussão
mesma forma, o pedido de apreen dos livros de S.E.Castan, eu que
são, na forma da lei 8.081, de o- ria lembrar que a único país onde
bras que têm o fim claramente cri_ não encontrei livros anti-semitas
minoso de pôr em risco as liberda à venda, foi a Alemanha Ociden
des, e mesmo a vida,de certo gru tal (minhas visitas a Europa fo
po social, não fere a liberdade de ram anteriores à unificação). Até
expressão. Ao contrário, defende- na Holanda,onde ainda permanece o
a dos que a distorcem, com o pro rancor contra os alemães, encon
pósito de esmagá-la na primeira trei nas vitrines 'OS PROTOCOLOS
oportunidade que tiverem. Deixemos DOS SÁBIOS DE SlSO', além de vá
de ser míopes e olhemos além da rias obras abertamente racistas.
Nem por isso os judeus holandeses, vros de S.E.Castan, mas n3o acre
que formam a mais forte minoria dito que possam ressuscitar o na
do país, exigem a apreensão dos zismo ou desencadear um 'pogrom'
livros ou falam na ressurreição do contra os judeus. Acredito que a
nazismo. Na Noruega vi várias vi histeria das reações se deve à
trines repletas de livros anti-se consciência pesada da comunidade
mitas, inclusive de obras que pu israelita, que sabe muito bem o
nham em dúvida o famoso Holocaus que Israel está fazendo com os pa
to. Também lá não vi sinais de pe lestinos. Clamando contra os anti-
nico. Mas, talvez o exemplo mais semitas, os judeus evitam que as
impressionante seja o americano. atrocidades de Israel sejam dis
Vivi três anos nos Estados Unidos, cutidas. Quem sabe, justamente no
um em São Francisco e dois em No que está acontecendo lá na Pales
va Iorque. Não têm conta as vezes tina é que resida a verdadeira
que recebi pelo correio catálogos razão de tudo isso? Osjudeus ain
de editoras oferecendo não apenas da não se deram conta de que n3o
"05 PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÀO1; são mais um povo ou uma religião,
mas inclusive "0 JUDEU INTERNA mas uma nação, portanto com todos
CIONAL", livro que aqui se diz que os defeitos e virtudes de todas
Henry Ford repudiou, mas que lá as naçSes"
continua sendo publicado com seu
nome na capa, sinal evidente que
não houve repúdio. Assisti a vá RS: Ainda irá correr muita água
rias manifestações judaicas em por baixo dessa ponte, como nos
Nova Iorque, onde a comunidade sos leitores irão ver nos próxi
israelita é vastíssima,mas nenhu mas números.
ma delas exigia a apreensão de
livros anti-semitas.Não li os li
CAPÍTULO IV

O OURO NAZISTA

COMO NASCEU O BOATO QUE ASSUSTOU


A COLETIVIDADE ISRAELITA E FOI
RESPONSÁVEL PELO SEGUNDO ANO
DE SUCESSO DO LIVRO

O que houve em novembro de nou o assessoramento e ele ficou


1987 com o livro de Siegfried El- sozinho. Ele esperava que seu li
lwanger? Um mês antes, o livro vro provocasse grandes debates e
mofava nas prateleiras e os li grandes pesquisas.Chegou a sonhar
vreiros aquietavam seus clientes com uma grande Comissão Interna
judeus dizendo que "a febre já cional encarregada de examinar os
tinha passado". Subitamente ele documento históricos e realizar
voltou a vender furiosamente e no uma revisão de história oficial
fim do mês jã estava novamente em da Segunda Guerra. Esperava, co
primeiro lugar na lista dos mais mo confessou no seu livro poste
vendidos. Ninguém se seu conta, rior, que a discussão ficasse em
na época, nem mesmo as mais argu termos de documentação. Ou seja,
tas lideranças da comunidade is ele apresentaria seus documentos
raelita, que eram justamente as e os judeus apresentariam os seus.
críticas,cada vez mais exageradas,
que estavam promovendo o livro. Quando as críticas se vol
Criou-se um círculo vicioso que taram contra ele, Ellwanger ficou
provocou a curiosidade do públi extremamente surpreso e ofendido.
co: quanto mais o livro vendia, Sem diálogo possível com seus ad
mais era atacado; quanto mais era versários, Ellwanger passou a res
atacado, mais vendia. Tudo isso ponder às críticas com pequenas
aconteceu sem o menor planejamen notas que eram publicadas no COR
to, fruto das indignaçSes do mo REIO DO POVO. Ele não tinha, na
mento . quela altura, a menor intenção de
Siegfried Ellwanger é um tirar proveito publicitário de
homem ingênuo em termos de publi suas notas,mas pura e simplesmen
cidade: Ele foi assessorado por te de "não deixar sem res
uma agência no lançamento do li posta os que me atacam".Mal
vro, mas, no momento em que a co sabia ele que havia descoberto um
munidade israelita reagiu, termi novo meio de vender seu livro.
VERSÃO BRASILEIRA
DA 'MENTIRA DE AUSCHWITZ'
W
•...~
. A n~ pm T\1i di..UUc ditar ~ ~I!rxid.dt dos I••,os. ••nrntkos. ximo OIid~o ~r. filo n~ «Senilr ~
HDlocanto ••• ibidl Ptl. TV Globo o, 6 milhOrs dJ judeus, J mllh&n :t.llidadc!.,). ".nwdll scmP~ deve ser
u~ •• di MIiII .,Ol .atJ~. foi .• melhor ~ 1\1»01, 500 mil ciOI/l~. COA:')de 1. ctil~_ O {,)to .: os po!onne$ nSo tl"U.:m
. .r .a contralf' milhlo <k pe:150.l! de CJJtru n~io(l~ ~uo ~ ~Get militam f,(t!Wudas ae-
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lO idaó:n ul'1!rmfn:Ktos pelOI nuiu.u 1'101 Ias "'I!:II~S 'como EOtlfl!Cl'" fIOSOI.I11CK
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.• ~1 •• 1õ d. pÕhtlCI • e-mcynj' pno li Imo HoIocJlJlto .;oflwol;mdo 01 pOlfci3 ;olor,..., d~.Hmi,J:t. dcnomin~OII:
tn..l\d,iI. polllCOi unifOfn1il.1d~utcUondo i$ "!l'an:nowi" - H..ru;,·m~inhal". por
de uma replica do livro ''O;.
.••.ti tnftontir:n jodi~ do 9Jcto. aa.ili~ndo t::IU~do uniforme OJCu~;wn, .
Au:.:nwiu u.g."
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I Oscol::bondefts

riomtt"'tu. tC'l • firme poIi;lo dO c,. df:m 1 ftrdade. p~oc.!r~ u~ce:Hl'o- Em conlf~titI'~. raiui.,.. brig,xin
aio-ntto eU ComIJnid:aÓl lud:aita dIII6~,· \lMliaa decl:ar.xSo doi; u<otI\l»t:enle'l cb S5. c~ost~ ~ uCurllano-. t liD.l.
~'linlki. ll,oibidO P!l.o .,..;...._,t.corucquerH~m.n1e.con!un. 001, QUI aNIlU,," ativ.wnenle nOultr·
. "".-m um tefellPt't"f:ador comum ••• ,io minio dos juchus e CDr:lO9'Vdn de

,.,C::c~lndo .• 1. in~::~ ~- ·";~:~im~lI. o ~tor do rem,"e,? =:0: ~~~':::i:.~~:


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rt""itíi:" rIX n o I).Ilr. m ••.••ira, poloníU:1 eI\CII.1V, a '"SoluçSo Fln:a!"" cipalmente na fretHe nrna_ .
~.ai, c~nit.nt. da form:a crceto- cmOlter.did.;J por olIemSn. tJoIil ~n I Os rtm~tK naliun da ~h4
ciootl ~. uj.l. o .MitO gode Slr eco- lorma ellp,uslII ,I lua ,._011,1 "~r.lra o. ~lIda. u "gremi;JÇ~ neo-c:-;rzn~. os
tnirio, poit contribui para drsac:radinr prOC'tdimenlo dos po!ontSoH 1m relaçjo', .3t1tj-wmIl.11 crôn'C(K e 9r\1POSpofilicos
a "eracid...cf. di maior lugfdl~ , yomo- ~ judcoi dur.;Jn~" C4:upaç50. TodJvl.:I. I "4nli.,iQnlu,:u" nllo na louia t1P"
,-'idio que o mundo •• prHlnciou dJ· :.p'l:.r ~ ter nntido n~ prilpria ptk. '. r.ndo por C1U~lquc.mOlivo ~ lhel cer-
I ~•.. u .I IU.I hino ri•. E.u.a Idverténcta
aigirid, pc~m.tntto ~ 01 sobre·
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d_,d •• minh. Inl;;xrl. o ôdi.o dO'! pd..
CI» por C.ll.H" d3 ITIIIW\'OfIWfl"'. lII:t,,~
nllla. ~,~nl,:U 0_ Holor:~JHo como um;, .
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";~ta do n.wino CJ,IS culoarn no que •• tornl,l on;cof'Jda pelo ,II.HOI' pita Alc<]"e •• 'I'npl:;):1\tntll dr.-Ulg:rdo .• dlur,-
p2Cd os M\.II depoimentos • .as tragi· "'''-01le10l' o '"'U h.opoj,JiO nSo foi muito h:.Jido etllre polilrcrn e pall.-n.nuru.
\ tal txPlIltr.:i. qIJoII IIttemunhltJm. fefir. Sot," mail corweAltr1t•• """ dei· oJn-e SClV$r cano 41en•. Os lab.Jlosol'~
---.. - - ..• i.H. ~ .•••'dade. mostrar os;.m.u~ cul3m tJntin~os pMa ~a'lJl'Jltnto dO'1
Matoc...rto quI ~,1ran do ~to. P!4IICK " u:.. .X"II..Ir<ÔO$ I\H primeôrlJ p.j!5lrn.s dcn pnn-
cUí.icsos ptlO1 a/em:" • .>pÔS)trem; em Ctp4i1 iOln~, do RÔAGrande do Sül ..•
Ao PttnsJo do H.QtOClIJlto toi (10 trOC'I di I k" di ~r eu uI. <ltnUn- lim de plS!!'T"WrC Q li••,o cvrc crece l\4S
aMO"Ibrou. •• b.,bi,it p'al~ PI') c:i4dm pelO$ poloneses. Eu mumo. \\ li"r~", m.-.I cohtCJU ...2Wº' Com • 1ITl'
lOfi naril1H foi tio honoriuntt e H- qu.mdo no i~iciQ ,ai" do ~to.par. pr@o prOS(~?" ~e~tt:...
pafttosa. qIJoII RIo ~Ia de ..,,... buK:Jr ..,.,ho P.:Jr' meu., bm,h.,n. \, gu.1I1 .. f"::ll ,m;!QI!I\,Jt Os •.AtgftL
tfi. Eu. ornam,ntD. oItinll ÔI' cont.U. euu;SJV~·mlJ mIll. dos .nc..···tu:1 paio- • OUba~ RJJ:IH,u durfl'nt 4 ~-=-
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di "r Iplo- ~ dO CJ.It dOS plc)pr:. ..j~. _ipJIÇi·9 da urop.J rmcr,....".!.óoorulT':J .
•.••'Ido PC\( n.a-nazÜeas plra 6111C,..' ••••••. Ponanlo. precl~O'S tom:r o ~ ~ .•

APEDIDO------------------------------------------------ 1

VALORES ROUBADOS PELOS NAZISTAS


FINANCIAM LIVRO DE GAUCHO
OEN ASRAHA""'. "sobrevivente" de Auschwlu, escritor sionista. 'comentarista internacional da "Folha de·
S. Paute". possuidor da "Mel'1alh'a Anchieta" e "Cidadão de S. Paulo", é o autor do livro "Holoceusto".
Na Rev.sra "O Hebreu" nIJ 97, de junhuljulho. este nobre c:ev aiheiro escreve Que meu liv é a ve1~O ro
tra!"It:"ua do li ..•.
ru "Mpt\lira de Auschwltr". Que de fotma cimca B descs/ada tenta desmenfi, o boloceus:o
icüeu , Depois de euvettir os "sobreviventes da 11Guerra#', para que n30 se atestem dos 4~onte~imerltos reais,
am some-ire a verdade, pois procedendo de outra forma o efeitiJ pode ser côntrArio...• finaiiza $CU
que esc-e ..•.
Afllgo com esra "perola":
"O livro editado en~ P. AleQfe. amplamente divulgado e distribuído antre poijtitol • par1amentacM, deve
ser v, 1 como alerta. Os ~ablJlosoS recursos destinados p/pagamonto dos anúncios n8$ primairas pAginas dos
principais jomais do RGS. a fim de promover o livro. cujo preço nas livraria. mal cobre 05 glstos com .a
imp,e,'-'o. orcceo-m do un •• íonte. Qual? Fàcil im.ginar. OS VALORES ROUBADOS PELOS NAZISTAS
DURANTE A OCUPAÇÃO DA EUROPA ESPERAVAM SO POR UMA OPORTUNIDADE".
O homem Que pediu para não m9ntirem mais, em seguida deu un"lD de Campolo; 58r. que esti Querendo ..
ficar com o monopótío dessa coisa feia? Se tenta enganar. Comunidade Judaiu. peta "O Hebreu" se
destina a ela. Ú Que os demais podem esperar d~1
Esta tntcrmeçâc do BEN. efêm de ter provocado enorme gozaçJo eotre 01 componente5 da minha equipe
e meus amigos. ceu-nos mai.s uma vez. oportunidada de se 'cbn5tâtar com Que f.c~idad. sê lança uma
rnis!ifKac:lo/menti,a/suspeita sobre .k;;Ju~m. Fic.·ae: antlo imaginando como se agiu ANTES. DURANTE.
POS·GUERRAI
S.E. Caotan
.ulO, do livro "Holocauoto Judeu ou AlemIol
ltloe e•••
jdN" da.•••• tüa do Sku\o" ...•• ------

41
Esta informação
do Bén, além de ter provo
Reproduzimos uma dessas cado uma enorme gozação en
notas nesta reportagem. Elas são tre os componentes da minha
escritas num tom coloquial, bas equipe, deu-nos mais uma
tante acessível. Invariavelmente, vez a oportunidade de se cons
em todas as notas que publicou, tatar com que facilidade se
Ellwanger reproduz a crítica que lança uma mistificaç3o/men-
deu origem à resposta. Como é fá tira/suspeita sobre alguém.
cil de verificar, sua melhor mu Fica-se então imaginando
nição lhe foi fornecida exatamen como se agiu ANTES, DURAN
te pelos críticos mais exagerados. TE e PÓS-GUERRA".
Um exemplo típico é o comentário
desastroso de Ben Abraham, publi
cado na revista 0 HEBREU,que ter
OS ALIADOS
mina com um absurdo gritante:
"Os Ben Abraham, em 1987, e-
fabulosos recursos desti ra presidente da Sherit Hapleitá,
nados para pagamento dos uma associação judaica que reúne
anúncios nas primeiras pá os sobreviventes do nazismo que
ginas dos principais jor vivem no Brasil.Provavelmente foi
nais do Rio Grande do Sul, o posto que o levou a uma posição
a fim de promover o livro, tão extremada contra Siegfried
cujo preço nas livrarias Ellwanger. Ele foi o primeira a
mal cobre os gastos com a acusar Ellwanger de fazer parte
impressão, procedem de uma de uma vasta conspiração nazista
fonte. Qual?- fácil imagi e de ver no livro"HOLOCAUSTO; JU
nar. Os valores roubados DEU OU ALEMfiO?" o início de uma
pelos nazistas durante a campanha anti-semita. Depois de
ocupação da Europa espera acusar Ellwanger de ser financia
vam sá por uma oportunida do pelos tesouros secretos
de". dos nazistas, ele o acusou de
Era uma afirmação tão pue distribuir panfletos anti-semi
ril que Ellwanger nem precisou tas. Em dezembro de 87, sua cru
contestar todas as acusações (os zada contra Ellwanger transbordou
anúncios foram publicados apenas da revista 0 HEBREU para os jor
no CORREIO; ele vendeu uma casa nais de São Paulo.
para financiar a impressão) mas Para os livreiros paulis
apenas reproduzir o trecho mais tas não foi o anti-semitismo, mas
infeliz da crítica ejuntar um pe a curiosidade a responsável pelo
queno comentário: aumento das vendas do livro em
SSo Paulo. Repetiu-se, lá, o que Como era previsível, Ben
já. tinha acontecido aqui. Quanto Abraham concedeu uma ' entrevista
mais o livro era atacado, mais ao jornal, declarando que:
vendia. Ben Abraham foi, para seu "desde
imenso desgosto,o grande promotor o final da última década
das vendas de "HOLOCAUSTO; JUDEU existem publicações anti-
OU ALEMfla?".Foi graças a sua cam semitas. Porém, com a aber
panha que o livro chegou ao inte tura democrática, os auto
rior do Estado, onde. encontrou a res perderam o receio de
simpatia da colônia japonesa (os lançar abertamente suas i-
livros anti-semitas são um suces déias.Entre as publicações
so permanente de vendas no Japão). anti-semitas destacadas pe
la Sherit Hapleitá, está õ
OS CAÇADORES livro "HOLOCAUSTO;JUDEU OU
ALEMÃO?", de S.E. Castan.»
Em 29 de dezembro de 1987, A notícia saiu no Estadão
a insensatez tíe Ben Abraham che do dia 30 de dezembro de 1987.Qua
gou ao ponto máximo. Ele promoveu tro dias depois, Ellwanger tinha
a vinda ao Brasil de Beate Klars- que enviar mais dois mil exempla
feld, a famosa caçadora de nazis res a São Paulo, porque o livro
tas. Em 1983, Beate e seu marido, havia esgotado. Desta vez, entre
o advogado Serge Klarsfeld, foram os compradores existiam centenas
os responsáveis pela prisão de de judeus curiosos para saber o
Klaus Barbie, na Bolívia.Como era que havia de tão temível no livro
inevitável,a vinda de Beate Klars de Ellwanger.
feld teve ampla cobertura dos me
ios de comunícão. O ESTADO OE SAO
PAULO noticiou: OS CONSPIRADORES
"Assustada com
o crescimento de publica Na entrevista que conce
ções anti-semitas no País, deu ao ESTADO DE SfíO PAULO,Bem A-
a associação Sherit Haple- braham lançou a semente de um boa
itá, dos sobreviventes do to que se espalhou pelo Brasil
nazismo no Brasil,convidou inteiro: o Rio Grande do Sul se
a caçadora de nazistas Bea ria a sede de um renascimento do
te Klarsfeld para esclare nazismo. Disse Abraham:
cer às lideranças judaicas "além des
sobre os riscos do surgi se livro, existem panfle
mentos de movimentos neo tos anti-semitas que são
nazistas na América Lati- distribuídos às autoridades
e ao público, através (*J
Correio, sem constar porém Ellwanger recebia mais uma con
o nome e endereço do reme tribuição para suas vendas.0 pro
tente. " fessor Deonísio da Silva, de SSo
Ele afirmou que essas pu- Carlos, apanhando a deixa de Ben
blicaçSes são editadas no Rio
Abraham, fazia uma crítica de "HO
Grande da Sul, Estada que, junto
LOCAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?" mistu
com Santa Catarina tem a maior co rando ingredientes de romance po
lônia alemã do País. licial. Ele iniciava afirmando:
"Isso não quer "Todo mundo sabe que
dizer que todo alemão é na há muitos nazistas re
zista. Mas é grande a pos fugiados no Brasil".
sibilidade de uma colônia A partir daí, para inse
alemã servir de esconderi rir o livro de Ellwanger num pos
jo desses elementos". sível renascimento do nazismo,
Nunca houve a distribuir Deonísio se lançava numa história
ção de panfletos anti-semitas no mirabolante:
Rio Grande do Sul ou Santa Ca "Casos misterio
tarina. Os jornais de São Paulo
sos há muitos- No começo
também não têm conhecimento de
dos anos 80, o ex-tenente
campanhas desse tipo. Como Ben A-
nazista Stepen Loncar foi
braham publicou um desses panfle
encontrado morto na cidade
tos na revista 0 HEBREU, presume-
de Carazinho, interior do
se que ele tenha recebido alguns Rio Grande Do Sul.Vivia de
exemplares. Afinal, existem sim
uma aposentadoria do INPS.
patizantes do nazismo em todo o
Ao investigar sua morte,
País e o presidente de uma orga
um tanto enigmática,os po
nização como a Sherit Hapleitá i-
liciais encontraram reci
nevitavelmente seria um alvo pre
bos de ordens de pagamento
dileto dos elementos mais ex
de altas quantias para di
tremados. Mas autoridade alguma do
versas cidades da América
Estado, em 1987,se recorda de ter
Latina e Europa,feitas por
recebido panfletos desse tipo. 0
Lonnar, que ganhava salá
destempero permanente de Ben Abra^
rio mínimo.".
ham o torna uma testemunha pouco
merecedora de fé nesse assunto. De onde o professor Deo
Mas, de qualquer forma, o boato nísio da Silva foi tirar essa
que ele lançou deu frutos. fantástica história,ninguém sabe.
Nenhum Stepen Loncar andou por
Carazinho. Deonísio cita um outro
OS MISTÉRIOS caso misterioso ("um alemão teria
sumido ao desembarcar em São Pau
Em 10de fevereiro de 1988, lo") e diz:
Estou dando esse boicotar o livro, mas a suspeita
recado porque há alguns a- não tem fundamenta'.Não havia, por
nos fiz uma pesquisa sobre exemplo, na redação da ZERO HORA,
nazismo no Brasil meridio a menor proibição de noticiar ou
nal e fiquei perplexo com comentar o livro.
uma coincidência atroz:ne- 0 problema é que os meios
hum desses casos foi es de comunicação não dão importân
clarecido e mesmo sobre cia aos livros. Não existe um só
Mengele pairam dúvidas •■ programa de rádio ou televisão de
0 único resultado prático dicado à literatura,e o único jor
das histórias rocambolescas desse nal que possui uma seção de livros
professor foi colocar nas vitrines é a ZERO HORA (onde, por sinal, o
das livrarias de São Carlos o li livro de Ellwanger foi noticiado).
vro de Ellwanger. Quanto às suas Essa cortina óe silêncio
pesquisas sobre nazismo, ninguém hão cobriu apenas "HOLOCAUSTO; JU
jamais ouviu falar uma palavra DEU OU ALEMÃO?", mas centenas de
sobre elas. livros lançados no mesmo ano. So
Mas, enfim, em 1988, a mente durante a realização da Fei
campanha de Ben Abraharo estava no ra do Livro é que autores ganham
auge e a moda era procurar nazis espaço nos programas de entrevis
tas conspiradores. tas. Assim mesmo, as emissoras exi
gem que sejam pessoas notórias e
OS SILÊNCIOS pouco controvertidas.
0 vice-presidente da Fe
Até maio de 1988 ninguém deração Israelita do Rio Grande do
se mostrou interessado em entre Sul, Abraão Finkelstein, declarou
vistar Siegfried Ellwanger.Os lí em 87 para a revista SHALON:
deres da comunidade israelita de "Nâo nos
Porto Alegre sabiam que ele era manifestamos porque esperáva
S.E.Castan.mas para seus leitores mos que a sociedade - jor

e o público sua identidade era um nalistas, intelectuais,po


mistério.Na medida em que o livro líticos - se manifestasse.
se tornava um sucesso, corriam os E isso nSo ocorreu- Nenhum
mais extravagantes boatos a res jornalista, crítico ou ar
peito de seu autor, mas os meios tista se manifestou.E isso

de comunicação não demonstravam a nos dá uma medida de como


menor curiosidade pelo fenômeno há uma indiferença da so
que estava acontecendo. Alguns ciedade em relação ao as

leitores de "HOLOCAUSTO; JUDEU OU sunto" .

ALEMÃO?" acham que este silêncio Finkelstein se enganou:

foi uma manobra dos judeus para nem jornalistas, nem intelectuais
X São Carlos

Sófdkvü essa Um obscuro escritor nazista gele param dúvi


diz que i tudo mentira; os dai. E agora li
carrascos eram os judeus
sobre o tema
odo mundo sabe que há muitos juzinas dcS.E-Castan,
_ refugiado* no Bruii. -O caso maí? çéic- HoktcauaaJa-.
bre é de Joceph Mengek, qne. depoi* de toda
a celeuma mundial, foi dada como mona.
exumado, leve dentes, osioi e medida! do da Mrnfíra do
rasia cronometradas t — que ironia! — mor Século edil*-
rera afogado po< obra do oceano Atlântico «
do destino. Responsável pela morte de «0
mil judeus na Segunda Guerra Mundial, poi Como *6 ocotre com csie» livi
experimenlot com seres humanos que resul não ha indicação d> ediiora. Apenas a can»
taram em tnrmentos físicos quase indescrití pmul de n- 10 466 em Pano Alegre-KS. Eo
veis, Mengele foi procurado «té muito recen que diz a sr. S. E. CnUn? Em resumo,
temente, quando jornais brasileiros estampa afirma que todos dói estamos enganado!.
ram um anuncio que oferecia USS 40.000 ptw Que aquelas iciríveis revelações do Tribunal
qualquer informação que localizasse sen pa de Nurrmberg, que inclufnni confisiòes ei-
radeiro
ponlÃnems de culpa, feitas por cunvicçio
Mat Mengele é «ô um deles. Muitos ideológica dos que professavam o nazismo,
outras já foram executadas ou conctuiiòos * são uma faixa. Que a coita não foi bem
prisio. Os casos roaU recentes são o de üüí- assim. E — vejam vocéi! — o autor afirma"
tav Waxner. que se suicidou numa prisão em que muitas daquelas célebres fotos com pi
Sãu Paulo, e o de Klaus Barbie. aiualtnenie lhas de cadáveres de judeu; tão montagem c
preso e submetido a julgamento na França. traques foiotraiicov aqueles mortos sãoale^
Caioi nulteriosos ha muitas. Na começo das mies.
anos 80, oex-tenente
naiiü». Supen Lon-
car, foi encontrado

do R' '
Sul. '

INPS. Ao

pagam
quantias par* di
sas cidade! da A_-
nui Laiina e da Eu-

sobre o caio Loncar ., b. ■


não prosseguiu. •»- . J j 1
titn couto a de mui- i- ' ;
to* outro». Por VV -
exemplo: W>e de«i- ^h.^-
no as autoridades policiais brasileiras deram As orelhas do livro de Casian são com-
Wiüi Herbert Manfred Kuhl-
ao passageiro Wüü KuW- postas com excenot de onze canas de leiio-
man, do vôo 373, d* Vnsp, que anbaitxn cm res que cleogiam a "pesquisa hKtónca" que
Campo Grande-MS, no dia 8 de maio de 1981 cie empreendeu. Ninguém se identifica nes-
e foi preso ao desembarcar era São Pautai u^ cartas. E nó», que aprendemos na escola
Ele foi preso sob «utpeiu de Pderar o grupo que • Segunda Guerra Mundial resultou na
heonansla Navios dt Ia Muerte (Noivos da morte de 40 milhões de pessoas, dàe quais 20
.Morte). Sua prisão levou à detenção de mais milhões «ram da URSS e 6 milhões eram
tiés mulheres e outros dois homens uKcgran- judeus executados em campos de concentre-

(Utda. Estou dando rsle recado porque tii ai- pe^sras1 O hvro de Catian quer camuflai »
guns anos fiz uma pesquisa sobre o nazismo . Hislóri».
no Brasil meridional e .fique! petplexo com
ihum desse*
■ sobre o de Mcn- d^dsC*»<sa2
nem. políticos se manifestaram por dois canais de televisão Ele foi
que o livro de Ellwanger não des impiedoso com Ellwanger,disse que
pertava o menor interesse nos o livro tinha sido escrito "por
meios mais sofisticados. um semi-analfabeto", que era
"muito ruim" e que não deveria
ser lido "nem por curiosida
AS CRITICAS de"^ crítica não afetou as ven
das 0 livro continuou a vender no
No início de 88, o livro mesmo ritmo de sempre.
de EIXwanger começou a despertar a
curiosidade do público leitor. O
sr Antônio Revoredo é um típico AS ENTREVISTAS
exemplo desses novos leitores do
"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMSO?": Em maio de 1988,Siegfried
"Eu Ellwanger, usando ainda o pseudô
vou pelo menos uraa vez por nimo de S.E.Castan, concordou em
semana na Miscelânea. Vi o dar sua primeira entrevista.Há um
livro nas prateleiras mas ano que ele se recusava a manter
nSo me interessei.Inclusi qualquer contato com a imprensa
ve me disseram que era mui por receio que suas palavras fos
to mal escrito. Mas antes sem manipuladas. Quando seu livro
de sair para as férias, em foi lançado,ele foi procurado por
fim de fevereiro de 88, com repórteres da FOLHA, do JORNAL DO
prei uro exemplar Eu hones BRASIL e do ESTADO DE SAO PAULO,
tamente nã"o esperava gran mas se recusou taxativamente a dar
de coisa.A curiosidade que entrevistas ou fornecer qualquer
eu tinha era de saber por tipo de informação sobre sua vida
que um livro,que todos di particular. Nenhum jornal,emisso
ziam ser tSo ruim, estava ra de rádio ou televisão de Por
vendendo tanto" to Alegre demonstrou o menor in
0 sr- Revoredo não gostou teresse em entrevistá-lo. Não ha
do livro nem descobriu qual era via pressão alguma da comunidade
seu segredo. israelita sobre os meios de comu
Mas esse novo público, nicação, diga-se de passagem.
mais sofisticado, que estava ad Em maio, no entanto, El
quirindo o livro, não só aumentou lwanger saiu fora de seus hábitos
suas vendas como provocou as pri e concordou em responder por es
meiras críticas nos meios de co crito às perguntas do repórter
municação. 0 professor Sérgius Moacyr Loth, do JORNAL DE SANTA
Gonzaga foi o primeiro a criticar CATARINA.A entrevista é uma defe
"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMfiO?" em sa feroz da revisão da História
oficial da Segunda Guerra.Ellwan ra "pode variar de 35.000 a
ger afirmava: 350.000". A entrevista foi pu
"Quando começarem blicada no dia 29 de maio de 1988
a surgir filmes com depoi e, ao entardecer, os primeiros
mentos sobre as atrocida exemplares do jornal já chegavam
des cometidas contra o po a Porto Alegre e a São Paulo. Era
vo alemão, o mundo vai fi uma declaração de guerra e mudaria
car estarrecido". para -sempre a vida de Siegfried
Mas sua guerra pessoal Castan Ellwanger. No dia seguinte,
contra os críticos judeus, deu à ela foi mostrada sem comentários
entrevista um tom anti-semita que a um livreiro, que, mal concluída
o livro "HOLOCAUSTO; JUDEU OU A- a sua leitura, mandou retirar o
LEMfiO?" nSo tinha. livro de Ellwanger das pratelei
Na entrevista, não só El ras. Era o começo do boicote.
lwanger nega a existência de câ
maras de gás, como diz que o nú
mero de judeus mortos na 2^ Guer

PUBLICADO NO JORNAL RS DO DIA 8 DE DEZEMBRO DE 1990. (NQ 221)

0 DEBATE tratasse de uma espécie de vergo


nha. Por fim descobri, com ajuda

JORO ALVES NOGUEIRA, da minha esposa, o que realmente


POA: "Estive na Alemanha há cinco havia. Metade do país morreu na
anos. Minha esposa fala alemão guerra.Não há família que não te
fluentemente e foi minha intérpre nha sofrido a perda de um ente
te durante ã viagem. Tive sempre querido. Os alemães não falam na
uma imensa curiosidade pela Ale guerra porque sua recordação é do
manha, porque um amigo de meu pai lorosa. Foi a nação mais duramen
era alemão e sempre contava mara te castigada pelos seus erros. Eu
vilhas de seu país.A Alemanha (me repudio todas as crueldades do na
refiro à Ocidental, naturalmente) zismo e as loucuras de Hitler.Mas,
é um país encantador. Suas peque por outro lado,acredito que nunca
nas cidades são impecavelmente se contou toda a real história do
limpas e ordeiras. Come-se bem e outro lado da guerra. Minha opi
barato.D trabalho é quase uma ma nião particular é que não apenas
nia nacional. No entanto, sempre os judeus, mas os russos,ingleses,
que tentamos tocar nas lembranças franceses e americanos exageraram
da guerra, os alemães secamente nas suas baixas para salientar seu
nos propunham mudar de assunto. sofrimento e aumentar a culpa da
Pensei inicialmente que se Alemanha".
RENATO BUENO DA SIL de prisioneiros mortos,mas não em
VA, PGA:"Se me permítem,eu acho milhões.Dizem eles que os primei
a discussão insana. Sigam-me para ros a serem mortos foram os re
verem se eu não tenho razão. Se, tardados mentais e que os judeus
ao invés de 6 milhSes de judeus, só foram transferidos para Aus
morreram 5, faz diferença?Se mor chwitz depois da invasão da Rús
reram 2 milhões muda tudo? Se fo sia. Também contam que existiram
ram apenas 100 mil,o problema es milhares de prisioneiros russos
tá resolvido? Então temos agora um em Birkenau. Não posso,no entanto,
limite para os assassinatos? Ma afirmar que tudo o que me conta
tando 6 milhões é criminoso, ma ram seja verdade, porque notei um
tando 500 mil está perdoado? Não forte sentimento anti-semita em
consigo entender bem essa tese. Cracóvia, especialmente de parte
mas se ela for válida,iremos ter dos católicos. Quando estive na
minar elogiando os que só mataram Polônia, haviam se registrado cho
10 mil. 0 que estão tentando fa ques entre grupos católicos e ju
zer? Criar o horrorzão, o horror daicas, o que muito me espantou
e o horrorzinho? Não importa quan porque eu esperava que os horrores
tos judeus tenham sido trucidados, dos campos de concentração ainda
a brutalidade continua a mesma. fossem sentidos. Será que houve
Mas acho bom que se discuta o pro exagero de parte de historiadores
blema abertamente. Não li "HOLO judaicos? Francamente não consigo
CAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?" e nem tomar uma decisão firme. Acredito
pretendo lê-lo. A crueldade não que a verdadeira história da Se
tem diminutivo nem aumentativo. gunda Guerra Mundial ainda não
Ela por si só já é gigantesca foi escrita".
quando exercida contra seres vi EVALDO MORANDI OA RO
vos ." SAf POA: "Comprei na Feira da Li
K.M.B. ,POA: "Sou neto de vro de 1967, se não me falha a me
poloneses e estive em Auschwitz. mória, na banca da extinta Livra
NSo vi possibilidade física de te ria Lima,uma obra em três volumes
rem sido massacrados 4 milhões na intitulada 'AUSCHWITZ\ de autoria
quele local, como afirmam as pla do jornalista alemão Bernd Nauman.
cas e os guias. Os fornos são di A obra é uma ampliação de uma sé
minutos e entram em contradição rie de reportagens publicadas no
com todas as versões ocidentais. jornal FRANKFURTER ALGEMEINE ZEI-
Meus parentes que vivem em Cracó- TUNG, da cidade do mesmo nome, em
via, cerca de 60 km de Birkenau, 1965, sobre o julgamento dos cri
onde foi instalado o campo de Aus minosos que dirigiram o campo de
chwitz, contam uma versão dife concentração referido.0 livro me
rente dos guias.Falam em milhares receu um longo prefácio da escri-
tora judia Hahnah Arendt,o que me não se baseava em séu conhecimen
parece atestar sua fidelidade. Na to pessoal e sim em números cita
página 54 do primeiro volume, es dos por Eichmann. Nas suas memó
creve o jornalista:' rias insistiu que o número que ci
'Dos quatrocen tava era excessivamente elevado.
tos mil prisioneiros registrados Pery Broad (um dos réus) falou em
oficialmente em Auschwitz, dois um a dois milhões, num relatório
terços eram homens e um terço mu que escreveu no fim da guerra.
lheres. Destes, 261 mil morreram Os cálculos dos historiadores vão
oú foram assassinados no campo, de um a quatro milhões1. Como se
desconhecendo-se o número dos que nota,o número de mortos é bastan
morreram durante a marcha da eva te controverso."
cuação. Igualmente se desconhece o
número dos que morreram sem ter
sido registrados,que foram da ga RS: Uma coisa, no entanto, con
re da estrada de ferro para as câ vém deixar claro. Não há contro
maras de gás,sem pararem no campo. vérsia sobre o campo. Auschwitz
0 comandante de Auschwitz, Hoss, está lá, um monumento à bestiali-
declarou em Nüremberg que o núme dade humana, hedionda, chocante e
ro fora de dois milhões e meio, incontestável.
mas esclareceu que esse cálculo

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mm Wum iMUta.
Um esclarecimento ao país:
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B Oi i«h>ivh»*<i bM niBdc»o * conl-co doa hraa tfunm» * Fm «ito kjwiuIw ■

ntvnAoimTauLTDA.
CAPÍTULO V

A CAÇADA IMPLACÁVEL

DE 1988 A 1990 ACONTECEU

DE TUDO A ELLWANGER,

INCLUSIVE UM TÍTULO
ÚNICO NO MUNDO:
PERSONA NON GRATA

NO MUNICÍPIO
DE PORTO ALEGRE

Em agosto de 1986 a Edito deração foram atendidos. Algumas


ra Revisão montou um estande na livrarias alegaram que tinham con
Bienal do Livro de São Paulo.5ie£ tratos com a Editara Revisão e que,
fried Ellwanger estava presente e suspendendo as vendas,teriam pre
atendia pessoalmente os interes juízo. Outras pediram prazo para
sados. Não houve o menor Inciden atender a solicitaçãoe apenas uma,
te. O seu livro "HOLOCAUSTO; JU a Livraria Palmarinca, considerou
DEU OU ALEMSO?" não vendeu o es o pedido absurdo e continuou a ven
perado. De certa forma se repe der normalmente o livro. Mas,pou
tia o que já havia acontecido em co a pouco, a pressão da Federa
Porto Alegre: o livro não atraía ção Israelita começou a dar resul
os leitores habituais.Mastenquan tado e, na Feira do Livro de 1988,
to Ellwanger cuidava da Bienal, a "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?" e-
Federação Israelita usava pela ra vendida em apenas dois estan-
primeira vez da sua influência des. Os principais livreiros con
para solicitar às principais li sideravam o livro como definiti
vrarias que suspendessem a venda vamente liquidado e aconselharam
do livro. A Livraria do Globo foi a Ellwanger a encerrar de uma vez
a primeira em atender à solicita por todas a sua curta carreira de
ção, não se limitando a tirar o editor. Contra ele havia uma tra
livro de suas prateleiras,mas tarr dição porto-alegrense:ninguém ha
bém enviando todos os exemplares via conseguido até então enfren
que ainda estavam em seu poder pa tar o boicote da comunidade israe
ra a Federação Israelita. lita.
Nem todos os apelos da Fe
gunda categoria. Para os especia
listas, sem venda nas livrarias e
Em fins de T988,Siegfried sufocado po-r um silêncio absoluto
Castan Ellwanger não era mais um dos meios de comunicação, o livro
industrial aposentado que havia tinha sua: sorte selada.Estava to
resolvido escrever um livro.Os a- do mundo enganado.
taques que ele havia sofrido das
revistas judaicas e dos seus crí
ticos implacáveis haviam mudado A RECOMPENSA
radicalmente sua postura. Ellwan
ger era agora um cruzada. Ele já Duas coisas muito impor
tinha vendido mais de cinqüenta tantes aconteceram no início de 89.
mil livros, que haviam provocado A primeira delas foi que o boico
uma reação inesperada em boa par te, como as primeiras críticas e-
te de seus leitores. Os próprios xageradas, também saiu pela cula
carteiros confirmam que, em 1988, tra. A maioria dos leitores do in
a Editora Revisão recebeu mais de terior, que vinham à capitale des
cem cartas por semana.Para um ho cobriam que o livro estava proi
mem que jamais havia mantido qual bido nas livrarias, voltavam para
quer espécie de contato com o pú suas cidades com notícias alar
blico, era uma manifestação de a- mantes sobre o boicote. Em poucos
poio impresionante. Ellwanger se meses, "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALE-
sentiu suficientemente respaldado MfíO?" deixou de ser uma curiosi
para enfrentar o boicote e ampliar dade, como era nos dois primeiros
sua editora. anos, para se tornar 0 Livro Per
Ele passou a publicar a- seguido. Para as regiOes de colo
núncios no CORREIO DO POVO e nos nização alemã, era o empurrão que
jornais do interior, oferecendo faltava para que o livro se tor
seu livro pelo reembolso postal. nasse uma bíblia dos revisionis
Os anúncios não eram mais neutros tas.
e lacônicos como as do ana ante Usando apenas o reembolso
rior, mas agudos e incisivos.Des postal, o livro de Ellwanger ven
ta vez a comunidade israelita não deu quatro edições de dezembro de
se preocupou porque os editores 1988 a março de 1989.Criou-se uma
mais experientes garantiram que o espécie de corrente entre seus lei
método de vendas escolhido pela tores, que empurrou o livro Bra
Revisão não dava certo no Brasil, sil acima, até chegar ao Nordeste,
a não ser para livros técnicos e onde ele se tornou um inesperado
religiosos. Ninguém se deu conta, sucesso. Sem a pressão da comuni
na época,que o livro de Ellwanger dade israelita,que é muito peque
estava resvalando para essa se na no Ceará,ele foi discutido li-
OPINIÃO

ft Polícia Ideológica
'A prlmlia vltijní d» uaa gueir.i ê trafire a wrdade"

paragiuiijs;? ,
Se a liistur,La (.; rualiiottt.e
verdadeira, nu Kl puiíjue nao
ser revlst.i

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u; ;-cu pvdido (viia J- Feita de niiitlniu pclgH van-
*i«,.■:• de mlllures de 11- cedurus. |mts tun Cütus da
KKobrlr HM UitUirlJudep,
de pcvftr<"n:Li uxaIcuiJo
erros dos nutrira, 0 NíkIii
wbllcjr Pbr.is de autotes iue foi <> miv lm-uLo l-it t li,
sulina » naatm? . Este e o AluKfldka qiic iWt.'ivii orrtuJo.
hwlt do netli-ia (ubltcidn iw ILivl.i mie oritulliix (ülí«-
jynul SuP1 !ifj, de 31 de Us. KW prill l**llllíl!tO IMCOI-
trusL'.' d? IVW, Anua» rtitl- hiJriüM lun 1'iiiH m«1u a ou-
;ta íla-iliai "c ftiwntiKfor dn
Ld iJl> .I.nieiro, tbrcira Fraii-
:u, .Türlu
.Türln un precetkiitp
precetklitp tteal
tt-eal ikt mlHvila I Itio luhi lurim
uuibLuIu .1n vi-udit dLlM
noíbliíJu iLw QuMl- tutrii 1'uJttíj, ii miu irin»fpr-
SlcÜM ;Ll
JlÇixti 1L1 titiliiro
Uliliiro RuvtK-fci
RuvtK-iii <«n
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wi.uik- di fiiciwl <ln Livro .
tij voriUlu, o prouiiuiito
«o ik cutf/ltT ií> «diIP' fl , VlILu IIUU
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.■un n ti*)lwr a 111* vn, e.cart" ipw noiínmp dllo-f
dir.i o hui, (*'l* nciln nlatO
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N*ir H<rclrn Friu*-

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allíidiiji, p iw um htjitiiil.i Kij:p'. m«j|iwtiLn ebjc ns nanj
oíJrl.ili'st.1. T |>reelw» rvu-r, i.i e «litu, e >lu i»-tiros. e a.i
iv» inivtl.i 'Riu srjn a Mulo- ol' ncRtus. As sttuts^ís
rl.i da Alimnlvi. pi'ls l^l". iigr acaM. üii> ;ibori.m aos
(Jaf vai nlirlr |irccei)cntcs iu- ivivIuk^Bt? i>ul e f Kíirro
r,i Riemo mW litstorLi, Udll.jiiu CM feflB alogicí
numim fwçiffl ondimi !*■■■ 0"' c o b-ilrm wgro im lüj-
durnJiori prcsliluntcs. B«a tu AK^tp? E Cl«n. que nn
rcviiluuK) « üté iussíw p^r- r-.lstuii. Hi;;, «jufiI e o Ivilrio
ras". «no ;| do 1'iir.ij.ii.il. It-j- judeu? Km, 1 £n iU -rwsüw
Li. m historia cnlii ro ddí- rinl.il.
culo jn [jw- tomo, biis (viu FJifl», (t, pretafcntc que
Ifjuví ■ aíiíla lilatuitoü-Tts Jstc aNr« p <1o futuramente
e/w edltorEs ene o peito su- setinw,tollil(tjs era twssa in-
flclenu paia Kincarcm a ver- turnKan, CLiisiiradn, I*mrIi«>.
sju verdadeira. Que f.irLi o npjr.i a rfu l.-nk» un revi»jr
exercito Brasileiro ao ver o (pago nn o dliiielro taiban
seu aattono desmlatlfjcido, oficial) ; riscar nintu inu-
vendo lipre&sas as estriite- sít-xti croulci, e o povo con
das oue Atentavam, e pode- tLuüitiq a vlwr na talaa tuz

jEuas «o nos pai


vremente nos jornais de Fortaleza ram friamente fuzilados.Só* depois
e foi para a lista üos mais ven da Perestroika de Gorbatchev os
didos. A segunda coisa muito im russos admitiram que foram eles os
portante que aconteceu foi El- responsáveis. Na medida em que o
lwanger ter descoberto que havia tempo passa, as revisBes serão i-
um público fiel e numeroso, ávido nevitáveis,porque toda guerra tem
por livros semelhantes ao seu. dois lados e não se pode crer ce
gamente na versão dos vencedores.
O REVI SIONISMO Também era inevitável que as re
visões atingissem o holocausto-,
Quando escreveu seu livro porque as cifras variam e nunca
"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMflO?"rEl houve um relatório final sobre o
lwanger não tinha a menor noção de caso.

revisionismo. Ele se julgava o úni Existem milhares de livros


co descobridor da verdade e foi sobre o assunto e a maioria deles
com essa ingenuidade que escreveu é publicada nos-Estados Unidos,sem
apressadamente seu livro. Foram que haja a menor reação da comu
seus leitores que o puseram em con nidade judaica. Quando Ellwanger
tato com os movimentos revisionis descobriu que não era um caso iso
tas, enviando-lhe catálogos e re lado, como ele se julgava no iní
cortes de jornais e revistas dos cio, mas apenas um dos milhares
Estados Unidos e da Europa. Nem que se prop5em a revisar a histó
todos esses movimentos são de di ria dos vencedores, suas ambiçSes.
reita ou pertencem a grupos neo se tornaram bem maiores.Ele deci
nazistas. Acontece que até hoje diu fazer da Editora Revisão a
não foi firmada a paz entre os a- vanguarda brasileira do movimento
liados e a Alemanha e, para todos revisionista. Ao invés de recuar,
os efeitos, ela contínua sendo um como lhe aconselharam,partiu para
país ocupado. A discussão de atos o ataque.Editou um livro que con
aliados é terminantemente proibi testava a existência das câmaras
da e todos os livros que contes da gás.
tem a:versa"o oficial dos vencedo
res são proibidos por lei na Ale
manha.
A PROVOCAÇÃO
Há dez anos, no entanto,
que várias "atrocidades alemãs" es Ernest Zündel é um autor
tão sendo contestadas.0 caso mais canadense que há vários anos de
recente é o famoso Massacre de Ka- fende a revisão da história ofi
tyn. Os oficiais alemães sempre cial sobre a Alemanha.Em 1988 ele
negaram a autoria desse massacre, foi acusado de intolerância
onde 3 mil oficiais poloneses fo racial, porque escreveu um livro
negando a existência das câmaras
de gás. Na sua defesa, Zündel a-
presentou um relatório do enge Até então Ellwanger havia
nheiro americano Fred Leuchter Jr. se mantido extremamente cauteloso
sobre os campos de concentração de com os judeus. Ele se dizia (e
Auschwitz, Birkenau e Majdanek. 0 ainda se diz) apenas anti-sionis
relatório de Leuchter provocou ta, refutando veementemente todas
sensação na imprensa americana e as acusaçBes de anti-semitismo.
européia,parque negava a existên Mas, repentinamente, em julho de
cia de câmaras de gás nos três 1989,ele abandona qualquer caute
campos visitados. la e edita o livro mais anti-se
Leuchteré um especialista mita de todos os tempos: "OS PRO
no assunto, porque constrói câma TOCOLOS DOS SÁBIOS DE SlSO". A e-
ras de gás para vários estados ame dição contém ainda comentários de
ricanos onde existe a pena de mor Gustavo Barroso, que foi, prova
te. Seu relatório não salvou Zün- velmente, o anti-semita mais notó
del da condenação, masé usado até rio do Brasil. 0 livro não foi o
hoje pelos revisionistas europeus sucesso que dizem, mas vendeu bem
de direita. dentro dos leitores mais anti-se
Foi esse relatório que El- mitas do "HOLOCAUSTO;...".
lwanger publicou, com comentários Ellwanger,no entanto, nâo
seus, sob o título de "ACABOU 0 estava fazendo nenhuma novidade.
GAS!... 0 FIM DE UM MITO". A co Sempre existiram ediçSes dos fa
letividade israelita decidiu não mosos "PROTOCOLOS...", que circu
repetir os erros de anos anterio lam discretamente pelas livrarias.
res e se manteve em silêncio. Mas Nos sebos de Porto Alegre ainda
insistiu no boicote.0 livro, como podem ser encontrados exemplares
era de esperar,vendeu bem e abriu de uma edição da Eliseo, lançada
caminho para uma nova edição: "OS em 1972, que andou pelas vitrines
CONQUISTADORES DO MUNDO- OS VER das livrarias e pelos estandes da
DADEIROS CRIMINOSOS DE GUERRA",do Feira do Livro sem provocar pro
escritor húngaro Louis Marschalko, testos de ninguém.A edição de El
que não foi tão bem sucedido. A lwanger enfureceu a coletividade
quarta experiência de Ellwanger israelita, porque já existia cla
como editor também não teve a re- ramente definida uma situação de
percusão que ele esperava.Era uma confronto. Para mal dos pecados,
reedição de Gustavo Barroso, um quase simultaneamente, Ellwanger
dos mais conhecidos autores inte lança o controvertido livro de
gralistas do País: "BRASIL; COLÔ Henry Ford "0 JUDEU INTERNACIO
NIA DE BANQUEIROS" NAL", criando um tumulto nacional.
1989.a Associação Riograndense de
imprensa oficiava ao Ministro da
Em 2 de agosto de 1989, o Justiça, exigindo que a Polícia
vereador Flávio Koutzii, do PT, Federal investigasse a Editora Re
pede que a Câmara Municipal vote visão. Era o início de uma série
uma moção òe repúdio ao engenheiro de medidas insensatas que termi
Siegfried Ellwanger e que o con nariam causando um efeito exata
sidere oficialmente persona mente contrário ao pretendido. No
non grata no município de Porto dia 16 de agosto, a Associação
Alegre.Apesar de inconstitucional Gaúcha de Escritores,pela palavra
e absurdo,o pedido foi aprovado e do seu presidente, Luiz Antônio
imediatamente caiu no ridícula. 0 Assis Brasil, exigia da Câmara
vereador João Dib perguntou como Riograndense do Livro que expul
a Câmara Municipal pretendia en sasse dos seus quadros a Editora
tregar o título a Ellwanger, Ja- Revisão. A Câmara prontamente a-
ner Cristaldo considerou a pro tendeu o pedido,sem pensar na sua
posta imbecil e a causa começou a ilegalidade. Ellwanger recorreu à
se tornar impopular. Justiça e foi reintegrado.
Mas, naquela altura, os
elementos mais radicais da cole Mas a grande batalha foi
tividade israelita estavam fora travada ha IV Bienal do Livro do
de si e viam atrás de Ellwanger um Rio de 0aneiro,no dia 24 de agos
vasto movimento nazista que pre to de 1989.Mais de trezentos mem
cisava ser combatido a qualquer bros da coletividade israelita ca
custo. Pela primeira vez, desde rioca realizaram uma demonstração
que havia começado a confrontação, na frente do estande da Editora
a Federação Israelita do Rio Gran Revisão,que culminou com a apren-
de do Sul liderou a mobilização são de todos os livros, por ordem
das entidadese oficializou o boi do governador Moreira Franco. 0
cote aos livros da Revisão, en estande foi interditado por ordem
viando ofícios a todas as livra do promotor Hélio Fishberg, e a
rias. Começaram as batalhas judi polícia, surpreendentemente,arro
ciais e Ellwanger, mais uma vez, lou como testemunhas: Saweriri
teve munição de sobra para as no Blumberg, Aleqsander Laks e Paulo
tas que publicava no CORREIO DO Wainberg, que participavam das de-f
POVO. monstraçSes. 0 advogado Paulo'
Wainberg, por sinal,dois anos an
tes havia se pronunciado contra a
O DESPROPÓSITO censura ou a apreensão do livro de
Ellwanger,o que demonstra como os
No dia 10 de agosto de ânimos haviam mudado.
para implantar a censura de livros
e peças de teatro no Brasil. Era
Era evidente que Ellwanger um deslize imperdoável para quem
tiraria partido da interdição. Pri pretendia falar em nome da demo
meiro ele recorreu à Justiça,, que cracia e dos Direitos Humanos.Mas
considerou o ato do promotor Hé havia uma paranóia generalizada
lio Fishberg ilegal e garantiu na época,que abafava todas as vo
seus direitos.Depois,ele publicou zes sensatas da comunidade israe
uma extensa nota no CORREIO OQ PO lita j que não concordavam com es
VO denunciando o fato como uma ma sa posição radical.
nobra sionista para impedir a venda Ellwanger rnais uma vez a-
de seus livros. Desta vez as po panhou a oportunidade com as duas
sições se inverteram e foi a Fe mãos e publicou um novo Escla
deração Israelita do Rio Grande recimento ao País, onde anun
do Sul que teve que responder ciava orgulhosamente o lançamento
Ellwanger. Após os acontecimentos da 29S edição de "HOLOCAUSTO;JUDEU
do Rio,ela estava em evidente de£ OU ALEMÃO?", que ultrapassava as
vantagem, porque Ellwanger havia sim a casa dos 100 mil exemplares.
aceitado prazeirosamenteopapel de A primeira conseqüência dessa tro
vítima. Para neutralizar sua po ca de notas foi o aquecimento das
sição, a Federação Israelita bus vendas de "ACABOU 0 GÃS-0 FIM DE
cou o apoio do "Movimento Popular UM MITO",que tirou mais trás edi
Anti-Racismo" e do Movimento de ções até o fim do ano. Mas suas
Justiça de Direitos Humanos, que grandes vitórias aconteceram na
assinaram com ela uma nota de res Justiça,onde Ellwanger venceu to
posta a Ellwanger,intitulada: Por das as ações movidas contra ele.
um inundo melhor: holo
causto nunca mais.
Foi a mais infeliz das no A CONSAGRAÇÃO
tas publicadas. Primeiro, porque
admitia publicamente que a Fede De agosto a novembro, as
ração Israelita estava lutando pe lideranças judaicas, junto com o
la apreensão dos livros da Edito Movimento de Justiça e Direitos
ra Revisão. Segundo, porque con Humanos,lançaram uma campanha na
feria a Siegfried"Ellwanger uma cional contra o que chamavam de
importância que até então ele não ressurgimento do nazismo.
possuía. Terceiro, porque defendeu Como não havia nenhum res
a apreensão dos livros, feita no surgimento, nos debates de televi
Rio, com base na Lei 5.250, de 9 são do Centro do País apareceram
de fevereiro de 1967,que foi pro figuras patéticas se dizendo mem
mulgada pelos regimes militares bros do Partido Nacional-Socialis-
ta Brasileiro £■ defendendo a inte tora Revisão vendem regularmente,
ligência de Hitler. Na Câmara de alguns vendem bem, como "ACABOU 0
Vereadores do Rio, a atriz e ve GAs!...", outros vendem mal, como
readora :Neusa Amaral, ela também as obras de Gustavo Barroso. Mas
judia, aderiu a insensatez geral e "HOLOCAUSTO;..." é um milagre. A
declarou dramaticamente: última edição é bem diferente da
"-Se os nazistas estão se primeira,embora seja igual em es
organizando, que se cuidem, por sência. Com o passar do tempo,El
que nós, os judeus,já estamos or lwanger fez várias revisões no tex
ganizados". to e melhorou o estilo, que real
Mas a consagração defini mente não era bom. Mas não é por
tiva de Ellwanger aconteceu no isso que o livro resiste a todas
dia 10 de dezembro,quando ele vi as perseguIçSes e continua venden
rou manchete do THE NEW YORK TIMES: do, com ou sem publicidade,
Books from a pro-nazi pu- Sá fomos descobrir o se
blisher cause an uproar in greda de Ellwanger quando entre
Brazil", ou seja: vistamos 100 de seus leitores.Foi
"Livros de un editor pro- uma descoberta tão inesperada que,
nazista causam tumultos no Brasil". antes de passá-la aos leitores do
Jair Krischke, dos Direi RS, achamos melhor entrevistar o
tos Humanos, entrava atabalhoada próprio Siegfried Ellwanger. Ele
mente na discussão, declarando que não é mais o pacato industrial a-
a publicação dos livros em nosso posentado que um dia resolveu es
Estado não era um acidente, por crever um livro sobre o que viu na
que "possuímos a mais forte colô Alemanha. Quatro anos de lutas,
nia alemã do Brasil".Mas sua pior críticas implacáveis e persegui
tolice foi declarar para o NEW YORK ções o transformaram num homem
TIMES que Ellwanger recebia au cauteloso e desconfiado.As acusa
xílio do exterior para publicar ções mirabolantes que o faziam rir
seus livros.A reportagem não teve nos primeiros anos,agora o enchem
a menor repercussão no Exterior. de revolta. Especialmente levando
Querendo ou nSo.ele havia se tor em conta que as declarações de
nado um membro influente do movi renda de sua Editora-são constan
mento revisionista. temente esmiuçadas e que bastaria
uma consulta ao Ministério da Fa
O FENÔMENO zenda para descobrir a origem do
seu dinheiro.
"HOLOCAUSTO;JUDEU OU ALE- Com toda razão, Ellwanger
MAO?", atualmente em sua 29^ edi não confia na grande imprensa.Ele
ção, é um fenômeno. Todos os de não aceita debates, não concede
mais livros publicados pela Edi entrevistas para rádio ou televi-
são e não faz conferências.Apesar servem para conhecer o homem e o
de reconhecer que pela primeira autor, mas, de moda muito espe
vez está sendo tratado com justi cial, permitem que todas as fanta

ça e que nossas reportagens são sias a seu respeito sejam postas


absolutamente imparciais, ele so de lado. Depois dela, então, en
mente concordou em responder às cerrando esta série, publicaremos
nossas perguntas por escrito.Suas o Segredo de Siegfried Ellwanger.
respostas sempre são longas, mas
revelam, sem disfarces, as suas
idéias e seus pontos de vista. Elas

PUBLICADO NO N° 222 DO JORNAL RS DE 15 DE DEZEMBRO DE 1990.

Cartas: RE1.Trata-se de um relatório, co


mo diz o título,sobre as ativida
des secretas dos ingleses no He
MENTIRAS INGLESAS misfério Sul durante a guerra.Uma
dessas 'atividades'espalhava men
JERÕNIMO SCARTON,POA: tiras nos jornais americanos do
"Acompanho com vivo inte Norte e do Sul sobre 'atrocidades'
resse as reportagens sobre o li nazistas. Uma delas nos interessa
vro "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?!1 particularmente:em 1942 os ingle
porque, como neto de italianos, ses espalharam o boato de que os
vivenciei a guerra dentro de mi submarinos alemães haviam afunda
nha própria casa.Tempo de guerra, do um navio brasileiro a 300 mi
dizia meu avô,mais mentira do que lhas de Porto Rico. 0 'afundamen
terra. Por que a Segunda Guerra to 'visava lançar a opinião públi
Mundial haveria de ser diferente; ca brasileira contra a Alemanha.
não é mesmo? No entanto,continua Para que se tenha uma idéia de co
mos a crer em todas as mentiras mo são as coisas em tempo de guer
que ingleses, franceses, russos e ra, o JORNAL 00 BRASIL reproduz
americanos espalharam sobre a as notícias do 'torpedeamento^ue
Itália e a Alemanha. A propósito, ele mesmo publicou em 1942. Como
envio aos senhores: um xerox de uma os senhores podem ver no xerox, o
notícia publicada no JORNAL DO afundamento-fantasma se transfor
BRASIL, do dia 24 de setembro de mou em dois.Segundo o DIP (Depar
1989,onde d correspondente Rosen- tamento de Imprensa ePropaganda),
tal Calmon Alves comenta uma re o navio 'afundado' chamava-se Pe-
portagem do WASHINGTON POST sobre drinhas; segundo o Loide Brasilei
o livro 'AN ACCOUNT OF SECRET AC- ro era- o Alegrete. É escusado di
TIVITIES IN THE VIESTERN HEM1SPHE- zer que nunca houve -^afundamento,
negado sempre pelos alemães. Não. RS: Infelizmente não temos espaço
tenho opinião formada sobre o para reproduzir a notícia no seu
problema do famoso Holocausto,mas tamanho original. Mas, com ajuda
acho que essa notícia prova flue de unia lupa, os nossos leitores
ainda não foi contada toda a his poderão ler o que o JORNAL DO BRA
tória da Segunda Guerra Mundial* SIL publicou. 0 avô do JerÔnimo
Os senhores estão contri tinha razão: em tempo de guerra,
buindo com essas reportagens pa há realmente mais mentira do que
ra que, pelo menos,os fatos sejam terra.
repensados friamente."

ESCLARECIMENTO AO PAIS N * 2
> CONTRA A ESTUPIDEZ, ATE OS DEUSES VACILAM.
(Gottttw)
RESPOSTA * NOTA oubticada no •* 16/9, mniit pata Fadando MnafiU da RfiS. atra* da um Unvnwrto d» Juttea « DnU Numtna «
aurpn*nri«itrm*nl* Mh th wn MownanCo Psvub' "Anb R*oku". nu* mi—iai um «om • WiiJuJp 3379. dl 10/M/7L da Onaril**
dM IMcoei Unidas qua *Mm™ *m 4 SffKlSMO t w toma d* dtiPB • 4*oM«tio raoafl Em NOTA ww ■ inllfi ■ Mw *■ V
' twnu>.*niDiKonracHnanioidBNGal: ,-
1 A FBdaxtto «<r«q«ri jlm» M ■ 'Titattm' qn coMiatan— mnmMi km Inn da Tli »Jii. * MDESUBfTMU f—mni. pcnanto.
nt OONOS rik W10ADF O , * I tta wb*
, pta. u w o >ijapia»i<
mu >j< * aafr fr jji > t mafrilu.
jmi>j frl *
mi nwrw *om«M
SuSPfiID. pn* mnmmntodava.n«o wa".
1 Sobre HenryRxd. NQuacaramdadUf O*— aMmaeau pan qua aaM «me* da ^ JudauaWr*aonarar«aWa7*no«pM~mnmr-aa''-
] L turi o Cpituto XII. 4 pg 113. da gba dt C
"Nò, ».. lovon Mü « tentm iMk ftmdç o
ttnAarmf» iia <<o 1 biocftura * ao kmf" CKwido • Jwnnim»™*. <n» imi, ■ fadwMu wnál <mé Milinhidc a»t«rfr 0 "•eòu*>'-
BKno> A og 51 do muno km tu» • nodc» digolo Trtwnd S A« d* Afhçto C~M «nuíou rn dk 1/11/37, J dvcirito d* B-nw w
K**™»"| n* HOTA . Pot imimM MhtS. comando oi Dtenca d* domèvcfc rruioW, rio Mi *kk> MlkMdk. i NOTA o* tu d* "tnud*
MM*... Danlto d«M THúndno r«na prabci«Mtn poa m «**■ <m *»**<■«. Iibhiikiii o IKiiI TimmiIii. *m iviMt Edhen I■■ I ■ wi.
tombtnt nlo con«U o ntvn* òo auMi.
4 Ou*™» H 'HotiniM Ju-Mu ou Alwttlor No* BouJcm M M»nwi do S4ciao". tonaidarpM a mãnt obn m. i.iainM» «abra • ■ GM.
m «nirwj na 2}* mKc(o. Lambiana» aja nato * naaa fartixi «a, h4 nw« M SD ama, irano** Hmar ■ o Nadaral-SocMHnia «amlo,
•t hm Como hwwii)u»l Irtina tonap««ndo eorm a 1"Mflrii ■ ■ DieNdada. oae rào putAa—nua ■ gua danjuútnm ■
HVMHMI
i "Acaboud GÍW- 0 Fm*iknl*o . «paroxia I" «feio. cmu<n liiianaawiw lirm ik iimaTifnlIrrla aian *í T CaManao
i ogkinja tio S canaa. ona» Ma* «nvwne na«a ■ parrruatlu i*n a ■!• da utw 1'mli OaM*>ca Mhn, xdinfa Dapuiailii FMand •
Otnaí Sutwot rio Eitd.ni] pan fazar ajna ruu alapatiM eamam d« ali ^ntwtnm nwai ■ landa. A NOTA 'hhOií' ia«nhim c*M o tal
"•ci^whciD «wan- qua f« d KaklòiB lacrca *. nmU ma* nada mano* » pratariau a talrtama dai eénww d> dm *» EE.UU.. Mco paai 4a
ia nunlo «W xttm* par» alrnaiai oa conhndn á mm
• Oi iivnn comiflafadna uma ranMndo ~laaM MaM*!", «Ia o* M0um)aa 0> Conqu^adorM do Mundo - Di VanladMrn CnnnoaM d*
Guanj. Mn<at CutoaOo «i h-*can»> 0 Maaaaer* da Kar*n. Biaa< - C<*A<wi da Banouvoa. • Wha> am «iadhnhw, O C*dw>re - A HiaMii* di
Jm [io.lu Mouo úKinw lancamanra mnii ta "CADTA «0 PAPA", da LaAn Oaonab. camMdMna Um Farta< ba*ja» nua Um ao Ma dca
«amfei. fk.uú! i Joio pjuio || anin d, au* «aii» J /.wdimU
7 P«n cal. t- !om ^u* d* ^naMarira alamanloa da F«la>acJa »»«■■ m«a «manjam da dguna tw^ia wlocai centn ma Gdkora. EmiJadM
«banwa tnJhtfM 4» (■» da apoio da paaama «ua laran a ralaram a« iiim,
pato mau campo aiiamiM.
i da "tonumiai" i rainii tem fim. guando ngova au* iwan atani M («aidludD w «dam wtal da Eamo. Sr.
GoMinaiof do RJ Par* convnv»> noaaa «hm^Jo, aiumi «vmAi lapandainanla. * (Vato™ 40 Conwn do *ywc. Iam Hora. Jornal d»
edeia do Ednal d* (niarticiD ■ Oo RagáÃa da Orm«n;a PaieMI
i trv*» da antoai
' ■nurto òa P*iun> a tanaMm aiudar araal. twrwtaKin o arn da aauwwn Madrta. aftwrnadaa an aVraa ■ Una», gua
■. Nto a* condanamoa por 4aw motrra. aO*i>H nfo a acanamaa.
CAo4aa PratxMnia JoaaSamay.MinãjtniB, AutaidadMcMtainüUiM. PartOoa PoHcoaaaiwmav. PamAtaon. U«aiaa>anttndBiSM

SAlVEOWADABANOtNlAÍ *tV*AO IPÍTWT AITOA.


CAPÍTULO VI

A PRIMEIRA ENTREVISTA COM ELLWANGER

(15 PARTE)

0 DISCUTIDO AUTOR DE
"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMfiO?"
É UM HOMEM DE MEIA IDADE, ALEGRE
E BONACHAO, QUE CONTA COM TODA
FRANQUEZA COMO SE ACHOU NA OBRIGAÇÃO
DE REVISAR A HISTÓRIA E ESCREVER
UM LIVRO QUE ENFURECEU A COLETIVIDADE
ISRAELITA DE TODO O PAÍS.

Siegfried Castan Ellwan- recomendável para jovens ambicio


ger poderia posar para qualquer sos, Ellwanger foi membro do Par
anúncio de uma Oktober Fest. Ele tido Socialista Brasileiro.
é um típico alemão de meia idade/ -Éramos muito poucos des-
alto, gordo, bonachão.Não há nada cendentes de alemães naquela épo
na sua aparência que denuncie o ca no PSB-lembra Jockymann.-O Bo-
soldado das causas ingratas ou o now, pai do atual deputadoto Bur-
cruzado da revisão histórica. Já meister, o Schirmer, que nunca
que estamos em tempos de Natal, comparecia às reuniões, o Ellwan
Ellwanger, com uma boa barba bran ger e eu.Mas nenhum de nós se or
ca, daria um excelente Papai Noel. gulhava disso. Quando alguns mem
Também não há nada na .sua prosai bros do DROR,que era uma juventu
ca biografia que faça prever o au de socialista ;judaica, entraram
tor controvertido du o anti-sio para o Partido Socialista, não me
nista feroz dos dias atuais. El lembro de ter ouvido alguém re
lwanger foi um estudante pacato, clamar.Muito pelo contrário, mui
um engenheiro competente e um in tos de nós participamos da campa
dustrial bem-sucedido. Fez um mau nha do Isaac Seminovitch, um bri
casamento,que corrigiu com um se lhante advogado judeu que só por
gundo tranqüilo, o que o torna ain meia dúzia de votos não conseguiu
da mais típico. Apenas un pequeno se eleger vereador. 0 Ellwanger
detalhe de sua vida destoa da maio era um rapaz muito quieto e só me
ria dos homems da sua geração.Nu lembro de uma intervenção sua,
ma época em que a Esquerda não era quando discutíamos a Campanha da
Paz. Por sinal, ele votou com os brir a razão da mudança radical de
comunistas. Tudo isso aí por cin sua vida.Nunca se tentou entender
qüenta e pouca coisa. por que um jovem socialista de
Trinta anos depois,Jocky- cinqüenta se tornou um anti-sio
mann se surpreendeu quancto Ellwan- nista de oitenta. Ellwanger não é
ger visitou o RS e lhe disse que um caso. isolado,mas apenas um dos
era S.E.Castan,o-autor controver tantos descendentes de alemães em
tido de "HOLOCAUSTO; JUDEU OU A- penhados em revisar a história da
LEMAO?". Segunda Guerra. Mesmo que se dis
-Se me dissessem -diz 3o- corde dele é preciso ouvir suas
ckymann- que o Gildo Milman, que razões e examinar seus motivos.
também foi do PSB, havia entrado Ellwanger não concede en
para o Partido Nazista, a minha trevistas gravadas nem participa
surpresa não seria maior. Antes de debates. Não faz isso por ter
que Ellwanger abrisse a boca, eu dificuldades de se expressar. Mui
já lhe pedi uma entrevista. to pelo contrário. Ellwanger fala
A entrevista foi negada. melhor do que escrevee possui uma
O livro estava há apenas treze:me memúria prodigiosa para fatos e
ses'nas livrarias e Ellwanger não datas. O problema, que custamos a
julgava conveniente revelar publi entender, é que ele considera a
camente a verdadeira- identidade de revisão da História um assunto se
S.E.Castan. Mas desde então ficou ríssimo. Ellwanger teme que na en
a promessa: trevista ou no debate lhe escape
-A primeira entrevista se um detalhe ou uma informação im
rá para vocês. portante.
Quatro anos depois,Ellwan -Eu preciso ter muito cui
ger cumpre sua promesa. dado nas respostas- diz ele -por
que não quero repetir mentiras ou
informações falsas.
A ENTREVISTA Por isso também suas res
postas são longas e, com a sua
Siegfried Ellwanger não permissão, tomamos a liberdade de
confia na imprensa e tem bons mo tornar algumas mais concisas.
tivos para isso. Desde o primeiro Fizemos três séries de
momento que ele foi tratado como perguntas. Na primeira série, El
um criminoso de guerra.A gravação lwanger respondeu as perguntas bá
de suas primeiras declarações, que sicas e levou duas semanas nessa
ele guarda religiosamente, provam atividade. Quando recebemos as
que suas palavras são sistemati primeiras respostas, achamos que
camente distorcidas.Nunca se ten alguns assuntos continuavam pouco
tou compreender o homem ou desco claros e fizemos mais três pergun-
tas, que Ellwanger respondeu uma go ou sequer uma linha so
semana depois. Mesmo assim, acha bre qualquer coisa. O se

mos que faltavam alguns detalhes nhor era um técnico típico,


que nos pareceram importantes e um homem prático. O que o

insistimos em fazer duas novas levou repentinamente a co

perguntas, que Ellwanger, desta meçar a escrever e publicar


vez, levou apenas três dias para um livro tSo controvertido?
responder. Antes de passarmos às
perguntas e respostas, queremos
passar aos nossos leitores uma RESPOSTA: Na segunda visita que
informação que achamos vital para fiz ao campo de concentração de
que Siegfried Castan Ellwanger se Auschwitz, uma forte chuva me se
ja entendido: sua guerra,justa ou parou dos demais turistas eme per
injusta, é guerra de um homem só. mitiu visitar dois pavilhões não
Investigamos Ellwanger par preparados para visitação. Não vi
três meses. Depois examinamos to nada que me fizesse acreditar que
das suas declarações de Imposto de Auschwitz era, como eles diziam,
Renda e a contabilidade da Edito "uma fábrica de morte". Apesar de
ra Revisão. Falamos com seus ami nunca ter acreditado que o núme
gos e vizinhos,contatamos com im- ro de vítimas chegava a 11 milhões,
pressores,distribuidoreselivrei como diziam alguns, eu naquela é-
ros.Ellwanger financiou a impres poca ainda pensava que Auschwitz
são com dinheiro próprio. Não há era um campo de extermínio e que
ninguém por trás dele,nem amigos, as atrocidades tinham realmente
nem organizações, nem partidos, existido.Quando descobri com meus
nem governos estrangeiros ou as próprios olhos,que nada do que di
sociações de qualquer espécie. Pa ziam existia, minha primeira rea
ra o bem ou para o mal,ele come ção foi de espanto. Eu não conse
çou sozinho. Duvidar disso foi o guia acreditar que alguém fosse
maior erro dos seus críticos e o capaz de preparar una tamanha far
engano foi uma das razões do su sa. Depois fiquei tomado por uma
cesso de seus livros. intensa alegria, e pensei que eu era
o primeiro homem do mundo a saber
da verdade.Chegueià conclusão que
0 MOTIVO eu tinha que botar a boca no trom
bone é contar tudo o que eu havia
PERGUNTA: Sr. Sieg descoberto. Eu ignorava completa
fried Castan Ellwanger, nos mente que já existiam livros ale
sas pesquisas mostraram que mães, franceses,ingleses e norte-

até 1986 o senhor jamais americanos denunciando as menti


publicou um livro,um arti ras que enchiam o mundo.
P: O senhor fala como se
nada lá que confirmasse a propagan
existisse uma conspiração da dos aliados. Talvez o que te
internacional contra a Ale nha me resolvido mesmo a escrever
manha. Será que na verdade o livro foi ter lido "0 MITO DE
não era uma campanha mun AUSCHWITZ", escrito pelo jurista
dial contra o nazismo? alemão Wilhelm Stáglich,que um a-
migo me enviou logo depois de eu
R: Durante décadas, os filmes a- ter regresado ao Brasil.
mericanos mostravam os índios co
mo criminosos.Durante a guerra,os P: Por que o senhor esco
criminosos passaram a ser os japo
lheu o título:"HOLOCAUSTO;
neses. 0 povo soviético era herói JUDEU OU ALEMflO?".,..?
enquanto estava ao lado dos alia
R: Antes de começar a escrever o
dos, depois da guerra passou a ser
livro, eu já tinha seu título pron
o grande inimigo. Nada porém se
to: "A MENTIRA DO SÉCULO". Mas
iguala à nefasta propaganda con
achei que era insuficiente por
tra o povo alemão,que teve início
que não identificava a mentira.Re
vários anos antes da Segunda Guer
solvi então escolher "HOLOCAUSTO;
ra e gje prossegue inalterada ain
da agora, apesar da unificação,
JUDEU OU ALEMfíO? - NOS BASTIDORES

quarenta e cinco anos depois do


DA MENTIRA DO SÉCULO",, p que não
término do conflito. Talvez por deixava dúvidas sobre o .Qdnteúdo.

não ter sido assinado o Tratado


P: O senhor jamais havia
de Paz, a Alemanha continua ocu
escrito um livro e portan
pada por 800 mil soldados "alia
to nSo tinha experiência.
dos"^ propaganda anti-alemã con
Como foi a primeira ten
tou inclusive com a participação
tativa?
dos mestres de Hollywood. Foi Al-
fred Hitchcock quem filmou os ca R: Foi um trabalho estafante que
dáveres de mortos por epidemias de normalmente me ocupava até uma
tifo como se fossem vítimas do na da madrugada. Era necessário pes
zismo.Foi um impacto mundial. Na quisar cada assunto e durante es
época também se falava que os a- sa pesquisa apareciam outros fa
lemães faziam sabão de judeus mor tos que também mereciam comentá
tos. Essa massa de propaganda foi rios. Depois, eu não podia esten
tão grande que hoje é raro encon der-me muitójpois acabaria escre
trar pessoas que não associem os vendo um livro muito volumoso, de
alemães ao assassinato de judeus custo elevado e de vendagern difí
nas câmaras de gás. Visitei duas cil. Levei aproximadamente cinco
vezes os campos de concentração de meses, de tempo integral,para com
fluschwitz e Dachau. Não encontrei pletar o livro.
O JORNAL
JOCK
ANOt*N?» 9 KMVrOALCOM • nmmifhnOm t Wt PlH»:Cr«10IMN>

0 autor
do livro mais
perseguido
do Brasil

JOCKYMANN E A CASSAÇÃO
Foi a terceira decepção. No mesmo
dia, no centro,encontrei um anti
P:Mesmo os escritores con go funcionário da minha firma,que
sagrados, com raríssimas estava tirando orçamentos para
exceções, têm dificuldades imprimir um pequeno romance poli
para encontrar um editor cial de sua autoria. Foi ele que
para seus livros. 0 "HOLO me recomendou a Gráfica Pallotti.
CAUSTO; ... M , além de ser o Dependendo do preço,ele achou que
livra de um estreante, era eu devia editar o livro por minha
também um livro controver conta. Fiz o contato. Acertamos o
tido.Como o senhor foi re preço,condiçSes de pagamento,pra
cebido pelos editores? zos e outros detalhes. Encomendei
5 mil livros para a primeira edi
R: Eu mal tinha acabado de escre ção. Isso aconteceu em setembro
ver o livro, mandei tirar uma có de 1986. 0 livro deveria ser en
pia e, muito feliz por ter con tregue em dezembro, antes do Na
cluído o trabalho, fui procurar o tal. Escolhi uma capa de impacto
pessoal da livraria Palmarinca, que e tive o cuidado de escolher um
alguns amigos haviam me recomen tipo de letras grandes para faci
dado. Foram muito atenciosos, pe litar a leitura.
diram duas semanas para ler o li
vro. Aguardei curioso a sua opi
nião, que se transformou na minha 0 PSEUDÔNIMO
primeira decepção. 0 livro foi
considerado muito interessante e P: 0 pseudônimo que o se
surpreendente, porém o mercado de nhor escolheu, Castan, têm
livros estava em crise e eles a- provocado grandes discus
charam que era melhor que eu pro sões. 0 senhor inclusive
curasse uma editora do Rio ou São foi acusado de ter escolhi
Paulo, que pudesse financiar a o- do um nome judaico.
bra. Procurei então a L&PM, que,
ciente do conteúdo, pediu de qua R: Absolutamente. Quando escrevi
tro a seis meses para examinar a o livro, achei que ele não teria
obra e então decidir. Foi a se grande aceitação no Brasil, mas
gunda decepção.
sim nos países de língua espanho
Agradeci mas não deixei o la. Por isso optei pelo nome de S.
livro. Fui falar entSo com o sr. E.Castan, usando o nome de meu avô
Ortiz da Editora Tchê, que também materno, que era francês. Achei
me pediu três meses de prazo para que seria mais fácil de ser pro
examinar o livro,que depois seria nunciado em espanhol. Fiz apenas
julgado por uma comissão editorial. uma inversão do meu nome.Ao invés
de Siegfried Ellwanger, adotei 0 LANÇAMENTO
Siegfried Ellwanger Castan,ou se
ja, S.E.Castan; esse fato foi a- P: A coletividade israeli
proveitado pelos sionistas,que me ta, através de suas lide
acusaram de estar me escondendo ranças, já o acusou várias
sob um pseudônimo. Quanto ao Cas- vezes de ter lançado seu li
tan,eu nem sabia da existência de vro "HOLOCAUSTO; JUDEU OU
nenhum Nelson Castan.Não inventei ALEMfiO?" em Capão da Canoa
o nome, eu o herdei do meu avô. com o intuito de provocar
os judeus. Isso é verdade?

A DISTRIBUIÇÃO R: Foi uma santa ingenuidade,mas,


para usar o termo certo, foi bur
P:Um dos motivos que leva rice. Eu imaginei que os descen
ram seus críticos a suspei dentes de Israel,que veraneiam em
tar que o senhor possuía grande quantidade naquela praia;
ligaçOes com movimentos po comprariam meu livro que nem água,
líticos foi o fato do seu para saber por que eu considerava
livro n3o ter sido distri o assassinato de seis milhBes de
buído por nenhuma empresa judeus como a mentira do século.
nacional. Por que o senhor Foi desconhecimento total da rea
fez sozinho a distribuição? lidade. A Pallotti não terminou o
Foi boicote das distribui livro em dezembro e nem em janei
doras ou tática de vendas? ro, mas somente na primeira semana
de fevereiro. Achei que devia fa
R: Nem uma coisa nem a outra.Quan zer um lançamento que chamasse a
do procurei as distribuidoras fi atenção do público. Para isso
quei apavorado com a comissão que acertei a venda exclusiva com a
elas me solicitavam para distri Livraria Seleta.
buir meu livro.Chegam a pedir" 60% Acertei a propaganda, bem
sobre o preço de capa. Como sem vistosa, no CORREIO DO POVO, no
pre fui um bom vendedor, resolvi JORNAL DO COMÉRCIO e na GAZETA
enfrentar com mais três parentes a MERCANTIL, em dias diferentes du
distribuição.Afinal,tive que gas rante duas semanas. Mandei fazer
tar muito dinheiro para ver meu cartazes vistosos que colamos e
livro impresso e tinha agora que dependuramos na livraria, junto
procurar vendê-lo para não ter um com desenhos de Churchill,Stalin,
prejuízo muito grande. Mussolini, Roosevelt e Perón. Por
ingenuidade, mandei vir todos os donos eram judeus e foi oferecer o
5 mil livros para a minha casa de livro.Foi grosseiramente convida
Atlântida,onde encheram a garagem. da a se retirar. Mas com todas as
Os livros foram trazidos por meu demais livrarias não houve o me
cunhado numa Kombi tão velha que nor problema.Eu havia sido infor
a todo momento era necessário con mado que as vendas estavam male,
ferir a carga para ver se alguns por isso ofereci os livros em con
pacotes não tinham :caído na estra signação. A primeira livraria que
da. 0 lançamento foi um fracasso. eu procurei foi a Sulina.Contatei
Um fiasco total que não deu para pessoalmente com o diretor-presi-
cobrir nem dez por cento das des dente, sr. Leopoldo Boeck, que me
pesas com publicidade, transpor proporcionou o primeiro dos muitos
tes, estadia e comissões. A ven momentos de felicidade que passei
da total não passou de 350 exem a ter dali por diante. Ele estava
plares. Houve a venda de alguns preocupado par não ter sido pro
poucos livros para sionistas que curado por mim. Em conseqüência
examinaram a obra' e tiveram curio dos anúncios que eu havia publica
sidade para saber quem era o au do nos jornais, há várias sema
tor. Um desses elementos se apre nas que dezenas de leitores bus
sentou na Pallotti, pedindo meu cam meu livro nas suas livrarias.
endereço, porque eu tinha Ine pres Ele fez um pedido inicial de 400
tado um serviço e ele queria me pa livros.
gar o que estava me devendo.0 di
retor da Pallotti, é claro, des
confiou da história e não forneceu No mesmo dia procurei a Li
meu endereço.. vraria do Globo,que ficou com 500
exemplares. Acertei também a ven
da com a Livraria Palmarinca. A

O DESANIMO partir dai, a colocação do meu li


vro se tornou tão fácil que en
P: Logo no Início,quando o treguei a distribuição à minha cu
livro foi lançado era Porto nhada. Apesar da experiência de
Alegre,o senhor teve algum sagradável com a Livraria Kosmos,
problema com as livrarias? ela não desanimou e.teve muito su
cesso. Graças a ela meu livro foi
R:Somente com duas livrarias.Pri colocado pela Distribuidora Ultra
meiro com a Livraria Papyrus, de em todos os supermercados e na Li
pois com a Livraria Kosmos. Por vraria Aurora. Seu proprietário,
sinal, a Livraria Kosmos marcou a sr. Eduardo,por duas vezes veio à
estréia da minha cunhada como dis nossa editara em busca de novos
tribuidora. Ela nâo sabia que os exemplares.
da Enciclopédia Britânicae conhe
cia bem o mercado de livros.
P: Como o senhor reagiu ao
sucesso do seu livro?Espe-
rava por ele, foi apanhado 0 PERIGO
de surpresa, ele foi fruto
do seu trabalho? Como foi P:Se o seu livro es
isso tudo? tava vendendo tSo bem, por
que, exatamente no melhor
R: Eu evidentemente fiquei muito momento, o senhor vendeu
alegre com o sucesso do livro.Co sua casa em Atlântida?
mo eu já declarei, não esperava
que ele fizesse sucesso no Brasil. : Com o aumento da área de en
Fui realmente apanhado de surpre trega,a cobrança já não podia ser
sa. Mas houve muito trabalho no feita de 30 em 30 dias, nem mesmo
meio. Quando as livrarias do in de 60 em 60 dias.Eram milhares de
terior começaram a solicitar' meu livros espalhados por quatro es
ÜvrOj eu fiquei com um problema tados. Naquela altura a inflação
de transporte.Animada pelo suces perdeu completamente o controle e
so total de Porto Alegre, resolvi o preço dos livros se tornou tão
financiar a compra de um novo ridículo que na maioria dos casos
veículo para meu cunhado,em subs nem valia a pena ir nas cidades
tituição à famosa Kombi. Ele es para fazer a cobrança. Por outro
colheu uma Caravan,na Casa Dico, lado, os boatos de que eu estava
dando a Kombi como entrada, fican forrado de dinheiro fizeram com
do eu com a diferença de pre que dezenas de livrarias não se
ço. Antes tivéssemos ficado com a preocupassem em pagar ou devolver
Kombi, porque o que a Caravan ti os livros que tinham recebido.Teve
nha de bonitinha, tinha de gasta- um momento que tive que torrar mi
dora. Com a Caravan começamos a nha casa, en frente ao mar, em A-
fazer as entregas no interior e tlântida, para evitar problemas
em Santa Catarina.Nesta altura já financeiros.Eu mesmo havia proje
tínhamos tirado mais quatro edi- tado a casa.O felizardo comprador
çBes de 2.500 volumes cada uma. foi o sr. Alécio Ughini. Após es
Na mesma ocasião contatamos com sa venda ainda fui obrigado a tor
uma distribuidora paulista, cujo rar um terreno que ficava nos fun
nome prefiro não citar,porque fu dos da casa. Naquela época, eu e
giu, da raia na primeira ameaça de minha família nos divertíamos
bomba que recebeu.Acertei então a quando o sionismo se revezava em
ida para São Paulo do sogro da mi acusações que eu era financiado pe-
nha irmã, que tinha sido vendedor lqs tesouros roubados pelos na-
zistas ou então pelos árabes. Pa discutimos política em tom de brin
ra continuar tivemos que reformu cadeira. Não acredito que meu ir
lar tudo, porque as condições ha mão me dê o direito de falar li
viam mudado radicalmente e preci vremente se ele e seus direitis
samos nos organizar.Todos os car tas chegarem ao poder.Mas eu, que
ros que eu possuía estavam em es acredito na democracia, acho que
tado lamentável.Um Escort que fa ele tem o direito de ser um homem
zia as cobranças no interior de de direita. Afinal, não se pode
São Paulo, quando voltou, chacoa gostar somente do azul e do ver
lhava como uma cristaleira. Mas melho. Existem pessoas que gostam
eu havia aprendido muito e sabia do amarelo, outras que gostam do
agora com quem podia e com quem
roxo, outras até que gostam do
não podia contar, Foi o que fez preto. Não tenho nada contra os
a Editora Revisão crescer. judeus nem contra o Sr. S.E.Cas
tan, mas acredito que os dois te
nham direito a expor suas idéias.
Afinal, esse é um direito que a
DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição nos assegura. Mas é
evidente que serei sempre contra
HANS SCHNEIDER, POA: "Antes
o anti-semitismo, como sou contra
de mais nada quero declarar que
o anti-germanismo ou contra qual
acho oportuníssima esta série de
quer outro anti que discrimine
reportagens sobre o livro do Sr.
pessoas ou povos. Era o que eu
S.E.Castan, que de resto não li e
queria que fosse lembrada no mo
nem pretendo ler porque o assunto
mento em que se trava uma discus
não me interessa. Mas me interes são tão salutar".
sa sobremaneira tudo o que envolve
a questão de nossas liberdades.Eu
metenho por homem de esquerda,tal
RS: 0 Hans é, por incrível que
vez até de extrema esquerda. Mas pareça, mestre carpinteiro. Sua
tenho um irmão que é justamente o carta é bem melhor do que cente
oposto. A vida,com seus sofrimen nas de outras que recebemos assi
tos, nos levou para caminhos di nadas por advogados, professores
versos.Como nos estimamos e nossa e intelectuais.0 dia em que todos
estima nasceu na"o apenas de laços os carpinteiras tiverem essa cla
de sangue, mas de anos de sofri reza do Hans para expor suas idé
mento para sustentar nossa mãe ias, o Brasil será muito melhor.
viúva e mais seis irmãos, somente

PUBLICADO NO JORNAL RS DO DIA 22 DE DEZEMBRO DE 1990. ( N2 223 ).


CAPÍTULO VII

A PRIMEIRA ENTREVISTA COM ELLWANGER

(2^ PARTE)

0 CONTROVERTIDO AUTOR DE

"HOLOCAUSTCT; JUDEU OU ALEMÃO?"


EXPÕE SUAS IDÉIAS, CONFESSA
LISAMENTE SUAS OPINIÕES E EXPLICA QUE

A HISTÓRIA DOS VENCEDORES ESTA MAL


CONTADA EM RELAÇÃO AOS JUDEUS

Na primeira parte desta para enfrentar as despesas de sua


entrevista, publicada no número editora. Isso, por si só, acaba
anterior, o confuso e atabalhoado com a lenda que ele teria sido fi
lançamento do livro "HOLOCAUSTO; nanciado por organizações nazistas
JUDEU OU ALEMÃO?11 foi o assunto ou neo-nazistas.
principal. Como ficou fácil de Outro ponto importante,es
perceber nas palavras de Siegfried clarecido na primeira parte da en
Castan Ellwanger, o lançamento do trevista, foi â reação dos livrei
livro na praia de Capão da Canoa ros. Apenas duas livrarias, c
não foi uma provocação planejada propriedade de judeus, a Kosmas e
deliberadamente, mas uma ingenui a Papyrus, recusaram "HOLOCAUSTO;
dade de um distribuidor inexpe JUDEU OU ALEMRO?", por motivos
riente. Ellwanger acreditava real óbvios. Todas as demais apanharam
mente que a comunidade israelita o livro com as duas mãos, perce
se interessasse pelo seu livro, o bendo que ele seria um sucesso de
que demonstra como ele conhecia vendas. Não houve a menor restri
muito pouco os judeus. 0 fracasso ção ao livro, embora seu conteúdo
do lançamento colocou Ellwanger fosse evidente. Também não houve
em dificuldades financeiras que no primeiro ano a menor reação con
aumentaram na medida em que a in tra o livro de Ellwanger. Os crí
flação destruía o seu improvisado ticos (se é que Porto Alegre os
sistema de distribuição. Em pleno tem) não tomaram conhecimento do
sucesso,Ellwanger teve que vender livro e os intelectuais conside
sua casa,' na praia de Atlântida, raram a obra de baixa qualidade e
lhe deram as costas. A mágoa da queríamos, convém esclarecer mais
Federação Israelita do Rio Gran uma vez,polemizar ou tomar parti
de do Sul tem portanto razão de do, mas apenas descobrir as ra-
ser. Ela esperava uma reação de z5es do sucesso do seu livro:"HO
críticos, escritores, artistas, LOCAUSTO; JUDEUJGU ALEMÃO?",que é
intelectuais e livreiras,e a rea o maior fenômeno editorial brasi
ção não houve. leiro de todos os tempos.A entre
Também ficou evidente na vista não é feita para agradar ou
primeira parte da entrevista de desagradar ninguém,mas apenas pa
Ellwanger que os seus primeiros ra tentar descobrir roque pensa e
problemas não foram com a coleti no que crê Siegfried Castan Ellven-
vidade israelita, mas com a pró ger.

pria desorganização de sua edito


ra e de sua distribuição. Todos
esses problemas,causados pela sua ANTI-SEMITISMO
inexperiência, transformaram El
lwanger num caso"único: ele tinha RS: Há uma pergunta i-
prejuízos com o sucesso. Ele ter nevitável e essa entrevis
insistido e aplicado no livro boa ta não teria a menor razão
parte de suas economias é uma pro de ser se ela nSo fosse
va que seu objetivo não é o lucro feita,Sr. Ellwanger, o se
nem o sucesso,mas a divulgação de nhor é anti-semita?
suas idéias.Ele luta por uma cau
sa. Ela pode não ser justa nem ELLWANGER: É lógico que não!
conveniente, mas existe. A partir Ser racista no Brasil merece um
daí se pode -entender melhor Sieg- atestado de burrice, pois temos
fried Castan Ellwangere lhe dar a entre nós representantes de pra
sua exata dimensão dentro do qua ticamente todos os povos da terra.
dro atual do revisionismo alemão. Aliás, seria importante definir,
Nesta segunda parte da en antes de mais nada, quem é semita
trevista que Ellwanger nos conce aqui no Brasil. No dicionário a
deu, suas crenças pessoais e seus palavra semita significa: "indiví
objetivos ficam mais claros. Ele duo dos semitas, família etnográ
responde às nossas perguntas, por fica e lingüística originária da
escrito,com mais franqueza do que Ásia Ocidental e que compreende os
responderia pessoalmente ou em pú hebreus, os assírios, os aramai-
blico. A entrevista foi feita de cos, os fenícios e os árabes". Não
pois que as três primeiras repor indica quais são esses países da
tagens foram publicadas. Tínhamos Ásia Ocidental e devo confessar a~
conquistado a confiança de Ellwan bertamente que não conheço um só
ger com a nossa honestidade. Não membro desses povos indicados, pois
caso contrário já teria pergunta quisadores e portanto não nos con
do sua nacionalidade, em que país sideramos infalíveis. Agora, não
nasceu,parque gasto muito de geo estamos nem um pouco preocupados
grafia. com o que pensam a esse respeito
os aramaicos, os árabes, os assí
PERGUNTA;O senhor é um ho rios, os hebreus ou os fenícios.
mem prático e por isso va Ninguém pode nos dizer o que deve
mos deixar de lado a geo mos escrever.

grafia e falar em termos


práticos.Usualmente é cha
mado de anti-semita quem OS PROTOCOLOS
nâo gosta de judeus. Edi
tando livros que criticam P:Os judeus sempre negaram
os judeus, o senhor n3o se a autoria dos famosos "PRO
enquadra na definição clás TOCOLOS DOS 5ÁBI05 DE SlRO".
sica de anti-semita? A opinião mundial parece
concordar com eles. A obra
RESPOSTA: Sou acusado de editar é considerada apócrifa e
exclusivamente obras anti-semitas, fantasiosa. Sua editora a-
pelo que eu estaria, dessa forma, pesar disso reeditou o li
mostrando meu racismo.É uma infâ vro. Isso significa que a
mia, que parte justamente do único senhor acredita que "OS
movimento que existe no mundo,que PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE
foi considerado racista pela Organiza SIÍO" sâo autênticos?
ção das Nações Unidas: o sionismo. Di
ga-se de passagem que a conclusão RrSabemos que houve até hoje dois
da ONU foi aprovada inclusive com julgamentos de repercussão inter
vota do Brasil. No meu caso parti nacional, quando os sionistas pu
cular, os sionistas se irritam co seram em dúvida sua autenticidade,
migo, porque os nossos livros es tachando a obra de falsificação.
tão revelando fatos completamente 0 primeiro julgamento foi
desconhecidos ou que foram esca no Cairo, onde o livro foi decla
moteados dos noticiários. 0 lema rado autêntico. 0 outro julgamen
de nossa editora é:'Conferindo to teve lugar em Berna.A obra foi
e Divulgando a História1. considerada apócrifa mas o julga
Todos os nossos livros são mento foi anulado por terem havido
fruto de um intenso trabalho de irregularidades durante o proces
pesquisa. Se o que publicamos não so. Para quem lê esse livro, ana
corresponde à verdade, venham e lisado por um especialista no as
nos mostrem nossos erros para que sunto, como Gustavo Barroso, fun
os examinemos juntos. Somos pes dador do Museu Histórico Nacional
e várias vezes presidente da Aca daica na Alemanha. Esse boicote
demia Brasileira de Letras, fica cantou com a colaboração de popu
muito difícil não acreditar nesse lares, membros do partido Nacio-
plano de dominação mundial. Os nal-Socialista e da própria polí
próprios acontecimentos nos levam cia, que .colocou seus homens na
a acreditar na sua autenticidade. frente das lojas, desaconselhando
Eu me considero nacionalistae não qualquer compra.0 boicote pacífi
gostaria de ver o nosso país go co de um dia praticado pelos ale
vernado por quem não fosse bra mães teve repercussão mundial.Foi
sileiro. apresentado como uma perseguição
cruel aos judeus. No entanto, a
guerra econômica total e permanen
A PERSEGUIÇÃO te contra a Alemanha foi muito
pouco divulgada. Eu só faço idéia
.*; Nossos leitores judeus do que.seria capaz de fazer o po
ironizam muito suas opi vo brasileiro contra as firmas de
niões e dizem que, do modo propriedade dos americanos se os
como o senhor discute o pro- Estados Unidos nos declarassem uma
blema,parece que os judeus guerra similar.
nunca foram perseguidos na
Alemanha.O que o senhor tem P: É inegável,e existe far
a dizer sobre isso? ta documentação sobre isso,
que foram promulgadas vá
R: Conforme foi estampado na pri rias leis anti-semitas na
meira página do DAILY EXPRESS, de Alemanha antes da guerra.O
Londres,no dia 24 de março de1933, senhor nega o fato?
o Movimento Sionista,que se apre
sentou como porta-voz de toda a R: Todas as ações geralmente pro
comunidade judaica mundial,decla vocam reaçSes. A guerra econômica
rou a guerra econômica à Alemanha decretada pelos sionistas contra
e o boicote geral contra todas as a Alemanha acabou realmente provo
mercadorias de origem alemã. Eram cando uma lei racista,em 1935,que
decorridos apenas 19 dias após a visava impedir casamentos de ale
vitória dos nacional-socialistas nas mães com judeus. Note-se que eles
eleições alemãs. Essa guerra eco eram muito raros na Alemanha. Não
nômica total teve um revide mais era uma lei anti-semita. Ela vi
simbólico do que real, oito dias sava, ao que tudo indica, tornar
após, quando foi decretado um boi a raça ariana pura, ou seja, sem
cote de apenas uni dia contra to nenhuma ascendência judaica, con
das as casas comerciais perten dição básica do arianismo. Essa
centes a membros da comunidade ju lei também teve repercusão inter-
nacional, apresentando os alemães sionistas, em todo o noticiário
como racistas. Ninguém lembrou as mundial. A guerra econômica lhes
restrições que os judeus têm aos custou a perda de cargos elevadís
casamentos com os outros povos. simos que ocupavam no governo, na
Também a imprensa esqueceu bolsa de valores, nos bancose nas
que, em vários estados americanos, entidades financeiras. Enquanto
a lei impedia o casamento de bran isso, o que dizia Chaim Weizman,
cos e negros. presidente do Conselho Mundial Ju
daico?... Reproduzo suas declara
ções na página 64 do meu livro "S.
A HOSTILIDADE O.S. PARA ALEMANHA":
"...A mim pou
P: Mesma os jornais ale co importaria se a Alemanha fos
mães, naquele período no se vítima da cólera ou do bolche-
ticiavam atos de hostilida vismo. Par mim podem vir ambas as
de contra os judeus. Exa pragas. Prefiro ver o desapareci
gero sionista ou realmente mento dos judeus alemães, que o
existiram? desaparecimento do Estado de Is
rael para os judeus"...
R: Não deve ser fácil assistir
impassível a um boicote mundial,a
uma verdadeira guerra contra a sua A KRISTALLNACHT
pátria. Por isso acredito que de
ve ter havido hostilidade contra P: Há um dia trágico na
os judeus, atos hostis isolados história dos judeus ale
contra elementos da comunidade ju mães, a tristemente famosa
daica. Nós mesmos tivemos a opor Kristallnacht, ou seja, a
tunidade de ver inúmeras persegui Noite dos Cristais, quando
ções, aqui mesmo no Brasil,a des foram quebradas as vitrines
cendentes de alemães, italianos e das lojas judaicas, incen
japoneses, durante a guerra, pelo diadas sinagogas e apedre
crime de terem sido surpreendidos jados vários bancos.Qual é
falando a língua dos seus avós. sua opiniSo sobre a Noite
Houve gente que só por is dos Cristais?
so foi detida e condenada a tra
balhos forçados. Aqui no Brasil, R: A situação mais ou menos pací
insisto. Não é difícil imaginar o fica entre os alemães e a comuni
que aconteceu lá na Alemanha. Os dade judaica teve um forte abalo
próprios judeus alemães se mostra em novembro de 1938,ouando um ju
vam contrariadas pela deformação deu assassinou em Paris um diplo
do noticiário, provocada pelos mata alemão dentro da própria em-
baixada. presentavam um desprestígio para
O povo reagiu violentamen o Reich.
te praticando atos de vandalismo
contra judeus, quebrando vitrines
e incendiando sinagogas em várias A QUEIMA
cidades alemãs. Essa manifestação
foi chamada de Kristallnacht (Noi : Mas as manafestaçOes
te dos Cristais) sendo lembrada com contra judeus, na Alemnaha
justo pesar pela comunidade até os de Hitler,nSo se limitaram
dias de hoje.É conhecida a reação à Noite de Cristal. Foram
de Hitler contra esse ato, que mes realizadas várias queimas
mo assim prejudicou a imagem do de livros.
Reich no exterior, onde todos os
exageros ganhavam grandes espaços R: Não sei de várias queimas, sei
na imprensa. Ainda agora esse há de uma. Houve realmente uma quei
bito persiste. No dia 2 de novem ma de livros,em determinada noite,
bro o sionista Ben Abraham decla patrocinada não sei por quem, que
rou a ZERO HORA, página quatro, atraiu um regular número de pes
que "naquela noite foram assassi soas. Elas tinham sido convidadas
nadas milhares de pessoas e que para atirar na fogueira livros de
todos os grupos da SA e da SS par autores judaicos ou outros - que
ticiparam do vandalismo usando não fossem do seu agrado.Esse ato
trajes civis".Quero citar o maior estúpido,que igualmente ganhou as
historiador inglês, David Irving, manchetes dos jornais,foi mostra
que na conferência que pronunciou do, com justiça,como um ato de in
em Barcelona, no ano passado, de tolerância e racismo.Mas eu chamo
clarou: a atenção para um fato muito im
"...Na Noite de Cristal, portante. Por mais incrível que
onde aconteceram atentados contra possa parecer, o sionismo, que
lojas e sinagogas, comunicaram a tanto divulgou, condenou e explo
Hitler que haviam telefonado de um rou esse atentado contra o pensa
hotel de Munique para denunciar mento humano e a cultura,está ten
que uma sinagoga vizinha estava tando cometer o mesmo crime con

ardendo. No mesmo momento Hitler tra meus livros e os livros publi


ordenou aseus ajudantes para aca cados pela editora Revisão.
barem com essa situação insana. Felizmente a opinião públi
Convocou seus principais minis ca, que em 38 condenou os atos do
tros, Himmler, Goebbels, Rudolf Nacional-Socialismo, agora em 90

Hess e o chefe de polícia, para condena a atitude dos sionistas


acabarem com esses atos, que re contra nós.
A NEGATIVA ção de um jornal judaico, em ple
na capital da Alemanha em 1942. É
P:5uas respostas d9o a en por aí que deveríamos começar os
tender que o senhor não a- debates para esclarecer a verda
credita que existiu uma de.
perseguição oficial aos ju
deus na Alemanha de Hitler.
O DEBATE
R: Realmente não acredito que te
nha havido perseguições específi P: Embora o senhor tenha
cas contra pessoas,só porque elas sido convidado e desafiado
professavam a religião judaica. várias vezes, jamais con
Conforme mostro no meu li cordou em participar de de
vra "S.O.S. PARA ALEMANHA",no dia bates. Por quê?
5 de junho de 1942 circulava e
Berlim um jornal judaico, com a- R: Primeiro, todos os convites que
núncios diversos, ofertas de li recebi para debater o assunto en
vros para jovens e roteiros de volviam pessoas que nem tinham li
cultos religiosos,indicando horá do ou estudado nossas obras. Al
rios e datas dos serviços que se guns, confessadamente, só tinham
riam realizados nas 8 sinagogas da dado uma olhada.Existe uma técni
capital alemã. Lembro que em 1942 ca conhecida no mundo inteiro e
a Segunda Guerra havia atingido que está sendo aplicada contra
seu ponto mais violento- Conside- nossas obras, com algum sucesso.
rantto que esse jornal estava cir Consiste em difamar seu autor e
culando 9 anos após a guerra eco tentar ridicularizá-las,para evi
nômica e dos boicotes contra as tar que o leitor "...gaste seu ri
mercadorias alemãs e após três a- co dinheirinho lendo besteiras,
nos do início da guerra,não tenho pois a História já foi escrita e
boas condições para imaginar per- não admite contestaçSes...".0 que
seguições por motivos religiosos. causa suspeita é a excessiva preo
Afinal, a opinião pública em 1942 cupação existente contra nossos
considerava que a guerra havia.si livros, que chega ao ponto insano
do provocada pelo sionismo.Se hou de pedir a incineraçSo de nos
vesse perseguição, é mais do que sas obras.0 conhecimento dos pro
evidente que não circularia nenhum blemas que envolvem a Segunda
jornal judaico. Por que os que ten Guerra Mundial,que adquiri ao lon
tam proibir meus livros não refu go desses anos todos, não me dá
tam essas provas? paciência suficiente para ouvir
Gostaria de saber que ex acusaçBes sobre racismo, anti-se
plicação eles têm para a circula mitismo ou neo-nazisfno totalmen-
te infundadas sobre minha pessoa. outro lado, todos nds conhecemos
Não tenho o menor interesse de rea as diversas técnicas que o sionis
lizar qualquer debate com pessoas mo usa, em todo o mundo,para for
que só pretendem me desmoralizar jar provocaçSes anti-judaicas. 0
ou que não possuem conhecimento recurso mais comum ê pintar suás
suficiente sobre o assunto. Com ticas com dizeres anti-judaicos
desculpas pela comparação,seria o nas paredes de sinagogas,colégios
mesmo que levar o Dr. Zerbiní pa e cemitérios de judeus Também co
ra um debate com estudantes de me nhecemos muito bem como são falsi
dicina. Depois, eu não vejo a ne ficadas cartas cem ameaças de bom
cessidade de nenhum debate. Nos bas e atentados,como aconteceu re
meus livros eu apresentei provas. centemente em Paris. 0 resultado
Volto ao jornal judaica. Está lá, dessas campanhas subterrâneas são
estampada, uma fotografia do jor reportagens escandalosas na impren
nal. Ele existe nos arquivas de sa, passeatas de repúdio e outras
Europa. Tentem provar que ele não coisas do gênero,feitas para pres
existiu. Mas depois que verifica sionar os governos e induzi-los a
rem, como eu verifiquei que ele tomar providências contra preten
realmente existiu,então admitam a sas agressSes.Na nossa Pátria não
verdade. Fatos contra fatos, o há lugar para essas farsas. O úl
resto é bate-boca. timo confisco de meus livros ê um
exemplo. Apesar de toda a pressão
que exerceram sobre o governo e da

O PERIGO campanha acirrada cia imprensa, quan


do confiscaram meus livros o pú
P: O senhor n3o tem receio blico presente na Feira do Livro
que seus livros terminem vaiou a ação policial. Os brasi
provocando uma onda de an leiros já sabem quem mente e quem
ti-semitismo no Brasil? fala a verdade. Meus livros dese
jam apenas restabelecer a verdade
R: É claro que não.Nosso povo não histórica.São contra a mentira, o
é idiota. Desafio que me provem embuste, a injustiça, mais nada.
que em qualquer dos meus livros eu
preguei o anti-semitismo.Não exis
te clima para isso no Brasil. Por

PUBLICADO NO N2 224 DO JORNAL RS DE 29 DE DEZEMBRO DE 1990.


cartas: há meio século é tão somente dos
alemães e pronto! E a ignorância
de tantos é tamanha que a força da
A REVISfiO repetência de tal infame mentira
acabou por ser a única fonte de
JOSÉ RICARDO DORIG0- informações, diga-se de fonte to
NI, ERECHIM: "Bravo! Finalmen talmente poluída, contaminada!
te um semanário ousa,com autenti Para exemplificar friamen
cidade e independência, nos reno te, pergunta-se, após aderrota a
var as esperanças nesse mundo de lema, após o massacre do povo ale
lama. Refiro-me, é claro, as re mão; o mundo tem melhorado?
portagens sobre a infâmia e a re Perguntem por aí, como es
denção do povo alemão.A obra "HO tá a vida de todos?
LOCAUSTO; JUDEU OU ALEMÃO?", en - 0 futuro é promissor?
tre outras, já vem tardiamente co A vida é um mar de rosas?
locar um basta em tanta mentira da Tudo está tranqüilo? Etc.
judiaria mundial! etc.
É tempo urgente de reconhe A Alemanha era então alar
cer que a cultura da Europa seja deada pelos seus inimigos como a
novamente recolocada nos seus de origem de todos os males!Era pre
vidos lugares, aliás, como sempre ciso destruí-la, derrotá-la! Pois
o foi no passado. Quem são os bem, a nação alemã, até hoje,
'anjinhos' que alardeiam que li ainda um mar de dor, foi externa
vros 'mordem'?! Quanto ao lixo da, esquartejada, conspurcada, e
literário, artístico(Cinematográ todos seus ideais sepultados na
fico , etc... deveria, sim,ser sem mais horrenda crueldade que o mun
pestanejar jogado no lixo!,.. 0- do já viu.Qualquer outro sacrifí
bras de cunho histárico-científi- cio que se possa comparar com ou
co, mesmo elementares, sempre va tros povos seria uma caricatura,
lerão mais que toda a podridão que uma heresia!
crassa impune nos dias de hoje! Quanto aos judeus, 'coita
Quem não sabe, também, quem dinhos', todos tão'inocentes',dão
é que manipula as informações do um verdadeiro atestado de'ignorân
mundo há mais de meio século, ou cia' a todos os povos do mundo,
muito mais! Tais pessoas, gru entre os quais todo o Ocidente,
pos , sociedades, etc., querem à que lhes perseguem sem nenhum mo
força enfiar-nos goela abaixo, suas tivo...?!...
surradas versões de seus exclusi Hoje, os judeus já têm sua
vos interesses, achando que só e- pátria, inclusive graças aHitler,
xistem ingênuos neste mundo! mas pergunta-se, ainda: estão os
Dizem que a culpa de tudo judeus todas na sua pátria?... 0
que fazem pelas naç5es de outros sórdidos,que tantos procuram ain
povos? E não são poucos, na sua da não divulgar!'Até quando a ca-
maioria esmagadora,mais de oiten tilina?1...
ta por cento, seiá por quê?... Ú- Sem dúvida nenhuma, somos
nico espírito humanitário? E por curvados pelos fatos férreos a a-
que não a praticam em seu país? tribuir à pessoa imortal de Hi
Deve ser por isso que o mundo es tler, e a incontáveis outras, mas
tá tão bom para se viver...'Sic*. que desponta entre tudo e todos a
Logo, nada mais justo,jus de Hitler, oceanos de razões, que
tíssimo, que os neo-germânicos, hoje contidas, serão em futuro
(já que os alemães,'coitados',são próximo trazidos à tona da Histó
ainda proibidos de se manifesta ria, que sempre foi a eterna mes
rem, razão primeira para uma só tra e imparcial juíza!
versão dos fatos), possam opinar, Aqui o nosso repto sempre
e, com provas, algumas estarrece- conciso, inciso derradeiro".
doras e fornecidas pelos próprios
judeus e vencedores da guerra,so
bre inúmeros fatos e obscuridades RS: José,nós somos muito pequenos
propositais a respeito do que real para sequer pensar em revisSo his
mente aconteceu naqueles derradei tórica. Tudo o que queremos contar
ros dias da nobre (única) nação com esta série de reportagens é os
alemã. desatinos que podem acontecer quan
Inicia-se pois uma nova era, do a imaginação atropela a rea
que dando mesmo de outro conti lidade. Gostaríamos de ver a ver
nente (havido latrina) tal brado são dos vencidos,mas de forma al
de alerta contra os jargões co- guma gostaríamos de ver o renas
nhecidíssimos,quer sejam contra o cimento do nazismo ou de qualquer
povo alemão; contra seu ídolo maior, outra ideologia totalitária.
Hitler, fica cada dia mais claro,
mais evidente,os motivos escusos,
CAPITULO VIII

O SEGREDO DE ELLWANGER

UMA PESQUISA REALIZADA DE JUNHO A AGOSTO

REVELOU INESPERADAMENTE O SEGREDO

DO SUCESSO ESPETACULAR DE

"HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALEMfíO?"


E COLOCOU ALGUMAS QUESTÕES
QUE A COLETIVIDADE ISRAELITA

PRECISA RESOLVER COM URGÊNCIA.

Qual é o segredo do suces qualquer outro autor de fama mun


so de "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALE- dial.
mAO?". O livro foi arrasado pela Cinco anos após o seu fra
crítica, boicotado pelos meios de cassado lançamento numa livraria
comunicação, retirado das prate de Capão da Canoa, o livro de El
leiras pelas livrarias e nem assim lwanger chega aos 120 mil exempla
saiu da lista dos "best-sellers" res, ultrapassa as fronteiras do
durante três anos. O próprio au Brasil e começa a ser vendido na
tor, Siegfried Castan Ellwanger, Espanha, no Chile, na Argentina e
reconhece que o texto das primei nos Estados Unidos, façanha rara
ras edições deixava a desejar,que mente conseguida pelos mais popu
a exposição dos fatos era confusa lares autores brasileiros. Qual é
e atabalhoada e que o planejamen o mistério desse sucesso?
to geral era mal feito. No entan Quem leu a longa entrevis
to, foi com todos esses defeitos ta que Siegfried Ellwanger nos
que o livro vendeu vinte e cinco concedeu não viu nele nenhum au
mil exemplares em apenas dois me tor carismático,mas apenas um ho
ses, recorde que nenhuma outra o- mem comum empenhado em defender
bra bateu até agora.Nos dois pri as causas que acredita. Também
meiros anos, praticamente sem pu quem acompanhou esta série de re
blicidade, "HOLOCAUSTO; JUDEU OU portagens constatou que não exis
ALEMÃO?" bateu todos os "best-se- te nada por trás de Ellwanger, nem
lers" nacionais e internacionais partidos nem organizações de qual
e S.E.Castan foi mais lido do que quer espécie. Ele também não teve
Jorge Amado, Sidney Sheldon ou os lucros fabulosos que apregoam,
mas apenas, com muito esforço,con mitas (que afinal representavam
seguiu se safar das despesas. 0 menos de 1096 do total). Nós que
livro, na verdade, lhe custou uma ríamos inicialmente fazer apenas
casa em Atlantida. duas perguntas.
Em termos de publicidade, Primeira: Por que comprou
Siegfried Ellwanger é um desampa o livro?
rado. Ele jamais publicou um anún Segunda: Qual a sua opinião
cio na ZERO HORA ou em qualquer sobre ele?

veículo da Rede Brasil Sul, por Mas na medida em que a pes


temer ser recusado.Durante o lan quisa avançava,descobrimos que os
çamento do livro, ele publicou leitores de Ellwanger não queriam
três anúncios no JORNAL DO COMÉR se restringir apenas a essas duas
CIO, mas por não ter tido respos perguntas. A partir de aí, reali
ta deixou de usar o veículo. Sua zamos pequenas entrevistas com
publicidade ficou restrita ao COR eles, o que nos levou a algumas
REIO DO POVO, mas, conforme cons descobertas surpreendentes.
tatamos, seus anúncios têm uma
resposta irrisória. De onde vêm
então esses leitores que esgotam A SURPRESA
avidamente seus livros? Só havia
um meio de saber: realizar uma A primeira surpresa foi sa
pesquisa. Foi o que fizemos. ber que apenas 9 leitores concor
davam com a divulgação dos seus
nomes. Cinco deles, por sinal,ti
A PESQUISA nham lido o livro e discordado to
talmente de suas idéias. Quatro
Em junho do ano passado, tinham gostado do livro e não se
quando decidimos publicar uma sé importavam com as possíveis con
rie de reportagens sobre o livro seqüências da publicação de sua
de Ellwanger,achamos que era fun opinião. Todos os 91 restantes se
damental realizar uma pesquisa negaram peremptoriamente a permi
entre seus leitores. Resolvemos tir a divulgação de seus nomes.
localizar 100 leitores, 70 na ca Motivo: temiam represálias dos ju
pital e 30 no interior do estado. deus. 0 curioso é que um dos en
Para evitar qualquer tipo de in trevistados mora numa pequena ci
fluência não recorremos aos arqui dade onde não existe una única
vos da Editora Revisão, [nas única família judia. Ele mesmo jamais
e exclusivamente às informações conheceu pessoalmente um judeu. Mas,
das livrarias. Recusamos todos os como os demais, acredita que "os
leitores judeus, obviamente, e os judeus são muito perigosos". Por
que eram confessadamente anti-se sinal, nas cidades do interior, o
livro "HOLOCAUSTO; JUDEU OU ALE- destemido que luta contra os po
MAO?" é comprado com mais cuidado derosos. Essa posição foi reforça
do que as revistas pornográficas. da pelos atos arbitrários que con
Onze leitores confessaram que en fiscaram o livro na Feira.
viaram funcionários às livrarias
para não serem identificados.Mes-
mo em Porto Alegre essa cautela O MOTIVO
existe. Entre os 70 leitores da Ca
pital, encontramos 27 que compra No entanto,o que levou 87%
ram o livro através de terceiros. dos leitores a comprar o livro não
Nas livrarias tradicionais,os ve foi qualquer sentimento anti-se
lhos clientes sempre pretextaram mita, mas a crença de que "a His
estar atendendo um amigo quando tória estava mal contada",isto é,
compraram o livro de Ellwanger. só conhecíamos o lado dos Vencedo
res. Para todos eles, Ellwanger
estava apresentando provas que
O MEDO os alemães eram inocentes da maio
ria das acusaçües que lhes tinham
Por incrível que possa pa sido feitas. No interior, 26 dos
recer, 95 dos 100 leitores tinham 30 leitores que entrevistamos eram
medo dos judeus. Todos eles acre descendentes de alemães e italia
ditam que os judeus dominam Por nos e disseram "que nunca tinham
to Alegre e que podem destruir quem acreditado no que os americanos
quiserem. No primeiro momento não diziam". Mas na capital, dos 70
nos demos conta que aí estava o leitores de Ellwanger, apenas 18
motivo principal do sucesso dos eram descendentes de alemães
livros de Ellwanger.Achávamos que italianos, os 52 restantes eram
se tratava de uma fantasia, sem brasileiros típicos. Nenhum dos
perceber que a crença dessas pes leitores, mesmo os que não gosta
soas invertia as posições em nos ram do livro, acreditava que a
sa Estado. Para quase a totalida cifra de 6 milhQes de judeus mor
de dos leitores de "HOLOCAUSTO; tos fosse correta. A maioria, 53,
JUDEU OU ALEMRO?", Siegfried El achava que tinham sido apenas 2
lwanger é uma vítima e os judeus ou 3 milhSes. 18 achavam que ti
são seus algozes.Com toda certeza nham sido menos de um milhão. 22
os judeus ficarão mais surpresos achavam que "nunca iremos saber
com esta conclusão do que nós.Mas da verdade" e 7 acreditavam que
ela explica muito bem por que, na "morreram uns trezentos ou qua
medida ern que aumentavam os ata trocentos mil no máximo". Todos,
ques ao livro, aumentavam também sem nenhuma exceção, são de opi
suas vendas. Na opinião de seus nião que os judeus exageraram pro
leitores,ele é o homem corajoso e positadamente os números.
Ellwanger não atingiram seus lei
tores. Dos 5 que leram o livro e
Dos nossos 100 entrevista discordaram dele, 3 acreditam que
dos, 92 acham a revisão da histó Ellwanger está sendo pago pelos
ria da Segunda Guerra Mundial i- árabes e 1 acredita que o dinheiro
nevitável e 78 consideram que a vem dos nazistas do Paraguai. To
reunificação da Alemanha irá ace dos os demais acham que Ellwanger
lerar esse processo. Mas 87 deles não tem o auxílio de ninguém e que
acham que "os judeus vão fazer de está lutando com dificuldades pa
tudo para tentar impedir". Tudo ra manter a Editora Revisão. En
isso leva a crer que esses leito tre os leitores do interior do Es
res acreditam na veracidade dos tado, 18 são de opinião que o Go
"PROTOCOLOS DOS SÍBIQS DE SlRO". verno deveria financiar Ellwanger
Não é verdade. para que os seus livros fossem
Apenas 17 dos leitores de distribuídos nas escolas. Com ape
"HOLOCAUSTO; JUDEU.OU ALEMAb?"ha- nas uma exceção, todos eles são
viarr lido os "PROTOCOLOS" e des descendentes de italianos e ale
ses somente 6 acreditavam na sua mães. No interior do Estado, ne
veracidade- Dos demais,somente 12 nhum dos nossos entrevistados a-
tinham ouvido falar nos "PROTOCO credita no ressurgimento do na
LOS", mas não tinham mostrado ne zismo nem na possibilidade de e-
nhum interesse em ler o livro. Os xistirem partidos neo-nazistas no

restantes não sabiam da existência Brasil.


dos "PROTOCOLOS". Dos nossos 100
entrevistados,58 não acreditam na 0 CONFISCO
possibilidade de uma conspiração
judaica mundial, 31 acham que pa Apenas 1 dos entrevistados,
ra salvar Israel ela poderia acon obviamente um dos que não gostou
tecer e 11 acreditam piamente que do livro, foi a favor do confisco
ela existe e apresentaram como da obra. Todos os demais acharam
prova a indústria cinematográfica. que o confisco foi um absurdo. 89
Quando foi lembrado que as empre foram de opinião que todas as li
sas de cinema estão sendo ocu vrarias deveriam vender o "HOLO
padas pelos japoneses, nenhum de CAUSTO" e consideraram o boicote
les mudou de idéia, porque"os ju ilegal (embora na verdade não se
deus são muito espertos e estão ja). Também apenas 1 dos entre
por trás de tudo". vistados aplaudiu a intervenção
do Movimento dos Direitos Humanos;
todos os demais foram contrários:
O FINANCIAMENTO 43 deles foram de opinião que o
Movimento dos Direitos Humanos esta
Todas as acusaçSes contra va sendo hipócrita e que tinha
THE PBDTDCDLS

/By 5>rmi.[ Roth ..

"OP1""' Of >'-

C/wi>e OísWo do iiw» «cft/c nos Estados Unidos desde 1958. Na relação dos
livros que o clube oferece aos seus sócios,figuram várias obras anti-semitas como
1 'Osprocolosdos sábios de Sido "e ' The ultimate worldorder'', de Roberí H. Wil-
líams.Também figuram no seu catálogo várias obras revisionistas como "O miro de
Ausch witz "eo fMaséOCre de Katyn?'. O dube também oferece para seus sócios
"Minhaluta", de Adoif Hitler, além de várias obras editadas aqui pela Revisão.
Apesar da colônia judaica ser extremamente numerosa nos Eslados Unidos, o Clu
be Cristão do Livro contínua publicando e oferecendo essas obras sem sofrerá me
nor pressão.
problemas mais sérios para tratar. ram sim para a primeira pergunta
Dos nossos 100 entrevistados, so e somente â responderam sim para
mente 3 compraram o livro depois a segunda. Todos os demais disse
do confisco na Feira, mas todos ram que o livro não havia influí
eles por recomendação de amigos. do no seu modo de pensar. As 7
pessoas que responderam sim para
a primeira perguntae as 4 que res
A FORMA ponderam sim para a segunda tinham
menos de 25 anos. A propósito, o
Das 95 pessoas que gosta livro de Ellwanger tem mais leito
ram do livro, 12 acharam que ele res entre os maiores de 50 e os
não estava bem escrito (leram a menores de 30. Sua menor faixa de
primeira versão). 43 acharam que leitores se coloca entre homens de
ele estava bem escrito e os demais 32 a 45 anos. Por outro lado, en
acharam que isso não tinha impor tre 100 leitores não conseguimos
tância. Todos os 95 acharam que os encontrar uma só mulher É eviden
problemas literários são secundá te que entre os 120 mil leitores
rios, porque o importante são as que o livro já conseguiu até ago
revelações. Todos eles,sem nenhu ra, devem existir alguns milhares
ma exceção,aceitaram as denúncias de mulheres. Mas ele é fundamen
de Ellwanger a respeito das mon talmente um livro para homens. Em
tagens fotográficas. Por sinal, Porto Alegre seus maiores leitores
todos os 95 também declaram que são pequenos empresários e mili
comprariam uma continuação do tares. Infelizmente a premência do
livro com novas denúncias. tempo não nos permitiu fazer uma
Depois de "HOLOCAUSTO; JUDEU OU pesquisa por categorias profis
ALEMÃO?" 21 leitores consideraram sionais.
que o livro mais impressionante
foi "ACABOU 0 GAS". Os demais ti
nham ouvido falar da livro mas ain A POLÍTICA
da não tinham tido tempo pa
ra ler. Muito se disse e se escre
veu sobre os leitores de "HOLOCAUS
TO1^ a acusação mais comum foi que
A INFLUENCIA eram todos de Direita. Nossa pes
quisa não confirma o boato. Dos
0 livro "HOLOCAUSTO; JUDEU 95 leitores que gostaram do livro,
OU ALEMÃO?" mudou sua opinião so 67 não tinham partido. Os demais
bre a Segunda Guerra ou sobre os estavam distribuídos pelos parti
judeus? dos existentes e nenhum deles fa
Apenas 7 pessoas responde zia qualquer tipo de militância.
Já entre os 5 que não tinham gos tas. Achamos que suas opiniões es
tado do livro, 2 eram do PT e ou tavam prejudicadas pelo preconcei
tros 2 se disseram de Esquerda.A- to.Das 100 que selecionamos, nin
penas um não tinha cores partidá guém se declarou anti-semita. 95
rias. Mas a declaração mais impor temiam os judeus e^acreditavam que
tante de todos os leitores que en a colônia israelita dominava Por
trevistamos diz respeito ao nazis to Alegre. No entanto apenas
mo. Todos, absolutamente todos, 14 disseram não gostar de
são contra o nazismo. judeus. Os demais achavam que a-
penas os poderosos é que eram pe-
rigososTporque os demais eram co
O FUHRER mo todo mundo. Nenhum dos entre
vistados foi contra a existência
Uma das provas mais impres de Israel, mas 63% acham que os
sionantes que as opiniões estão judeus oprimem aos palestinos. 35
mudando foi o resultado de nossas deles acham que os judeus n3o
pesquisas sobre Hitler com os lei podem falar dos alemães. Mas
tores de "HOLOCAUSTO"-. As 5 pes nenhum dos leitores concordou com
soas que leram o livro e não gos demonstrações anti-semitas ou com
taram acham que "Hitler foi um a pintura de símbolos nazistas
monstro"e acreditam em tudo o que nos muros da cidade.
dizem dele,inclusive que foi res
ponsável pelo massacre dos judeus. A QUESTÃO
Mas entre os 95 que leram e gosta
ram do livro,apenas 5 acharam que Nelson Ascher, crítico da
Hitler era um monstro. 39 acharam FOLHA DE SSO PAULO,foi quem colo
que não é possível saber quem ele cou melhor o problema do sucesso
foi realmente, 24 opinaram que só do livro de Ellwanger. Ele escre
se conhece o que ele fez de ruim, veu em A de outubro de 1987:
20 acharam que ele foi um incom "Quais
preendido e 7 o consideram um Gê são os leitores da obra de S.E.
nio. Mas apenas 2 leitores dis Castan, quantos são,o que pensam,
seram que votariam nele. qual o significado do seu filo-na-
zismo e de seu anti-semitismo ca
boclo - essas são as verdadeiras
O ANTI-SEMITISMO questões que o livro pode desper
tar, não outras".
Quando começamos a busca Acreditamos que a nossa
dos 100 leitores do livro de Sieg- pesquisa tenha respondido à maio
fried Ellwanger,recusamos 19 pes ria dessas questões. Ela,pelo me
soas que se disseram anti-semi nos para nós,deixou claro que não
existe no Rio Grande do Sul ne ses que plantaram a notícia nos
nhum movimento nazista,neo-nazis- jornais americanos.Todos os demais
ta ou filo-nazista. Mesmo para os navios afundados foram torpedeados
descendentes de alemães, o nazis por submarinos ingleses.
mo é uma página virada. Existem Na medida em que os arqui
dois problemas que devem ser re vos se abrem as revisões são ine
pensados pela coletividade israe vitáveis. Nos campos de prisionei
lita. Primeiro: o revisionismo; ros alenrâes.a ração fornecida por
depois, o medo dos judeus. ordem expressa de Eisenhower era
de 250 calorias diárias, inferior
à fornecida nos campos de concen
O REVISIONISMO tração da Alemanha Nazista. Nos
campos de prisioneiros do Canadá
Há no mundo atual uma fe morreram de fome e frio mais de um
bre revisionista geral. Não se milhão de saldados alemães, de
trata apenas da história da Segun pois de terminada a guer
da Guerra Mundial, mas de todos os ra. A unificação da Alemanha irá
fatos importantes dos últimas cin forçosamente obrigar os vencedores
qüenta anos. Os russos revisaram de ontem a firmar finalmente a paz.
a própria história oficial.Stalin Com a paz cairão as proibições
deixou de ser o herói revolucio impostas pelos aliados, especial
nário para se tornar o ditador im mente aquela que proíbe qualquer
placável. 0 próprio comunismo dei revisão histórica.Não existem ci
xou de ser a ideologia perfeita fras definitivas sobre o número de
para se tornar um burocratismo i- judeus mortos.0 número oficial i-
noperante. Os ingleses revisaram nevitavelmente será contestado. 0
Churchãll e o que sobrou não foi crítico Nelson Ascher,que acertou
um líder heróico, mas um político ao levantar as questões que real
manhoso e beberrão,que dava tanta mente importam, errou quando dis-
importância aos seres humanos quan
to Hitler. Os americanos agora
mesmo revisam o Relatório Warren "Muito mais interessante do que
e descobrem que Kennedy foi víti refutar ponto por ponto todas as
ma de um complô e não apenas da inábeis deturpaçSes históricas
loucura de Lee Üswaid. A história realizadas no livro é tentar en
oficial da Segunda Guerra foi es tender como tal tipo de literatura
crita exclusivamente pelos vence ainda consegue público".
dores. Dois navios brasileiros a- Daqui por diante,é preciso
fundados pelos submarinos alemães discutir ponto por ponto o passa
nunca existiram. Foram os ingle do.
A LITERATURA acostumar a defender seus pontos
de vista.
Quando Siegfried Ellwanger
saiu de Auschwitz decidido a es
crever um livro, ele pensava que 0 MEDO
era o primeiro a propor uma revi
são. Mal sabia que na verdade era Mas, de um modo particular,
um dos últimos. Há anos que nos a colônia israelita de Rio Grande
catálogos americanos figuram o- do Sul terá que descobrir um meio
bras^revisionistas. inclusive al de esclarecer a opinião pública
guns dos mais furiosos livros an para evitar que o medo de judeus
ti-semitas são oferecidas ao pú que existe e que é palpável, se
blico, coma "0 JUDEU INTERNACIO transforme em anti-semitismo. Não
NAL" de Henry Ford, ou "OS PROTO ternos nenhuma sugestão a fazer,
COLOS DOS SÁBIOS DE SlAO". porque o problema ultrapassa nossa
Milhares de alemães visi capacidade. Mas parece evidente
tam a Dinamarca, a Noruega e a que medidas agressivas como o boi
5uécia todos os anos e voltam para cote e o confisca não ajudam a boa
casa com as malas cheias de livros convivência das raças e dos cre
revisionistas.As feridas do mundo dos. A democracia traz a liberdade
estão cicatrizando e vai longe o e a liberdade traz todas as cor
tempo em que um escritor como Kurt rentes de opinião. Por muito tem
Vonnegut Or. teve que escrever um po ainda existirão os racistas,os
romance de ficção-científica "MA preconceituosos, os anti-semitas,
TADOURO Na 5%,para contar o bom os anti-negros,os anti-feministas
bardeio desnecessário e cruel de e até os anti-alemães. Temos so
Dresden, onde morreram 200 mil pes bre os demais países una vantagem:
soas, que ele havia presenciado em nenhum lugar do mundo o precon
como prisioneiro de guerra, mas ceito racial é tão pequeno quanto
que não podia contar porque a lei aqui- E termos eleito um Gover
americana impedia. nador negro é a maior prova que
Os judeus terão que convi estamos no caminho certo.
ver com a revisão e terão que se
da certeza não teria vendido nem
a metade do que vendeu.
Siegfried Ellwanger tem
O grande segredo de
suas opiniões. Se ele as publica
Ellwanger é a inabilidade
e tem leitores para suas publica- de seus inimigos.
çBes,é sinal que não está sozinho
Nem ele mesmo contava com
e que existem outras pessoas que isso:
pensam como ele. Mas, ao contrá
-Tudo o que eu queria - ele
rio do que disseram, o "HOLOCAUS nos escreveu -era contar o qu§. eu
TO; JUDEU OU ALEMflO?" não conver tinha visto.
teu ninguém. Quem comprou o livro
Era um direito que ele ti
já tinha as mesmas opiniQes de El nha e que não foi respeitado. Que
lwanger, antes de saber de sua e-
sirva a lição, porque na medida
xistência. A violenta reação cie que a crise nos envolve e as pes
algumas lideranças da comunidade soas se atordoam, outros Ellwan-
israelita só contribuiu para dar gers virão e outros "HOLOCAUSTOS"
publicidade ao livro,aumentar sua serão publicados.
venda e transformar Ellwanger num
mártir.Se o seu livro tivesse si
do discutido normalmente, com to

ÚLTIMA REPORTAGEM PUBLICADA NO JORNAL RS


DO DIA 5 DE JANEIRO DE 1991- ( N^225).

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