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FICHAMENTO

LAWSON, Bryan. O que é projetar? In: _____. Como arquitetos e designers pensam. São
Paulo: Oficina de Textos, 2011. p.13-55.

Destaques do livro:
 A mudança do papel do arquiteto
 O advento de modernidade alterou o modo de projetar do arquiteto.
 O que antes era sobejamente conhecido, testado e de eficiência comprovada pelo tempo e
pela tradição passou a ser incerto, desconhecido.
 A revolução tecnológica mudou a sociedade e suas exigências. Em um período de menos
de uma geração todo o ambiente em que vivemos precisou ser inteiramente reprojetado.
 O automóvel, a televisão, a internet, exigiram a construção de espaços inimagináveis
pelas gerações anteriores.
 O ato de projetar deixou de ser uma tarefa lógica com objetivos bem definidos e passou a
ser de alta complexidade dadas as incertezas geradas pelas rápidas mudanças da
sociedade.
Problemas e soluções
 Os problemas de projeto não podem ser totalmente determinados, nem sempre são
visíveis e precisam ser encontrados.
 “Projetar é uma habilidade altamente complexa e sofisticada. Não é um talento místico
concedido apenas aos que têm poderes recônditos, mas uma habilidade que tem de ser
aprendida e praticada, como se pratica um esporte ou se toca um instrumento musical.”
 Os problemas de projeto melhor de explicitam ao testarmos as soluções.
 Diferentemente do cientista que se aprofunda no problema para descobrir a solução, o
arquiteto descobre a solução através das tentativas de solução.
 Neste caso a síntese inicia-se paralelamente à análise e não após a análise.
 Problemas e soluções surgem juntos, tanto o problema quanto a solução ficam mais
claros à medida que o processo avança.
 É muito provável que objetivos e prioridades mudem durante o processo de projeto assim
que as conseqüências das soluções começarem a aparecer.
 Para iniciar o projeto é suficiente identificar o problema mais importante a ser resolvido
(gerador primário), evitando exaustivas pesquisas de análises.
 O programa surge, essencialmente, numa relação constante entre o que é possível na
arquitetura e o que queremos fazer, tudo o que fazemos modifica a nossa idéia do que é
possível. [...] não se pode começar com o programa e (depois) projetar, é preciso começar
projetando e programando ao mesmo tempo, porque as duas atividades são
completamente interligadas. (Drake, 1978)
 Iniciar o projeto apenas com o gerador primário exige habilidade para desvencilhar-se da
solução inicial e partir para outra, tão logo se constate que a proposta não atende às
necessidades do cliente (não resolve o problema).
 A pesquisa prolongada, especialmente dos alunos de arquitetura pode ser indevidamente
usada para adiar o dia cruel de realmente começar o projeto.
 É raríssimo que a coisa projetada sirva a um único propósito, assim o programa de
necessidades é apenas uma hipótese.
 No primeiro momento o cliente não consegue expressar com clareza suas reais
necessidades e somente o fará através de críticas ou sugestões às propostas do arquiteto.
É mais fácil criticar a solução do que sugeri-la.
 O cliente não deve ser considerado apenas como fonte de informações, mas como um
participante criativo do processo.
 As restrições impostas pelo cliente podem tornar o projeto único, original.
 Os problemas de projeto exigem interpretação subjetiva (juízo de valor).
 Não há soluções ótimas para os problemas de projeto, mas soluções aceitáveis que podem
ser melhores ou piores para diferentes clientes.
 Tudo que projetamos tem potencial não só de resolver problemas, como também de criar
outros.
 O processo de projeto é interminável. Uma das habilidades do projetista é saber quando
parar.
 O desenho e esboços exercem papel central no ato de projetar.
 Depois que uma idéia se forma e o projeto se completa, de certa forma o mundo muda. A
solução de um projeto não serve apenas ao cliente, mas permite ao projetista desenvolver
as suas idéias de maneira pública e verificável.

Problemas de Projeto
 Nunca se sabe com certeza quando todos os aspectos dos problemas já foram revelados.
 Não é possível esperar que muitos dos problemas de projeto surjam antes que haja uma
tentativa de gerar soluções.
 Na verdade, muitas características dos problemas de projeto talvez nunca sejam reveladas
e explicitadas.
 Até certo ponto, nosso entendimento dos problemas de projeto e das informações
necessárias para resolvê-los depende de nossas idéias de solução.
 As soluções de um projeto raramente correspondem exatamente às partes identificadas do
problema. O mais comum é que uma idéia de solução seja uma resposta integrada e
holística a vários problemas, ou seja, raramente é possível dissecar uma solução de
projeto e relacioná-lo ao problema, dizemos qual parte da solução resolve qual parte do
problema.
 É raro que o projetista possa simplesmente otimizar uma exigência sem sofrer perdas em
outras.
 Tanto o problema quanto a solução ficam mais claros à medida que o processo avança.
 O ato de projetar visa resolver um problema no mundo real enquanto a arte, em boa parte,
é auto-motivada e centraliza-se na expressão de pensamentos íntimos.
 Uma escola de pensamento defende que os alunos devem ter um regime livre e aberto, no
qual se encoraje a livre expressão. Outra argumenta que os projetistas têm de resolver
problemas do mundo real e que devem dar atenção à aquisição de conhecimento e
experiência.
 Barnes Wallis: “Nunca tive uma idéia inédita na vida. As minhas realizações foram
soluções de problemas.”
 O período de incubação também pode fazer uma linha de pensamento se interromper, e
quando voltamos ao problema, ficamos mais livres para partir em uma direção nova,
diferente da anterior.
 Depois que tivemos uma idéia ou começamos a ver um problema de um jeito específico é
preciso um bom esforço para mudar de direção.
 O processo de projeto é experimental .
 Projeto é mais normativo do que descritivo. Descritivo: o que é, como é, porque é.
Normativo: o que pode ser, como poderia ser.
 “Um dos paradoxos da criatividade é que para pensar de forma original, temos de nos
familiarizar com as idéias dos outros” KNELER (1965)
 No Studio os alunos aprendem tentando resolver problemas e não adquirindo a teoria e
depois aplicando-a.
 O espaço da solução de Van Bakel:

Programa: Restrições geradas pelo cliente.


Conceito: Restrições geradas pelo projetista.
Terreno: Principal fonte de restrições.

 Hertz Berger – Abordagem integrada onde ambigüidade e a multiplicidade de funções são


projetadas de forma deliberada: Ele mostra, por exemplo, num conjunto habitacional, que
uma forma simples de concreto diante de cada residência pode exibir o numero da casa,
abrigar uma luminária, servir de apoio para garrafas de leite, ser um lugar para sentar e
até servir de mesa numa refeição ao ar livre.

Estratégias para projeto


 “O programa ideal provavelmente só tem uma ou duas páginas, mesmo no projeto mais
complexo.” Lawson (1994)
 Estratégia Heurística: As estratégias heurísticas não se baseiam muito nos princípios
teóricos, mas na experiência e nos macetes.

Disponível em: <http://www.esioglacy.com.br/artigos/2014-3-18-o-pensamento-do-arquiteto-bryan-lawson-sobre-o-


processo-de-projeto-do-livro-como-arquitetos-e-designers-pensam-ed-oficina-de-textos-2011> , acesso em: 19 mai. 2015.

Markus propõe 3 pontos de vistas que os arquitetos contemporâneos podem adotar a respeito do
seu papel na sociedade. O primeiro é o conservador, centrado na continuação das instituições
profissionais. Aguardam a solicitação dos clientes, produzem projeto e saem de cena. O segundo
ponto é buscar ativamente mudanças estruturais na sociedade e que resultaria no fim do
profissionalismo liberal que conhecemos. Esses arquitetos se sentirão mais felizes tratando com
os destituídos e trabalhos em favelas. O terceiro ponto é meio termo, fica entre os dois extremos
e os projetistas continuam a ser especialistas profissionais qualificados mas tentam envolver no
processo os usuários do projeto.
O autor coloca que o projetista acaba desenhando enquanto pensa, mas nem sempre o desenho
revela todo o processo de pensamento, nem mesmo os projetistas estão acostumados a analisar e
explicitar esse processo de pensamento.

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