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Bason - Sanitário Seco PDF
Bason - Sanitário Seco PDF
BASON
SANITÁRIO SECO
INTRODUÇÃO
ÍNDICE
O bason para nós é instrumento de um trabalho educacional mais
amplo para a cidadania a onde se incluem, além das questões
INTRODUÇÃO 1 ambientais mais prementes, a construção da saúde social como um
todo. Não deve ser considerado peça isolada deste elenco. Acreditamos
PRODUÇÃO 5 que a ilusão projetada em soluções puramente “tecnológicas” (inclusive
as alternativas) só contribui para alienar, cada vez mais, a possibilidade
efetiva de construção comum de horizontes de identidade mais dignos
INSTALAÇÃO 15
e co-responsáveis.
MANUTENÇÃO 18
Um outro fator é que quando se constrói um bason por esta via, adquire-
BOLETIM 22 se domínio de todas as possibilidades criativas do ferrocimento, o que
pode resultar em pias, tanques, banheiras, caixas-d'água, silos, telhas,
FOTOS 24 manilhas e assim por diante. A criatividade é naturalmente estimulada,
e para nós liberdade e criatividade se conjugam com o mesmo espírito.
O bason é um sistema sanitário de tratamento a seco dos dejetos A câmara de compostagem fica sob o assento e recebe todo o lixo
orgânicos domésticos, os humanos inclusive. É uma alternativa orgânico doméstico, dejetos humanos (fezes e urina) e material
eficiente e de baixo custo para a solução dos problemas de orgânico adicional como folhas secas, papel higiênico, serragem ou
saneamento básico. grama cortada.
O processo biológico empregado é o da compostagem aeróbica, onde O processo de compostagem aeróbica exige constante aeração
na presença do ar, bactérias e microorganismos transformam os para a nutrição dos micro-organismos e bactérias. Para isto o a
dejetos em matéria orgânica estabilizada, própria para ser usada como bason dispõe de sistema de aeração que se constitui de uma rede
adubo. Este sistema é idêntico ao que se usa em agricultura para a de ventilação e de uma manivela para expor as camadas internas da
fabricação de composto. massa de composto à presença do ar. Esta rede de ventilação se
encarrega também da exaustão dos gases e da umidade liberados
A compostagem aeróbica se dá a seco, eliminando-se assim o pelo processo de compostagem.
consumo de metade da água potável doméstica, que é quanto
consomem os sistemas convencionais de descarga líquida. Os odores desprendidos pelo bason são discretos e completamente
diferentes do mau-cheiro que caracteriza os processos de
Os sistemas convencionais implicam ainda em redes de esgoto e compostagem "líquidos" como o das fossas ou das "casinhas", que
estações de tratamento ou em uma escala menor em fossas e tem forte desprendimento de sulfetos.
sumidouros. Acrescente-se a isto a não absorção do lixo orgânico
doméstico, o que aumenta o volume da coleta por parte do HISTÓRICO
município.Tudo isto se economiza quando se usa um bason.
O bason deriva do sanitário seco clivus multrum criado em 1939 na
E finalmente, por ser o bason uma câmara completamente Suécia por R. Lindstrom. Sua invenção foi registrada posteriormente
impermeável, interrompe-se por completo a progressão de vetores nos Estados Unidos aonde iniciou-se a produção industrial usando-se
patogênicos que empregam a água como veículo, eliminando-se em sua fabricação a fibra-de-vidro. É adotado nos parques nacionais,
assim a contaminação do solo, lençóis d'água, rios, lagos e oceanos. em casas-de-campo e em regiões de difícil acesso.
Os vetores patogênicos encontram no interior do bason condições Pela análise da Organização Mundial de Saúde, este sistema destacava-
extremamente desfavoráveis a seu desenvolvimento e são ainda se por sua grande eficiência e absoluta proteção ambiental. Sua
atacados e consumidos pela população extremamente ativa de recomendação para emprego nos países em desenvolvimento era
microorganismos envolvidos nos processos de decomposição desaconselhada, no entanto, pelo alto custo de sua produção industrial.
a
b
A massa é feita de uma parte de cimento e duas de areia fina,
peneirada. Acrescenta-se a água com muito cuidado para que não f c
passe do ponto pois a massa deve estar quase seca. O método mais
comum é fazer furos bem finos no fundo de uma lata conseguindo-se e
d
assim um chuveiro ralo. c
Para montar este tipo de a
bason é preciso fazer g
nove placas, com as
seguintes dimensões:
50 70 70 68 70 70
15
52 a b c d e f
50
70
75
60
70
55
2X
70
2X 55 g
50
50
102 70
Para testar se a mistura está certa, pega-se um punhado com a Nas peças do tipo c, coloca-se um pedacinho de tubo de meia polegada
mão e se aperta. Se sair água por entre os dedos é que está molhada para receber a manivela.
demais. Se ao abrir a mão o bolo se desfaz, quer dizer que tem que
colocar um pouco mais de água. Na peça b, que será o assento, usar duas placas de compensado de
1/2 cm em forma oval para a abertura.
Na peça d
d, da mesma forma, deixa-se uma abertura circular de 10 cm
de diâmetro e uma fresta de 1x 15 cm.
A mistura está certa
quando, ao se abrir a Na peça ff, deixa-se uma abertura de 30 x 40 cm, com uma borda externa
mão, o bolo mantém a de 2 cm.
forma. Para fazer os moldes das placas usamos ripas de 1/2 cm de espessura,
esticadas no chão ou pregadas numa placa de compensado.
Com 4 destas, ripas de 8 cm de largura e 1/2 de espessura moldam-se
todas as placas, menos a a.
8 9
A placa a cabe num quadrado de 102cm. Esta é uma medida para um A MONTAGEM DO BASON
tamanho básico. Pode-se aumentar o volume: por exemplo, aumentando
a largura do bason de 70 para 100 em todas as placas com exceção da
plca a.
Começa-se com uma peça do tipo a no chão, e a partir dela pode-se
1 Preparar moldes sobre fixar as outras placas, partindo da placa d. Junta-se as placas
superfície plana e fixar amarrando os arames das quinas.
com pequenas estacas
tamanho real
das fibras do
saco.
arame
Após 10 minutos, retirar com cuidado as estacas e as tiras de madeira. Fechar com a outra placa a e unir com massa, do lado de fora e de
Deixar secar por 1 semana, protegido do sol. Nos primeiros dias, molhar dentro. Deve-se deixar secar pelo menos 1 semana, e só então colocar
de vez em quando. o bason de pé e por mais massa nas outras juntas.
10 11
MANIVELA
d
Os microorganismos responsáveis pela decomposição aeróbica no Passando um pedaço de vergalhão
interior da câmara do bason, necessitam do oxigênio do ar para sua pela abertura da peça d pode-se
atividade. alinhar a posição dos buracos por
onde deve ser colocado o tubo que
A manivela é o mecanismo utilizado para reoxigenar o material que se recebe a manivela.
encontra abaixo da superfície .
A ação da manivela é criar espaços, câmaras de ar no meio da massa Podemos construir a manivela a partir de um pedaço de dois metros de
do composto, realimentando a atividade dos microorganismos. vergalhão liso, de 3/8 de polegada, que se dobra da seguinte maneira
Recomendamos que isto seja feito a cada três dias e nunca antes disto. com o auxílio de pregos fixados em uma tábua.
Bastam poucos movimentos de vaivém a cada vez.
50 50
ASSENTO
Pode-se usar um assento de plástico comprado em loja. O chapéu do tubo de ventilação pode ser feito de
uma lâmina de metal, de onde cortamos um círculo
Neste caso deve-se verificar que a tampa feche bem justa contra o com 20 cm de diâmetro .
assento para evitar a entrada de insetos por baixo dela.
Para fixar o assento se põe um pouco de mistura de cimento/areia em Cortamos o círculo até o centro e dobramos como
volta da abertura e se pressiona o assento na massa, com cuidado para indicado no desenho, encaixando depois as duas
que não fiquem ranhuras por onde entrariam insetos. dobras formando o chapéu.
O tubo sobe sem desvios ou joelhos, saindo da parte mais Todas as sobras orgânicas da cozinha podem ser lançadas no bason.
alta da câmara e penetrando nesta apenas o necessário Isto inclui também cascas de ovos,de frutas, de verduras, ossos ou
para a fixação? papel. Devemos cuidar apenas de escorrer a água quando estiverem
molhadas, antes de lançá-las na câmara.
Caso esteja subindo pelo lado de fora da casa, a sua
conexão está bem vedada contra a chuva? Quando o volume do lixo orgânico doméstico for reduzido, devemos
lançar no interior da câmara, sempre através da abertura do assento,
O chapéu que cobre o topo está bem seguro contra ventos grama cortada, serragem grossa ou folhas secas partidas. A quantidade
fortes? de matéria orgânica por pessoa/dia a ser lançada na câmara é de dois
punhados bem cheios.
INSETOS
Não se joga plásticos, vidros, latas, detergentes ou remédios pois
A tela mosquiteira está bem justa na entrada de ar e na causam alteração no processo de compostagem.
saída do tubo de ventilação?
De três em três dias fazemos um movimento de vaivém com a
Quando se fecha a tampa do assento esta fica manivela.
perfeitamente vedada de maneira a não passar insetos?
ÁGUA
De três em três meses esvazia-se a
A drenagem da casa passa próxima ao bason causando
subcâmara de adubo lançando na horta, no
o risco de águas paradas contra suas paredes?
jardim ou no pomar o material retirado.
A cada pessoa lhe corresponde um balde
As águas do banheiro (chuveiro, pia) estão à uma
de adubo produzido por ano com este
distância segura para que não respinguem ou penetrem
sistema.
na câmara?
Graças à contaminação do subsolo, ao uso intensivo de Os altos índices de contaminação dos lençóis dágua na
pastagens e à salinização do solo, regiões cada vez Suécia, nos anos 30, levaram um engenheiro local à
mais extensas de nossa planeta, tornam-se desérticas. criação do sistema sanitário seco chamado “clivus
A água torna-se progressivamente escassa, exigindo multrum”. Este sistema, em uma versão pré-fabricada
que se vençam distâncias sempre maiores no esforço em fibra-de-vidro, vem sendo usado desde os anos 60
de se trazer água potável às habitações. em países industrializados do hemisfério norte.
Durante os dez últimos anos, uma versão “artesanal”,
Poderemos sempre aumentar as taxas sobre o consumo em alvenaria, denominada “bason”, tornou o sistema
e mesmo perfurar poços profundos, destilar água do accessível, às muitas comunidades rurais mexicanas,
mar ou ainda, transportar “icebergs” desde os polos. por intermédio de um programa de saneamento
Entretanto, torna-se evidente o custo excessivo de tais promovido pelo govemo e que usava folhetos e cartazes
“alternativas”. didáticos como meio de comunicação com os “arquitetos
descalços”.
Talvez devamos reconsiderar a maneira como usamos Este mesmo sistema, vem sendo difundido no Brasil,
a água em nossos dias. Como nos mostram as tabelas desde 1987 pela equipe do Instituto TIBÁ. Paralelamente
o consumo diário por pessoa é de 240 litros, sendo que a esta difusão desenvolveu-se uma pesquisa que
deste total, 40 a 50 % estão destinados ao uso em culminou no desenvolvimento de um processo de pré-
esgotos sanitários, ou seja, como transporte de dejetos fabricação, em plasto-cimento (cimento, areia e tela
humanos, a partir do sistema convencional de descarga plástica), barateando mais ainda o seu custo.
líquida. O bason, em alvenaria custava já um terço apenas do
sistema convencional (sanitário + fossa + sumidouro).
Após tanto investimento para canalizar, purificar,
distribuir, nós empregamos quase metade de toda a
água potável, que trazemos a nossas habitações, como
esgoto sanitário, devolvendo à natureza, em seguida,
esta mesma água, sob a forma de contaminação, para
lençóis dágua, rios, lagos e oceanos.
BOLETIM
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Já apresentam seminários em outros países da América Latina, Europa e na Índia.
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