FICHA DE DISCIPLINA: INFLUÊNCIAS DAS TEOLOGIAS ATUAIS NO
CONTEXTO BRASILEIRO PROF: ALAN MYATT ALUNO: ANTONIO ELIAS SILVA NETO DATA: 14/04/2019 ARTIGO: A Teologia da Libertação e o Novo Pluralismo Religioso.
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IDEIAS CHAVES:
1. “OS MUITOS CAMINHOS DE DEUS”: O projeto ambíguo e equivocado da
ASSET (Pg. 1 a 6). Quais são as premissas da Teologia da Libertação?
Neste artigo, o autor e professor Dr. Alan Myatt desenvolve uma
exposição do posicionamento anti-conservador ou anti-exclusivista da obra “Pelos muitos caminhos de Deus: Desafios do pluralismo religioso à Teologia da Libertação” redigida pelo grupo da ASSET. Baseados na teologia pluralista de John Hick, a obra defende uma teologia cujo alvo é valorizar todas as religiões igualmente como caminhos de salvação/libertação e seus autores tecem abertamente críticas diretas ao exclusivismo religioso, que segundo eles, prega uma religião privativa, única e verdadeira, que nega a verdade das outras religiões e as oprime. Já do pluralismo liberta. Myatt destaca na introdução do artigo que a globalização pós-moderna causou uma explosão de crenças religiosas no Ocidente, eliminando uma hegemonia cristã. Então, na busca por um equilíbrio ou convivência ecumênica entre as religiões, a ASSET propôs uma teologia “tolerante” e plural, e que combateria a religião tradicional, colonialista e inclusivista, demonizando-a diante das demais fés, e até mesmo aniquilando-a. Armando Lampe, citado na página 4 por Myatt, apresenta elementos históricos que comprovam ser incabível a fé em único Deus no contexto latino americano como as queixas dos sacerdotes contra a idolatria e pentecostais contra o culto de Maria. John Hick, propõe que a doutrina e a prática dependem do contexto cultural e histórico, justificando uma tolerância nas religiões, pois todas conduzem à salvação por seus próprios meios, sem referência a Cristo. Portanto, prezam pelo diálogo entre as religiões para libertarem os pobres da opressão e injustiça do sistema capitalista globalizado. A prática das religiões pessoais continuará, porém com novas interpretações das mesmas. É um passo novo, onde as religiões que foram construídas no absolutismo abrirão suas portas para assimilar as “verdades enriquecedoras” das outras tradições.
2. A INFLUÊNCIA DA EPSTEMOLOGIA PÓS-MODERNA NA DOUTRINA
RELIGIOSA (Pg. 7 a 9). Quais são as mudanças sofridas pela doutrina religiosa, ocasionadas pela influência Epistemológica Pós-Moderna da T.L? No ponto 2 do artigo, o Dr. Myatt apresenta as posições ideológicas da TL referentes à doutrina básica das religiões. A leitura epistemológica pós-moderna da realidade torna-se chave neste processo, pois não se aceita a ideia de uma só verdade absoluta, promovendo uma reinterpretação das religiões. O conhecimento surge a partir das culturas, costumes e história, e dentro deste contexto as pessoas interpretam seu encontro com o divino. Com a crescente “des-helenização”, reconhece-se que a verdade tem um caráter mais inclusivo que excludente, mais prático que teórico, mais evolutivo que fixo, mais histórico que físico ou natural. Uma Verdade em crescimento e evolução, tolerante e relacional, e que reconhece a verdade do oposto. Baseado em Kant, pluralistas entendem que o divino não pode ser penetrado pelo humano, assim como Paul Tillich e John Hick defendem, o divino é totalmente outro. Desta forma, as “revelações” são apenas símbolos construídos por seres humanos, e não originadas de fontes divinas, e nem mesmo um livro sagrado será concreto ou literal, expressando a natureza divina, se excluir as outras interpretações ou modelos de Deus. Ressalta-se que o pluralismo transfere a autoridade da Bíblia para uma ética comum baseada na teologia natural ou moral baseada na razão humana, ou consciência humana que ouve a voz interna do divino. Desta forma, se alguma teologia insultar, degradar, desumanizar ou discriminar qualquer aspecto da humanidade não poderá ser de Deus em Cristo.
3. A Doutrina de Deus, Cristo e Salvação no Pluralismo (Pg. 9 a 14).
Quais o Significado das Doutrinas de Deus, Cristo e Salvação na T.L? Aplicando a mesma abordagem epistemológica pós-modernista para os pontos doutrinários Deus, Cristo e Salvação, a T.L entende que ambos precisam ser reinterpretados. Noções como a de Deus na teologia cristã tradicional é inadequada para as necessidades de hoje, e apresentam motivos: (1) A intolerância e autoritarismo do monoteísmo patriarcal ou tradicional, como fonte de opressão (2) A formação de uma elite fundamentalista, que visa à proteção dos poderosos e não permite a liberdade e autonomia (3) A ideia perniciosa de um Deus que pune os desobedientes (4) O poder transcendente e imanente é desconhecido, mas refletido de forma diferente nas várias religiões. (5) A verdadeira religião é o amor para os pobres e oprimidos. Portanto, não importa qual nome as pessoas dão a Deus. Quanto ao tema “Cristo”, o pluralismo entende a sua universalidade como um tema rígido e absolutista, e também já não serve para o mundo pós-moderno. É uma mensagem que deve ser modificada, pois não interessa à outras religiões, como as que esperam um reencarnação e não uma ressurreição. Enfim, quanto a doutrina da salvação, ela deve ser entendida como símbolo ou mito, a tentativa de descrever um encontro radical com significado último. Para a TL, a ação salvífica de Deus está presente em toda a história, dignificando o ser humano. “Salvação é ‘vida com sentido’, vida realizada”. É a libertação de tudo o que impede a realização humana. E a falta dela está nas condições sociais que impedem a realização, ou seja, na opressão das classes pobres e marginalizadas pelos privilegiados que têm poder. Observa-se que a TL compreende a salvação como um meio para “satisfação” humana. E o mais importante: para realizar este alvo não depende dos conceitos de Deus das religiões. “Deus não é necessário para alcançar salvação”.
4. A FILOSOFIA PLURAL DE JOHN HICK. (Pg. 7 a 14)
Quais são os pressupostos centrais do pensamento plural de John Hick?
Myatt inicia o ponto 3 destacando que a série de livros da ASSET sobre o
pluralismo se baseia no pensamento do filosofo inglês John Hick. O ponto chave de abertura para os questionamentos de Hick sobre o pluralismo, seria a doutrina de que sem o acesso ao evangelho não haveria salvação, o que seria irreconciliável com o amor de Deus. Hick enxerga nas outras religiões os mesmos frutos de crescimento espiritual do meio cristão, e, portanto, há também a presença da salvação, que foi totalmente reinterpretada, e já comentada no ponto 3 anteriormente. A salvação é ensinada de forma contraditória pelas religiões, não significando vida após à morte, nem ressurreição, nem reencarnação, e nem o perdão de pecados. A noção de salvação de Hick modifica toda natureza divina ou realidade suprema das crenças e religiões, optando por um conceito neokantiano de Deus, onde não se pode conhece-lo em si mesmo. Nessa perspectiva de Hick de um Deus, todas as religiões como o cristianismo, islamismo e hinduísmo, têm apenas uma resposta culturalmente condicionada a um mistério incognoscível. Myatt critica esta posição ao expressar que as religiões poderiam dizer que abraçar a visão aberta de Hick não seria tolerância, mas sim o encontro com uma forma bruta de totalitarismo ideológico.
5 - A COMPREENSÃO LITERAL DE DEUS NAS RELIGIÕES E O PLURALISMO
– CONTRAPONTOS DO DR. MYATT (Pg. 17 a 23). Qual a diferença entre a visão literal religiosa e a pluralista? Hick justifica uma negação da compreensão literal das religiões como virtude, pois valoriza todas as religiões igualmente. No entanto, aduz que o pluralismo “é uma visão mais realista, já que considera uma variedade muito mais ampla de dados que qualquer um dos absolutismos tradicionais”. Para ele o absolutismo das religiões é mau, pois reivindica um único caminho de salvação, assim “subordinando-as (outras religiões) a si”. Myatt rebate os argumentos de Hick, apontando para a incapacidade deles salvarem o pluralismo: (1) Os frutos espirituais na concepção de Hick são falhos, uma vez que o absoluto é incognoscível e não se pode afirmar que ele é bom, e, portanto, a rejeição ao exclusivismo é contraditório, uma vez que Hick não possui um padrão de amor que apoie a igualdade das religiões. (2) O pluralismo é evidentemente irônico ao ser julgado por seu próprio padrão, pois claramente é absolutista. Isto nota-se pelas suas premissas e conclusões quando afirma que “a sua própria interpretação da realidade é a verdade final”, e que “seu paradigma é o único correto que entende a verdadeira natureza do Ser derradeiro”. Myatt, citando Sinkinson conclui que o sistema de Hick inevitavelmente desemboca numa outra forma do mesmo absolutismo que o mesmo faz questão de detestar. Myatt também rebate um dos expositores do Pluralismo, Tissa Balisuriya, que ataca as religiões por apresentarem “juízos teológicos gravemente equivocados” e ofensivos a todas as outras religiões. Tal atitude, revela um sentimento de superioridade moral e condescendência em referência às crenças tradicionais, que agrada o pluralismo pós-moderno, mas sofre do forte irracionalismo que caracteriza as epistemologias pós-modernas.