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RESUMOS DE HMC II

CONTEÚDOS:

Págs:

1. O ILUMINISMO 2
2. AS REVOLUÇÕES LIBERAIS 11
3. O ROMANTISMO 15
4. A 2.ª METADE DO SÉCULO XIX ATÉ 1914 21

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1. ILUMINISMO

ANTIGO REGIME:

- O Antigo Regime era regido pelos seguintes fatores:

- A nível político: absolutismo monárquico;

- A nível económico: pelo capitalismo comercial – capital que resulta


do comércio entre as metrópoles e as colónias (ex.: tráfico de escravos);

- A nível social: sociedade de corte: sociedade com estratos –


sociedade desigual, hierarquizada – o povo era o único que pagava impostos;

- A nível da religião: predominância da fé – o protestantismo


predominava no norte; já o catolicismo predominava no sul;

- A nível cultural: predominância do estilo barroco;

- A partir deste regime, nasce a revolução filosófica e científica, que vai dar
origem à Crise da Consciência Europeia (1680-1720) – esta crise consiste num
conjunto de ideias tanto filosóficas como científicas que vão dar origem ao
iluminismo, movimento que vai derrubar o antigo regime.

REVOLUÇÃO FILOSÓFICA:

Duas vertentes:

- Racionalismo: Acredita-se na razão como principal atributo para explicar


tudo; à procura do conhecimento através da razão; principais filósofos:
Descartes e Espinosa.

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- Empirismo: o conhecimento é obtido primeiramente através das sensações;
só depois é que há a racionalização; os principais filósofos desta vertente são
John Locke e David Hume;

JOHN LOCKE (1632-1704):

- John Locke foi filósofo e físico. Viveu numa altura onde houve una tentativa
de absolutismo monárquico. Assim, decide partir para França e depois para a
Holanda, onde é médico e conselheiro do príncipe Guilherme de Orange, que
era casado com Mary II de Inglaterra. Em 1688, em Inglaterra, o príncipe de
Orange, devidamente aconselhado e influenciado por Locke, prende o rei
inglês de modo a não predominar o absolutismo monárquico (“Glorious
Revolution”). Mary II sobe ao trono com direito legítimo. Em 1689, existe um
novo regime: a monarquia liberal.

- Algumas das obras mais importantes de Locke são

- “Ensaio sobre o entendimento humano” (1690) – grande obra filosófica


que defende o empirismo;

- “Dois tratados sobre o governo civil” (1690) – nesta obra, Locke


defende ideias essenciais acerca da liberdade do ser humano: (1) todos os
seres humanos têm 3 direitos: direito à vida, à liberdade e à propriedade (não
pode ser tirado aquilo que resulta do nosso esforço); (2) o estado/governo deve
de regular e estabelecer estes direitos; (3) o poder resulta de um contrato:
poder contratual – nós é que elegemos o poder para garantir estes direitos que
nós temos; (4) quando não existe um governo que não respeite estes 3 direitos
essenciais, o povo tem o direito à rebelião, ou seja, à desobediência; (5) o
poder absoluto corrompe – este deve de estar dividido o mais possível para
não haver corrupção. Assim há a divisão do poder em 3 partes: o poder
legislativo (o poder de fazer as leis); o poder executivo (poder de executar as
leis); poder judicial (poder de controlar e vigiar as leis);

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- “Cartas sobre a tolerância” (1687) – esta obra fala essencialmente da
tolerância religiosa - acredita que os católicos e os ateus são intolerantes; para
além disso, aborda a importância da separação entre a Igreja e o Estado - a
liberdade religiosa e o Estado têm que assegurar isso;

- “A razoabilidade do Cristianismo” – nesta obra, Locke compara as três


religiões principais e conclui que o cristianismo evangélico é o mais racional,
devido aos seus princípios: “Ama o próximo como a ti mesmo”. Na sua opinião,
este cristianismo de base é razoável.

OS LIBERTINOS:

- Os libertinos são aqueles que contestam com as ideias mais básicas, desde
a família até à moral sexual. A ideia predominante desta coletividade é que
tudo é possível e não há fronteiras – atacam e criticam tudo, ou seja, punham
tudo em causa, mas não oferecem nenhuma ideia filosófica ou construção
mental.

- Alguns autores que tinham estas ideias: La Fontaine – os seus contos e as


fábulas são amorais, pois tinham componentes sexuais – por exemplo, a
“Capuchinho Vermelho” tem uma componente erótica: a iniciação sexual;
Casanova – tinha um comportamento sexual compulsivo; Marquês de Sade –
os contos deles têm componentes sexuais e amorais; deste modo, foi preso por
atentado à moral sexual.

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REVOLUÇÃO CIENTÍFICA:

Mudança epistemológica (1680-1720):

- Astronomia: o espaço já não é um espaço de contemplação, místico e feito


por Deus. É uma conceção mecanicista que é traduzida em leis matemáticas.
Por outras palavras, o espaço pode ser compreendido e não é mais mistificado.
Galileu Galilei vai provar cientificamente, com a ajuda do telescópio, a teoria
heliocêntrica. No seu livro “Saggiatore” (1673), este intelectual diz que a
Natureza está escrita em leis matemáticas. Acabou por ser preso por causa
das suas teorias e foi alvo de um processo da Inquisição. Assim, acabou por
negar todos os seus estudos para poder sobreviver e a sua obra passa para o
Índex. No entanto, os livros dele foram publicados em países protestantes
como na Holanda e mais tarde na Inglaterra.

- William Harvey faz um estudo sobre o coração e o sistema circulatório. O


seu livro “De motu cordis” relata estes estudos.

- Isaac Newton (1643-1727) criou a fórmula da gravitação universal que


explica a força da gravidade. Elabora as 3 leis físicas e uma lei acerca das
cores com base na refração da luz. Para além disso, Defendia que o universo
está tão bem feito que é impossível não haver uma entidade suprema.
Escreveu também os “Princípios matemáticos da filosofia natural” (1687).

- Em 1662, foi fundada a Royal Society, uma academia científica onde andou
Locke, Newton e Harvey. Esta sociedade publica revistas com o nome de
“Phylosophical transactions”.

- Em 1675, foi construído o grande observatório em Greenwich, onde Newton


fez vários estudos.

- Buffon estuda a história da terra: as camadas geológicas e os fósseis. Torna-


se o pai da paleontologia. Assim, vai contestar contra ideias da Igreja. Já
Lineu vai classificar as várias espécies de animais.

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- No século XVIII, Jenner descobre a vacina e a cura contra a varíola. A partir
desse momento, vai haver a descoberta de vacinas contra as várias doenças
que predominaram durante anos. Para além disso, já se começa a estudar e a
compreender a epilepsia, os diabetes e, mais tarde, no século XIX, a raiva e os
problemas mentais.

- Surgem outros cientistas como Lavoisier, Fahrenheit, Celsius, Harvey,


etc…

- Procura-se divulgar a ciência a um maior número possível de pessoas, ou


seja, há uma procura de inserir a ciência na vida prática. Há um certo
pragmatismo no que toca à divulgação e investigação científica. Procura-se
divulgar o experiencialismo.

- No entanto, durante este período, o Norte era muito mais desenvolvido do que
o Sul – por exemplo, o Sul tinha uma grande taxa de analfabetismo. Isto deve-
se em grande parte à Igreja Católica.

ILUMINISMO:

- O Iluminismo trata-se de um movimento filosófico desencadeado no século


XVII que defende a ideia de progressão com base na razão. Tem este nome
pois acredita que aquilo que ilumina o homem é a razão.

- O Iluminismo baseia-se essencialmente em três pilares:

- O Racionalismo: a razão é a base principal deste movimento


filosófico.

- Antropocentrismo: um valor realmente laico em comparação à


tentativa realizada no Humanismo; o homem é racional e livre; todos os
estudos são feitos à volta do homem. Estas ideias vão entrar em conflito
com as ideias da Igreja, pois, segundo o ideal iluminista, o homem não nasce
com o pecado original - ele constrói a sua salvação. A noção de “culturas”:
estudam-se todas as culturas e civilizações - a visão do antropocentrismo é

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estendida aos vários homens, pois estes são livres e racionais. Assim, nasce
um novo estudo: a antropologia - Voltaire estuda a civilização chinesa; os
ingleses estudam a cultura hindu (Índia); os alemães estudam a cultura
islâmica. Por fim, é também feito um extenso estudo sobre História. Voltaire
é o grande historiador do século XVIII – escreveu alguns livros como “Uma
história sem Deus” e “Ensaios sobre os costumes”; neste último, o intelectual
tenta explicar toda a história da humanidade desde a pré-história até ao século
XVIII.

- Progresso: os iluministas acreditavam que “a humanidade estava


condenada a ser feliz” – a capacidade de racionalização e de pensar
conduzia logicamente e consecutivamente para a felicidade. Assim, os
iluministas desejavam que esta luz da razão se espalhasse por toda a
humanidade (ideia de progresso). Acreditavam que o ser humano tem a
capacidade de criar sociedades cada vez melhores e de serem felizes
(Condorcet escreveu um livro chamado de “Esquisse” que retrata este
pensamento). Para além disso, os iluministas, com base nesta ideia de
progresso, acreditavam na ideia de aliança política entre os povos europeus
e mundiais (Montesquieu, em “Reflexões sobre a monarquia universal na
Europa”, 1727, revela o desejo da criação de uma unidade europeia através da
razão – Kant, em “Para uma paz perpétua”, refere que quando houver um
governo constituído por vários países, haverá paz). Por outro lado, esta visão
vai ao contrário das ideias das igrejas: estas acreditavam que os homens
estavam condenados e que só havia salvação em Jesus Cristo/Deus. Esta
visão é, por si mesmo, utópica. Voltaire escreveu um livro chamado de
“Cândido” onde expõe as suas dúvidas em relação à ideia de progresso da
humanidade. Estas dúvidas vão confirmar-se no século XIX. Estas ideias eram
promovidas em salões e, nos países livres, pela imprensa livre.

- Os iluministas eram etnocêntricos – as luzes da razão eram mais “acesas”


numas partes da Europa do que noutras partes do mundo. A Europa do
Norte é mais racional (há mais luzes da razão) do que o Sul. As pessoas do
Norte são mais esforçadas, racionais e trabalhadoras do que as do Sul.
Montesquieu apresenta razões geográficas e climáticas para este facto.

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DIVISÃO RELIGIOSA:

- Protestantes a Norte e Católicos a Sul

- Os iluministas defendem que a Igreja Católica prende o desenvolvimento:


não suscita a reflexão individual, a leitura individual da Bíblia e não ajuda na
produção. Já os Protestantes defendem que o trabalho dignifica o homem, a
reflexão própria e a leitura individual da Bíblia. Para além disso, a ética
protestante é a base para o capitalismo (Max Weber).

LIBERDADE:

- Todos os seres humanos são livres e têm o direito de se expressar. Existe


então a liberdade de expressão e de pensamento. Os iluministas defendem
que se houver mais liberdade de pensamento, haverá mais capacidade de
pensamento e da estimulação da racionalização.

- No “Dicionário Filosófico” (1771), Voltaire faz uma abordagem sobre vários


temas filosóficos. Há um diálogo entre “Boldmind” (o homem do norte ousado,
que pensa e raciocina pela sua cabeça) e “Medroso” (o homem do sul que é
escravo de ideias, que não pensa por si próprio e está à espera que as outras
pessoas respondam pelas suas ideias).

DEÍSMO:

- No século XVIII, os iluministas acreditavam que a maneira de como o mundo


está criado e organizado, tem que existir necessariamente uma inteligência

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superior (“O Grande Relojoeiro”/”O Grande Arquiteto”). No entanto, há
pensadores ateus, sendo a maioria deles deístas.

- No entanto, o que desagrada aos iluministas são os dogmas, os rituais e a


opressão das próprias instituições (obscurantismo). Toland, em
“Christianity not mysterious”, defende que os princípios básicos do cristianismo
são princípios universais para a humanidade ser mais fraterna. O que foi
estabelecido e criado em nome disso é que está errado.

- Toland, em 1717, cria em Londres a Maçonaria, uma associação de homens


(as mulheres entram mais tarde) bons e livres que se associavam para
defender os valores do iluminismo. Tinham reuniões entre eles e cada um
na sua área defendia e punha em práticas estas ideias. Também vai existir a
Maçonaria Irregular, um grupo anglo-saxónico e deísta, que acreditavam na
ideia do “Grande Arquiteto”. Em França, é criada a Maçonaria Regular, um
grupo ateu que está contra a ideia do Grande Arquiteto. Os maçons eram
perseguidos pela Igreja Católica.

ENCICLOPÉDIA:

- A Enciclopédia é um dicionário racional das ciências, das artes e dos


ofícios, construído por uma sociedade da gente de letra (1751-1780). É
uma obra de emblemática do iluminismo nos finais do século XVIII com 35
volumes – é uma obra crítica e divulgadora para uma nova civilização.
Colaboraram mais de 130 pessoas, onde a maior parte das pessoas fazem
parte da burguesia intelectual e uma pequena parte da nobreza.

- Esta obra traduz o racionalismo, a crença na razão, tendo uma vertente


utilitária: a razão deve ser utilizada no dia-a-dia (exemplo: utilização e
criação de máquinas); para além disso, faz uma grande crítica à escolástica, a
todas as igrejas que oprimem os povos usando o obscurantismo e dogmas, ao
feudalismo e à monarquia absoluta. Defende sobretudo o valor da liberdade e
que o poder deve de vir do povo.

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- Os volumes foram publicados gradualmente. Tinha como objetivo de ser
divulgada para que todas as pessoas tenham a oportunidade de a ler. Para
além disso, a Enciclopédia é contemporânea da revolução dos EUA em 1776,
onde as ideias iluministas foram postas em prática.

- Fases de publicação:

- 1.ª Fase (1751-1772) – 17 volumes de textos e 11 volumes de


imagens. O escritor foi Diderot, o editor foi Le Breton e o matemático foi
D’Alambert. No entanto, o escritor e o matemático entraram em conflito com o
editor por este censurar certos artigos. Consequentemente, estes abandonam
o projeto.

- 2.ª Fase (1776-1780) – Elaborada essencialmente por Panakouke.

- Os principais colaboradores da Enciclopédia foram D’Alambert, que fez os


artigos principais de matemática e física, Diderot, escritor de mais de 1000
artigos sobre variadíssimos assuntos, Voltaire, que escreveu mais de 43
artigos sobre literatura, história e filosofia, Jean Jacques Rosseau, que
escreve artigos sobre música, onde mais tarde ficaram compilados num livro
chamado de “Dicionário de música de Jean Jacques Rosseau”; Montesquieu,
que escreve apenas um artigo – “O Gosto”; para além disso, houve quatro
padres que escreveram artigos para a Enciclopédia – consequentemente, dois
foram excomungados.

- O cavaleiro de Jeucourt passou muito tempo dentro de uma sala fechado a


escrever artigos. Quando se apercebia que certos artigos não chegavam a
tempo, ele elaborava-os ele próprio. Assim, havia vários artigos com falta de
qualidade.

- Por fim, o português Ribeiro Sanches, que era médico e pedagogo, chegou
a escrever artigos de medicina sobre sífilis e gonorreia que foram integrados na
Enciclopédia.

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2. REVOLUÇÕES LIBERAIS:

O LIBERALISMO:

- O século XIX é um século de revolução: a nível agrícola, industrial,


económico, político, social e cultural. Acabar com o que está para trás para
abrir um caminho novo. Os reacionários são aqueles que estão contra estas
novas mudanças.

- A primeira das Revoluções foi a Revolução dos EUA (1776-1783) para


conseguir a independência das 13 colónias. Quando os americanos
elegeram George Washington, as metrópoles enviam para lá as suas tropas.
Uma das razões pela qual os americanos revoltaram-se foi pelo excesso de
impostos. Citaram a “Magna Carta” e o “Bill of Rights”. Em 1783, a Inglaterra
reconhece a independência dos EUA e, em 1787, cria-se a primeira
constituição. A amizade entre os EUA e a França criou a Estátua da
Liberdade. Assim, há a primeira descolonização.

- No entanto, há contradições: aquilo que está escrito na constituição não


se faz na prática – só alguns homens é que votam (homens brancos), as
mulheres ainda não podem votar e a economia é sustentada pelos
escravos. Este problema vai rebentar naquilo que se chama de Guerra Civil
(1861-1865). O Norte, que defendia que a escravatura devia de acabar, tinha
uma economia de sistema industrial e defendia que a indústria substituía os
escravos. Deste modo, vários imigrantes iam para o norte, apesar de
trabalharem pior do que os escravos. O Sul tinha um sistema de plantação
(sobretudo plantações de algodão e de tabaco) e sustentava-se pelo trabalho
dos escravos. Este sistema era utilizado devido a certos fatores, como o
clima.

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REVOLUÇÃO FRANCESA:

- A Revolução Francesa (1789) teve três fases: a 1.ª fase onde se cria uma
monarquia constitucional; a 2.ª fase, onde se tenta implantar uma república; a
3.ª fase, quando Napoleão Bonaparte coroa-se imperador em nome da
revolução francesa – assim, há uma nova constituição de uma monarquia
absoluta. Durante todo este processo, houve forças contraditórias que tentam
manter a monarquia absoluta através de alianças com outros países
absolutistas.

- Em 1815, Napoleão é derrotado na Batalha de Waterloo (na atual Bélgica)


contra o general inglês Wellington. Assim, há a restauração da monarquia
absoluta.

- Em 1830, há a 2.ª revolução francesa e estabelece-se a monarquia liberal,


onde Luís Filipe de Orleães sobe ao poder.

- Em 1848, há a 3.ª revolução francesa em nome de ideais como a


igualdade e justiça. Deste modo, estabelece-se a república francesa.

REVOLUÇÃO LIBERAL EM PORTUGAL:

- Portugal também teve uma monarquia absoluta. Houve um grande abalo no


território português devido às invasões francesas de Napoleão Bonaparte
com a tentativa de prender o rei e de coroar um dos irmãos de Bonaparte.
Entretanto, o rei D. João VI foge para o Brasil e eleva este país ao mesmo
nível de importância ao território nacional. Uma junta (constituída
maioritariamente por ingleses, onde General Washington faz parte) é quem
reina o país. As forças de Napoleão foram derrotadas e o país ficou dividido
entre absolutistas e liberalistas. Em 1820, há a primeira revolução
liberalista por parte dos burgueses do Porto. Perante este movimento, D. João
VI cede uma nova constituição progressista. Entre D. Pedro IV fica a reinar o

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Brasil e dá a casar a sua filha, D. Maria, ao seu irmão D. Miguel. Assim D.
Miguel passa a governar o território nacional, após D. João VI morrer, com
o acordo de manter a monarquia constitucional. Em 1826, D. Miguel trai o
acordo com o seu irmão e reestabelece a monarquia absoluta. Perante este
ato, D. Pedro IV vai combater o seu irmão: em 1833, desembarca em
Mindelo e é saudado pela multidão do Porto. Por fim, em 1834, a Revolução
liberal acaba por triunfar. D. Pedro IV acaba por morrer 4 meses mais tarde e
D. Maria II sobe ao poder e reina o território nacional. Casa-se com um príncipe
alemão e tem muitos filhos.

LIBERALISMO – REACIONÁRIO OU CONSERVADOR?

- Na prática, o liberalismo acaba por ser contraditório por violar os ideais


que defende.

- No princípio, o liberalismo foi revolucionário, no qual muitas pessoas


morreram e lutaram. No entanto, o regime acaba por ser conservador e
acomodado.

- A ideia de liberdade é a ideia central do liberalismo (liberdade de


pensamento, expressão, religião, etc…): detesta qualquer regime político que
oprime a ideia de liberdade. Assim, criaram uma constituição liberal: uma
carta onde se encontram escritas as leis e as ideias centrais do liberalismo –
perante a lei, todas as pessoas são iguais. A liberdade traz debate político,
liberdade de imprensa, tolerância e a separação de poderes, para que o poder
nunca seja absoluto e concentrado numa só pessoa (poder legislativo,
executivo e judicial). Assim, o poder é constantemente vigiado e controlado por
cada um dos órgãos. Para além disso, quando uma pessoa nasce, adquire
todos os direitos, independentemente da sua raça, religião, família ou pais. As
pessoas não são inseridas em grupos – destaca-se o “eu”, o individualismo.

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- O liberalismo defende também em nome a “economia de mercado”: existe
os direitos de propriedade e o estado não pode tirar aquilo que pertence a uma
pessoa.

- O regime liberal é revolucionário na medida em que as sociedades se


organizavam em medidas políticas, económicas e sociais.

- No entanto, à medida que o regime liberal se vai instalando, vai havendo


contradições: quando o regime liberal se instaurou no poder, esse poder não
era acessível a todas as pessoas.

- Os liberais prometeram o sufrágio universal antes do regime liberal se


instaurar. Após a instauração, os liberalistas criaram o censitário. Isto significa
que apenas alguns indivíduos com certas capacidades é que podiam votar.
Para ser eleito para o parlamento é preciso pagar impostos e saber ler e
escrever. Deste modo, muitos dos ideais defendidos de acordo com os
interesses de burgueses ricos: o trabalho infantil e de escravos mantêm-se;
os trabalhadores eram explorados em grande medida – não havia férias e
salário mínimo, as crianças eram exploradas e os trabalhadores em geral não
tinham direitos.

- Agora, a luta vai ser pelo direito de igualdade universal, principalmente, pelo
direito ao voto universal, e pelo direito dos trabalhadores. Todos estes fatores
foram defendidos pelos sindicatos e pelos democratas. Para além disso, a luta
contra o trabalho infantil e a escravatura foi constante e muito difícil.

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3. ROMANTISMO:

- Há uma grande mudança a nível cultural a partir do fim da 2.ª metade do


século XVIII até aos meados do século XIX (c. 1850). A esta mudança deu-se o
nome de “Romantismo”. Este movimento é o início de uma arte mais livre a
nível formal e interpretativo, deixando as formas artísticas de parte. Há a
ênfase do “eu”, do individualismo.

- O movimento do Romantismo reage de acordo com os contextos.


Acontecem de acordo com o tempo, com o país, com a região e com o próprio
acontecimento. Assim, existe vários movimentos do romantismo que diferem
entre si. Por fim, estes movimentos são precoces em Inglaterra e Alemanha.

CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO(S):

- As características deste movimento diferem de país para país. Assim, existe


a pluralidade e contrariedade.

- Há a rejeição do “racionalismo total” do Iluminismo: os românticos


defendem o lado sentimental, do sonho e da imaginação do homem. O
conhecimento pode ser obtido não só por um lado objetivo, mas também por
um lado subjetivo (emoção).

- Há a renovação do espírito “religioso”/espiritual (a nível estético): os


românticos defendem a questão da espiritualidade, a ligação ao sobrenatural,
como reação ao espírito exageradamente científico. Jesus Cristo é considerado
por alguns românticos uma figura heroica e romântica.

- O culto do “eu” e o subjetivismo: a exaltação do “eu” e valorização do


individualismo; todas as pessoas são livres e iguais. Os românticos defendem
que o indivíduo passa a ser a base da sociedade e que passa a ter valor por si
só, independentemente da família ou possibilidades económicas; isto tem

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repercussões na visão da arte – esta passa a ter um lado subjetivo e não é
inteiramente objetivo; a complexidade e as contradições de cada indivíduo tem
um impacto nas histórias românticas, pois os artistas vão exaltar o anti-herói.
Todos os seres humanos têm lados bons ou maus.

- O gosto pelo mórbido/estranho/escuro/(etc…): gosto por cemitérios,


montes áridos, pântanos, mar em tempestade, nevoeiro, etc… Alguns livros
notáveis: “Drácula”, “Frankenstein” e “Sherlock Holmes”. Esta característica é
muito comum nos artistas do ultrarromântico.

- O amor à liberdade: a liberdade estética, criativa, individual, social e política


– o combate aos dogmas e ideias absolutas. Estas ideias vão dar impulso às
lutas contra a escravatura e à libertação de países ocupados.

- Historicismo e racionalismo: os românticos defendem a libertação dos


povos, pois cada povo tem o seu próprio caráter e individualidade. Para
construir a nossa história e identidade cultural, devemos de ir às nossas raízes
históricas e procurar o berço da cultura na Idade Média (a procura da cultura
em histórias, mitos, contos, etc…). Defendem que não podemos evoluir e
progredir se não conhecermos a nossa própria história cultural. No entanto,
defendem a fraternidade entre os vários povos.

ALGUNS PAÍSES EM PARTICULAR – FOCOS DO ROMANTISMO:

- Os primeiros países românticos:

1.º Foco – Inglaterra:

- O romantismo começa de forma precoce em Inglaterra devido à Gloriosa


Revolução e à Revolução Industrial, que dá origens a ideias livres. Nos finais
do século XVIII, surgem os primeiros teóricos-romancistas: Wordswoth e
Coleridge. Estes intelectuais vão divulgar as “Lyrical-Ballades”, as primeiras
baladas do romantismo. Mais tarde, surge Lord Byron e Shelly Keats. No

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século XIX, surge Jane Austen, autora de “Orgulho e Preconceito”, Walter
Scott e as irmãs Emily Bronté, criadora do livro “Monte dos Vendavais”, e
Charlotte Bronté, autora da obra “Jane Eyre”. Desta maneira, estas notáveis
intelectuais vão destacar o papel da mulher da arte e o seu prestígio.

2.º Foco – Os países que formam a atual Alemanha

- Desde os finais do século XVIII até 1806, vários intelectuais e artistas


aderiram ao movimento pré-romântico. Desta maneira, deu-se a criação do
idealismo alemão na filosofia, com os filósofos Hegel, Fichte e Schelling, que
destacaram a grande importância das ações individuais e exaltaram o culto à
liberdade. Para além disso, apareceram os pietistas, que procuraram e
destacaram o misticismo na religião, havendo assim uma renovação mística na
religião católica. Deve de ser destacado o movimento alemão mais importante:
“Sturm und Drang” (“Tempestade e Ímpeto”).

- O verdadeiro movimento romântico alemão começa com as invasões


das tropas francesas comandadas por Napoleão, que se autoproclamou
como imperador em 1806. As consequências desta invasão vão desencadear
uma reação dos alemães e uma modificação ao nível das características do
movimento romântico alemão. As principais características deste movimento
foram: a exaltação dos valores germânicos (nacionalismo) – a procura do
“volksgeist” (“espírito do povo”); surgiram os dicionários, gramática e
estudos sobre os mitos alemães (a procura das raízes no nacionalismo); ao
nível da poesia, deu-se a procura do irracionalismo em alternativa à
realidade – alguns autores deste tipo de escrita são Novalis, cuja principal
obra é “Hinos da Noite”, que destaca a obscuridade; Holderlin, que foi
considerado louco e foi internado num manicómio; Kleist, que morreu muito
jovem; e E.T.A. Hoffmann, um homem muito extravagante e complexo, que foi
considerado um esquizofrénico. Este último escrevia e vivia de noite.

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3.º Foco- França

- Talvez, a França foi dos países mais racionais durante todo o período
romântico. Deram um foco racional, social e político ao movimento
romântico e não deram tanta importância ao obscurantismo e ao misticismo.
Houve uma recuperação de alguns valores culturais e houve um movimento
neoclássico como encenação do poder de corte. Os inimigos de Napoleão
uniram-se no movimento do romantismo contra a cultura clássica e fria
de corte de Napoleão. Apenas em 1815, quando Napoleão foi derrotado,
apareceu Chateaubriand com obras reacionárias contra a Revolução
Francesa. Durante o imperialismo de Napoleão, Madame de Staela reunia os
vários reacionários em sua casa para construir um novo movimento cultural
puramente reacionário.

- A monarquia absoluta reestabelecida em 1815 dura apenas 15 anos e cai


em 1830. Neste mesmo ano estabelece-se a monarquia constitucional. 18
anos mais tarde, a monarquia cai e a República Francesa estabelece-se
definitivamente. Só a partir de 1848 é que se dá o verdadeiro movimento
romântico francês, que valoriza não só a ideia de liberdade, mas também
alguns valores que provêm da revolução francesa. Os filósofos românticos,
com Louis Blanc e Proudhon, vão apoiar algumas mudanças da lei. Karl Marx
chamava a estes filósofos pejorativamente de socialistas utópicos. Michelet e
Guizot foram historiadores que exaltaram a importância da recuperação da
história francesa. Vitor Hugo vai fazer uma grande reforma ao nível da arte,
tanto no teatro como na escrita. Outros escritores importantes são Alexandre
Dumas, autor do livro “Os Três Mosqueteiros”, Stendhal e George Sand.

PORTUGAL:

- O romantismo, que está muito ligado à revolução liberal, surge mais tarde
devido a fatores políticos – a guerra entre os dois irmãos, D. Pedro e D.

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Miguel. Muitos intelectuais portugueses, que tinham novas ideias ligadas ao
romantismo, tiveram que lutar junto de D. Pedro, acabando alguns por morrer.
No entanto, é com o poema de Almeida Garrett intitulado de “Camões”
(1825) que o romantismo começa verdadeiramente em Portugal. Este
escritor português foi também político e desempenhou uma atividade intensa
na imprensa. Recebeu uma educação clássica e os seus primeiros poemas
foram escritos segundo a forma clássica. O seu poema “Camões”, que foi
escrito no exílio, vai recuperar a genialidade de Camões. Outras obras como
“Dona Branca” e “Adosinda” estão muito ligados à identidade nacional. Para
realçar a cultura portuguesa e o espírito do povo, Garrett fez uma recolha de
poesia e contos portugueses. Em relação ao teatro, este intelectual vai ter
uma importância notável. Chegou a fundar o Teatro Nacional D. Maria II e o
Conservatório Nacional e escreveu obras como “Frei Luís de Sousa”, que tem
uma temática com características românticas (presságios, nacionalismo, etc.).
Como novelista, Garrett escreveu “As viagens na minha terra”, que foi muito
inovadora e foi considerada por Eça de Queirós a primeira grande obra
moderna em Portugal. Por fim, escreveu também “Folhas Caídas” (1857) já no
final da sua vida. Esta obra consiste num conjunto de poemas profundamente
românticos.

- Para além de Garrett, Alexandre Herculano (1810-1877) foi outro notável


escritor e poeta português que lançou as raízes para o romantismo em
Portugal. Chegou a desembarcar com D. Pedro e funda a Biblioteca Nacional
no Mosteiro de S. Lázaro. Sendo muito católico, procurou ir ao fundo do
cristianismo original, chegando a escrever “A harpa do crente”. Como
historiador, Herculano foi um dos maiores historiadores da Europa. Em
relação à história de Portugal, este intelectual vai ao encontro das fontes e
relata os eventos sem recorrer a milagres. Para além disso, escreveu
romances históricos como “Eurico, o Presbítero” e “O monge de Cister”.
Por fim, este escritor teve sempre uma grande preocupação pelas causas
sociais e lutou pelo casamento civil – considerava que era profundamente
injusto que todas as pessoas que não fossem católicos e casassem por outras
religiões, não lhes fosse atribuído qualquer reconhecimento e que os seus
filhos não tivessem quaisquer direitos.

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E.U.A.

- Podemos considerar que um país novo, em constante mudança e com


uma história completamente diferente como os Estados Unidos teve um
movimento romântico?

- Assim, neste país desenvolve-se uma cultura neoclássica. Algumas


características próximas do romantismo nos vão dar o termo
“transcendentalismo” – confronto do herói com algo maior e muitíssimo
superior a ele. A fronteira dos E.U.A. vai progressivamente alargando. Esta
construção das novas bordas de um país tem um impacto muito importante na
arte: a construção da civilização sobre o domínio da natureza e dos outros
povos. Alguns autores importantes são: James Fenimore Cooper, que
escreveu o romance “O Último dos Moicanos”, onde descreve os índios e uma
relação com a natureza; Edgar Alan Poe, escritor que teve uma influência
muito grande na 2.ª metade do século XIX. Escreveu contos e poemas de
terror, como por exemplo “O Corvo”; Henry David Thoreau, poeta da
natureza, estabelece uma ligação entre o Homem com algo maior do que ele;
Nathaniel Hawthorne, o autor de “Scarlet Letter”; Herman Melville, o autor
de “Moby Dick”.

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4. A 2.ª METADE DO SÉCULO XIX ATÉ 1914:

- Todas as características do Romantismo vão em direção à explosão da


mudança no ano de 1914. Este segundo período traz-nos o triunfo do
capitalismo e a revolução industrial. Há um mundo novo que traz mudanças
a nível social tremendas: houve uma profunda desigualdade entre duas
faces da humanidade – uns têm o poder económico e político e outros sem
esse poder. Assim, houve uma grande quantidade de emigrantes, devido à
fome e faltas de condições de vida. A esta parte da humanidade que se
encontra sem poder eram chamados de proletários, que, para além de terem
vários filhos, apenas tinham a sua força de trabalho. Como os burgueses ricos
tinham poder e eram os donos das fábricas, exploravam a grande nível os
proletários: não havia segurança no trabalho, condições de ventilação, férias e
horários de trabalho. Para além disso, não havia contratos de trabalho, o que
consequentemente condicionava todos os trabalhadores. As mulheres eram
pagas com metade do salário em relação ao do homem e as crianças 1/3 em
relação ao mesmo. A alimentação dos trabalhadores era à base de batata e
numa espécie de “bolacha” (farinha misturada com água). Vão existir espaços
próprios para os pobres e para os ricos, havendo assim uma segregação por
classes. Para além disso, nas fábricas haviam terrenos onde se construíam
ilhas para os trabalhadores morarem lá, de modo a baixarem ainda mais os
salários deles.

- No entanto, com a criação de serviços e escolas passou a existir uma


classe média.

- As repúblicas passaram a ter partidos políticos. Em Portugal houve o


Partido Regenerador e o Partido Progressista.

- Na luta económica vão surgir os sindicatos (sindicalismo) que defendem os


direitos dos trabalhadores. No surgir das máquinas, os trabalhadores vão ter
uma reação muito negativa e agressiva (ficando a ser conhecido por
“ludismo”) contra as máquinas – vão incendiar e destruir as máquinas e as
fábricas.

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- Também vai surgir o mutualismo – os artesãos, que têm o trabalho
qualificado com oficinas em suas casas, vão olhar com receio para a grande
produção da fábrica e das máquinas. Deste modo, vão criar o mutualismo, de
modo a assegurar o trabalho do operário. No entanto, devido à falta de
dinheiro, os trabalhadores não aderem. Para contornar este problema, vão ser
criado os sindicatos com a função de defenderem os trabalhadores. Foi criada
a A.I.T. – Associação Internacional dos Trabalhadores – que defendia que a
condição dos trabalhadores deve ser igual em todos os locais. Para além disso,
criaram novas leis – criaram horários de trabalhos, proibiram o trabalho infantil
e criaram condições para os doentes e grávidas. A greve foi uma arma muito
forte dos sindicatos contra os patrões.

- O socialismo tenta procurar a justiça social – tenta valorizar não só os


interesses individuais como também os interesses coletivos, ou seja, da
sociedade. As medidas tentam visar a igualdade. Assim, tentam defender e
propor o sufrágio universal, para que possam ganhar poder e chegar ao
parlamento para mudar as leis. Antes de Karl Marx, existiam os socialistas
reformistas. Estes homens acreditavam em várias medidas capazes de
reformar a sociedade, mas não conseguiam competir contra aqueles que
estavam no poder. Karl Marx e Friedrich Engels vão criar o marxismo –
quando deixar de haver antagonismo entre duas vertentes da
humanidade, haverá igualdade e justiça. Marx teve uma atitude analítica,
baseando-se num economista chamado de David Ricardo, para construir o seu
ponto de vista. No entanto, Karl Marx defende que este processo (o
capitalismo) é a última etapa antes da destruição do antagonismo. Por fim,
podemos dizer que o marxismo consiste numa evolução do capitalismo.

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