Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DL 273.2019 PDF
DL 273.2019 PDF
obra nomeará o coordenador de segurança em obra atra- A coordenação e o acompanhamento das actividades
vés de uma declaração escrita que o identifica perante da entidade executante, dos subempreiteiros e dos tra-
todos os intervenientes no estaleiro. O dono da obra balhadores independentes são determinantes para a
tem ainda a responsabilidade específica de impedir que prevenção dos riscos profissionais na construção. O
a entidade executante inicie a implantação do estaleiro coordenador de segurança em obra tem especiais res-
sem que esteja preparado o plano de segurança e saúde ponsabilidades na coordenação e no acompanhamento
para a fase da execução da obra. do conjunto das actividades de segurança, higiene e
A regulamentação do conteúdo do plano de segurança saúde desenvolvidas no estaleiro. A função da coor-
e saúde é também desenvolvida com a indicação dos denação de segurança passará por isso a ser reconhecida
aspectos que o mesmo deve prever, tanto na fase do através de uma declaração escrita do dono da obra
projecto como na da execução da obra. que identifica os coordenadores, as funções que devem
O regime de empreitada de obras públicas prevê que exercer e indica a todos os intervenientes que devem
o projecto da obra que serve de base ao concurso será cooperar com os coordenadores.
elaborado tendo em atenção as regras respeitantes à O desempenho da coordenação de segurança con-
segurança, higiene e saúde no trabalho. Esta disposição tribui tanto mais para a prevenção dos riscos profis-
tem correspondência substancial com a necessidade de sionais quanto os coordenadores forem qualificados
se respeitar os princípios gerais da prevenção de riscos para essa função. A regulamentação da coordenação
profissionais na elaboração do projecto. No desenvol- de segurança vai ser, por isso, sequencialmente com-
vimento desses princípios e para que a empreitada de pletada por um quadro legal promotor da qualificação
obras públicas tenha em consideração, na maior medida dos coordenadores que tenha em consideração as exi-
possível, a prevenção dos riscos profissionais, o plano gências da função e a respectiva acreditação para a qual
de segurança e saúde em projecto deve ser incluído pelo serão determinantes a formação profissional específica,
dono da obra no conjunto dos elementos que servem a experiência profissional e as habilitações académicas.
de base ao concurso e, posteriormente, o plano deve 6 — O dono da obra deve proceder à comunicação
ficar anexo ao contrato de empreitada de obras públicas. prévia da abertura do estaleiro à Inspecção-Geral do
Nas obras particulares, o dono da obra deve incluir o Trabalho, em determinadas situações definidas em fun-
plano de segurança e saúde no conjunto dos elementos ção do tempo de trabalho total previsível para a exe-
que servem de base à negociação para que a entidade cução da obra, em certos casos conjugado com o número
executante o conheça ao contratar a empreitada. de trabalhadores no estaleiro. Nesta matéria, corrige-se
3 — O coordenador de segurança em obra e o plano uma imprecisão da lei anterior determinando-se que
de segurança e saúde não são obrigatórios em obras a comunicação prévia deve ser feita nomeadamente
de menor complexidade em que os riscos são normal- quando for previsível, para a execução da obra, um total
mente mais reduzidos. Contudo, se houver que executar de mais de 500 dias de trabalho, correspondente ao
nessas obras determinados trabalhos que impliquem ris- somatório dos dias de trabalho prestado por cada um
cos especiais, a entidade executante deve dispor de fichas dos trabalhadores.
de procedimentos de segurança que indiquem as medi- 7 — Nas intervenções na obra posteriormente à sua
das de prevenção necessárias para executar esses tra- conclusão, a prevenção dos riscos profissionais depende
balhos. do conhecimento das características técnicas da obra,
4 — Todos os intervenientes no estaleiro, nomeada- para que se possa identificar os riscos potenciais e adop-
mente os subempreiteiros e os trabalhadores indepen- tar processos de trabalho que os evitem ou minimizem,
dentes, devem cumprir o plano de segurança e saúde na medida do possível. A compilação técnica da obra
para a execução da obra. A entidade executante e o é um instrumento muito importante porque colige os
coordenador de segurança em obra devem acompanhar elementos que devem ser tomados em consideração nas
a actividade dos subempreiteiros e dos trabalhadores intervenções posteriores à conclusão da obra, e que pas-
independentes de modo a assegurar o cumprimento do sam a estar enunciados na lei com maior precisão.
plano. 8 — No quadro das garantias da aplicação da legis-
A entidade executante deve não apenas aplicar o plano lação de segurança e saúde no trabalho na construção,
de segurança e saúde nas actividades que desenvolve são reforçados os meios e os poderes de intervenção
durante a execução da obra mas também assegurar que da inspecção do trabalho. Nesse sentido, prevê-se um
os subempreiteiros e os trabalhadores independentes o sistema de registos por parte da entidade executante
cumprem, além de outras obrigações respeitantes ao fun- e dos subempreiteiros, que incluirão, entre outros ele-
cionamento do estaleiro. Esta obrigação da entidade exe- mentos, a identificação de todos os trabalhadores dos
cutante articula-se com a responsabilidade solidária que subempreiteiros e os trabalhadores independentes que
sobre ela impende pelo pagamento de coimas aplicadas trabalhem no estaleiro.
a um subcontratado que infrinja as regras relativas à segu- Estes registos serão determinantes para que seja mais
rança, higiene e saúde no trabalho, se a entidade exe- eficaz o controlo e o acompanhamento da acção dos
cutante não for diligente no controlo da actividade do empregadores e dos trabalhadores independentes com
subcontratado. actividade no estaleiro.
5 — A coordenação de segurança estrutura-se em 9 — O projecto correspondente ao presente diploma
função das actividades do coordenador de segurança foi sujeito a apreciação pública, mediante publicação
em projecto e do coordenador de segurança em obra. na separata n.o 4 do Boletim do Trabalho e Emprego,
A legislação portuguesa é, nesta matéria, mais exigente de 13 de Agosto de 2002, tendo sido aperfeiçoados diver-
do que a referida directiva comunitária porque impõe sos aspectos na sequência dos pareceres de associações
a coordenação de segurança em fase de projecto se este sindicais e patronais.
for elaborado por uma equipa de projecto. A nomeação Resulta, nomeadamente, da apreciação pública o
dos coordenadores de segurança cabe ao dono da obra, esclarecimento das obras em que a existência do plano
de acordo com a directiva. de segurança e saúde é obrigatória; precisa-se o con-
N.o 251 — 29 de Outubro de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 7201
teúdo das fichas de procedimentos de segurança para d) Montagem e desmontagem de elementos pre-
obras de menor dimensão em que haja riscos especiais, fabricados, andaimes, gruas e outros aparelhos
por forma que satisfaçam as prescrições da directiva elevatórios;
comunitária sobre o plano de segurança e saúde; pro- e) Demolição;
tege-se a posição do empreiteiro que espera a aprovação f) Construção, manutenção, conservação e altera-
do plano de segurança e saúde para iniciar a obra, uma ção de vias de comunicação rodoviárias, ferro-
vez que o prazo para a sua execução não começa a viárias e aeroportuárias e suas infra-estruturas,
correr antes da aprovação do plano; o dono da obra de obras fluviais ou marítimas, túneis e obras
deve transmitir aos representantes dos trabalhadores a de arte, barragens, silos e chaminés industriais;
declaração que identifica os coordenadores de segu- g) Trabalhos especializados no domínio da água,
rança; dá-se mais saliência ao princípio de que a nomea- tais como sistemas de irrigação, de drenagem
ção dos coordenadores de segurança em projecto e em e de abastecimento de águas e de águas resi-
obra não exonera o dono da obra, o autor do projecto, duais, bem como redes de saneamento básico;
a entidade executante e o empregador das responsa- h) Intervenções nas infra-estruturas de transporte
bilidades que lhes cabem em matéria de segurança e e distribuição de electricidade, gás e teleco-
saúde no trabalho; o dono da obra poderá assegurar municações;
mais eficazmente a elaboração da compilação técnica i) Montagem e desmontagem de instalações téc-
através da recusa da recepção provisória da obra nicas e de equipamentos diversos;
enquanto a entidade executante não proporcionar os j) Isolamentos e impermeabilizações.
elementos necessários; serão comunicados à Inspecção-
-Geral do Trabalho os acidentes de trabalho de que 3 — O presente diploma não se aplica às actividades
resulte, nomeadamente, lesão grave dos trabalhadores, de perfuração e extracção que tenham lugar no âmbito
evitando-se a ambiguidade que adviria da comunicação das indústrias extractivas.
ligada ao internamento dos sinistrados, e preconiza-se
que os elementos necessários ao inquérito sejam reco-
lhidos com a maior brevidade para reduzir ao mínimo Artigo 3.o
a interrupção dos trabalhos no estaleiro. Definições
Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das
Regiões Autónomas. 1 — Para efeitos do presente diploma, entende-se
Assim: por:
Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da
Constituição, o Governo decreta o seguinte: a) «Autor do projecto da obra», adiante designado
por autor do projecto, a pessoa singular, reco-
nhecida como projectista, que elabora ou par-
CAPÍTULO I ticipa na elaboração do projecto da obra;
b) «Coordenador em matéria de segurança e saúde
Princípios gerais durante a elaboração do projecto da obra»,
adiante designado por coordenador de segu-
Artigo 1.o rança em projecto, a pessoa singular ou colectiva
que executa, durante a elaboração do projecto,
Objecto
as tarefas de coordenação em matéria de segu-
O presente diploma estabelece regras gerais de pla- rança e saúde previstas no presente diploma,
neamento, organização e coordenação para promover podendo também participar na preparação do
a segurança, higiene e saúde no trabalho em estaleiros processo de negociação da empreitada e de
da construção e transpõe para a ordem jurídica interna outros actos preparatórios da execução da obra,
a Directiva n.o 92/57/CEE, do Conselho, de 24 de Junho, na parte respeitante à segurança e saúde no
relativa às prescrições mínimas de segurança e saúde trabalho;
no trabalho a aplicar em estaleiros temporários ou c) «Coordenador em matéria de segurança e saúde
móveis. durante a execução da obra», adiante designado
por coordenador de segurança em obra, a pes-
Artigo 2.o soa singular ou colectiva que executa, durante
a realização da obra, as tarefas de coordenação
Âmbito em matéria de segurança e saúde previstas no
1 — O presente diploma é aplicável a todos os ramos presente diploma;
de actividade dos sectores privado, cooperativo e social, d) «Responsável pela direcção técnica da obra» o
à administração pública central, regional e local, aos técnico designado pela entidade executante para
institutos públicos e demais pessoas colectivas de direito assegurar a direcção efectiva do estaleiro;
público, bem como a trabalhadores independentes, no e) «Director técnico da empreitada» o técnico
que respeita aos trabalhos de construção de edifícios designado pelo adjudicatário da obra pública
e de engenharia civil. e aceite pelo dono da obra, nos termos do
2 — O presente diploma é aplicável a trabalhos de regime jurídico das empreitadas de obras públi-
cas, para assegurar a direcção técnica da emprei-
construção de edifícios e a outros no domínio de enge-
tada;
nharia civil que consistam, nomeadamente, em:
f) «Dono da obra» a pessoa singular ou colectiva
a) Escavação; por conta de quem a obra é realizada, ou o
b) Terraplenagem; concessionário relativamente a obra executada
c) Construção, ampliação, alteração, reparação, com base em contrato de concessão de obra
restauro, conservação e limpeza de edifícios; pública;
7202 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 251 — 29 de Outubro de 2003
mencionada nos contratos celebrados com a entidade b) Um total de mais de 500 dias de trabalho, cor-
executante ou o dono da obra. respondente ao somatório dos dias de trabalho
5 — A Inspecção-Geral do Trabalho pode determinar prestado por cada um dos trabalhadores.
à entidade executante a apresentação do plano de segu-
rança e saúde para execução da obra. 2 — A comunicação prévia referida no número ante-
rior deve ser datada, assinada e indicar:
Artigo 14.o a) O endereço completo do estaleiro;
b) A natureza e a utilização previstas para a obra;
Fichas de procedimentos de segurança c) O dono da obra, o autor ou autores do projecto
1 — Sempre que se trate de trabalhos em que não e a entidade executante, bem como os respec-
seja obrigatório o plano de segurança e saúde de acordo tivos domicílios ou sedes;
com o n.o 4 do artigo 5.o mas que impliquem riscos d) O fiscal ou fiscais da obra, o coordenador de
especiais previstos no artigo 7.o, a entidade executante segurança em projecto e o coordenador de segu-
deve elaborar fichas de procedimentos de segurança rança em obra, bem como os respectivos domi-
para os trabalhos que comportem tais riscos e assegurar cílios;
que os trabalhadores intervenientes na obra tenham e) O director técnico da empreitada e o represen-
conhecimento das mesmas. tante da entidade executante, se for nomeado
2 — As fichas de procedimentos de segurança devem para permanecer no estaleiro durante a exe-
conter os seguintes elementos: cução da obra, bem como os respectivos domi-
cílios, no caso de empreitada de obra pública;
a) A identificação, caracterização e duração da f) O responsável pela direcção técnica da obra e
obra; o respectivo domicílio, no caso de obra par-
b) A identificação dos intervenientes no estaleiro ticular;
que sejam relevantes para os trabalhos em g) As datas previstas para início e termo dos tra-
causa; balhos no estaleiro;
c) As medidas de prevenção a adoptar tendo em h) A estimativa do número máximo de trabalha-
conta os trabalhos a realizar e os respectivos dores por conta de outrem e independentes que
riscos; estarão presentes em simultâneo no estaleiro,
d) As informações sobre as condicionantes exis- ou do somatório dos dias de trabalho prestado
tentes no estaleiro e na área envolvente, nomea- por cada um dos trabalhadores, consoante a
damente as características geológicas, hidroló- comunicação prévia seja baseada nas alíneas a)
gicas e geotécnicas do terreno, as redes técnicas ou b) do n.o 1;
aéreas ou subterrâneas e as actividades que i) A estimativa do número de empresas e de tra-
eventualmente decorram no local que possam balhadores independentes a operar no estaleiro;
ter implicações na prevenção de riscos profis- j) A identificação dos subempreiteiros já selec-
sionais associados à execução dos trabalhos; cionados.
e) Os procedimentos a adoptar em situações de
emergência. 3 — A comunicação prévia deve ser acompanhada de:
a) Declaração do autor ou autores do projecto e
3 — O coordenador de segurança em obra deve ana- do coordenador de segurança em projecto, iden-
lisar a adequabilidade das fichas de procedimentos de tificando a obra;
segurança e propor à entidade executante as alterações b) Declarações da entidade executante, do coor-
adequadas. denador de segurança em obra, do fiscal ou fis-
4 — A entidade executante só pode iniciar a implan- cais da obra, do director técnico da empreitada,
tação do estaleiro quando dispuser das fichas de pro- do representante da entidade executante e do
cedimentos de segurança, devendo o dono da obra asse- responsável pela direcção técnica da obra, iden-
gurar o respeito desta prescrição. tificando o estaleiro e as datas previstas para
5 — As fichas de procedimentos de segurança devem início e termo dos trabalhos.
estar acessíveis, no estaleiro, a todos os subempreiteiros
e trabalhadores independentes e aos representantes dos 4 — O dono da obra deve comunicar à Inspecção-
trabalhadores para a segurança, higiene e saúde que -Geral do Trabalho qualquer alteração dos elementos
nele trabalhem. da comunicação prévia referidos nas alíneas a) a i) nas
6 — A Inspecção-Geral do Trabalho pode determinar quarenta e oito horas seguintes, e dar ao mesmo tempo
à entidade executante a apresentação das fichas de pro- conhecimento da mesma ao coordenador de segurança
cedimentos de segurança. em obra e à entidade executante.
5 — O dono da obra deve comunicar mensalmente
a actualização dos elementos referidos na alínea j) do
Artigo 15.o n.o 2 à Inspecção-Geral do Trabalho.
Comunicação prévia da abertura do estaleiro 6 — A entidade executante deve afixar cópias da
comunicação prévia e das suas actualizações, no esta-
1 — O dono da obra deve comunicar previamente leiro, em local bem visível.
a abertura do estaleiro à Inspecção-Geral do Trabalho
quando for previsível que a execução da obra envolva
uma das seguintes situações: Artigo 16.o
Compilação técnica da obra
a) Um prazo total superior a 30 dias e, em qualquer
momento, a utilização simultânea de mais de 1 — O dono da obra deve elaborar ou mandar ela-
20 trabalhadores; borar uma compilação técnica da obra que inclua os
7206 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 251 — 29 de Outubro de 2003
elementos úteis a ter em conta na sua utilização futura, h) Se intervierem em simultâneo no estaleiro duas
bem como em trabalhos posteriores à sua conclusão, ou mais entidades executantes, designar a que,
para preservar a segurança e saúde de quem os executar. nos termos da alínea i) do n.o 2 do artigo 19.o,
2 — A compilação técnica da obra deve incluir, tomar as medidas necessárias para que o acesso
nomeadamente, os seguintes elementos: ao estaleiro seja reservado a pessoas autori-
zadas;
a) Identificação completa do dono da obra, do i) Assegurar o cumprimento das regras de gestão
autor ou autores do projecto, dos coordenadores e organização geral do estaleiro a incluir no
de segurança em projecto e em obra, da enti- plano de segurança e saúde em projecto defi-
dade executante, bem como de subempreiteiros nidas no anexo I.
ou trabalhadores independentes cujas interven-
ções sejam relevantes nas características da
mesma; Artigo 18.o
b) Informações técnicas relativas ao projecto geral Obrigações do autor do projecto
e aos projectos das diversas especialidades,
incluindo as memórias descritivas, projecto de 1 — O autor do projecto deve:
execução e telas finais, que refiram os aspectos a) Elaborar o projecto da obra de acordo com os
estruturais, as redes técnicas e os sistemas e princípios definidos no artigo 4.o e as directivas
materiais utilizados que sejam relevantes para do coordenador de segurança em projecto;
a prevenção de riscos profissionais; b) Colaborar com o dono da obra, ou com quem
c) Informações técnicas respeitantes aos equipa- este indicar, na elaboração da compilação téc-
mentos instalados que sejam relevantes para a nica da obra;
prevenção dos riscos da sua utilização, conser- c) Colaborar com o coordenador de segurança em
vação e manutenção; obra e a entidade executante, prestando infor-
d) Informações úteis para a planificação da segu- mações sobre aspectos relevantes dos riscos
rança e saúde na realização de trabalhos em associados à execução do projecto.
locais da obra edificada cujo acesso e circulação
apresentem riscos. 2 — Nas situações em que não haja coordenador de
segurança em projecto, o autor do projecto deve ela-
3 — O dono da obra pode recusar a recepção pro- borar o plano de segurança e saúde em projecto, iniciar
visória da obra enquanto a entidade executante não pres- a compilação técnica da obra e, se também não for
tar os elementos necessários à elaboração da compilação nomeado coordenador de segurança em obra, recolher
técnica, de acordo com o número anterior. junto da entidade executante os elementos necessários
4 — Em intervenções posteriores que não consistam para a completar.
na conservação, reparação, limpeza da obra, ou outras
que afectem as suas características e as condições de
Artigo 19.o
execução de trabalhos ulteriores, o dono da obra deve
assegurar que a compilação técnica seja actualizada com Obrigações dos coordenadores de segurança
os elementos relevantes.
1 — O coordenador de segurança em projecto deve,
no que respeita ao projecto da obra e à preparação
SECÇÃO IV e organização da sua execução:
da obra e, sendo caso disso, propor à entidade e assegurar que os subempreiteiros e trabalha-
executante as alterações adequadas com vista dores independentes e os representantes dos
à sua validação técnica; trabalhadores para a segurança, higiene e saúde
c) Analisar a adequabilidade das fichas de pro- no trabalho que trabalhem no estaleiro tenham
cedimentos de segurança e, sendo caso disso, conhecimento das mesmas;
propor à entidade executante as alterações d) Assegurar a aplicação do plano de segurança
adequadas; e saúde e das fichas de procedimentos de segu-
d) Verificar a coordenação das actividades das rança por parte dos seus trabalhadores, de su-
empresas e dos trabalhadores independentes bempreiteiros e trabalhadores independentes;
que intervêm no estaleiro, tendo em vista a pre- e) Assegurar que os subempreiteiros cumpram, na
venção dos riscos profissionais; qualidade de empregadores, as obrigações pre-
e) Promover e verificar o cumprimento do plano vistas no artigo 22.o;
de segurança e saúde, bem como das outras obri- f) Assegurar que os trabalhadores independentes
gações da entidade executante, dos subemprei- cumpram as obrigações previstas no artigo 23.o;
teiros e dos trabalhadores independentes, g) Colaborar com o coordenador de segurança em
nomeadamente no que se refere à organização obra, bem como cumprir e fazer respeitar por
do estaleiro, ao sistema de emergência, às con- parte de subempreiteiros e trabalhadores inde-
dicionantes existentes no estaleiro e na área pendentes as directivas daquele;
envolvente, aos trabalhos que envolvam riscos h) Tomar as medidas necessárias a uma adequada
especiais, aos processos construtivos especiais, organização e gestão do estaleiro, incluindo a
às actividades que possam ser incompatíveis no organização do sistema de emergência;
tempo ou no espaço e ao sistema de comuni- i) Tomar as medidas necessárias para que o acesso
cação entre os intervenientes na obra; ao estaleiro seja reservado a pessoas autori-
f) Coordenar o controlo da correcta aplicação dos zadas;
métodos de trabalho, na medida em que tenham j) Organizar um registo actualizado dos subem-
influência na segurança e saúde no trabalho; preiteiros e trabalhadores independentes por si
g) Promover a divulgação recíproca entre todos os contratados com actividade no estaleiro, nos ter-
intervenientes no estaleiro de informações sobre mos do artigo seguinte;
riscos profissionais e a sua prevenção; l) Fornecer ao dono da obra as informações neces-
h) Registar as actividades de coordenação em sárias à elaboração e actualização da comuni-
matéria de segurança e saúde no livro de obra, cação prévia;
nos termos do regime jurídico aplicável ou, na m) Fornecer ao autor do projecto, ao coordenador
sua falta, de acordo com um sistema de registos de segurança em projecto, ao coordenador de
apropriado que deve ser estabelecido para a segurança em obra ou, na falta destes, ao dono
obra; da obra os elementos necessários à elaboração
i) Assegurar que a entidade executante tome as da compilação técnica da obra.
medidas necessárias para que o acesso ao esta-
leiro seja reservado a pessoas autorizadas; Artigo 21.o
j) Informar regularmente o dono da obra sobre Registo de subempreiteiros e trabalhadores independentes
o resultado da avaliação da segurança e saúde
existente no estaleiro; 1 — A entidade executante deve organizar um registo
l) Informar o dono da obra sobre as responsa- que inclua, em relação a cada subempreiteiro ou tra-
bilidades deste no âmbito do presente diploma; balhador independente por si contratado que trabalhe
m) Analisar as causas de acidentes graves que ocor- no estaleiro durante um prazo superior a vinte e quatro
ram no estaleiro; horas:
n) Integrar na compilação técnica da obra os ele-
a) A identificação completa, residência ou sede e
mentos decorrentes da execução dos trabalhos
número fiscal de contribuinte;
que dela não constem.
b) O número do registo ou da autorização para
o exercício da actividade de empreiteiro de
Artigo 20.o obras públicas ou de industrial da construção
Obrigações da entidade executante civil, bem como de certificação exigida por lei
para o exercício de outra actividade realizada
A entidade executante deve: no estaleiro;
a) Avaliar os riscos associados à execução da obra c) A actividade a efectuar no estaleiro e a sua
e definir as medidas de prevenção adequadas calendarização;
e, se o plano de segurança e saúde for obri- d) A cópia do contrato em execução do qual conste
gatório nos termos do n.o 4 do artigo 5.o, propor que exerce actividade no estaleiro, quando for
ao dono da obra o desenvolvimento e as adap- celebrado por escrito;
tações do mesmo; e) O responsável do subempreiteiro no estaleiro.
b) Dar a conhecer o plano de segurança e saúde
para a execução da obra e as suas alterações 2 — Cada empregador deve organizar um registo que
aos subempreiteiros e trabalhadores indepen- inclua, em relação aos seus trabalhadores e trabalha-
dentes, ou pelo menos a parte que os mesmos dores independentes por si contratados que trabalhem
no estaleiro durante um prazo superior a vinte e quatro
necessitam de conhecer por razões de pre-
horas:
venção;
c) Elaborar fichas de procedimentos de segurança a) A identificação completa e a residência habitual;
para os trabalhos que impliquem riscos especiais b) O número fiscal de contribuinte;
7208 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 251 — 29 de Outubro de 2003
c) O número de beneficiário da segurança social; 2 — Quando exercer actividade profissional por conta
d) A categoria profissional ou profissão; própria no estaleiro, o empregador deve cumprir as obri-
e) As datas do início e do termo previsível do tra- gações gerais dos trabalhadores previstas no regime apli-
balho no estaleiro; cável em matéria de segurança, higiene e saúde no
f) As apólices de seguros de acidentes de trabalho trabalho.
relativos a todos os trabalhadores respectivos Artigo 23.o
que trabalhem no estaleiro e a trabalhadores
independentes por si contratados, bem como os Obrigações dos trabalhadores independentes
recibos correspondentes.
Os trabalhadores independentes são obrigados a res-
3 — Os subempreiteiros devem comunicar o registo peitar os princípios que visam promover a segurança
referido no número anterior, ou permitir o acesso ao e a saúde, devendo, no exercício da sua actividade:
mesmo por meio informático, à entidade executante. a) Cumprir, na medida em que lhes sejam aplicáveis,
4 — A entidade executante e os subempreiteiros as obrigações estabelecidas no artigo 22.o;
devem conservar os registos referidos nos n.os 1 e 2 b) Cooperar na aplicação das disposições especí-
até um ano após o termo da actividade no estaleiro. ficas estabelecidas para o estaleiro, respeitando
as indicações do coordenador de segurança em
obra e da entidade executante.
Artigo 22.o
Obrigações dos empregadores Artigo 24.o
1 — Durante a execução da obra, os empregadores Acidentes graves e mortais
devem observar as respectivas obrigações gerais pre-
vistas no regime aplicável em matéria de segurança, 1 — Sem prejuízo de outras notificações legalmente
higiene e saúde no trabalho e em especial: previstas, o acidente de trabalho de que resulte a morte
ou lesão grave do trabalhador, ou que assuma particular
a) Comunicar, pela forma mais adequada, aos res- gravidade na perspectiva da segurança no trabalho, deve
pectivos trabalhadores e aos trabalhadores inde- ser comunicado pelo respectivo empregador à Inspec-
pendentes por si contratados o plano de segu- ção-Geral do Trabalho e ao coordenador de segurança
rança e saúde ou as fichas de procedimento de em obra, no mais curto prazo possível, não podendo
segurança, no que diz respeito aos trabalhos por exceder vinte e quatro horas.
si executados, e fazer cumprir as suas espe- 2 — A comunicação do acidente que envolva um tra-
cificações; balhador independente deve ser feita pela entidade que
b) Manter o estaleiro em boa ordem e em estado o tiver contratado.
de salubridade adequado; 3 — Se, na situação prevista em qualquer dos números
c) Garantir as condições de acesso, deslocação e anteriores, o acidente não for comunicado pela entidade
circulação necessária à segurança em todos os referida, a entidade executante deve assegurar a comu-
postos de trabalho no estaleiro; nicação dentro do mesmo prazo, findo o qual, não tendo
d) Garantir a correcta movimentação dos materiais havido comunicação, o dono da obra deve efectuar a
e utilização dos equipamentos de trabalho; comunicação nas vinte e quatro horas subsequentes.
e) Efectuar a manutenção e o controlo das ins- 4 — A entidade executante e todos os intervenientes
talações e dos equipamentos de trabalho antes no estaleiro devem suspender quaisquer trabalhos sob
da sua entrada em funcionamento e com inter- sua responsabilidade que sejam susceptíveis de destruir
valos regulares durante a laboração; ou alterar os vestígios do acidente, sem prejuízo da assis-
f) Delimitar e organizar as zonas de armazenagem tência a prestar às vítimas.
de materiais, em especial de substâncias, pre- 5 — A entidade executante deve, de imediato e até
parações e materiais perigosos; à recolha dos elementos necessários para a realização
g) Recolher, em condições de segurança, os mate- do inquérito, impedir o acesso de pessoas, máquinas
riais perigosos utilizados; e materiais ao local do acidente, com excepção dos meios
h) Armazenar, eliminar, reciclar ou evacuar resí- de socorro e assistência às vítimas.
duos e escombros; 6 — A Inspecção-Geral do Trabalho pode determinar
i) Determinar e adaptar, em função da evolução a suspensão imediata de quaisquer trabalhos em curso
do estaleiro, o tempo efectivo a consagrar aos que sejam susceptíveis de destruir ou alterar os vestígios
diferentes tipos de trabalho ou fases do trabalho; do acidente, sem prejuízo da assistência a prestar às
j) Cooperar na articulação dos trabalhos por si vítimas.
desenvolvidos com outras actividades desenvol- 7 — Compete à Inspecção-Geral do Trabalho, sem
vidas no local ou no meio envolvente; prejuízo da competência atribuída a outras entidades,
l) Cumprir as indicações do coordenador de segu- a realização do inquérito sobre as causas do acidente
rança em obra e da entidade executante; de trabalho, procedendo com a maior brevidade à reco-
m) Adoptar as prescrições mínimas de segurança lha dos elementos necessários para a realização do
e saúde no trabalho revistas em regulamentação inquérito preliminar.
específica; 8 — Compete à Inspecção-Geral do Trabalho auto-
n) Informar e consultar os trabalhadores e os seus rizar a continuação dos trabalhos com a maior brevidade,
representantes para a segurança, higiene e desde que a entidade executante comprove estarem reu-
saúde no trabalho sobre a aplicação das dis- nidas as condições técnicas ou organizativas necessárias
posições do presente diploma. à prevenção dos riscos profissionais.
N.o 251 — 29 de Outubro de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 7209