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“Cada homem tem a sua própria máscara, a qual esculpiu por muito tempo.”
Ouvida por Edie em visita a uma exposição no início do filme, numa gravação que faz às
vezes de voz off, como comentário onisciente, a frase aponta uma direção neste filme que
é repleto de camadas justapostas (ou máscaras). Os corpos entrelaçados em transformação
nessa sociedade turbulenta nos são oferecidos de maneira aproximada, abstrata em suas
formas. Os rostos são recriados, às vezes até derretidos. Tal metamorfose do rosto e do
corpo é uma recorrência em outros trabalhos de Matsumoto, como Mona Lisa (1973), em
que a famosa pintura é sinuosamente distorcida por efeitos do recém-surgido vídeo
analógico. Em Atman (1975), Matsumoto retoma a ideia da máscara e dos movimentos
corporais: Atman é o nome de uma das primeiras divindades budistas, que é associada à
destruição. Fotografadas quadro a quadro, a máscara, as coreografias e a trilha trazem
referências do teatro nô. Opção formal igualmente presente em O funeral das rosas, a
imagem e as máscaras são fundidas numa acelerada montagem em stop motion, em que
distorção e abstração são elementos-chave da implosão ficcional.