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Algebra I Ead v1 PDF
Algebra I Ead v1 PDF
Álgebra I 3
1. Grupos 4
1.1 Exercícios 20
2. Subgrupos 23
2.1 Exercícios 31
3. Homomorfismo de Grupos e Aplicações 35
3.1 Exercícios 43
ÁLGEBRA I
Grupos, Subgrupos e Homomorfismos de Grupos
Álgebra I
3
1. Grupos
∗:G×G → G
(a, b) 7→ a ∗ b
4
7. A adição de vetores em um espaço vetorial V é uma operação
binária, pois,
+:V ×V → V
(u, v) 7→ u + v
No entanto, a multiplicação por escalar não é uma operação biná-
ria, pois, tal multiplicação é definida por:
·:R×V → V
(k, v) 7→ k · v
a ∗ b ∗ c ∗ d = (a ∗ b) ∗ (c ∗ d) = a ∗ (b ∗ (c ∗ d)) = a ∗ ((b ∗ c) ∗ d) = · · · .
5
Na sequência, o item iii) exige a existência de um elemento especial
e ∈ G, com relação à operação ∗, chamado de elemento neutro. Por fim,
o item iv) pede a garantia de que todo elemento a ∈ G possua, com
relação à operação ∗, um inverso a−1 ∈ G.
Note que para se formar um grupo precisamos de um par de objetos:
um conjunto G não vazio e uma operação ∗ definida sobre ele. Logo, uma
notação intuitiva para grupo é (G, ∗) e por vezes a usaremos, porém,
por simplicidade costumamos dizer apenas que “G é um grupo” ou “o
grupo G”, o que evidentemente pressupõe a existência de uma operação
∗ definida sobre G. Contudo, quando falamos de um grupo G específico,
devemos deixar claro qual operação esta associada a ele.
Exemplo 1.4.
1. Considere o conjunto Z com a operação usual de adição (+). Como
a operação + é uma operação binária associativa sobre Z temos:
i) ∀a, b ∈ Z ⇒ a + b ∈ Z;
ii) ∀a, b, c ∈ Z ⇒ a + (b + c) = (a + b) + c;
iii) ∃ 0 ∈ Z : ∀a ∈ Z ⇒ 0 + a = a;
iv) ∀a ∈ Z ⇒ ∃ − a ∈ Z : (−a) + a = 0.
i) ∀a, b ∈ Q∗ ⇒ a 6= 0 e b 6= 0 ⇒ a · b 6= 0 ⇒ a · b ∈ Q∗ .
ii) Já é sabido que · é uma operação binária associativa, ou seja,
para todo a, b, c ∈ Q∗ ,
Álgebra I
a · (b · c) = (a · b) · c.
6
iii) Q∗ possui o 1 como elemento neutro da multiplicação, pois,
para todo a ∈ Q∗ temos:
1 · a = a.
iv) Todo elemento a ∈ Q∗ possui inverso multiplicativo que é
1
∈ Q∗ . De fato,
a
1
· a = 1.
a
Logo, (Q∗ , ·) é um grupo.
5. Analogamente ao item anterior, (R∗ , ·) e (C∗ , ·) são grupos com
suas respectivas operações usuais de multiplicação, onde em todos
1
os casos o 1 é o elemento neutro e o inverso de x é .
x
6. O conjunto R∗ munido da operação divisão (÷) não é um grupo.
De fato, a operação ÷ é binária, porém não é associativa, pois:
7
9. O conjunto Mn (R) munido da operação de multiplicação usual das
matrizes não constitui um grupo. De fato, sendo In ∈ Mn (R) a
matriz identidade temos:
i) ∀A, B ∈ Mn (R) ⇒ AB ∈ Mn (R).
ii) ∀A, B, C ∈ Mn (R) ⇒ A(BC) = (AB)C.
iii) ∀A ∈ Mn (R) ⇒ In A = A.
iv) Porém, nem toda matriz A ∈ Mn (R) possui um inverso, pois,
nem toda matriz quadrada possui determinante diferente de
zero.
Portanto, Mn (R) não é um grupo com a operação de multiplicação
usual das matrizes.
10. Considere o conjunto GLn (R) = {A ∈ Mn (R) | det(A) 6= 0}.
A operação de multiplicação usual de matrizes é uma operação
binária sobre GLn (R). De fato, para todo A, B ∈ GLn (R) temos
que det(A) 6= 0 e det(B) 6= 0, consequentemente,
det(AB) = det(A)det(B) 6= 0.
8
12. Seja G = {x ∈ R | x 6= −1}. Vamos mostrar que G é um grupo
com relação à operação ⊕ dada por:
x ⊕ y = x + y + xy.
x ⊕ y = x + y + xy = (x + 1)(y + 1) − 1 6= −1 ⇒ x ⊕ y ∈ G.
x ⊕ (y ⊕ z) = x ⊕ (y + z + yz)
= x + (y + z + yz) + x(y + z + yz)
= x + y + z + yz + xy + xz + x(yz)
= x + y + z + yz + xy + xz + (xy)z
= (x + y + xy) + z + (x + y + xy)z
= (x + y + xy) ⊕ z
= (x ⊕ y) ⊕ z.
e⊕x = x
e + x + ex = x
e + ex = 0
(1 + x)e = 0
e = 0.
x−1 ⊕ x = e
−1 −1
x +x+x x = 0
x 1
x−1 = − = −1 + 6= −1.
1+x 1+x
Álgebra I
9
Definição 1.5. Dizemos que um grupo (G, ∗) é abeliano ou comutativo
se, e somente se, ∗ é uma operação comutativa.
Exemplo 1.6.
1. Para todo a, b ∈ Z temos a + b = b + a, ou seja, (Z, +) é um grupo
aditivo abeliano. Analogamente, (Q, +), (R, +) e (C, +), com suas
respectivas operações usuais de adição, são grupos abelianos.
2. Para todo a, b ∈ Q∗ temos a · b = b · a, isto é, (Q∗ , ·) é um grupo
multiplicativo abeliano. Igualmente, (R∗ , ·) e (C∗ , ·), com suas res-
pectivas operações usuais de multiplicação, são grupos abelianos.
3. É fácil ver que o grupo multiplicativo G = {1, −1} é um grupo
abeliano.
4. O conjunto F(R), de todas as funções de R em R, é um grupo
abeliano com a operação de adição usual entre funções, a saber,
para todo x ∈ R:
10
5. O conjunto Mn×m (Z) é um grupo aditivo abeliano com a opera-
ção de adição usual das matrizes. De fato, o elemento neutro de
Mn×m (Z) é a matriz nula n×m, denotada por 0n×m , e o inverso da
matriz A ∈ Mn×m (Z) é a matriz −A ∈ Mn×m (Z). Assim temos:
i) ∀A, B ∈ Mn×m (Z) ⇒ A + B ∈ Mn×m (Z).
ii) ∀A, B, C ∈ Mn×m (Z) ⇒ A + (B + C) = (A + B) + C.
iii) ∀A ∈ Mn×m (Z) ⇒ 0n×m + A = A.
iv) ∀A ∈ Mn×m (Z) ⇒ −A) + A = 0n×m .
v) ∀A, B ∈ Mn×m (Z) ⇒ A + B = B + A.
Logo, (Mn×m (Z), +) é um grupo abeliano aditivo. Também são
grupos abelianos (Mn×m (Q), +), (Mn×m (R), +) e (Mn×m (C), +).
6. Sejam n > 1 um inteiro e r = {kn + r | k ∈ Z, 0 ≤ r < n}.
Considerando o conjunto
Zn = {0, 1, 2, . . . , n − 1},
x + y = x + y,
x + (y + z) = x + (y + z) = x + (y + z)
= (x + y) + z = (x + y) + z
= (x + y) + z.
x + 0 = x + 0 = x.
x + n − x = x + (n − x) = n = 0.
x + y = x + y = y + x = y + x.
Álgebra I
11
7. Considere o conjunto F(R) das funções de R em R munido da
operação composição de funções. Apesar do conjunto F(R) ser
não vazio, ser fechado com relação à operação, possuir a função
identidade iR como elemento neutro e a operação composição ser
associativa, ele não é um grupo, pois, nem toda f ∈ F(R) possui
inverso f −1 . De fato, f ∈ F(R) possui uma inversa f −1 se, e so-
mente se, f é bijetora. No entanto, nem toda f ∈ F(R) é bijetora,
por exemplo, a função f (x) = x2 não é injetora e nem sobrejetora.
8. Seja S3 o grupo de todas as funções bijetoras de X = {x1 , x2 , x3 }
nele mesmo, ou seja,
x x x x1 x2 x3 x1 x2 x3
1 2 3
S3 = , , ,
x x x x x x x x x
1 2 3 2 1 3 3 2 1
x1 x2 x3 x1 x2 x3 x1 x2 x3
, , ,
x1 x3 x2 x2 x3 x1 x3 x1 x2
x1 x2 x3
onde a notação representa a função tal que:
xi xj xk
x1 → xi , x2 → xj , x3 → xk .
Temos que:
x1 x2 x3 x1 x2 x3 x1 x2 x3
(a) φψ = = .
x2 x1 x3 x2 x3 x1 x1 x3 x2
x1 x2 x3 x1 x2 x3 x1 x2 x3
(b) ψφ = = .
x2 x3 x1 x2 x1 x3 x3 x2 x1
Álgebra I
12
Lema 1.7. Sejam (G, ∗) um grupo e a ∈ G. Se a ∗ a = a, então a = e.
Demonstração: Como a ∈ G, existe a−1 ∈ G tal que a−1 ∗a = e. Logo,
a−1 ∗ (a ∗ a) = a−1 ∗ a = e.
a−1 ∗ (a ∗ a) = (a−1 ∗ a) ∗ a = e ∗ a = a.
Portanto, a = e.
1. a ∗ a−1 = e. 2. a ∗ e = a.
a−1 ∗ a = e e e ∗ a = a.
a−1 ∗ a = a ∗ a−1 = e e e ∗ a = a ∗ e = a.
13
2. Suponhamos que a−1 e b sejam dois inversos de a ∈ G, isto é,
a−1 ∗ a = a ∗ a−1 = e e b ∗ a = a ∗ b = e.
Então,
2. x ∗ a = y ∗ a ⇒ x = y.
Demonstração:
1. Suponha que a ∗ x = a ∗ y. Então,
x = e ∗ x = (a−1 ∗ a) ∗ x = a−1 ∗ (a ∗ x)
= a−1 ∗ (a ∗ y)
= (a−1 ∗ a) ∗ y = e ∗ y = y.
Logo, x = y.
2. Suponha que x ∗ a = y ∗ a. Então,
x = x ∗ e = x ∗ (a ∗ a−1 ) = (x ∗ a) ∗ a−1
= (y ∗ a) ∗ a−1
= y ∗ (a ∗ a−1 ) = y ∗ e = y.
Álgebra I
Portanto, x = y.
14
Lema 1.12. Seja (G, ∗) um grupo. Mostre que para todo a, b ∈ G,
(a ∗ b) ∗ (a ∗ b)−1 = e ⇒ a ∗ (b ∗ (a ∗ b)−1 ) = e.
a ∗ (a−1 ∗ b) = (a ∗ a−1 ) ∗ b = e ∗ b = b.
15
Lema 1.14. Sendo (G, ∗) um grupo e n ∈ Z, definida recursivamente a
n-ésima potência de a ∈ G da seguinte forma:
a0 = e,
n+1
a = an ∗ a n > 0,
an = (a−n )−1 n < 0.
16
Definição 1.15. A ordem de um grupo G é definida como sendo o
número de elementos em G e é denotada por |G|.
Exemplo 1.16.
1. O grupo G = {−1, 1} é um grupo finito de ordem 2, que é, |G| = 2.
2. Como Z é infinito, então o grupo (Z, +) possui ordem infinita.
Deste ponto em diante, sempre que possível e não causar prejuízos ou
dúvidas, não mais explicitaremos a operação ∗ de um grupo (G, ∗). Isto
posto, em vez de a ∗ b apenas escreveremos ab. Além disso, lembremos
que por definição a n-ésima potência de a ∈ G é dada por:
an = aaa
| {z· · · a} .
n
i1 = i, i2 = −1, i3 = i2 i = −i, i4 = i2 i2 = 1.
17
Corolário 1.20. Seja a ∈ G tal que |a| = n. Para todo k, t ∈ Z, temos
ak = at se, e somente se, k ≡ t(mod n).
Demonstração: ak = at ⇔ ak−t = e ⇔ n | (k − t) ⇔ k ≡ t(mod n).
(ak )n = (an )k = e.
akm = (ak )m = e,
18
o que, de acordo com o Lema 1.19, nos diz que n divide km. Donde
n km k
obtemos que divide = m. Por fim,
mdc(n, k) mdc(n, k) mdc(n, k)
n k
mdc , = 1,
mdc(n, k) mdc(n, k)
n n
concluímos que divide m. Portanto, m = .
mdc(n, k) mdc(n, k)
12
Exemplo 1.25. Seja a ∈ G tal que |a| = 12. Como |ak | =
mdc(12, k)
temos:
k 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mdc(12, k) 12 1 2 3 4 1 6 1 4 3 2 1 12
|ak | 1 12 6 4 3 12 2 12 3 4 6 12 1
k −1 −2 −3 −4 −5 −6 −7 −8 −9 −10
mdc(12, k) 1 2 3 4 1 6 1 4 3 2
Álgebra I
|ak | 12 6 4 3 12 2 12 3 4 6
19
1.1 Exercícios
a) x ⊕ y = x + y b) x y = xy
20
10. Considere
o grupo
(GL2 (R), ·). Determine o inverso de
1 3
A= ∈ GL2 (R).
−2 −5
(a ∗ b)n = an ∗ bn .
a ⊗ b = a + b − 3.
Mostre que:
a) φ2 = e. c) ψ −1 = ψ 2 .
b) ψ 3 = e. d) φψ = ψ −1 φ.
21
19. Considere o conjunto Q8 = {1, −1, i, −i, j, −j, k, −k}, tal que:
ij = k, jk = i, ki = j, kj = −i, ik = −j,
r3 = e, s2 = e sr = r2 s.
r4 = e, s2 = e, sr = r3 s.
22
2. Subgrupos
23
(⇐) Agora suponhamos que as condições i), ii) e iii) são satisfeitas, e
provemos que H é um subgrupo de G, ou seja, provemos que (H, ∗) é um
grupo. De fato, de i) temos que H 6= ∅ e possui elemento neutro, pois,
e ∈ H. Por iii) vem que H é fechado com relação à operação ∗. Como a
operação ∗ é a mesma operação sobre o grupo G, segue imediatamente
que ∗ é uma operação associativa sobre H. Finalmente, por ii), todo
elemento de H possui inverso, donde concluímos que H é um grupo.
a ∗ a−1 ∈ H ⇒ e ∈ H.
∀a ∈ H ⇒ e ∗ a−1 ∈ H ⇒ a−1 ∈ H.
24
De acordo com o Teorema 2.4, para provar que um subconjunto não
vazio H de um grupo G é um subgrupo de G, é necessário e suficiente
que se verifique todas as seguintes:
i) Mostre que o elemento neutro de G pertence a H.
ii) Assuma que a ∈ H e mostre que a−1 ∈ H.
iii) Assuma que a, b ∈ H e mostre que ab ∈ H.
Já de acordo com o Teorema 2.5, para provar que um subconjunto
não vazio H de um grupo G é um subgrupo de G, é necessário e suficiente
que todas as seguintes sejam verdadeiras:
i) Mostre que H não é vazio. Em particular, mostre que o elemento
neutro de G pertence a H.
ii) Assuma que a, b ∈ H e mostre que ab−1 ∈ H.
Por outro lado, para provar que um subconjunto não vazio H de um
grupo G não é um subgrupo de G, é necessário e suficiente que apenas
uma das seguintes se verifique:
i) Mostre que o elemento neutro de G não pertence a H.
ii) Ou encontre um elemento a ∈ H e mostre que a−1 ∈
/ H.
iii) Ou encontre dois elementos a, b ∈ H e mostre que ab ∈
/ H.
Exemplo 2.6.
1. Considere o grupo (R∗ , ·) e R∗+ = {x ∈ R | x > 0}. Afirmamos
que R∗+ é um subgrupo de R∗ . De fato, pois,
i) Como 1 > 0 temos que 1 ∈ R∗+ , ou seja, R∗+ 6= ∅.
1
ii) Para todo b ∈ R∗+ temos que b > 0. Portanto, b−1 = >0 e
b
∀a, b ∈ R∗+ ⇒ a > 0 e b−1 > 0 ⇒ ab−1 > 0 ⇒ ab−1 ∈ R∗+ .
25
3. O subconjunto N de Z não é um subgrupo de (Z, +), pois, N não
contém todos os inversos de seus elementos. Neste sentido, e pelo
mesmo motivo, N não é um subgrupo de Q∗ com relação à operação
de multiplicação.
1 n
4. Seja H = | n ∈ Z . Afirmamos que H ≤ GL2 (R).
0 1
De fato,
−1
1 0 1 n 1 −n
∈H e = ∈ H.
0 1 0 1 0 1
Além disso,
1 n 1 m 1 n+m
= ∈ H.
0 1 0 1 0 1
1 0
Uma vez que pertence a SL2 (R), temos SL2 (R) 6= ∅.
0 1
Por fim, SL2 (R) é fechado para inverso, pois, se A ∈ SL2 (R), então
det(A) 6= 0. Consequentemente, existe A−1 e
1 1
det(A−1 ) = = = 1.
det(A) 1
Álgebra I
26
Lema 2.7. Seja G um grupo, H ≤ G e K ≤ G. Então H ∩ K ≤ G.
Demonstração: Como H ≤ G e K ≤ G temos que e ∈ H e e ∈ K, ou
seja, e ∈ H ∩ K. Consequentemente, H ∩ K 6= ∅. Agora suponhamos
que a, b ∈ H ∩ K, ou seja, a, b ∈ H e a, b ∈ K. Uma vez que por hipótese
H ≤ G e K ≤ G temos que ab−1 ∈ H e ab−1 ∈ K, isto é, ab−1 ∈ H ∩ K.
Portanto, pelo Teorema 2.5, H ∩ K ≤ G.
27
Proposição 2.12. Seja G um grupo. Se a ∈ G e |a| = n, então:
1. hai = {e, a, a2 , . . . , an−1 }.
2. |hai| = n.
Demonstração: Note que para mostrar a primeira afirmação
é suficiente mostrar que hai ⊂ {e, a, a2 , . . . , an−1 }, isto porque
{e, a, a2 , . . . , an−1 } ⊂ hai.
Seja |a| = n e considere uma potência qualquer de a, digamos ak .
Pelo algoritmo da divisão de Euclides existem inteiros q e r tais que
k = qn + r onde 0 ≤ r < n. Logo,
28
Lema 2.15. Todo subgrupo de um grupo cíclico é cíclico.
Demonstração: Seja G = hai um grupo cíclico. Se H ≤ G, então
existem duas posibilidades, que é: H é um subgrupo trivial, ou seja,
H = {e} ou H = G. Em qualquer um desses casos temos que H é
cíclico. A outra possibilidade é H ser um subgrupo próprio de G, ou
seja, H 6= {e} e H 6= G. Neste caso, existe um inteiro positivo mínimo
n tal que an ∈ H. Claramente, temos que han i ⊆ H. Por outro lado,
se h ∈ H, então h é da forma am , pois H é um subgrupo de G. Pelo
algoritmo da divisão de Euclides existem inteiros q e r tais que:
ou seja,
ar = a−nq am ∈ H.
Z(G) = {a ∈ G | ∀x ∈ G, ax = xa}.
Note que Z(G) é sempre não vazio. De fato, desde que ex = xe para
todo x ∈ G, temos que e ∈ Z(G), ou seja, Z(G) 6= ∅. Além disso, é fácil
ver que o centro Z(G) é sempre abeliano.
Exemplo 2.17. Vamos determinar o centro do grupo GL2 (R) de
todas
as matrizes 2 × 2 inversíveis. Para isto,
vamos
supor que
a b a b
∈ Z(GL2 (R)). Dessa forma, a matrix comuta com
c d c d
todas as matrizes
pertencentes
a GL2 (R). Em outras palavras, para
x y
toda matrix ∈ GL2 (R) temos:
z w
a b x y x y a b
Álgebra I
= .
c d z w z w c d
29
Donde obtemos,
ax + bz ay + bw ax + cy bx + dy
= .
cx + dz cy + dw az + cw bz + dw
ax + bz = ax + cy ⇒ bz = cy.
ay + bw = bx + dy ⇒ ay = dy ⇒ a = d.
ax = xa e bx = xb.
CG (x) = {a ∈ G | ax = xa}.
30
1 0
Exemplo 2.20. Sendo A = ∈ GL2 (R), vamos determinar o
0 2
a b
CGL2 (R) (A). Por definição, uma matriz B = ∈ CGL2 (R) (A)
c d
se, e somente se, AB = BA, a saber:
a b 1 0 1 0 a b
= .
c d 0 2 0 2 c d
Donde obtemos,
a 2b a b
= .
c 2d 2c 2d
Esta última igualdade é verdadeira se, e somente se, 2b = b e c = 2c, isto
é, se, e somente se, b = 0 e c = 0. Portanto,
a 0
CGL2 (R) (A) = | a, d ∈ R, ad 6= 0 .
0 d
2.1 Exercícios
31
3. Mostre que nZ = {nx | x ∈ Z} é um subgrupo de Z com a operação
de adição usual.
4. Seja S3 o grupo das permutações dos 3 elementos x1 , x2 e x3 .
Considere as aplicações φ e ψ dadas por:
x1 x2 x3 x1 x2 x3
φ= ψ=
x2 x1 x3 x2 x3 x1
H1 = {e} H4 = {e, φψ 2 }
H2 = {e, φ} H5 = {e, ψ, ψ 2 }
H3 = {e, φψ} H6 = {e, ψ, ψ 2 , φ, φψ, φψ 2 }
H é um subgrupo de Q∗ ?
7. Seja R2 o produto cartesiano de R por ele mesmo. Considerando a
soma de vetores usual em R2 , ou seja, (x, y)+ (a, b) = (x+a, y +b),
responda:
a) (R2 , +) é um grupo?
b) A = {(a, 0) | a ∈ R} é um subgrupo de R2 ?
c) B = {(0, b) | b ∈ R} é um subgrupo de R2 ?
Álgebra I
d) A ∪ B é um subgrupo de R2 ?
32
8. Verifique se:
1 + 2m
a) | m, n ∈ Z é um subgrupo de (Q∗ , ·).
1 + 2n
b) {. . . , −4, −2, 0, 2, 4, . . .} é um subgrupo de (Q∗ \ {1}, ∗), onde
x ∗ y = x + y − xy.
√
c) {a + b 2 | a, b ∈ Q} é um subgrupo de (R, +).
√
d) {a + b 2 ∈ R∗ | a, b ∈ Q} é um subgrupo de (R∗ , ·).
cos(x) sen(x)
e) | x ∈ R é subgrupo de (GL2 (R), ·).
−sen(x) cos(x)
H = {x ∈ G | x = 1 ou x é um número irracional}.
33
16. Sejam G um grupo e S um subconjunto de G. Considere os se-
guintes conjuntos:
a) S −1 = {a−1 | a ∈ S}.
b) hSi = {a1 a2 a3 · · · an | n ∈ N, ai ∈ S ou ai ∈ S −1 }.
34
3. Homomorfismo de Grupos e Aplicações
vez que:
ψ(Z6 ) = {0, 2, 4}.
35
Definição 3.3. Seja G um grupo.
1. Uma aplicação φ : G → G é um endomorfismo se, e somente se, φ
é um homomorfismo.
(x + y)3 6= x3 + y 3 .
ou seja,
φ(x + y) 6= φ(x) + φ(y).
G e H. Se a ∈ G, n ∈ Z, e f : G → H é um homomorfismo, então:
36
1. f (eG ) = eH . De fato, f (eG ) = f (eG eG ) = f (eG )f (eG ).
Logo, como f (eG ) ∈ H, pelo Lema 1.7 vem que f (eG ) = eH .
2. f (a−1 ) = f (a)−1 . De fato, f (a)f (a−1 ) = f (aa−1 ) = f (eG ) = eH .
Consequentemente, pela unicidade do elemento inverso vem que
f (a)−1 = f (a−1 ).
3. f (an ) = f (a)n . De fato,
Lema 3.6. Todo grupo cíclico infinito é isomorfo ao grupo aditivo dos
inteiros.
Demonstração: Seja G um grupo cíclico infinito, ou seja, existe a ∈ G
tal que G = hai. Defina f : Z → G por f (n) = an . A aplicação f é
um homomorfismo:
f (n) = f (m) ⇒ an = am .
G = {e, a, a2 , . . . , an−1 }.
Álgebra I
37
Considere a aplicação φ : Zn → G dada por φ(m) = am . Afirma-
mos que φ assim definida é um isomorfismo. De fato, a aplicação φ é
injetora, pois,
Note que para mostrar que dois grupos G e H são isomorfos, basta
seguir os seguintes passos, não necessariamente na ordem:
i) Defina uma aplicação f : G → H.
ii) Mostre que f é injetora.
iii) Mostre que f é sobrejetora.
iv) Mostre que f é um homomorfismo.
Não obstante, seguindo a linha de pensamento dos algebristas,
quando desejamos mostrar que dois grupos não são isomorfos, uma
das formas é encontrar uma propriedade algébrica que seria preservada
pela existência de qualquer isomorfismo entre os dois grupos, mas que
é satisfeita somente por um dos grupos envolvidos. Por exemplo, se há
um isomorfismo entre dois grupos e um deles é abeliano, então o outro
tem por obrigação ser também abeliano, como mostramos a seguir.
Lema 3.8. Sejam G e H grupos, e f : G → H um isomorfismo. Se G é
abeliano, então H é abeliano.
Demonstração: Se G é um grupo abeliano, então para todo a, b ∈ G
temos ab = ba. Sendo assim,
ou seja, para todo a, b ∈ G vem que f (a)f (b) = f (b)f (a). Como f é
bijetora concluímos que H é abeliano.
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Além disso, dado S ⊆ G, a imagem de S por f , denotada por f (S), é:
f (S) = {f (x) | x ∈ S}.
Também, sendo E ⊆ H, a imagem inversa de E por f , denotada por
f −1 (E), é o subconjunto de G dado por:
f −1 (E) = {x ∈ G | f (x) ∈ E}.
Lema 3.9. Sejam G e H grupos, S um subgrupo de G, e f : G → H
um homomorfismo. Então, f (S) é um subgrupo de H. Em particular,
Im(f ) = f (G) é um subgrupo de H.
Demonstração: Sejam eG e eH os respectivos elementos neutros de
G e H. Como S é um subgrupo de G temos que eG ∈ S. Logo, sendo
f (S) = {f (x) | x ∈ S},
temos que:
1. f (eG ) = eH ∈ f (S), ou seja, f (S) 6= ∅.
2. Para todo x, y ∈ f (S) existem a, b ∈ S tal que f (a) = x e f (b) = y.
Como S é um subgrupo de G temos que ab−1 ∈ S, consequente-
mente,
xy −1 = f (a)f (b)−1 = f (a)f (b−1 ) = f (ab−1 ) ∈ S.
Portanto, f (S) é um subgrupo de H.
são isomorfismos, tais que φ(a) = ψ(a), então φ(x) = ψ(x) para todo
x ∈ G. Isto é, φ e ψ são o mesmo isomorfismo.
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Lema 3.12. Sejam G, H e J grupos. Se g : G → H e f : H → J são
homomorfismos, então f ◦ g : G → J é um homomorfismo.
Demonstração: Sejam g : G → H e f : H → J homomorfismos.
Então, para todo a, b ∈ G temos:
(f ◦g)(ab) = f (g(ab)) = f (g(a)g(b)) = f (g(a))f (g(b)) = (f ◦g)(a)(f ◦g)(b).
Portanto, f ◦ g : G → J é um homomorfismo.
Ker(f ) = {n ∈ Z | f (n) = eC }
= {n ∈ Z | in = 1}
= {n ∈ Z | in = (−1)2m , com m ∈ Z}
= {n ∈ Z | in = (i2 )2m = i4m , com m ∈ Z}
= {n ∈ Z | n = 4m, com m ∈ Z}
= {0, ±4, ±8, ±12, . . .}.
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O resultado apresentando a seguir é uma ferramenta muito útil para
determinar quando um homomorfismo é injetor ou não.
Lema 3.16. Seja f : G → H um homomorfismo. Então:
1. Ker(f ) é um subgrupo de G.
2. f é injetora se, e somente se, Ker(f ) = {eG }.
Demonstração: Considere eG e eH os respectivos elementos neutros
de G e H, e f : G → H um homomorfismo.
1. Ker(f ) é um subgrupo de G. De fato, como f (eG ) = eH , vem
que eG ∈ Ker(f ). Além disso, para todo x, y ∈ Ker(f ) temos
f (x) = eH e f (y) = eH , então:
mas
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Um dos principais resultados da Teoria de Grupos é, incontestavel-
mente, o Teorema de Cayley. Este teorema coloca todos os grupos num
mesmo nível, e mostra que estudar o Grupo das Permutações, definido
na sequência, é de extrema relevância, pois ele mostra que todo grupo
é isomorfo a um grupo de permutações. Respondendo assim a seguinte
pergunta: De que realmente são formados os grupos abstratos?
Definição 3.18. Seja X um conjunto não vazio. Definimos o grupo
das permutações sobre X, denotado por SX , como sendo o conjunto de
todas as aplicações bijetoras de X em X munido da operação binária
composição de aplicações. Em particular, quando X é finito com n
elementos, digamos X = {x1 , x2 , x3 , . . . , xn }, escrevemos Sn em vez de
SX , e chamamos Sn de Grupo Simétrico de grau n.
Teorema 3.19 (Teorema de Cayley). Todo grupo é isomorfo a um grupo
de permutações.
Ta (x) = ax
Logo, para todo x ∈ G temos (Ta ◦ Tb )(x) = Tab (x), donde resulta que
Ta ◦ Tb = Tab .
Sendo assim Te é o elemento neutro de H e, para todo Ta ∈ H,
(Ta )−1 = Ta−1 . Como a composição de aplicações é associativa, concluí-
mos que H é um grupo.
Agora defina φ : G → H como sendo φ(a) = Ta para todo a ∈ G.
Dessa forma, φ é um homomorfismo, pois, para todo a, b ∈ G temos:
conclui a demonstração.
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3.1 Exercícios
é um homomorfismo.
8. Seja φ : Z → Z definida por φ(x) = 2x para todo x ∈ Z. Determine
Im(φ).
Álgebra I
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10. Seja ψ : Z6 → Z3 definida por ψ(x) = x. Mostre que φ é um
homomorfismo e determine Ker(ψ) e Im(ψ).
11. Seja f : G → H umhomomorfismo, e K o núcleo de f , isto é,
K = Ker(f ). Mostre que para todo k ∈ K e x ∈ G, temos que
xkx−1 ∈ K.
12. Seja φ : R → C∗ dada por φ(x) = eix , para todo x ∈ R. Mostre
que φ é um homomorfismo, determine o Ker(φ) e a Im(φ).
13. Sejam G um grupo e H um subgrupo de G. Prove que se a ∈ G,
então o subconjunto
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