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Origem Das Cargas Nos Solos
Origem Das Cargas Nos Solos
ALTA FLORESTA-MT
JUNHO DE 2008
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................3
5.2 Goethita...............................................................................................22
5.3 Hematita.........................................................................................23
5.4 Gibbsita..........................................................................................24
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................26
6 REFERÊNCIAL BIBLIOGRAFICO.........................................................................27
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INTRODUÇÃO
O estudo das cargas elétricas das partículas coloidais é de vital valor para
que possamos compreender os distintos acontecimentos físico-químicos que
incidem nos solos, pois a maioria das reações eletroquímicas influenciam sua
produtividade e consequentemente a nutrição de plantas podendo também podem
intervir em fenômenos relacionados ao seu manejo e conservação que ocorrem na
parte superficial das partículas presentes no solo.
Trata-se propriamente de um fenômeno de retenção de íons e moléculas
da solução do solo armazenados na superfície das partículas da parte sólida e
ocasionalmente podem passar para a solução do solo. Sendo a capacidade de reter
cátions e anions no solo, possuindo entretanto maior capacidade de reter cátions.
Os cátions passam para a solução do solo e são absorvidos pelas plantas
determinando ai a fertilidade química do solo de acordo com a CTC, que é quem
proporciona a retenção dos íons.
Nos últimos anos vem sendo desenvolvidas pesquisas a cerca deste
assunto e tendo como pesquisadores de influencia neste assunto podemos citar Raij
& Peech (1972), na qual abrangem varias pesquisas em diferentes solos tendo como
predomínio de seus estudos os Oxissolos e Ultissolos acompanhados dos
Inceptissolos e Andossolos. Alguns destes solos foram comparados com os
pertencentes a outras ordens, como Molissolos.
E tendo como fator culminante no estudo de cargas no solo podemos
destacar o ponto de carga zero (PCZ), pois o mesmo se mostra como sendo uma
das mais importantes características do solo para a circunscrevermos fenômenos
decorrentes da dupla camada elétrica de interfaces reversíveis do mesmo modo, é
usado para a deliberação de vários atributos pedológicos, tais como
desenvolvimento pedogenético topossequência ou cronossequência.
Solos altamente intemperizados, como Latossolos e Argissolos, são de
alto predomínio no solos brasileiros e de grande relevância na América Latina. Eles
ocupam extensas áreas cultivadas e são ainda importantes como reservas naturais,
com um papel protuberante na resolução dos problemas relacionados à produção de
alimentos e à proteção ao meio ambiente.
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Pelo fato de se apresentarem como sendo solos com grau de
intemperismo mais elevado, possuem mineralogia da fração argila dominada por
minerais silicatados do tipo 1:1 e óxidos de Fe, Al além de, ocasionalmente, de Mn.
Caulinita é o principal e virtualmente o único mineral silicatado em
quantidade expressiva; goethita e hematita são os principais óxidos de Fe, e gibbsita
é praticamente o único óxido de Al presente nesses solos. Contudo, todos eles
mostram grande diversidade de características como tamanho de partículas, faces
expostas, graus de substituição isomórfica, grau de envelhecimento, etc., o que os
induzem a comportamentos bem diferenciados quanto a importantes reações do
solo. A diversidade das características é atribuída, principalmente, aos diferentes
ambientes de formação a que esses minerais estão sujeitos.
Pela sua formação e por influência de sua mineralogia, os solos altamente
intemperizados e com carga variável apresentam propriedades agronomicamente
desejáveis como boa profundidade, estrutura estável, boa porosidade e alta
permeabilidade. Por outro lado, eles também apresentam propriedades de alguma
forma indesejáveis como alta acidez, baixa reserva de nutrientes, baixa capacidade
de troca catiônica, alta capacidade de adsorção aniônica (especialmente fosfato) e
PCZ alto.
A maioria dessas propriedades está ligada direta ou indiretamente ao
desenvolvimento e ao balanço de cargas elétricas na superfície das partículas que
compõem seu sistema coloidal. Assim sendo, a caracterização da carga elétrica
superficial de partículas dos solos predominantes em regiões tropicais e subtropicais
torna-se parte essencial da maioria dos estudos sobre eles conduzidos. Apesar da
reconhecida importância da matéria orgânica nos fenômenos de desenvolvimento e
balanço de cargas, principalmente nos horizontes superiores do solo, a ênfase será
dada aos materiais inorgânicos.
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1 DA ORIGEM DAS CARGAS NO SOLO
Tendo como uma das principais características dos solos podemos citar a
existência de cargas no mesmo podendo ser negativas ou positivas em algumas de
suas partículas.
Este fato acontece nas partículas com propriedades coloidais, ou seja,
nos colóides que nada mais são que os óxidos de Fe e Al e minerais alumino-
silicatados do tamanho argila, ou seja, com menos de (0,002mm), e também a
matéria orgânica humificada.
Tais cargas podem atrair moléculas (H2O, N2, O2, CO2, NH3, SO2) e
íons, as cargas existentes no solo podem ser positivas ou negativas, em quase
todos os solos há larga predominância das cargas negativas, principalmente no
horizonte A, devido a presença da matéria orgânica.
Os solos com carga liquida positiva são mais raros e de baixa fertilidade,
no Brasil estes solos ocorrem em certas áreas do planalto central.
A importância desse fenômeno para a nutrição das plantas esta ligado ao
fato dele ser reversível, isto é, íons absorvidos podem ser trocados por outros íons
em quantidades eletroquimicamente equivalentes preservando assim o equilíbrio
eletroquímico.
O total das cargas negativas do solo é denominada de (CTC) e pode ser
determinado pela soma de todos os cátions absorvidos, na interpretação da analise
química do solo, o mais importante são as cargas negativas dos colóides pelo fato
de absorver cátions.
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octaedros de Al+3 por Mg+2, resultando em cargas negativas possuindo acuidade
irrisória nos solos tropicais.
Já nas cargas variáveis ou dependentes de pH provindas principalmente
dos minerais 1:1 e da matéria orgânica, confere uma variação no pH onde pode
ocorrer dissociação e protonação dos grupos funcionais presentes na superfície
como o carboxil ( -COOH), fenólicos (-OH) e aminas (-NH 2) provenientes da matéria
orgânica e o hidroxil advindo dos óxidos de alumínio, dos de ferro e dos
argilominerais. Ai podendo ser tanto positivas como negativas, uma vez que, ao se
elevar o pH esses grupos se desligam do mineral liberando íons H+ e formando uma
carga negativa no mineral.
O COO- irá aderir-se a anions como Ca+2, Mg+2 e K+. Como em:
COO- + K+ COOK
OH- + OH- O- + H2O
óxido de ferro
óxido de alumínio -OH + 2H+ OH+ (protonado)
Argilomineral
o 2H+ gera acidez no solo
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lixiviados ou absorvidos pelas plantas a uma alteração nas concentrações e os íons
adsorvidos voltam para a solução do solo ou o inverso se este estiver em excesso
na solução; são estequiométricas, pois são transpostos por cargas equivalentes por
outros íons; há também uma propriedade seletiva pois alguns íons são
preferencialmente retidos, para os de mesma carga prevalece os de menor raio, e
nos de diferente carga será preferido o de maior carga.
Os principais fatores que influenciam na CTC do solo são a Área de
Superfície Especifica (ASE) que é muito pequena na caulinita, e muito grande na
matéria orgânica; O pH da solução que altera diretamente a quantidade de cargas
negativas e positivas; A adsorção especifica de íons como no já citado exemplo do
fosfato; Também age diretamente na CTC do solo a matéria orgânica, uma vez que,
interage com os argilominerais e óxidos alterando as cargas superficiais reduzindo
as positivas e aumentando as negativas.
È importante também confrontar as diferenças de solos tropicais e solos
temperados quanto à CTC (CTC -Capacidade de Troca Catiônica- é uma das mais
importantes características dos solos e representa a quantidade de cátions que o
solo pode manter retido na forma de complexos de esfera externa).
Nos solos tropicais há uma predominância das cargas negativas devido
principalmente à presença da matéria orgânica que possui uma grande área de
superfície especifica (ASE), sabendo-se que o argilomineral 1:1 mais presente é a
caulinita que não contribui para a CTC assim como os óxidos de Al e Fe, em solos
de regiões mais quentes a matéria orgânica decompõem rapidamente baixando a
CTC, mas em solos de regiões frias a matéria orgânica se mantém por mais tempo
no solo pois a baixa temperatura inibe a ação dos microorganismos decompositores
aumentando em grande grau a CTC do solo, porém em alguns solos onde há
sensível concentração de óxidos haverá a predominância de cargas positivas no
solo contribuindo para a CTA (Capacidade de Troca Aniônica) que não apresenta
nenhum valor em termos de fertilidade para os solos, e pode ser reduzida tanto pela
matéria orgânica quanto pela ação antrópica de acrescer fosfato ao solo. Uma vez
que se sabe que os íons das faces das partículas da fase soída estão em equilíbrio
com os presentes na solução do solo. Já nos solos temperados onde predomina-se
os minerais 2:1 existe uma alta CTC.
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Podemos dispor a acidez como sendo uma das referências de fertilidade
no solo,ou seja, sua idoneidade de nutrir as plantas com os nutrientes que as
mesmas necessitam para seu completo desenvolvimento (BRADY, 1989).
Tendo como arcabouço para medição de acidez no solo a utilização da
medição de pH - potencial de hidrogênio que varia de 0 a 14, os solos que
dissolvidos em água que produzem uma solução com pH abaixo de 7 são
considerados como sendo ácidos, igual a 7 neutros e acima de 7 alcalinos.
Para ponderar como sendo um solo ideal para agricultura o pH deve
estar em torno de 5,5 a 5,8 podendo ser utilizado também para a pecuária porem
para a pecuária são aceitos solos ligeiramente mais ácidos.
A acidez do solo tem origem nas rochas que formam o solo, da interação
do solo com o clima ou seja ação do intemperismo principalmente em áreas onde a
pluviosidade é elevada, sendo assim absorvidos pelos sais alcalinos pelas plantas
cultivadas ou pela reação ácida de certos produtos utilizados na fertilização do
solo.A acidez do solo pode ser corrigida com a incorporação ao solo de substâncias
alcalinas como as conchas moídas, margas e calcário.
A acidez do solo também é conhecida como saporema em algumas
regiões do Brasil, alguns agricultores, procuram fazer monitoramento a cada dois
anos, das áreas mais sujeitas à saporema.
A acidez dos solos pode ser dividida em dois tipos: acidez ativa e acidez
potencial. A acidez ativa é o hidrogênio dissociado, ou seja, na solução do solo na
forma de H+ e é expressa em valores de pH.
A acidez potencial divide-se em acidez trocável e acidez não trocável a
acidez trocável refere-se aos íons H+ e Al3+ que estão retidos na superfície dos
colóides do solo por forças eletrostáticas.
A quantidade de hidrogênio trocável em condições naturais parece ser
pequena. A acidez não trocável é representada pelo hidrogênio de ligação covalente,
associado aos colóides com carga negativa variável e aos compostos de alumínio. A
acidez potencial corresponde à soma da acidez trocável e da acidez não trocável do
solo.
Na prática, a acidez que devemos corrigir é a acidez potencial, pois é a
que limita o crescimento das raízes e ocupa espaço nos colóides, possibilitando que
nutrientes essenciais fiquem livres na solução e sejam lixiviados.
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Os solos comportam-se como solos fracos, pois a maior quantidade de
hidrogênio esta retido na fração sólida do solo e não se apresenta dissociado. Em
geral o pH dos solos varia de 3 a 10, no Brasil sendo de 4 a 7,5, no território
nacional cerca de 70% dos solos cultivados enfrentam problemas relativos à acidez.
Em solos de elevada alcalinidade ou acidez o percentual de nutrientes disponíveis
diminui.
A acidez pode ter origem em 5 fatores preponderantes: O material de
origem pois dependendo da rocha pode ser abastada ou não de bases; O
intemperismo pois a lixiviação de bases é mais intensa; A decomposição da matéria
orgânica pois esta libera CO2 que pode reagir com a água produzindo acido
carbônico que dissociado libera íons H + (CO2 + H2O H2CO3 H+ + HCO3- , HCO3-
H+ + CO3-2) esse anion de hidrogênio acaba por remover um cátion trocável das
partículas do solo; As raízes, principalmente na região adjacente à raiz chamada de
rizosfera, que visando atingir o equilíbrio eletroquímico excretam íons OH - e H+, uma
vez que absorvem muitos cátions e anions do solo; Também não se deve esquecer
os fertilizantes como o sulfato de amônia que dissociado reage com o oxigênio
gasoso e libera anions de hidrogênio; Outro parâmetro que deve ser levado em
consideração é a retirada das colheitas que são ricas em bases que um dia
pertenceram aos solos e agora são retiradas permanentemente.
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São resultados das substituições iônicas isomórficas nas estruturas
minerais, ocorrem nos minerais primários, e nos secundários na sua formação no
solo ou pela herança de minerais primários, apresentando-se em qualquer pH é
inerente à estrutura do mineral. Contudo elas produzem carga significativa apenas
nos minerais argilosos silicatados do tipo 2:1 e em alguns poucos minerais
primários, tipo mica, quando esses atingem tamanho pequeno o suficiente para
compor a fração argila dos solos. Smith & Emerson (1976) afirmam que a caulinita
(argila do tipo 1:1) também possui carga negativa permanente, em adição à carga
variável, mas que ela é pequena e de pouca expressão.
A carga permanente pode ser negativa ou positiva, a substituição se faz,
normalmente, por um elemento de menor valência substituindo o de maior valência
(Al3+ Si4+, Mg2+ Al3+), o que leva ao déficit de carga positiva na estrutura cristalina
e a manifestação de carga negativa na superfície do colóide (Gast, 1977).
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Na camada hidroxilada, cargas positivas ou negativas podem ser criadas
por protonação ou desprotonação do grupamento hidroxila (Parks & de Bruyn, 1962;
Herbillon, 1988) de acordo com esquema mostrado na figura 2, para óxidos em
configuração octaédrica e metal trivalente.
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O ponto isoelétrico (PIE) é o valor de pH no qual o somatório dos
produtos das valências dos cátions por suas respectivas atividades na solução é
igual ao somatório dos produtos das valências dos ânions pelas respectivas
atividades (Parks & de Bruyn 1962).
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Em que p é a densidade de carga da partícula, o é a densidade de
carga líquida estrutural permanente, H é a densidade de carga protônica líquida, EI
é a densidade de carga líquida devida a íons que formam complexos de esfera
interna e EE é a densidade de carga líquida devida a íons que formam complexos
de esfera externa.
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A presença de cargas positivas e negativas caracterizando a natureza
anfotérica de alguns solos foi demonstrada por Mattson (1927), há mais de setenta
anos e por Schofield (1939) para as partículas de argila. Possivelmente, por não ser
essa uma característica importante nos solos das regiões temperadas, o assunto
ficou esquecido por algumas décadas.
Embora Schofield (1958) tenha aplicado a teoria da dupla camada de
Gouy-Chapmann para solos e Parks & de Bruyn (1962) e Parks (1965) tenham
publicado importantes trabalhos na área de PCZ e PIE de óxidos sólidos, foi
somente com o trabalho de Raij e Peech (1972) que se iniciou um período de
renovado interesse pelo estudo das características da carga de superfície dos solos
das regiões tropicais. Nesse trabalho, considerado o verdadeiro divisor de águas da
Eletroquímica de Solos moderna, iniciou-se a aplicação de modelos matemáticos
para estudar o comportamento das cargas de superfície. Nele, também se
demonstrou que os minerais dominantes nos solos altamente intemperizados dos
trópicos se comportavam essencialmente como os óxidos metálicos e apresentavam
predominantemente cargas dependentes de pH.
O ponto de partida para a utilização dos modelos matemáticos foi a
utilização da teoria da dupla camada de cargas de Gouy-Chapmann, que descreve
com sucesso várias propriedades dos colóides do solo, incluindo a carga elétrica de
superfície (Singh & Uehara, 1986). A equação final da teoria de Gouy-Chapmann
relaciona a densidade de carga () com o potencial de superfície () (Overbeek,
1952; Babcock, 1963; Adamson, 1967; van Olphen, 1977; Raij & Peech, 1972) da
seguinte forma:
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que para um potencial de superfície muito pequeno transforma-se em
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a densidade de cargas e o ponto de carga zero (PCZ) dos solos com predominância
de colóides de carga variável.
A partir dessa data até hoje, diversos autores têm usado a técnica da
titulação potenciométrica na determinação da carga superficial e dos chamados pHo,
PCZ etc., de diversos solos (Gillman, 1974; El-Swaify e Sayegh, 1975; Espinosa et
al., 1975; Gallez et al., 1976; Gillman & Bell, 1976; Hendershot e Lavkulich, 1978;
Parker et al., 1979; Costa et al., 1984; Magalhães & Page, 1984; Marcano-Martinez
& McBride, 1989; Siqueira et al., 1990; Chaves & Trajano, 1992; Alleoni & Camargo,
1994a; Silva et al.,1996; Dynia & Camargo, 1998). Essa metodologia encontra-se
descrita em Camargo et al. (1986).
Parker et al. (1979) publicaram uma avaliação crítica da utilização da
teoria do ponto de carga zero ao sistema solo. Nesse trabalho, eles utilizaram uma
nova terminologia para o pH no qual uma série de curvas de titulação
potenciométrica se interceptam e demonstraram que não necessariamente o
encontro dessas curvas definiria o PCZ ou pHo. Eles chamaram esse pH de Ponto
de Efeito Salino Zero (PESZ). O ponto de carga líquida zero foi determinado como
sendo o pH no qual a adsorção de cátions e ânions se igualava e houve
discrepância entre valores de PCLZ e PESZ. A adsorção específica de catíons, a
troca de H+ com contraíons associados com carga permanente e o consumo do
ácido ou base adicionados em reações paralelas secundárias nas quais o consumo
de H+ ou OH- pode não significar uma mudança na carga de superfície, são algumas
razões apontadas para justificar as discrepâncias dos valores. Os autores
enfatizaram que cuidados devem ser tomados ao se utilizarem os valores obtidos
pela interseção das curvas para se fazer predições. A nomenclatura sugerida por
Parker et al. (1979) passou a ser adotada por vários autores (Rojas & Adams, 1980;
Tessens & Shamshuddin,1982; Madrid et al., 1984; Schulthess & Sparks, 1986;
Meijer & Buurman, 1987; Toner IV et al., 1989; Zhang et al., 1989).
A constatação de que a maior parte dos solos nos trópicos tem na sua
composição colóides com predomínio de cargas variáveis levou Uehara & Gillman
(1980) e Gillman & Uehara (1980) a apresentarem um modelo que relaciona a
densidade de carga superficial com o potencial de superfície para sistemas híbridos.
Nesse modelo, a densidade de carga líquida total de superfície em um sistema misto
é:
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Em que p é a densidade de carga dos colóides com carga permanente e
por isso mesmo constante e v é a densidade de cargas dos colóides com carga
variável.
Introduzindo-se algumas modificações na equação 20, de Gouy-
Chapmann, apresentada anteriormente têm-se:
Essa equação mostra que há dois pontos de carga zero, um para T=0 e
outro para v=0. O ponto de carga zero da mistura é expresso como ponto de carga
líquida zero (PCLZ)
ou ao pH correspondente a PCLZ:
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O ponto de carga zero é o pH do solo no qual o balanço entre cargas
positivas e negativas é nulo. Esta é uma característica eletroquímica de grande
importância em solos com predomínio de cargas dependentes de pH, típica de solos
altamente intemperizados encontrados em regiões tropicais. O balanço de cargas
eletroquímicas interfere diretamente no comportamento das partículas coloidais do
solo, afetando propriedades como floculação, dispersão, troca catiônica e
disponibilidade de nutrientes, dentre outras.
Uma das maneiras de se estimar o ponto de carga zero de um solo é por
intermédio de curvas de titulação potenciométricas de amostras de solo a diferentes
concentrações salinas. Tal estimativa tem sido demonstrada do Ponto de Efeito
Salino Nulo (PESN), (Alleoni e Camargo, 1993).
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A caulinita é um mineral argiloso silicatado formado pelo empilhamento de
unidades cristalográficas constituídas de uma lâmina tetraedral de silício e oxigênios
e uma lâmina octaedral de alumínio e hidroxilas (Figura 3). As ligações das unidades
se dá por pontes hidrogeniônicas, o que limita o mineral à possibilidade de expandir-
se e expor suas superfícies internas. Com isso o mineral tem capacidade de reagir e
apresentar cargas apenas nas faces externas e nas bordas quebradas (Jackson,
1965; Greenland & Mott, 1978; Dixon, 1989).
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que determina a CTC da caulinita, mesmo no ponto de carga zero. Sendo assim, as
cargas negativas de desprotonação de oxigênio e hidroxilas terminais seguramente
seriam em maior proporção que 50%.
White & Zelazny (1986) apresentaram uma discussão geral sobre a
morfologia externa de argilas silicatadas, incluindo algumas considerações sobre a
caulinita. Segundo esses autores, as faces mais importantes dos minerais 1:1
5.2 Goethita
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zonas climáticas da Terra. Comum no Brasil a goethita confere coloração amarela ao
solo.
A estrutura da goethita e disposta em planos de átomos de oxigênio e
hidroxila em empacotamento denso hexagonal ao longo do eixo X com os íons Fe 3+
ocupando 2/3 dos sítios octaedrais e arranjados em correntes duplas ao longo do
eixo Z. As correntes duplas adjacentes, no interior de uma mesma camada, são
separadas por duas fileiras de sítios octaédricos vagos. Os sítios ocupados e os
vazios se alternam em camadas consecutivas levando a uma simetria ortorrômbica.
Nessa composição cristalográfica, podem ser distingüidos três tipos de grupo OH de
superfície, conforme sua coordenação com um, dois ou três átomos de ferro (Russel
et al., 1974; Parfitt et al., 1975; Parfitt & Russel, 1977). hidroxila tipo A ou hidroxila de
coordenação simples, tipo C ou de coordenação dupla e tipo B ou de coordenação
tripla (Figura 4). Existe ainda um quarto tipo que é o grupo geminado onde dois
grupos OH se ligam a um átomo de ferro (Cornell & Schwertmann, 1996).
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Muitas pesquisas valem-se de goethitas sintéticas que, de modo geral,
possuem forma acicular e portanto, maior expressão para faces como (100), (010) e
(110). No entanto o que se pode averiguar no caso das goethitas do solo é que sua
forma isodimensional pode ser predominante na visão de SCHWERTMANN &
KÄMPF, 1985; SCHWERTMANN & LATHAM, 1986; TORRENT et al., 1990;
FONTES & WEED, 1991; NETTO, 1996, e assim, outras faces podem se tornar
importantes no desenvolvimento de carga desses minerais.
5.3 Hematita
5.4 Gibbsita
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átomos de Al, fazendo com que cada hidroxila seja dividida por dois átomos de
alumínio (Hsu, 1989).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Por isso é importante observamos pelo prisma de que ainda há muito a se
pesquisar sobre os solos e meios que facilitem e dominem seus usos e
propriedades, porém causando o mais irrisório impacto negativo possível.
6 REFERÊNCIAL BIBLIOGRAFICO
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
90162001000307829&lng=pt&nrm=iso> Acesso em: 23/06/2008.
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