Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 5
1.1 SITUAÇÃO-PROBLEMA ........................................................................................... 6
3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 7
4 METODOLOGIA .................................................................................................... 10
5 RECURSOS .............................................................................................................. 10
6 CRONOGRAMA...................................................................................................... 11
7 RESULTADOS ESPERADOS ................................................................................ 11
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 12
5
1 INTRODUÇÃO
1.1 SITUAÇÃO-PROBLEMA
Como construir uma escola com práticas emancipatórias1, que não reproduza as desigualdades
sociais, através da Arte?
1
A ideia da emancipação é retirada do livro O mestre ignorante, de Jacques Rancière (2015), em que ele fala
dos conceitos de emancipação e embrutecimento dentro das práticas educacionais. Dentro do primeiro capítulo,
o filósofo francês fala da prática pedagógica do professor Joseph Jacotot na Universidade de Louvain, na
Bélgica. Jacotot se surpreende ao perceber que seus alunos haviam conseguido realizar uma atividade facilmente
de um texto em francês, sem a sua mediação. Rancière (2015) usa essa experiência para falar da ideia
de embrutecimento, em que o professor é visto como superior ao estudante e detém todo o saber e de uma ordem
explicadora embrutecedora disseminada e reforçada nas instituições educacionais. O autor defende uma lógica
de ruptura na educação, que se busque a emancipação na qual se valorizem os conhecimentos e potencialidades
vindos dos estudantes.
7
2 OBJETIVO GERAL
3 JUSTIFICATIVA
O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola em que atuo como professor de Artes
Cênicas, se preocupa com uma educação não somente tecnicista, centrada em resultados
quantitativos, mas que abarque valores predominantemente qualitativos na trajetória dos
estudantes, pensando em formar seres humanos dotados de subjetividade e identidade, com
consciência crítica e que sejam politicamente ativos.
Dentro do documento, tem-se uma visão de ser humano, pensante, atuante e
transformador da sociedade, que produz, organiza e reorganiza a sua história em seu espaço
social. Ressalta-se que a sociedade necessita de uma profunda mudança: “uma nova forma de
organização social faz-se emergente para modificar a organização neoliberal imposta, onde a
grande competitividade e desigualdade entre os homens acaba gerando a falta de oportunidade
para a maioria dos cidadãos” (p. 28). Busca-se na escola a “construção de uma educação que
garanta igualdade de direitos e de experiências, respeitando as diferenças individuais e a
diversidade étnica racial. Enfim uma educação comprometida politicamente com a construção
de uma sociedade livre de contradições” (p. 28).
8
Porém, estando inserido na minha prática pedagógica, percebo que muitas das
diretrizes do Projeto Político Pedagógico não estão sendo totalmente seguidas por muitos
profissionais, que acabam reforçando um modelo de escola tecnicista, quantitativo,
normativo, e reforçando valores como a meritocracia e uma lógica hierárquica vertical, do
professor para o aluno. O estudante é colocado como “O outro”, diferente de nós professores,
dotados de “cultura e conhecimento”. Estas visões, ainda que sejam de uma forma muitas
vezes não intencional, reforçam uma lógica de produção de processos políticos e sociais da
pobreza perpetuada por anos, em que as diversidades culturais são sufocadas e
marginalizadas: os conhecimentos e vivências dos alunos não são ouvidos. Sua cultura,
conhecimentos, valores, vontades são colocados em segundo plano. Em quais momentos estes
estudantes foram realmente ouvidos? Quais perspectivas e vontades eles possuem em relação
a seus futuros? A escola realmente considera as suas realidades? Eles realmente tem voz? O
que eles podem?
No módulo I, Rego e Pizani (2015) falam da dificuldade do pobre ter voz na
sociedade, e que isso resulta na sua expropriação de humanidade, com uma série de formação
de preconceitos e violências simbólicas. Uma delas é a representação do pobre como
“assistido”, que percebo também na escola, como se o indivíduo fosse incapaz de ter uma
vontade própria e autonomia sobre suas escolhas. Como se podem mudar essas visões dentro
do cotidiano escolar?
Aguiar (1998) expõe que o playback theatre é uma modalidade de teatro em que se
improvisam histórias contadas pelo público por um elenco fixo, na hora imediata em que a
história foi contada pelo público. Siewert (2009) argumenta que o método foi desenvolvido
por Jonathan Fox e Jo Salas em 1975, num pequeno grupo de improvisação em Connecticut
chamado “Its All Grace”. O método tem base em histórias pessoais e na época era usado por
Fox e Salas como uma forma de integrar e unir a comunidade local, num movimento de
preservação da memória. Uma sessão de playback se caracteriza por uma encenação de várias
histórias, em que os narradores em geral não participam. Isto, segundo Aguiar (1998) permite
ao “dono” da história enquanto observador uma ampliação do sentido de sua história que
acabara de ser contada.
9
Como o teatro playback exige uma participação ativa do público, Siewert (2011) relata que
existe todo um processo ritual seguido na apresentação.
A autora (SIWERT, 2011, p. 39) explica como funciona a estrutura de uma sessão de
teatro playback: na abertura, o diretor explica como vai funcionar a apresentação,
estabelecendo regras. “É o momento de sinalizar que haverá tanto a exposição das pessoas ao
contar suas histórias pessoais, como dos atores na improvisação” (SIWERT, 2011, p. 40).
Fica estabelecido um combinado de uma relação horizontal de troca entre as partes, já que
tanto as histórias pessoais dos atores quanto do público serão compartilhadas. Feito isto, é
hora de realizar o aquecimento, antes de partir para as histórias pessoais do público.
Visto que o teatro playback trabalha com histórias pessoais, ele se mostra uma
ferramenta potente para que se pense alunos, professores e funcionários como sujeitos e
pertencentes de um espaço diverso, plural, e os coloque em relações horizontais. Além disto, é
uma forma de a escola ultrapassar seus muros e olhar para o seu território. Essa abertura para
o território traz uma abertura para novos saberes, não valorizados pela escola da hegemonia,
supostamente preocupada com um ensino universal, mas que aniquila as diversidades.
A Arte no currículo dentro da escola pode ser um espaço potente de questionamento
à escola: um espaço de valorização de sujeitos excluídos, com vontades não consideradas e
com suas histórias valorizadas. O que Rego e Pizani (2015, p. 27) chamam de uma educação
formadora de identidade e subjetividade. A Arte está para provocar: pode ser uma poderosa
disparadora de caminhos de uma escola emancipadora e da transformação social.
4 METODOLOGIA
5 RECURSOS
6 CRONOGRAMA
ETAPA 1 X
ETAPA 2 X X
ETAPA 3 X
ETAPA 4 X
7 RESULTADOS ESPERADOS
Busca-se através da vivência artística o debate e incitar outras ações (seja através de
outras oficinas com outras linguagens da arte ou de outras formas) acerca da pobreza e
desigualdade social.
12
REFERÊNCIAS