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Sujeitos do DIP
CONCEITO E ELEMENTOS
1. Estados Simples
2. Estados Compostos
Inicialmente, existem os Estados simples e os Estados compostos. Para fazer essa distinção,
devemos lembrar de dois termos muito usados no DI, que são: autonomia e independência.
O Estado atua de forma interna – soberania interna (autonomia) e de forma externa, como um co-
partícipe da sociedade internacional, que é a sua soberania externa (independência).
São considerados simples (ou unitário) aqueles que apresentam um único poder centralizado,
sendo, por conseguinte, a sua personalidade internacional una e única (ex.: França). Para o DI,
portanto, estes Estados não apresentam maiores problemas.
Já os Estados compostos, por sua vez, classificam-se em Estados Compostos por Coordenação e
em Estados Compostos por Subordinação.
Os Estados compostos por coordenação podem ser classificados em:
a) Estado Federal – caracteriza-se pela união de vários Estados que perdem a soberania para a
União Federal, como no caso dos EUA e Brasil; nestes, embora haja uma variedade de Estados
federados, somente a União, expressão de todos num só, é sujeito de DI;
b) Confederação de Estados – são agrupamentos de Estados, com a finalidade de assegurar a
defesa comum; permite o direito de secessão, ou seja, a possibilidade de se separar do resto dos
membros da Confederação, e o direito de legação (enviar e receber representantes diplomáticos)
(ex.: a República Árabe Unida – RAU);
c) Uniões de Estados – caracterizam-se pela presença de dois ou mais Estados, que possuam o
mesmo soberano. Só eram possíveis nos Estados monárquicos, como Portugal e Espanha na
chamada União Ibérica. Em função da perda da importância do poder monárquico, a união de
Estados tornou-se mais uma referência histórica;
d) União incorporada – surge quando um Estado, em função de conflitos bélicos, passa a exercer
domínio sobre o outro. Foi o que aconteceu na formação do Reino Unido, que resultou da
incorporação, por parte da Inglaterra, de País de Gales, Escócia e Irlanda, esta última
desincorporando-se em 1921. A Commonwealth das Nações Britânicas não é um Estado, mas
uma formação sui generis de ex-domínios, protetorados, dependências e colônias britânicas que
foram obtendo independência, mas optaram por manter um vínculo com a Coroa Britânica. Tal
ente, todavia, não possui personalidade internacional.
Competência
Todo Estado tem o direito de exercer a sua jurisdição no seu território e sobre a população
permanente, com as exceções estabelecidas pelo direito internacional. O direito do Estado sobre
o território e os respectivos habitantes é exclusivo, ou seja, nenhum outro Estado pode exercer a
sua jurisdição sobre o território, a não ser com o consentimento do primeiro. É bem verdade que a
legislação do Estado pode prever o exercício de sua jurisdição em país estrangeiro sobre os
respectivos nacionais, o que significa que a jurisdição do Estado em relação aos estrangeiros não
é exclusiva. Para alguns autores, a palavra competência exprime melhor o fenômeno.
Embora o Estado possua soberania, ou seja, tenha competência sobre o seu território, as
pessoas e coisas que nele se encontram, existem certas pessoas ou coisas, ou mesmo trechos
de seu território em que ele (Estado) não possui competência plena. São as restrições aos direitos
fundamentais dos Estados, originadas sob a forma de costume internacional ou convencional.
Essas restrições existem em nome do interesse da comunidade internacional.
Nascimento e Reconhecimento
Para o DI não existe um momento específico para esse reconhecimento. Todavia, a prática
internacional e a doutrina têm salientado que ele não deve ser um ato prematuro, como ocorreu
no reconhecimento dos EUA pela França, ainda na Guerra de Independência com a Inglaterra. Só
considera uma coletividade como Estado quando esta preenche três requisitos: a) possuir
governo independente, com autonomia na conduta dos seus negócios exteriores; b) esse governo
ter uma autoridade efetiva sobre o seu território e população, cumprindo, também, com as suas
obrigações internacionais; c) possuir um território delimitado.
Pode-se acrescentar que a ONU não reconhece situações contrárias à descolonização (Rodésia).
3. Teoria Mista (Lauterpach): congrega as duas, o reconhecimento, por um lado, constata um fato
(elemento declaratório da teoria), mas, por outro, a partir deste reconhecimento se estabelece
uma relação de direitos e deveres desse novo Estado com aquele que o reconhece (elemento
constitutivo da teoria).
Ato unilateral. A sua validade repousa na manifestação de vontade de um único sujeito de direito e
produz efeitos jurídicos.
Ato irrevogável. Quem efetuou o reconhecimento não pode retirá-lo discricionariamente. Sendo,
contudo, dado ao Estado que preencha os requisitos antes enunciados. Deixando de existir um
dos requisitos o reconhecimento desaparece.
Ato retroativo. Decorre da natureza declaratória do ato, uma vez que o Estado existe antes dele, e
o reconhecimento é apenas uma constatação.
Será tácito o reconhecimento quando o propósito se revela através de atos que tornam aparentes
a aceitação do novo Estado como pessoa de direito internacional. E é expresso se provém de um
ato emanado de um órgão competente, através de uma nota, decreto ou tratado que declara
inequivocamente o propósito de reconhecer.
A Declaração de Direitos e Deveres dos Estados apresenta (obs.: as declarações não vinculam
juridicamente, sendo mais instrumentos políticos, gerando, quando muito sanções de não
participação), ainda, os seguintes deveres: a) não intervenção; b) não permitir que no seu
território se prepare uma revolta ou guerra civil em outro Estado; c) respeitar os direitos do
homem; d) evitar que no seu território haja ameaça à paz e à ordem internacional: e) resolver
seus litígios por meios pacíficos; f) não usar a força como ameaça à integridade de outro Estado e
não utilizar a guerra como instrumento de política nacional; g) dever de não auxiliar o Estado que
violou o item anterior e contra o qual a ONU exerce uma ação de polícia internacional; h) não
reconhecer aquisição territorial ocorrida com a violação do item f; i) conduzir as suas relações
internacionais com base no DI e no princípio de que a soberania estatal se encontra submetida ao
DI; j) dever de cooperação; l) igualdade de direitos e autodeterminação dos povos; m)
cumprimento das obrigações internacionais com base na boa-fé.
O art. 4.º da Constituição brasileira traz uma série de direitos e deveres dos Estados como
princípios norteadores de nossas relações internacionais: não intervenção, defesa da paz (obs.: o
Brasil não abiu mão da guerra como meio de legítima defesa própria ou de terceiro), concessão
de asilo (seja ele territorial ou diplomático), etc.
Os direitos dos Estado podem ser classificados em duas categorias: direitos fundamentais, ou
essenciais, ou inatos, ou permanentes (decorrentes da própria existência do Estado ou da sua
qualidade de membro da sociedade internacional); e direitos acidentais, ou secundários, ou
adquiridos, ou contingentes (derivados de um direito fundamental, e resultantes de um tratado ou
do costume internacional e relativos a situações particulares).
Apesar das várias discussões sobre o que seriam os direitos fundamentais dos Estados, Le Fur
com muita propriedade assim os definiu: “os direitos essenciais dos Estados, aqueles sem os
quais eles não poderiam viver e dos quais decorrem todos os seus outros direitos”.
Corroborando com a ótica do prof. Orlando Soares, o professor Hidelbrando Accioly acredita ser o
único direito fundamental do Estado o direito à existência.
A sucessão de Estados significa, nos termos das Convenções de Viena de 1978 e 1983, a
substituição de um (o Estado predecessor) por outro (o Estado sucessor) na responsabilidade
pelas relações internacionais de determinado território.
Disciplinam a matéria;
- A Convenção de Viena sobre Sucessão de Estados em Matéria de Tratados, assinada em 23 de
agosto de 1978.
- A Convenção de Viena sobre sucessão de Estados em matéria de bens, arquivos e dívidas,
assinada em 8 de abril de 1983
As regras ali previstas são bastante extensas e específicas. Algumas regras importantes:
Os Estados são os principais sujeitos do DIP. Eles são os sujeitos “primários e fundadores” da
sociedade internacional. É por sua iniciativa que surgiram outras pessoas internacionais, como as
organizações internacionais.
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Definição clássica: associação de Estado com órgãos próprios, personalidade própria, criados por
tratado para realizar fins comuns a seus membros.
Como regra geral são organizações de Estados, mas podem eventualmente ser formadas por
organizações internacionais. Daí a definição de MARCELO RODRIGUES: é a reunião voluntária
de sujeitos de direito internacional fundada nem ato constitutivo (tratado) no qual são
estabelecidas finalidades, os órgãos e seus poderes.
Características
Representação e garantias
As OI’s podem se fazer representar no território de qualquer estado (membro ou estranho ao seu
quadro), gozando suas instalações e seus representantes, que devem ser integrantes do quadro
de funcionários neutros, de garantias semelhantes àqueles do corpo diplomático de qualquer
soberania.
São auferidas por meio de cotizações entre os membros, levando-se em conta a sua capacidade
econômica.
Trata-se de competências que lhes são transferidas pelos Estados-partes. Os principais são: a)
direito de convenção - concluir acordos internacionais em nome próprio, b) direito de missão ou
legação - manter relações com os demais sujeitos de Direito Internacional, c) direito de denúncia -
é o direito que os Estados-membros têm de retirar-se da Organização, desde que tal pressuposto
esteja previsto no seu tratado instituidor, que cumpram um aviso-prévio e que tenham atualizado
suas contas perante a OI.
INDIVÍDUOS
São sujeitos ativos e sujeitos passivos. Ativos porque podem reclamar direitos em instâncias
internacionais, podem vindicar direitos em cortes ou instâncias internacionais. Passivos porque
podem ser punidos pelo direito internacional enquanto tal.
REZEK: afirma que os indivíduos não são sujeitos de direito internacional, são na verdade objeto
(assim como outros interesses tutelados – como a flora e a fauna) do direito internacional, por não
poderem atuar diretamente nem na produção da norma jurídica internacional, seja ela escrita
(tratado) ou costumeira, nem poderem ter acesso aos fóruns internacionais de solução de
conflitos diretamente, salvo algumas exceções .
Por outro lado, colhe-se em Celso Mello a afirmação de que o indivíduo pode ser sim sujeito de DI
e tal possibilidade decorreria de duas premissas: a) a dignidade da pessoa humana que leva a
ordem internacional a reconhecê-los e protegê-los; e b) a própria noção de direito como obra do
homem e para o homem.
A elevação dos direitos humanos como valor a ser preservado na ordem internacional tem
incrementado a participação dos indivíduos no cenário internacional, porém sempre em fóruns
que se tornaram a eles acessíveis graças aos seus Estados patriais.
Postado por Espaço para Estudos Jurídicos às 4:30 PM