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ÁREAS LIVRES DE PRAGAS

A movimentação de crescentes quantidades de produtos em um ritmo cada vez mais


acelerado tem ocasionado o agravamento de problemas fitossanitários e tem levado os países
a impor restrições à importação de diversos produtos agrícolas potenciais veiculadores de
pragas.
Uma das maneiras de se garantir a sanidade de partidas de vegetais é a implantação
de Áreas Livres de Praga (ALP) no território do país exportador.
O estabelecimento de áreas livres de pragas (ALP) é regulado pela Norma
Internacional de Medidas Fitossanitárias (NIMF) número 4 – “Requerimentos para o
Estabelecimento de Áreas Livres de Pragas”, publicada pela Convenção Internacional de
Proteção dos Vegetais (CIPV).
Área livre de praga é definida como “uma área na qual uma praga específica
não ocorre, como demonstrado por evidência científica e na qual, quando apropriado,
essa condição está sendo oficialmente mantida”.
Áreas livres de pragas constituem-se em opção de manejo de risco para exportação de
vegetais, produtos vegetais e outros artigos regulamentados, ou para conferir suporte científico
para medidas fitossanitárias tomadas por um país importador para proteger uma área em
perigo. Esse sistema possibilita a exportação sem a necessidade de aplicação de medidas
fitossanitárias adicionais, quando certos requisitos são atendidos.

ÁREAS LIVRES DE ANASTREPHA GRANDIS

A PRAGA ANASTREPHA GRANDIS.

A mosca sul-americana das cucurbitáceas (Anastrepha grandis) tem como hospedeiros


a abóbora (Cucurbita pepo), pepino (Cucumis sativus), melão (Cucumis melo) e melancia
(Citrullus lanatus), dentre outros. Alguns países importadores, entre eles a Argentina, o Uruguai
e os Estados Unidos, impõem restrições fitossanitárias com relação à importação de frutos
frescos de cucurbitáceas do Brasil.
A praga está presente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, tendo havido uma
detecção em Barreiras – BA. Nos demais estados do Nordeste e na Região Norte a praga é
considerada ausente.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRAFICA DA PRAGA ANASTREPHA GRANDIS NO BRASIL

PRAGA PRESENTE:
- Região Sul
- Região Sudeste
- Região Centro-oeste
- Estado da Bahia (1 ocorrência)

PROCESSO DE RECONHECIMENTO DE UMA ALP DE A. GRANDIS

LEGENDA:
ALP: Área Livre de Pragas
OEDSV: Órgão Estadual de
Defesa Sanitária Vegetal
SEDESA/SFA: Serviço de
Defesa Sanitária Agropecuária
da Superintendência Federal
de Agricultura
DSV: Departamento de
Sanidade Vegetal
SDA: Secretaria de Defesa
Agropecuária do Ministério da
Agricultura, Pecuária e
Abastecimento
ONPF: Organização Nacional
de Proteção Fitossanitária.

A existência de uma ALP de Anastrepha grandis só faz sentido quando existe a


necessidade de atender requisitos fitossanitários de países importadores, já que a praga não é
quarentenária para o Brasil.
Os produtores / exportadores, organizados em torno de uma entidade associativa,
solicitam ao órgão estadual de defesa vegetal a elaboração de um projeto técnico, segundo
detalhamento contido na Instrução Normativa 13/2006. Após o cumprimento do período
regulamentar de monitoramento da praga, o MAPA realiza auditoria para verificação do
cumprimento das exigências legais.
Uma vez tendo sido a ALP reconhecida oficialmente pelo MAPA, a documentação é
enviada às Organizações Nacionais de Proteção Fitossanitária (ONPF) dos países
importadores, que farão análise do projeto e poderão realizar auditoria na ALP. Somente após
aprovação por parte das ONPFs, as exportações poderão ter início.

A ÁREA LIVRE DE ANASTREPHA GRANDIS NO RIO GRANDE DO NORTE


O projeto de monitoramento de A. grandis teve início em fevereiro de 1985 na região
produtora de melão dos municípios de Mossoró, Açu e Areia Branca, no Estado do Rio Grande
do Norte, motivado por limitações impostas pelos EUA à exportação de melões decorrentes de
diversas publicações constatando a presença de A. grandis no Brasil.
Como no período de 1985 a 1993 ficou demonstrada a ausência da praga, por meio de
monitoramento no campo e corte de frutos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
liberou as exportações brasileiras de melões produzidos na Área Livre de Anastrepha grandis
do Estado do Rio Grande do Norte.
No ano de 2002 passaram a integrar a ALP os seguintes municípios, reconhecidos
oficialmente pelo MAPA: Afonso Bezerra, Alto dos Rodrigues, Baraúna, Carnaubais, Grossos,
Ipanguaçu, Porto do Mangue, Serra do Mel, Tibau e Upanema.
O órgão estadual de defesa vegetal do Rio Grande do Norte, responsável pelas
atividades de cadastramento de produtores, controle do monitoramento, certificação
fitossanitária de origem e supervisão do sistema é o Instituto de Defesa e Inspeção
Agropecuária do Estado do Rio Grande do Norte – IDIARN.

A ÁREA LIVRE DE ANASTREPHA GRANDIS NO CEARÁ


A partir de 1999, teve início o monitoramento da mosca-das-cucurbitáceas na região do
Baixo Jaguaribe, vizinha aos municípios de Mossoró e Baraúna, com o objetivo de demonstrar
que os municípios de Aracati, Icapuí, Itaiçaba, Jaguaruana, Russas, Quixeré e Limoeiro do
Norte estavam livres da Mosca Sul-Americana das Cucurbitáceas.
O órgão estadual de defesa vegetal do Ceará, responsável pelas atividades de
cadastramento de produtores, controle do monitoramento, certificação fitossanitária de origem
e supervisão do sistema é a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará – ADAGRI.

SITUAÇÃO ATUAL
Desde o início dos trabalhos de monitoramento da praga em 1985, nunca houve
captura de adultos ou de formas imaturas de A. grandis na ALP.
O controle do trânsito de hospedeiros da praga por meio de barreiras fitossanitárias e o
permanente monitoramento em propriedades produtoras e locais de risco contribuem
significativamente para a prevenção da introdução de A. grandis na ALP.
Além disso, a manutenção da condição de Área é favorecida pelo fato da região estar
geograficamente isolada das demais regiões onde a praga ocorre, tendo ao norte o Oceano
Atlântico e ao sul uma distância de 2.300 km separando-a da área infestada mais próxima.
A manutenção dessa condição possibilitou ao DSV solicitar o reconhecimento da ALP-
CE e ampliação da ALP-RN por parte do APHIS-USDA. A abertura do mercado norte-
americano permitirá aos produtores de melão e melancia da ALP exportar seus produtos em
um período bastante favorável, que se configura como uma “janela” na produção dessas
cucurbitáceas nos Estados Unidos, que vai de meados de novembro a meados de fevereiro.
O SENASA Argentina emite, a pedido dos produtores inscritos na ALP, autorizações
para importação de cucurbitáceas produzidas na ALP-RN e ALP-CE.

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