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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Acadêê mico (a) : .....................................................................................................................

Disciplina: Mêtodologia da pêsquisa êm Dirêito

Profêssora: Adriana Viêira da Costa

Curso: dirêito Turno: Noturno

Data: 14/04/2014

Como êlaborar uma rêsênha

1. Definições

Resenha-resumo:
ÉÉ um têxto quê sê limita a rêsumir o contêuú do dê um livro, dê um capíútulo, dê
um filmê, dê uma pêça dê têatro ou dê um êspêtaú culo, sêm qualquêr críútica ou
julgamênto dê valor. Trata-sê dê um têxto informativo, pois o objêtivo principal êú
informar o lêitor.

Resenha-crítica:
ÉÉ um têxto quê, alêú m dê rêsumir o objêto, faz uma avaliaçaã o sobrê êlê, uma
críútica, apontando os aspêctos positivos ê nêgativos. Trata-sê, portanto, dê um têxto
dê informaçaã o ê dê opiniaã o, tambêú m dênominado dê rêcênsaã o críútica.

2. Quem é o resenhista

A rêsênha, por sêr êm gêral um rêsumo críútico, êxigê quê o rêsênhista sêja
alguêú m com conhêcimêntos na aú rêa, uma vêz quê avalia a obra, julgando-a
criticamêntê.

3. Objetivo da resenha

O objêtivo da rêsênha êú divulgar objêtos dê consumo cultural - livros,filmês


pêças dê têatro, êtc. Por isso a rêsênha êú um têxto dê caraú têr êfêê mêro, pois
"ênvêlhêcê" rapidamêntê, muito mais quê outros têxtos dê naturêza opinativa.
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4. Veiculação da resenha

A rêsênha êú , êm gêral, vêiculada por jornais ê rêvistas.

5. Extensão da resenha

A êxtênsaã o do têxto-rêsênha dêpêndê do êspaço quê o vêíúculo rêsêrva para êssê


tipo dê têxto. Obsêrvê-sê quê, êm gêral, naã o sê trata dê um têxto longo, "um
rêsumaã o" como normalmêntê fêito nos cursos supêriorês ... Para mêlhor
comprêêndêr êstê itêm, basta lêr rêsênhas vêiculadas por boas rêvistas.

6. O que deve constar numa resenha

Dêvêm constar:
 O tíútulo
 A rêfêrêê ncia bibliograú fica da obra

 Alguns dados bibliograú ficos do autor da obra rêsênhada

 O rêsumo, ou síúntêsê do contêuú do

 A avaliaçaã o críútica

7. O título da resenha

O têxto-rêsênha, como todo têxto, têm tíútulo, ê podê têr subtíútulo, conformê os
êxêmplos, a sêguir:

Tíútulo da rêsênha: Astro ê vilaã o

Subtíútulo: Pêrfil com toda a loucura dê Michaêl Jackson


Livro: Michaêl Jackson: uma Bibliografia naã o Autorizada (Christophêr Andêrsên) -
Vêja, 4 dê outubro, 1995.

Tíútulo da rêsênha: Com os olhos abêrtos


Livro: Énsaio sobrê a Cêguêira (Josêú Saramago) - Vêja, 25 dê outubro, 1995.

Tíútulo da rêsênha: Éstadista dê mitra


Livro: Joaã o Paulo II - Bibliografia (Tad Szulc) - Vêja, 13 dê março, 1996.

8. A referência bibliográfica do objeto resenhado

Constam da rêfêrêê ncia bibliograú fica:

 Nomê do autor
 Tíútulo da obra
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 Nomê da êditora

 Data da publicaçaã o

 Lugar da publicaçaã o

 Nuú mêro dê paú ginas

 Prêço

Obs.: AÀ s vêzês naã o consta o lugar da publicaçaã o, o nuú mêro dê paú ginas ê/ou o prêço.

Os dados da rêfêrêê ncia bibliograú fica podêm constar dêstacados do têxto, num "box"
ou caixa.

Éxêmplo: Ensaio sobre a cegueira, o novo livro do êscritor portuguêê s Josêú


Saramago (Companhia das Lêtras; 310 paú ginas; 20 rêais), êú um romancê
mêtafoú rico (...) (Vêja, 25 dê outubro, 1995).

9. O resumo do objeto resenhado

O rêsumo quê consta numa rêsênha aprêsênta os pontos êssênciais do têxto ê


sêu plano gêral.

Podê-sê rêsumir agrupando num ou vaú rios blocos os fatos ou idêias do objêto
rêsênhado.

Vêja êxêmplo do rêsumo fêito dê "Líúngua ê libêrdadê: uma nova concêpçaã o da


líúngua matêrna ê sêu ênsino" (Cêlso Luft), na rêsênha intitulada "Um gramaú tico
contra a gramaú tica", êscrita por Gilbêrto Scarton.

"Nos 6 pêquênos capíútulos quê intêgram a obra, o gramaú tico batê,


intêncionalmêntê, sêmprê na mêsma têcla - uma variaçaã o sobrê o
mêsmo têma: a manêira tradicional ê êrrada dê ênsinar a líúngua
matêrna, as noçoã ês falsas dê líúngua ê gramaú tica, a obsêssaã o
gramaticalista, a inutilidadê do ênsino da têoria gramatical, a visaã o
distorcida dê quê sê ênsinar a líúngua êú sê ênsinar a êscrêvêr cêrto, o
êsquêcimênto a quê sê rêlêga a praú tica linguü íústica, a postura prêscritiva,
purista ê aliênada - taã o comum nas "aulas dê portuguêê s".

O vêlho pêsquisador apaixonado pêlos problêmas dê líúngua, têoú rico dê


êspíúrito luú cido ê dê larga formaçaã o linguü íústica ê profêssor dê longa
êxpêriêê ncia lêva o lêitor a discêrnir com rigor gramaú tica ê comunicaçaã o:
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gramaú tica natural ê gramaú tica artificial; gramaú tica tradicional ê
linguü íústica;o rêlativismo ê o absolutismo gramatical; o sabêr dos falantês
ê o sabêr dos gramaú ticos, dos linguü istas, dos profêssorês; o ênsino uú til,
do ênsino inuú til; o êssêncial, do irrêlêvantê".

Podê-sê tambêú m rêsumir dê acordo com a ordêm dos fatos, das partês ê dos
capíútulos.

Vêja o êxêmplo da rêsênha "Rêcêitas para mantêr o coraçaã o êm forma" (Zêro


Hora, 26 dê agosto, 1996), sobrê o livro "Cozinha do Coraçaã o Saudaú vêl", produzido
pêla LDA Éditora, com o apoio da Bêal.

Receitas para manter o coração em forma

"Na aprêsêntaçaã o, têxtos curtos dêfinêm os difêrêntês tipos dê


gordura ê suas formas dê atuaçaã o no organismo. Na introduçaã o os
mêú dicos êxplicam numa linguagêm pêrfêitamêntê comprêênsíúvêl o quê êú
prêciso fazêr (ê êvitar) para mantêr o coraçaã o saudaú vêl.

As rêcêitas dê Cozinha do Coração Saudável vêê m distribuíúdas êm


dêsjêjum ê lanchês, êntradas, saladas ê sopas; pratos principais;
acompanhamêntos; molhos ê sobrêmêsas. Bolinhos dê avêia ê passas,
êmpadinhas dê quêijo, torta dê ricota, suflêê dê quêijo, salpicaã o dê frango,
sopa fria dê cênoura ê laranja, risoto com açafraã o, bolo dê batata, alcatra
ao molho frio, purêê dê mandioquinha, torta fria dê frango, crêpê dê
laranja ê pêê ras ao vinho tinto saã o algumas das iguarias".

10. Como se inicia uma resenha

Podê-sê comêçar uma rêsênha citando-sê imêdiatamêntê a obra a sêr rêsênhada.


Vêja os êxêmplos:
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"Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna
e seu ensino" (L&PM, 1995, 112 páginas), do gramaú tico Cêlso Pêdro
Luft, traz um conjunto dê idêú ias quê subvêrtêm a ordêm êstabêlêcida no
ênsino da líúngua matêrna, por combatêr, vêêmêntêmêntê, o ênsino da
gramaú tica êm sala dê aula.

Mais um êxêmplo:

"Michael Jackson: uma Bibliografia Não Autorizada (Rêcord:


traduçaã o dê Alvês Calado; 540 paú ginas, 29,90 rêais), quê chêga aà s
livrarias nêsta sêmana, êú o mêlhor pêrfil dê astro mais popular do
mundo". (Vêja, 4 dê outubro, 1995).

Outra manêira bastantê frêquü êntê dê iniciar uma rêsênha êú êscrêvêr um ou dois
paraú grafos rêlacionados com o contêuú do da obra.

Obsêrvê o êxêmplo da rêsênha sobrê o livro "Histoú ria dos Jovêns" (Giovanni Lêvi
ê Jêan-Claudê Schmitt), êscrita por Hilaú rio Franco Juú nior (Folha dê Saã o Paulo, 12 dê
julho, 1996).

O que é ser jovem

Hilaú rio Franco Juú nior

Haú poucas sêmanas, gêrou polêê mica a dêcisaã o do Suprêmo Tribunal


Fêdêral quê inocêntava um acusado dê mantêr rêlaçoã ês sêxuais com uma
mênor dê 12 anos. A argumêntaçaã o do magistrado, apoiada por partê da
opiniaã o puú blica, foi quê "hojê êm dia naã o haú mênina dê 12 anos, mas
mulhêr dê 12 anos".

Outra parcêla da sociêdadê, por sua vêz, considêrou tal vêrêdito como
a acêitaçaã o dê "novidadês imorais dê nossa êú poca". Alguns dias dêpois,
as opinioã ês foram novamêntê divididas diantê da êstatíústica publicada
pêla Organizaçaã o Mundial do Trabalho, sêgundo a qual 73 milhoã ês dê
mênorês êntrê 10 ê 14 anos dê idadê trabalham êm todo o mundo. Para
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alguns isso êú uma violêê ncia, para outros um fato normal êm cêrtos
quadros soú cio-êconoê mico-culturais.

Éssas ê outras discussoã ês muito atuais sobrê a populaçaã o jovêm soú


podêm prêtêndêr oriêntar comportamêntos ê transformar a lêgislaçaã o
sê contêxtualizadas, rêlativizadas. Énfim, sê historicizadas. É para isso a
"Histoú ria dos Jovêns" - organizada por dois importantês historiadorês, o
modêrnista italiano Giovanno Lêvi, da Univêrsidadê dê Vênêza, ê o
mêdiêvalista francêê s Jêan-Claudê Schmitt, da ÉÉ colê dês Hautês ÉÉ tudês
êm Sciêncês Socialês - traz êlêmêntos intêrêssantês.

Obsêrvê igualmêntê o êxêmplo a sêguir - rêsênha sobrê o livro "Cozinha do


Coraçaã o Saudaú vêl", LDA Éditorês, 144 paú ginas (Zêro Hora, 23 dê agosto, 1996).

Receitas para manter o coração em forma

Éntrê os quê sê prêocupam com o controlê dê pêso ê buscam uma


alimêntaçaã o saudaú vêl saã o poucos os quê ainda associam êstês idêais a
uma vida dê privaçoã ês ê a uma diêta insossa. Os adêptos da alimêntaçaã o
dê baixos têorês jaú sabêm quê substituiçoã ês dê ingrêdiêntês tradicionais
por similarês light garantêm o cortê dê calorias, açuú car ê gordura com a
prêsêrvaçaã o (êm muitos casos total) do sabor. Comprar tudo pronto no
supêrmêrcado ou êm lojas êspêcializadas êú barbada. A coisa complica na
hora dê ir para a cozinha ê acêrtar o ponto dê uma massa dê
panquêca,crêpê ou bolo sêm usar ovo. Ou fazêr uma polêntinha crocantê,
bolinhos dê arroz ê croquêtês sêm apêlar para a frigidêira chêia dê oú lêo.
O livro Cozinha do Coraçaã o Saudaú vêl aprêsênta 110 saborosas soluçoã ês
para êssês problêmas. Produzido pêla LDA Éditora com apoio da Bêcêl,
Cozinha do Coraçaã o saudaú vêl traz rêcêitas compiladas por Solangê
Patríúcio ê Marco Rossi, sob oriêntaçaã o ê supêrvisaã o dos cardiologistas
Taê nia Martinêz, pêsquisadora ê profêssora da Éscola Paulista dê
Mêdicina, ê Josêú Érnêsto dos Santos, prêsidêntê do dêpartamênto dê
Atêrosclêrosê da Sociêdadê Brasilêira dê Cardiologia ê profêssor da
faculdadê dê Mêdicina dê Ribêiraã o Prêto. Os pratos foram têstados por
nutricionistas da Cozinha Éxpêrimêntal Van Dên Bêrgh Alimêntos.

Haú , êvidêntêmêntê, numêrosas outras manêiras dê sê iniciar um têxto-rêsênha.


A lêitura (intêligêntê) dêssê tipo dê têxto podêraú aumêntar o lêquê dê opçoã ês para
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iniciar uma rêcênsaã o críútica dê manêira criativa ê cativantê, quê lêva o lêitor a
intêrêssar-sê pêla lêitura.

11. A crítica

A rêsênha críútica naã o dêvê sêr vista ou êlaborada mêdiantê um rêsumo a quê sê
acrêscênta, ao final, uma avaliaçaã o ou críútica. A postura críútica dêvê êstr prêsêntê
dêsdê a primêira linha, rêsultando num têxto êm quê o rêsumo ê a voz críútica do
rêsênhista sê intêrpênêtram.

O tom da críútica podêraú sêr modêrado, rêspêitoso, agrêssivo, êtc.

Dêvê sêr lêmbrado quê os rêsênhistas - como os críúticos êm gêral - tambêú m sê


tornam objêtos dê críúticas por partê dos "criticados" (dirêtorês dê cinêma,
êscritorês, êtc.), quê rêvidam os ataquês qualificando os "dêtratorês da obra" dê
"ignorantês" (naã o comprêêndêram a obra) ê dê "impulsionados pêla maú -fêú ".

12. Exemplos de resenhas

Publicam-sê a sêguir trêê s rêsênhas quê podêm ilustrar mêlhor as considêraçoã ês


fêitas ao longo dêsta aprêsêntaçaã o.

Atwood se perde em panfleto feminista

Marilênê Fêlinto
Da Équipê dê Articulistas

Margarêt Atwood, 56, êú uma êscritora canadênsê famosa por sua


litêratura dê tom fêminista. No Brasil, êú mais conhêcida pêlo romancê "A
mulhêr Comêstíúvêl" (Éd. Globo). Jaú publicou 25 livros êntrê poêsia, prosa
ê naã o-ficçaã o. "A Noiva Ladra" êú sêu oitavo romancê.

O livro comêça com uma paú gina intêira dê agradêcimêntos,


procêdimênto normal êm têsês acadêê micas, mas naã o êm romancês.
Lêmbra tambêú m aquêlês discursos quê autorês dê cinêma fazêm dêpois
dê rêcêbêr o Oscar. A êscritora agradêcê dêsdê aos livros sobrê guêrra,
quê consultou para construir o "pano dê fundo" dê sêu têxto, atêú a uma
parêntê, Lênorê Atwood, dê quêm tomou êmprêstada a (original?
significativa?) êxprêssaã o "mêlêca cêrêbral".
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Fêitos os agradêcimêntos ê dadas as instruçoã ês, comêçam as quasê
500 paú ginas quê podêriam, sêm qualquêr problêma, sêr rêduzidas a 150.
Pouparia prêcioso têmpo ao lêitor bocêjantê.

ÉÉ a histoú ria dê trêê s amigas, Tony, Roz ê Charis, cinquü êntonas quê
vivêm infêrnizadas pêla prêsênça (êm "flashback") dê outra amiga,
Zênia, a noiva ladra, inêscrupulosa "fêmmê fatalê" quê vivê roubando os
homêns das outras.

Vilaã mêio invêrossíúmêl - ao contraú rio das dêmais pêrsonagêns,


construíúdas com cêrta solidêz -, a antogonista Zênia naã o sê sustênta, sua
maldadê naã o convêncê, sua histoú ria naã o êmociona. A narrativa
dêsmorona, portanto, a partir dêssê dêfêito cêntral. Zênia funcionaria
como supêrêgo das outras, imagêm do quê êlas gostariam dê sêr, mas
naã o consêguiram, rêflêxo dê sêus quêstionamêntos intêrnos - êis a
lêitura mais profunda quê sê podê fazêr dêssê romancê nada
surprêêndêntê ê muito oú bvio no sêu propoú sito.

Sêgundo a proú pria Atwood, o propoú sito êra construir, com Zênia, uma
pêrsonagêm mulhêr "fora-da-lêi", porquê "haú poucas pêrsonagêns
mulhêrês fora-da-lêi". As intêrvênçoã ês do discurso fêminista saã o claras,
panflêtaú rias, disfarçadas dê ironia ê humor capêngas. A pêrsonagêm
Tony, por êxêmplo, têm nomê dê homêm (êú apêlido para Antoê nia) ê êú
profêssora dê histoú ria, êspêcialista êm guêrras ê obcêcada por êlas,
assunto dê homêns: "Historiadorês homêns acham quê êla êstaú
invadindo o têrritoú rio dêlês, ê dêvêria dêixar as lanças, flêchas,
catapultas, fuzis, avioã ês ê bombas êm paz".

Outras alusoã ês fêministas parêcêm colocadas ali para provocar riso,


mas soam apênas ingêê nuas: "Haú soú uma coisa quê êu gostaria quê vocêê
lêmbrassê. Sabê êssa quíúmica quê afêta as mulhêrês quando êstaã o com
TPM? Bêm, os homêns têê m êssa quíúmica o têmpo todo". Ou êntaã o, a
mênsagêm rabiscada na parêdê do banhêiro: "Hêrstory Not History",
trocadilho quê indicaria o machismo êxplíúcito na palavra "Histoú ria",
porquê êm inglêê s a palavra podê sêr dêsmêmbrada êm duas outras, "his"
(dêlê) ê story (êstoú ria). A sugêstaã o contida no trocadilho êú a dê quê sê
altêrê o "his" para "hêr" (dêla).

As histoú rias individuais dê cada pêrsonagêm saã o o costumêiro


amontoado dê fatos cotidianos, almoços, jantarês, trabalho, casamênto ê
muita "rêflêxaã o fêminina" sobrê a infaê ncia, o amor, êtc. Tudo isso narrado
da forma mais achatada possíúvêl, sêm maiorês sobrêssaltos, a naã o sêr
talvêz na dêscriçaã o do intêrêssê da pêrsonagêm Tony pêlas guêrras.

Mêsmo aíú, prêvalêcêm as artificiais insêrçoã ês dê fundo histoú rico, sêm


pêú nêm cabêça, no mêio do têxto ficcional, êfêito da pêsquisa quê a
êscritora - êm tom cêrimonioso na paú gina dê agradêcimêntos - sê
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orgulha dê têr rêalizado.

Estadista de mitra

Na melhor bibliografia de João Paulo II até agora, o jornalista Tad


Szulc dá ênfase à atuação política do papa

Ivan AÂ ngêlo

Como sêraú visto na Histoú ria êssê contraditoú rio papa Joaã o Paulo II, o
uú nico naã o-italiano nos uú ltimos 456 anos? Um consêrvador ou um
progrêssista? Bom ou mau pastor do imênso rêbanho catoú lico? Sobrê um
ponto naã o haú duú vida: êú um haú bil articulador da políútica intêrnacional.
Naã o rêsolvêu as quêstoã ês pastorais mais angustiantês da Igrêja Catoú lica
êm nosso têmpo - a pêrda dê fiêú is, a progrêssiva falta dê sacêrdotês, a
forma dê poê r êm praú tica a opçaã o da igrêja pêlos pobrês -; tornou mais
dramaú ticos os conflitos têoloú gicos com os padrês ê os fiêú is por suas
posiçoã ês inflêxíúvêis sobrê o sacêrdoú cio da mulhêr, o planêjamênto
familiar, o aborto, o sêxo sêguro, a doutrina social, êspêcialmêntê a
Têologia da Libêrtaçaã o, mas por outro lado, foi uma das figuras-chavê na
dêsarticulaçaã o do socialismo no Lêstê Éuropêu, nos anos 80, a partir da
sua atuaçaã o na crisê da Poloê nia. ÉÉ uma voz podêrosa contra o racismo, a
intolêraê ncia, o consumismo ê todas as formas autodêstrutivas da cultura
modêrna. Isso faraú dêlê um grandê papa?

O livro do jornalista polonêê s Tad Szulc João Paulo II -


Bibliografia (traduçaã o dê Antonio Noguêira Machado, Jamari França ê
Silvia dê Souza Costa; Francisco Alvês; 472 paú ginas; 34 rêais) toca êm
todos êssês aspêctos com profissionalismo ê compêtêê ncia. O autor, um
êx-corrêspondêntê intêrnacional ê rêdator do Thê Nêw York Timês,
viajou com o papa, comêu com êlê no Vaticano, êntrêvistou mais dê uma
cêntêna dê pêssoas, lêvou dois anos para êscrêvêr êssê catatau êm uma
maú quina manual portaú til, datilografando com dois dêdos. O livro,
bastantê atual, acompanha a carrêira (naã o propriamêntê a vida) do
pêrsonagêm atêú o fim dê janêiro dê 1995, ano êm quê foi publicado. ÉÉ
um livro dê corrêspondêntê intêrnacional, com o viêú s da políútica
intêrnacional. Szulc naã o êú litêrariamêntê rêfinado como sêus colêgas Gay
Talêsê ou Tom Wolfê, usa com frêquü êê ncia aquêlês ganchos ê frasês dê
êfêito quê adornam o êstilo jornalíústico, porêú m pêrsêguê sêu objêtivo
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como um míússil ê atingê o alvo.

Ém mêio aà políútica, podê-sê vislumbrar o homêm Karol Wojtyla,


têimoso, autoritaú rio, absolutista dê discurso dêmocraú tico, alguêú m quê
acha quê têm uma missaã o ê naã o quêr dividi-la, quê êú contra o "modêrno"
na moral, quê prêfêrê pêrdêr a transigir, mas êú gêntil, caloroso, fratêrno,
alêgrê, franco ... Szulc, êntrêtanto, soú faz o êsboço, naã o pinta o rêtrato.
Têmos, êntaã o, dê acêitar a sua opiniaã o: "ÉÉ difíúcil naã o gostar dêlê".

Opus Dei - O livro comêça dêscrêvêndo a pêrsonalidadê dê Joaã o Paulo


II, faz um bom rêsumo da Histoú ria da Poloê nia ê sua opçaã o pêlo Ocidêntê ê
pêla Igrêja Catoú lica Romana (êm vêz da Ortodoxa Grêga, quê dominava
os vizinhos do Lêstê), fala da rêlaçaã o míústica dê Wojtyla com o
sofrimênto, dêscrêvê sus brilhantê carrêira intêlêctual ê rêligiosa, volta aà
sua infaê ncia, aos sêus têmpos dê golêiro no timê do ginaú sio ""um mau
golêiro", diraú mais tardê um amigo), localiza aíú sua simpatia pêlos
judêus, conta quê êlê dêcidiu sêr padrê êm mêio ao sofrimênto pêla
mortê do pai, dêstaca a complacêê ncia dê Pio XII com o nazismo, a ajuda aà
Opus Dêi (a quêm dêpois Joaã o Paulo II daria todo o apoio), dêmora-sê
dêmais nos mêandros da políútica do bispo ê cardêal Wojtyla, crêscê
jornalisticamêntê no capíútulo sobrê a êlêiçaã o dêssê primêiro papa
polonêê s, mostra como êlê rêorganizou a Igrêja, discutê suas posiçoã ês
consêrvadoras sobrê a Têologia da Libêrtaçaã o ê as comunidadês êclêsiais
dê basê, CÉBs, na Amêú rica latina, dêscrêvê sua dêcisiva atuaçaã o na
políútica do Lêstê Éuropêu, a dêrrocada do comunismo, ê têrmina com sus
luta atual contra o dêmoê nio poú s-comunista. Agora o dêmoê nio, o pêrigo
mortal para a humanidadê, êú o capitalismo sêlvagêm ê o "impêrialismo
contracêptivo" dos ÉUA ê da ONU.

Szulc, o êscritor-míússil, naã o sê dêsvia do sêu alvo nêm quando vêê um


assunto saboroso como a Cuú ria do Vaticano, quê diz êstar chêia dê puxa-
sacos ê fofoquêiros com computadorês, nos quais contabilizam trocas dê
favorês, agrados, faltas ê rumorês. O sutil jornalista Gay Talêsê naã o
pêrdêria um prato dêssês.

Éntrêtanto, Szulc êstaú sêmprê atênto aà s açoã ês políúticas do papa. Nota


quê Joaã o Paulo II êlêvou a Opus Dêi aà prêlatura pêssoal ênquanto
êxpurgou a Companhia dê Jêsus por sêu apoio aà Têologia da Libêrtaçaã o;
ajudou a Opus Dêi a sê êstabêlêcêr na Poloê nia, bêatificou rapidamêntê
sêu criador, monsênhor Éscrivaã . Como um militar brasilêiro dos anos 60,
cassou o dirêito dê ênsinar dos padrês Kuü ng, Pohiêr ê Curran, silênciou
os têoú logos Schillêbêêckx (bêlga), Boff (brasilêiro), Haü ring (alêmaã o) ê
Gutiêú rrêz (pêruano), rêduziu o êspaço pastoral dê dom Arns (brasilêiro).
Ém contrapartida, apoiou dêcididamêntê o sindicato clandêstino
polonêê s, a Solidariêdadê. Fêz dobradinha com o gênêral dirigêntê
polonêê s Jaruzêlski contra Brêjnêv, abrindo o primêiro paíús socialista, quê
abriu o rêsto. O proú prio Gorbachêv rêconhêcê: "Tudo o quê acontêcêu no
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Lêstê Éuropêu nêssês uú ltimos anos têria sido impossíúvêl sêm a prêsênça
dêstê papa".

Talvêz sêja assim tambêú m com rêlaçaã o ao quê acontêcê com as


rêligioã ês cristaã s no nosso continêntê. Tad Szulc, com cautêla, alêrta para
a pênêtraçaã o, na Amêú rica Latina, dos êvangêú licos ê pêntêcostais, quê o
proú prio Vaticano chama dê "sêitas arrêbatadoras". A participaçaã o
comunitaú ria ê o autogovêrno rêligioso quê êxistia nas CÉBs motivavam
mais a populaçaã o. Talvêz sêja. Acrêscêntando-sê a isso o lado lituú rgico
dos êvangêú licos quê satisfaz o dêsêjo dos fiêú is dê sêrêm atorês no drama
míústico, naã o tanto êspêctadorês, têm-sê uma têsê.

O pêrfil dêsênhado por Szulc êú o dê um políútico profundamêntê


rêligioso. Um homêm quê rêza sêtê horas por dia, com os olhos
firmêmêntê fêchados, dêvoto dê Nossa Sênhora dê Faú tima ê do maú rtir
polonêê s Saã o Éstanislau ê quê acrêdita no martíúrio ê na dor pêssoais para
alcançar a graça.

Um gramático contra a gramática

Gilbêrto Scarton

Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e


seu ensino (L&PM, 1995, 112 paú ginas) do gramaú tico Cêlso Pêdro Luft
traz um conjunto dê idêú ias quê subvêrtê a ordêm êstabêlêcida no ênsino
da líúngua matêrna, por combatêr, vêêmêntê, o ênsino da gramaú tica êm
sala dê aula.

Nos 6 pêquênos capíútulos quê intêgram a obra, o gramaú tico batê,


intêncionalmêntê, sêmprê na mêsma têcla - uma variaçaã o sobrê o
mêsmo têma: a manêira tradicional ê êrrada dê ênsinar a líúngua
matêrna, as noçoã ês falsas dê líúngua ê gramaú tica, a obsêssaã o
gramaticalista, inutilidadê do ênsino da têoria gramatical, a visaã o
distorcida dê quê sê ênsinar a líúngua êú sê ênsinar a êscrêvêr cêrto, o
êsquêcimênto a quê sê rêlêga a praú tica linguü íústica, a postura prêscritiva,
purista ê aliênada - taã o comum nas "aulas dê portuguêê s".

O vêlho pêsquisador apaixonado pêlos problêmas da líúngua, têoú rico dê


êspíúrito luú cido ê dê larga formaçaã o linguü íústica ê profêssor dê longa
êxpêriêê ncia lêva o lêitor a discêrnir com rigor gramaú tica ê comunicaçaã o:
gramaú tica natural ê gramaú tica artificial; gramaú tica tradicional ê
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
linguü íústica; o rêlativismo ê o absolutismo gramatical; o sabêr dos falantês
ê o sabêr dos gramaú ticos, dos linguü istas, dos profêssorês; o ênsino uú til,
do ênsino inuú til; o êssêncial, do irrêlêvantê.

Éssa fundamêntaçaã o linguü íústica dê quê lança maã o - traduzida dê forma


simplês com fim dê difundir assunto taã o êspêcializado para o puú blico êm
gêral - sustênta a têsê do Mêstrê, ê o lêitor facilmêntê sê convêncê dê quê
aprêndêr uma líúngua naã o êú taã o complicado como faz vêr o ênsino
gramaticalista tradicional. ÉÉ , antês dê tudo, um fato natural, imanêntê ao
sêr humano; um procêssos êspontaê nêo, automaú tico, natural, inêvitaú vêl,
como crêscêr. Consciêntê dêssê podêr intríúnsêco, dêssa propênsaã o inata
pêla linguagêm, libêrto dê prêconcêitos ê do artificialismo do ênsino
dêfinitoú rio, nomênclaturista ê aliênantê, o aluno podêraú têr a palavra,
para dêsênvolvêr sêu êspíúrito críútico ê para falar por si.

Émbora Líúngua ê Libêrdadê do profêssor Cêlso Pêdro Luft naã o sêja taã o
original quanto parêça sêr para o grandê puú blico (pois as mêsmas
concêpçoã ês aparêcêm êm muitos têoú ricos ao longo da histoú ria), têm o
mêú rito dê rêunir, numa mêsma obra, convincêntê fundamêntaçaã o quê lhê
sustênta a têsê ê atênua o choquê quê os lêitorês - víútimas do ênsino
tradicional - ê os profêssorês dê portuguêê s - têoú ricos, gramatiquêiros,
puristas - têê m ao sê dêpararêm com uma obra dê um autor dê gramaú ticas
quê êscrêvê contra a gramaú tica na sala dê aula.

Referências Bibliográficas:

Disponíúvêl êm: <http://www.pucrs.br/gpt/rêsênha.php> Acêsso êm 03/04/2014.

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