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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ -

UNOCHAPECÓ
ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS
ENGENHARIA MECÂNICA

MECÂNICA DOS FLUIDOS I

Profa.: Rubieli Carla Frezza Zeferino


Campo

− Base ao estudo de hidráulica. Ex: canais, sistemas de tubulações .

− Cálculo de máquinas hidráulicas e máquinas de fluxo. Ex: bombas e turbinas.

− Máquinas Térmicas (evaporadores, condensadores, trocadores de calor).

− Usinas Hidrelétricas.

− Usinas termelétricas; turbinas eólicas.

− Projetos aerodinâmicos de automóveis; aeronaves e espaçonaves.


Plano de ensino

1. EMENTA

Conceitos Fundamentais;

Estática dos Fluidos;

Formulações Integral e Diferencial de Leis de Conservação;

Escoamento Incompressível;

Análise Dimensional e Semelhança;

Escoamento Interno Viscoso Incompressível.


Plano de ensino
2. JUSTIFICATIVA

Dentro das habilidades e competências do profissional de Engenharia


Mecânica está a qualificação para projetar componentes, máquinas, equipamentos
mecânicos e processos, além de organizar e supervisionar suas etapas de
fabricação, montagem, funcionamento e manutenção bem como projetar instalações
industriais que preservam o meio ambiente.

Neste contexto, uma das atribuições do Engenheiro Mecânico está relacionada à


especificação e dimensionamento de equipamentos de fluxo com aplicação em
diversos setores.

Para tanto, conhecimentos de estática e dinâmica dos fluidos, conservação de


massa e energia são necessários, e nesta disciplina estes conhecimentos serão
aprofundados.
3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver a habilidade para identificar e classificar os diversos


escoamentos de interesse em engenharia e aplicar formulações integral e diferencial
na solução de problemas envolvendo a presença de fluidos.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

− Fornecer definições operacionais ligadas aos fenômenos de Transporte dos


Fluidos;
− Desenvolver uma metodologia para resolução dos problemas envolvendo
mecânica dos fluidos;
− Aplicar os conceitos básicos da estática e da dinâmica dos fluidos na resolução
de problemas de engenharia;
− Compreender as equações de balanço de movimento, massa e energia, bem
como as simplificações aplicadas a casos específicos;
− Particularizar as equações fundamentais do escoamento de fluídos, visando
aplicações em problemas de engenharia.
− Estabelecer conexões entre conceitos novos e prévios, especialmente nas áreas
de fenômenos de transporte, termodinâmica, cálculo integral e diferencial.
4. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Conceitos e definições fundamentais


- Fluido;
- Meio contínuo;
- Massa específica;
- Vazão e velocidade média;
- Pressão absoluta e relativa;
- Trabalho;
- Viscosidade;
- Tensão de cisalhamento;
- Sistema e Volume de controle.

Sistemas de unidades e conversão de unidades

Reologia de Fluidos
- Fluido Newtoniano e Não Newtoniano.

Regime de escoamentos
- Escoamentos laminares e turbulentos;
- Experimento de Reynolds;
- Escoamentos viscosos incompressíveis.
Estática dos fluidos
- Lei de Pascal;
- Equação Básica da Estática para Fluidos Incompressíveis;
- Manometria e pressão manométrica;
- Flutuação e Empuxo.

Balanços Globais das Leis de Conservação (Forma Integral)


- Balanço Global (Integral) de Massa;
- Balanço Global (Integral) de Energia;
- Balanço Global (Integral) de Quantidade de Movimento;
- Equação de Bernoulli sem dissipação de energia mecânica;
- Equação de Bernoulli com dissipação de energia mecânica;
- Equação de Bernoulli modificada para situações com bombas e turbinas;
- Determinação da perda de carga em acessórios e tubulações.

Balanços Diferenciais das Leis de Conservação


- Equação da continuidade na forma diferencial;
- Balanço Diferencial de Movimento de fluido;
- Equações de Navier-Stokes;
- Aplicações das Equações de Navier-Stokes.
Escoamento interno e externo de fluidos viscosos incompressíveis
- Conceito de Camada Limite hidrodinâmica;
- Espessura da camada limite hidrodinâmica;
- Método de solução;
- Escoamento ao redor de corpos submersos.

Análise dimensional e Similaridade


- Natureza da análise dimensional;
- Teorema dos Pi’s de Buckingham;
- Determinação de grupos adimensionais;
- Grupos adimensionais de importância em Mecânica dos Fluidos;
- Semelhança de escoamentos e estudo de modelos.
5. METODOLOGIA

- Aula expositiva e dialogada dos tópicos apresentados no conteúdo da disciplina em


sala de aula.
- Demonstração e análise dos conteúdos teóricos com solução de exemplos em sala
de aula que envolvam problemas com aplicação na Engenharia Mecânica.
- Estudo da formulação matemática envolvendo os conceitos de mecânica dos
fluidos.
- Indicação de listas de exercícios com aplicações básicas e aprofundadas dos
conhecimentos tratados.

5.1 Trabalho Discente Efetivo (TDE)

- Composto por diversas listas de exercícios de aplicações dos conteúdos trabalhados


no decorrer da disciplina, para dedicação do aluno extra-classe, de modo a reforçar e
aplicar os conceitos estudados.
- Observação: O TDE não compõem avaliação.
6. CRONOGRAMA
Avaliação A1: 11/09/17
Avaliação A2: 23/10/17
Avaliação A3: 11/12/17

7. AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO
- Uma avaliação individual e escrita (A1), com peso de 30%, referente ao conteúdo
ministrado até o primeiro terço da disciplina.
- Uma avaliação individual e escrita (A2) com peso de 30%, referente ao conteúdo
ministrado até o segundo terço da disciplina.
- Uma avaliação individual e escrita (A3) com peso de 40%, referente ao conteúdo
ministrado até o terceiro terço da disciplina.
- Todas as avaliações podem ser cumulativas.
- A nota da prova de A3, para os casos em que for superior às demais, pode substituir
a menor nota, de A1 ou A2.

Média Final=A1*0,3 + A2*0,3 + A3*0,4


7. AVALIAÇÃO

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

- Capacidade de adaptação do conteúdo teórico aos problemas tratados.

- Capacidade de reconhecimento e modelagem dos sistemas tratados.

- Capacidade de solução analítica dos problemas propostos.

- Capacidade de aplicação dos conteúdos a novos problemas.


8. REFERÊNCIAS

8.1. Referência Básica (minimo 3)


MUNSON, Bruce R.; YOUNG, Donald F.; OKIISHI, Theodore H.. Fundamentos da
mecânica dos fluidos. 1. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.
BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluídos. 2. ed. rev. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2008. 431 p. ISBN 9788576051824. Disponível em:
<https://unochapeco.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576051824/p
ages/_1>. Acesso em: 9 jul. 2015.
FOX, Robert W.; MCDONALD, Alan T.. Introdução à mecânica dos fluídos. 6. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2006.

8.2. Referência Complementar (minimo 5)


ÇENGEL, Yunus A.; JOHN, John M. Mecânica dos fluidos – fundamentos e
aplicações. 1. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2007.
BRAGA FILHO, Washington. Fenômenos de Transporte para Engenharia. Rio de
Janeiro: LTC, 2006.
POTTER, Merle C.. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Thomson, 2004.
BIRD, R. Byron; STEWART, Warren E.; LIGHTFOOT, Edwin N. Fenômenos de
transporte. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC c2004. 838 p. ISBN 8521613938.
BENNETT, C. O.; MYERS, J. E. Fenômenos de transporte: quantidade de
movimento, calor e massa. São Paulo: Makron Books, 1978. 812 p.
9. INFORMAÇÕES ADICIONAIS

- No caso de faltar em alguma avaliação, o acadêmico deve proceder conforme


manual de normas e procedimentos acadêmicos para os cursos de graduação da
UNOCHAPECÓ. Não serão aplicadas avaliações fora da data programada, exceto
se o acadêmico possuir justificativa deferida pela instituição.
- Possibilidade de uso de Trabalho Orientado - TO, durante o decorrer do semestre.
- Possibilidade de avaliação da participação e interesse individual do acadêmico no
decorrer do andamento da disciplina.
- A disciplina dispõem de monitoria, os horários de atendimento do/a monitor/a
serão encaminhados por email.
- Caso o acadêmico necessite de atendimento com a professora, deverá entrar em
contato por email (rubifrezza@unochapeco.edu.br) para agendamento de
horário.
- O canal de comunicação oficial da disciplina extra-classe é o via email.
Introdução
 Fenômenos de transportes: Ciência que estuda o
equilíbrio e o movimento de corpos sólidos, líquidos e
gasosos, bem como as causas que provocam este
movimento;

 Em se tratando somente de líquidos e gases, que são


denominados fluidos, recai-se no ramo conhecido como
Fenômenos de transportes ou Mecânica dos Fluidos.
HISTÓRICO DA MECÂNICA DOS FLUIDOS
Surge com a necessidade de utilizar a água disponível na natureza.

Romanos e Incas  sistemas de canais


Asia Central  sistemas de irrigação

Princípio de Arquimedes

Canal inca Um aqueduto romano que ia das


Lagoas de Salomão
para Jerusalém
Por que estudar MECÂNICA DOS FLUIDOS?
O projeto de todos os meios de transporte requer a aplicação dos
princípios de Fenômenos de Transporte. Exemplos:
 as asas de aviões para vôos subsônicos e supersônicos
 máquinas de grande efeito
 aerobarcos
 pistas inclinadas e verticais para decolagem
 cascos de barcos e navios
 projetos de submarinos e automóveis
Por que estudar MECÂNICA DOS FLUIDOS?

 Projeto de carros e barcos de corrida (aerodinâmica);


 Sistemas de propulsão para vôos espaciais;
 Sistemas de propulsão para fogos de artifício;
 Projeto de todos os tipos de máquinas de fluxo incluindo bombas,
separadores, compressores e turbinas;
 Lubrificação;
 Sistemas de aquecimento e refrigeração para residências particulares
e grandes edifícios comerciais;
Por que estudar Fenômenos de transportes?
Por que estudar Fenômenos de transportes?

 O sistema de circulação do sangue no corpo


humano é essencialmente um sistema de
transporte de fluido e como conseqüência o
projeto de corações e pulmões artificiais são
baseados nos princípios de Fenômenos de
Transporte.

 O posicionamento da vela de um barco para


obter maior rendimento com o vento e a
forma e superfície da bola de golfe para um
melhor desempenho são ditados pelos
mesmos princípios.
Previsão do tempo
Furacão Catarina
Março 2004
Temperatura crítica
~ 27ºC
Itaipu
Simulação em túnel de vento
Por que estudar Mecânica dos Fluidos?

O conhecimento e entendimento dos princípios e conceitos


básicos da Mecânica dos Fluidos são essenciais na análise e projeto de
qualquer sistema no qual um fluido é o meio atuante. O projeto de todos
os meios de transporte requer a aplicação dos princípios de Mecânica
dos Fluidos.

Mecânica dos fluidos: É a ciência que trata do comportamento dos fluidos em


repouso e em movimento.

Estática: Estuda os esforços nos fluidos quando não existe movimento relativo
entre as porções de fluido.

Dinâmica: Estuda o movimento e deformações nos fluidos, provocados por


esforços de cisalhamento.
INTRODUÇÃO

O estudo de fenômenos de transporte tem aplicações muito importantes na


engenharia, é indispensável para projeto, operação e otimização de processos e
equipamentos, em todos os campos da engenharia.

Os fenômenos de transferência tratam basicamente da movimentação de uma


grandeza física de um ponto a outro do espaço, e são eles:

a) Transporte de quantidade de movimento;


b) Transporte de energia térmica;
c) Transporte de massa.
Fenômenos de Transportes: tem como objeto de estudo os mecanismos governantes
básicos para a transferência de grandezas físicas entre dois pontos do espaço (leis
fundamentais), por intermédio de modelos matemáticos adequados.
Está disciplina trata do meio mais eficiente de transmitir o conhecimento das
áreas de transferência de massa, energia e quantidade de movimento.
Força Motriz: É a diferença de uma grandeza entre entre dois pontos (é dado pelo
gradiente unidirecional dB/dx).
O movimento no sentido do equilíbrio é causado por uma diferença de potencial
A quantidade de movimento e a sua conservação

Podemos explicar tal fenômeno pela


Terceira lei de Newton, pois quando um
patinador exerce uma força sobre o
outro, ele recebe simultaneamente uma
força igual e oposta do seu colega

Após o empurrão, os dois patinadores irão ter velocidades em sentidos opostos e pode
se observar que, se multiplicarmos a massa de cada patinador pela sua respectiva
velocidade, o resultado dessa operação será a mesma para os dois patinadores.

O produto da massa do corpo pela a sua velocidade


é definido como QUANTIDADE DE MOVIMENTO e
a sua orientação é sempre a mesma da velocidade

QM e velocidade terão a
mesma direção e sentido
Definições
Quais as diferenças fundamentais entre fluido e sólido?
 FLUIDO suas moléculas trocam de posição tomando a forma do recipiente, deformável.

 SÓLIDO é duro e muito pouco deformável.


A diferença fundamental entre o sólido e fluido está relacionada com a estrutura
molecular:

 Sólido: as moléculas sofrem forte força de atração (estão muito próximas umas das
outras) e é isto que garante que o sólido tem formato próprio;
 Fluido: apresenta as moléculas com um certo grau de liberdade de movimentação
(força de atração pequena) e não apresentam um formato próprio.

FLUIDOS

Líquidos: possuem uma interação molecular forte quando comparado com os gases, e
por isso este tornam a forma de um recipiente, porém restringindo-se a um volume
finito.
Gases: suas moléculas possuem forças intermoleculares desprezíveis, e por isso, além
de tomarem a forma do recipiente, o preenchem completamente.
FLUIDO: Um fluido pode ser definido como uma substância que se deforma
continuamente quando submetida a uma tensão de cisalhamento (enquanto existir a
ação de forças), ainda que seja pequena.
FLUIDO  FLUIR  ESCOAR
Fluido Ideal: é aquele no qual a viscosidade é nula, isto é, não há forças tangenciais de
atrito entre as moléculas .
Fluido incompressível: são aqueles que para qualquer variação de pressão não
ocorre variação de seu volume (ρ = constante).
Fluido compressível: são aqueles que para qualquer variação de pressão ocorre
variações sensíveis de seu volume (ρ não é constante).
Partícula Fluida: É a quantidade de fluido contida em um volume infinitesimal, porém
com as mesmas propriedades do referido fluido.
Hipótese do Contínuo: Para facilitar o estudo, desprezam-se o espaçamento
intermoleculares e a mobilidade das moléculas do fluido, considerando-o como meio
contínuo, que pode ser dividido, infinitas vezes, em partículas fluidas entre as quais se
supõe não haver vazios. A hipótese do contínuo permite generalizar as equações de
movimento, podendo-se utilizar estas equações indistintamente para gases e líquidos
(uma vez considerados meios contínuos).
Sistema: Um sistema é qualquer parte do universo, identificada de matéria, com massa
e identidade fixas. Tudo o que é externo ao sistema é denominado vizinhança. O
sistema é separado das vizinhanças pelas fronteiras do sistema e essas fronteiras
podem ser móveis ou fixas. Exemplo: O gás contido num cilindro.

Se um bico de Bunsen é colocado sob o cilindro, a T do gás aumentará e o êmbolo


se elevará, quando isso ocorre a fronteira do sistema se move. Posteriormente veremos
que calor e trabalho cruzam a fronteira do sistema durante esse processo, mas a
matéria que compõe o sistema pode sempre ser identificada e permanece a mesma.
Um sistema isolado é aquele que não é influenciado, de forma alguma, pelas
vizinhanças, ou seja, calor e trabalho não cruzam a fronteira do sistema.
Volume de controle: Região delimitada (arbitrária e imaginária) por uma fronteira onde
uma determinada grandeza é observada.
Assim, um SISTEMA é definido quando se trata de uma
quantidade fixa de massa e um VOLUME DE CONTROLE é
especificado quando a análise envolve fluxos de massa.
Vazão: é a quantidade de fluido que passa através de uma seção por unidade de
tempo. A quantidade de líquido pode ser medida em unidades de massa ou de
volume.
volume
Q  ub  A Vazão volumétrica   [m 3 / s ]
tempo

w    ub  A massa
Vazão mássica   [kg / s]
tempo
Velocidade: O termo velocidade normalmente refere-se a velocidade média de
escoamento através de uma seção. Ela pode ser determinada dividindo-se a vazão
pela área da seção considerada.
Q w vazão
ub  ub  velocidade   [m / s]
A  A área
Velocidade média: é descrita como sendo a soma de todas as velocidades
multiplicada por cada elemento de área e dividindo pela área total.
1
ub  
Área Área
u dA
Exemplo 1: Considere um fluido escoando no interior de uma calha retangular, ao
longo do comprimento da calha, preenchendo metade da área da seção transversal da
mesma, cuja largura é igual a “b” e altura igual a “h”. Calcule a velocidade média de
escoamento do fluido na calha sabendo que o perfil de velocidade, em m/s, é dado pela
equação:

Exemplo 2: Considere um fluido escoando no interior de um duto circular de raio R, ao


longo do seu comprimento, preenchendo toda a área da seção transversal do duto.
Calcule a velocidade média de escoamento do fluido no duto sabendo que o perfil de
velocidade, em m/s, é dado pela equação:
Fluxo: é a taxa de uma grandeza sobre a área. Além dos fluxos mássicos, é muito
usado o fluxo de energia.

Trabalho: Em física, há realização de um trabalho sempre que há aplicação de uma


força a um corpo e este se desloca na direção da força. O trabalho é uma forma de
energia em trânsito, isto é, energia sendo transferida através da fronteira do sistema. O
trabalho é igual ao produto da força pela distância percorrida na direção da força.

W   Fdx  [J ]

 O sistema realiza trabalho sobre as vizinhanças (W +)  Significa que sai energia do


sistema
 A vizinhança realiza trabalho sobre o sistema (W –)  Significa que que energia é
acrescentada ao sistema.
Potência: É o trabalho realizado por unidade de tempo. P  Trabalho  dW  [ J / s]
Tempo dt

Massa específica (): é a quantidade de matéria de uma substância qualquer contida


na unidade de volume. É a relação de sua massa com o seu volume.
m  kg 
  3
V m 
Densidade relativa (SG - specific gravity): mede a densidade de um fluido em relação
a um fluido de referência (geralmente a água quando líquido e ar para gases).
Para líquidos Para gases

   
SG água  0
 3 SGar   Adimensional
 4 C
água
1000 kg / m  ar 1,2kg / m3

Volume específico: é o volume ocupado por uma unidade de massa da substância


considerada e Peso específico: é definido como o peso da substância contida numa
unidade de volume.
 m3 
1 N 
V      g   3 
  kg  m 
Pressão média (P) e Tensão de cisalhamento média (T):

A pressão pode ser definida pelo quociente de uma força de módulo constante,
perpendicular a uma superfície sujeita à sua ação, dividida pela área dessa superfície.

A tensão de cisalhamento é a força aplicada sobre um corpo sólido, por unidade de


área, e que provoca o deslocamento lateral, paralelamente a si mesmo, de um plano do
corpo.

FN F
P e 
A A
Escalas de pressão

Pressão atmosférica: É a pressão exercida sobre a superfície da terra pelo peso da


atmosfera. É medida por um barômetro, por isso também é conhecida como pressão
barométrica. No nível do mar: Patm = 1 atm = 101325 Pa
Experimento de Torricelli (1608-1647) para determinar a pressão atmosférica ao nível
do mar.

Na figura, as pressões nos pontos A e B são iguais (pontos na


mesma horizontal e no mesmo líquido). A pressão no ponto A
corresponde à pressão da coluna de mercúrio dentro do tubo, e
a pressão no ponto B corresponde à pressão atmosférica ao
nível do mar.
Como a coluna de mercúrio que equilibra a pressão
atmosférica é de 76 cm, dizemos que a pressão atmosférica ao
nível do mar equivale à pressão de uma coluna de mercúrio de
76 cm.
Pressão absoluta: É a pressão medida em relação ao vácuo total ou zero absoluto. É
a pressão igual a pressão da altura da coluna de líquido somada a pressão atmosférica.
PABS = PAtm + PManométrica

Pressão Efetiva, Manométrica ou Relativa: é simplesmente o valor da pressão


causada pela altura da coluna de líquido, sendo uma indicação de quanto a pressão no
ponto é maior do que a pressão atmosférica. Quando a pressão é menor que a
atmosfera, temos uma “pressão manométrica negativa”:
PMANOMÉTRICA = PABS - PATM

Pressão de vapor: Pressão de vapor de um fluido a uma determinada temperatura é


aquela na qual coexistem as fases líquido e vapor. Nessa mesma temperatura, quando
tivermos uma pressão maior que a pressão de vapor, haverá somente a fase líquida e
quando tivermos uma pressão menor que a pressão de vapor haverá só a fase vapor.
Quando a pressão local é menor que a pressão de vapor tem-se o fenômeno de
cavitação. Em instalações hidráulicas tem-se o fenômeno da cavitação quando bolhas
de vapor se formam em regiões de baixa pressão e implodem em superfícies sólidas ao
encontrarem campo de pressão positiva.
Aparelhos medidores de pressão
Barômetro: A pressão atmosférica é medida pelo barômetro.

Consiste de um tubo de vidro graduado cheio de líquido e virado de cabeça


para baixo dentro de um recipiente, aberto para a atmosfera, e cheio do mesmo líquido.
O líquido dentro do tubo de vidro descerá até uma certa posição, a ser posteriormente
lida na graduação do tubo, quando se equilibrará com a pressão atuante na superfície
livre do líquido no recipiente.

Na parte superior do tubo de vidro ocorre o vácuo, praticamente, ou pressão


zero absoluto, pois despreza-se a pressão de vapor do líquido.

A pressão atmosférica padrão é = 760 mmHg = 10.330 kgf/m2 = 101,3 kPa


Piezômetro: Consiste de um tubo de vidro graduado ligado diretamente à tomada de
pressão.

Sabendo-se o peso específico do fluido, calcula-se a pressão. Somente usado para


pequenas pressões e para pressões efetivas positivas de líquidos.
Manômetro com tubo em U: é adequado para medir pressões negativas, quando o
nível do fluido estiver abaixo do nível A, no ramo direito do tubo.

Pode ser usado para medir pressão de gases quando é usado um fluido manométrico
que, em geral, é o mercúrio.

Manômetros de tubo em U

Manômetros diferenciais
Manômetro metálico ou de Bourdon: Pressões são medidas normalmente por
manômetros metálicos, que consistem de um tubo metálico, que quando submetido à
pressão se deforma, causando o deslocamento de sua extremidade que está ligada a
um ponteiro por um sistema de alavancas.

A pressão indicada por este manômetro é sempre a pressão relativa.


Princípio da aderência:

Partículas de fluido que estão juntas a um contorno sólido (camada limite)


apresentam a mesma velocidade do contorno (corpo) sólido.

Experiência das duas placas:

Um problema clássico é o escoamento induzido entre duas placas, uma inferior


fixa e uma superior movendo-se uniformemente a velocidade V. Aplicando-se o
princípio da aderência à experiência das duas placas, chegamos a um perfil onde
vemos que a velocidade do fluido junto à placa fixa é nula, e a velocidade junto à
placa móvel é máxima.
Lei de Newton da viscosidade:

Newton realizou o experimento das duas placas planas e verificou que ao aplicar a
força F na placa superior (móvel), esta era inicialmente acelerada até adquirir uma
velocidade constante, o que permitiu concluir que o fluido aplicava a placa uma
força contrária ao movimento e de mesma intensidade. Após a realização de
vários experimentos, chegou a seguinte equação:

du
 
dy

Onde:  = Tensão de cisalhamento;


 = Viscosidade absoluta ou dinâmica;
du
= Gradiente de velocidade. Isaac Newton
dy
Viscosidade: Viscosidade é a propriedade física de um fluido que exprime sua
resistência ao escoamento e que se deve ao movimento relativo entre suas partes, isto
é, a qualquer força que tenda produzir o escoamento entre suas camadas. Assim, num
fluido real, as forças internas de atrito tendem a impedir o livre escoamento.
A viscosidade tem importante influência ao fenômeno do escoamento, notadamente nas
perdas de pressão no escoamento dos fluidos.
Esta não se manifesta se o fluido estiver em repouso.

Para os fluidos, a viscosidade é o análogo da fricção, assim podemos pensar que a


viscosidade é a medida do atrito do fluido.
Podemos entender que quanto maior a viscosidade, menor a velocidade em que o
fluido se movimenta (para uma mesma força aplicada).
Viscosidade cinemática: Leva em consideração a inércia e é definida como o
quociente entre a viscosidade dinâmica e a massa específica. Os fluidos são
substâncias viscosas, e isso significa que suas moléculas aderem às paredes das
tubulações, produzindo assim atrito e perda de carga. Na Mecânica dos Fluidos
podemos definir a viscosidade cinemática como sendo:

  m2 
   
  s 
Onde: ν é a viscosidade cinemática, μ é a viscosidade absoluta, ρ é a massa
específica.

Viscosidade dinâmica ou absoluta: Exprime a medida das forças internas de atrito


do fluido. É aquela que é medida por um sistema de geometria que não sofre
influência da gravidade para a obtenção desta medida.
Ex. Viscosidade absoluta da água [cP].
1,78

1  0,0337  T  0,000221  T 2
Tensão de cisalhamento: é a relação entre a componente tangencial da força F e
a área da superfície onde ela está aplicada. É a tensão gerada por forças aplicadas
em sentidos opostos, porém mesma direção.

Consideremos um elemento de volume com a forma de um paralelepípedo e


consideremos a resposta do material a uma força externa aplicada.

Sob estas condições, se desenvolverá uma força interna agindo na


mesma direção, mas em sentido contrário, denominada tensão, definida
como força por área. Existem basicamente dois tipos de tensão:
•Tensões normais: agem perpendicularmente às faces do corpo.
•Tensões de cisalhamento: agem tangencialmente às faces do corpo.
Exemplo 3: Considere que o fluido que escoa no exemplo 1 é a água, cuja viscosidade
na temperatura de escoamento é de 1,06x10-3 kg/ms. Calcule a tensão de cisalhamento
na superfície da calha. Lembrando que o perfil de velocidade em m/s, é dado pela
equação:

Exemplo 4: Considere que a viscosidade do fluido que escoa no exemplo 2, na


temperatura média de escoamento é igual a 0,0157kg/ms. Calcule a tensão de
cisalhamento do fluido nas paredes do duto de 20cm de dîâmetro. Lembrando que o
perfil de velocidade em m/s, é dado pela equação:
CLASSIFICAÇÃO DOS ESCOAMENTOS

REGIME PERMANENTE (ESTACIONÁRIO) E TRANSIENTE


 No escoamento permanente, as propriedades e características do fluxo são
independentes do tempo.
 Isto significa que não existem mudanças nas propriedades deste fluxo em um
determinado ponto com o decorrer do tempo, mas pode ter mudanças espaciais (de
um ponto com relação ao outro).
 Escoamento ou regime transiente, as propriedades e características do fluxo
dependem do tempo.

CLASSIFICAÇÃO DO MOVIMENTO
 Um escoamento é classificado como uni, bi ou tridimensional de acordo com o
número de coordenadas espaciais necessárias para especificar seu campo de
velocidade. O campo de velocidade pode ser em função de três coordenadas
espaciais e do tempo.
 Ponto de estagnação: Ponto onde o fluido fica em repouso.
 Escoamento Uniforme: A velocidade e outras propriedades do fluido são constantes
sobre a área.
 Escoamento não-viscoso: Os efeitos viscosos não influenciam significativamente o
escoamento.
 Escoamento viscoso: Os efeitos da viscosidade são significativos.
 Escoamento externo: Escoamentos existentes fora do corpo (material).
 Escoamento interno: Escoamentos existentes dentro do corpo (material).
 Escoamento incompressível: A massa específica de cada partícula do fluido
permanece constante. São aqueles provocados por uma variação de pressão que
origina, tanto uma variação na temperatura como de volume desprezíveis, o que faz
a massa específica ser constante.
 Escoamento compressível: Variações da massa específica influenciam o
escoamento. São aqueles provocados por uma variação de pressão que origina,
tanto uma variação na temperatura como de volume sensíveis, logo a massa
específica não é constante.
 Escoamento Totalmente desenvolvido: Neste caso os perfis de velocidade não
variam com relação às coordenadas espaciais na direção do escoamento.
 Escoamentos irrotacionais: Escoamentos nos quais as partículas do fluido não giram.

 Regime de Escoamento: Um escoamento viscoso pode ser classificado como


laminar ou turbulento.
 Escoamento em Regime Laminar
Escoamento sem nenhuma mistura significativa de partículas, mas com
tensões de cisalhamento viscosas significativas (As moléculas se deslocam sem que
haja a mistura entre as camadas de fluidos).
 Escoamento em Regime Turbulento
O escoamento varia irregularmente, de tal forma que as quantidades do
escoamento mostram variações aleatórias. As moléculas se deslocam em turbilhões,
tem-se a transmissão de quantidade de movimento em muitos sentidos em virtude dos
choques entre as moléculas (movimento das moléculas de fluido entre as camadas
adjacentes).

 O regime de escoamento depende de três parâmetros físicos que descrevem as


condições do escoamento. Sendo estes:
- o comprimento de escala (diâmetro do duto ou o comprimento).
- a velocidade de escala.
- a viscosidade cinemática.
Estes três parâmetros podem ser combinados em um único parâmetro
adimensional, que serve como ferramenta para prever o regime de escoamento. Essa
quantidade é o número de Reynolds, em homenagem a Osborne Reynolds (1842-
1912), definida como:

Reagrupando:

Sendo ub=v que corresponde a velocidade média


Sistemas de Unidades

 No nosso dia-a-dia expressamos quantidades ou grandezas em termos de outras


unidades que nos servem de padrão. Um bom exemplo é quando vamos à padaria e
compramos 2 litros de leite ou 400g de queijo.

 Na Física é de extrema importância a utilização correta das unidades de medida.


Existe mais de uma unidade para a mesma grandeza, por exemplo, 1 metro é o mesmo
que 100 centímetros ou 0,001 quilômetro.

Em alguns países é mais comum a utilização de graus Fahrenheit (°F) ao invés de
graus Celsius (°C) como no Brasil. Isso porque, como não existia um padrão para as
unidades, cada pesquisador ou profissional utilizava o padrão que considerava melhor.
Sistemas de Unidades

Sistema Internacional de Unidades

 Como diferentes pesquisadores utilizavam unidades de medida diferentes, existia um


grande problema nas comunicações internacionais.

 Como poderia haver um acordo quando não se falava a mesma língua? Para
resolver este problema, a Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) criou o
Sistema Internacional de Unidades (SI).

 O Sistema Internacional de Unidades (SI) é um conjunto de definições, ou sistema de


unidades, que tem como objetivo uniformizar as medições. Na 14ª CGPM foi acordado
que no Sistema Internacional teríamos apenas uma unidade para cada grandeza. No
Sistema Internacional de Unidades (SI) existem sete unidades básicas que podem ser
utilizadas para derivar todas as outras.
Neste curso utilizaremos quatro dimensões fundamentais:

• tempo,
• comprimento,
• massa e
• temperatura.

Unidades são meios de expressar numericamente as


dimensões.
Sistema CGC

 Massa - grama (g)


 Distância - centímetro (cm)
 Tempo - segundo (s)
 Temperatura - grau centígrado (ºC)

 Força = massa * aceleração


 aceleração = 1 cm/s2
 1 dyn = 1 g * cm * s -2
Sistema Internacional - SI

 Massa - kilograma (kg)


 Distância - metro (m)
 Tempo - segundo (s)
 Temperatura - Kelvin (K)

 Força = massa * aceleração


 aceleração = 1 m/s2
 1 Newton = 1 kg * m * s -2
Sistema Inglês

Tem cinco dimensões primárias :


 Massa libra-massa (lbm)
 Distância pé (ft)
 Tempo segundo (s)
 Temperatura grau Rankine (ºR)
 Força libra-força (lbf)

 g = 32,17 ft/s2
 1 lbf gc = 1 lbm g
 gc = 32,17 lbm lbf-1 * ft-1 *s-2
Unidades Derivadas do (SI)

 As unidades derivadas do SI são definidas de forma que sejam coerentes com as


unidades básicas e suplementares, ou seja, são definidas por expressões algébricas
sob a forma de produtos de potências das unidades básicas do SI e/ou
suplementares, com um fator numérico igual a 1. Várias unidades derivadas no SI
são expressas diretamente a partir das unidades básicas e suplementares, enquanto
que outras recebem uma denominação especial (Nome) e um símbolo particular.

 Se uma dada unidade derivada no SI puder ser expressa de várias formas


equivalentes utilizando, quer nomes de unidades básicas/suplementares, quer nomes
especiais de outras unidades derivadas SI, admite-se o emprego preferencial de
certas combinações ou de certos nomes especiais, com a finalidade de facilitar a
distinção entre grandezas que tenham as mesmas dimensões. Por exemplo, o 'hertz'
é preferível em lugar do 'segundo elevado á potência menos um'; para o momento de
uma força, o 'newton * metro' tem preferência sobre o joule.
Exemplo 5: Converter as unidades abaixo para o SI.
a) 15 slug/in3
b) 200 lbf
c) 7,5 lbf.s/ft2
d) 11,8 cP
e) 500 dina/mm2
f) 10 hp
g) 120 BTU/h
h) 200 kgf/cm2
i) 23,4 pdl.in
j) 40 ft/min
Reologia dos Fluidos

Em linhas gerais, reologia é a ciência que estuda a deformação e o


escoamento da matéria.

A reologia é o ramo da mecânica dos fluidos que estuda as propriedades


físicas que influenciam o transporte de quantidade de movimento num fluido.

A viscosidade é a propriedade reológica mais conhecida, e a única que


caracteriza os fluidos newtonianos.

A reologia estuda a viscosidade, plasticidade, elasticidade e o escoamento da


matéria, ou seja, um estudo das mudanças na forma e no fluxo de um material,
englobando todas estas variantes.
Reologia dos Fluidos

Podemos então concluir que é a ciência responsável pelos estudos do fluxo e


deformações decorrentes deste fluxo, envolvendo a fricção do fluido.

Esta fricção ocorre internamente no material, onde uma camada de fluido


possui uma certa resistência ao se deslocar sobre outra.

Tudo isto envolve uma complexidade de fatores. O tamanho e geometria de


cadeia é um exemplo possível.

Enquanto temos os solventes que possuem uma viscosidade desprezível,


temos também as resinas, com uma viscosidade elevada, graças ao tamanho de sua
cadeia polimerizada. Ambos são compostos orgânicos, mas seus comportamentos são
totalmente diferentes.
Esquema de classificação dos fluidos segundo
comportamento reológico
Fluido Newtoniano
Apresenta uma relação linear entre a tensão de cisalhamento e o gradiente de
velocidade (du/dy) (todos os gases e líquidos de baixo peso molecular).
Possui um único valor de viscosidade, em uma dada temperatura.
Exemplos: gases, água, leite, soluções de sacarose e óleos vegetais

du
 
dy
Fluidos Não-Newtoniano
A relação entre a tensão de cisalhamento e a deformação não é linear. Não
existe uma constante linear  fixa e conhecida.
n
 du 
Equação geral:   k 
 dy 
Fluidos Viscoelásticos
Existem fluidos que exibem muitas características de sólidos, são os chamados
viscoelásticos.
Os fluidos viscoelásticos são substâncias que apresentam propriedades viscosas e
elásticas acopladas.
A resistência a deformação é proporcional ao efeito viscoso acrescido de um efeito
adicional elástico, que é função do tempo.
Quando cessa a tensão de cisalhamento ocorre uma certa recuperação da
deformação.
Exemplos: massas de farinha de trigo, gelatinas, queijos, borracha, glicerina, plasma, saliva e
polímeros fundidos.
Lista de Exercícios!!!

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