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Brasília/DF
Fevereiro de 2014
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
Elaboração
Colaboradores
Agradecimento
Alana Coelho Maciel - CGVAM/MS Marcos Paulo Pafume Ribeiro - SMS/São Paulo
Alexsandro Xavier Bueno - SES/SE Marina Imaculada Ferreira Caldeira - SES/MG
Ana Claúdia Campos da Silva - SES/DF Orlei Amaral Cardoso - SES/ES
Ana Rosa Alves Ferreira - SES/MA Paula Dias Bevilacqua - UFV
Daniel Adolpho Cerqueira – CGVAM/MS Rafael Kopschitz Xavier Bastos - UFV
Cesarino Junior Lima Aprígio - SES/RO Raimunda das Chagas Mendonça -
SMS/Manaus
Diana Steica de Almeida - SES/MS
Rodrigo Bentes - SES/PA
Elisângela Martins Lobo - SES/GO
Salzano Barreto - SES/RS
Fernando Seródio - SES/RJ
Telma Luzia Monteiro – SES/MT
Francisco Carlos Portela - SES/SC
Francisco Dameão Da Silva - SES/RN
Gabriella Magalhães Alves - SES/DF
Genival Soares Paixão - SES/PB
Ivete Silva de Souza Fernandes - SES/RR
Julce Clara da Silva - SES/RS
Lúcia Helena de Assis - SES/GO
Lúcia Isabel De Araújo – SMS/Curitiba
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página 1
Sumário
1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................. 3
2. OBJETIVO ......................................................................................................................................... 3
3. MONITORAMENTO DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO ............... 3
4. PLANO DE AMOSTRAGEM DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO ... 6
4.1. Plano de Amostragem Básico ................................................................................................... 6
4.1.1. Considerações sobre os parâmetros básicos: quando e onde monitorar e quais as possíveis
interpretações dos resultados .............................................................................................................. 8
4.2. Plano de Monitoramento de Agrotóxicos ................................................................................ 13
4.3. Plano de Monitoramento Específico ....................................................................................... 13
4.4. Plano de Monitoramento para Evento de Saúde Pública ......................................................... 14
5. IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE AMOSTRAGEM ................................................................................ 15
5.1. Informações necessárias à elaboração do Plano de Amostragem........................................... 15
5.2. Definição dos Pontos de Coleta de Amostras ......................................................................... 17
5.3. Procedimentos e Programação de Coleta de Amostras de Água para Consumo Humano ....... 24
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 29
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 2
8. APÊNDICE – ELABORAÇÃO DA DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA
EM SAÚDE AMBIENTAL RELACIONADA À QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO .................. 3
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1. APRESENTAÇÃO
O presente documento visa orientar a elaboração e implementação dos planos de amostragem da
vigilância da qualidade da água para consumo humano, abordando o quantitativo mínimo de amostras,
a frequência de amostragem, os parâmetros a serem analisados, bem como as orientações para a
seleção dos pontos de coleta.
2. OBJETIVO
A vigilância da qualidade da água para consumo humano (Vigiagua) consiste no conjunto de ações
adotadas continuamente para garantir que a água consumida pela população atenda ao padrão de
potabilidade estabelecido na legislação vigente, bem como avaliar e prevenir os possíveis riscos que os
sistemas e as soluções alternativas de abastecimento de água podem representar à população
abastecida, abrangendo todo o sistema de produção de água potável, desde a captação até o ponto de
consumo, incluindo estações de tratamento, reservatórios e sistemas de distribuição.
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características da água bruta, estrutura física dos sistemas, práticas operacionais e de controle da
qualidade da água e histórico da qualidade da água ofertada à população, com vistas a possibilitar a
identificação de possíveis anomalias ou fragilidades e a execução de medidas de controle ou ações
corretivas que se fizerem necessárias, bem como a associação entre agravos à saúde e situações de
vulnerabilidade do sistema.
Tendo em vista a aferição da qualidade da água pretendida à utilização para consumo humano, o
monitoramento realizado pelo setor saúde, no âmbito da vigilância da qualidade da água para consumo
humano, pressupõe assumir uma abordagem de avaliação direta, por meio da execução de
procedimentos analíticos, independentes daqueles realizados pelo controle da qualidade da água, que
visa verificar o atendimento sistemático do padrão de potabilidade. Constitui, portanto, importante
mecanismo de controle dos processos de tratamento empregados e detecção de qualquer
comprometimento da qualidade da água pré e pós-tratamento (WHO, 2011).
Nesse contexto, a qualidade microbiológica da água tratada é usualmente avaliada por meio de
indicadores, microbianos ou não, da presença/ausência de patógenos, ou de indicadores da eficiência
do tratamento na remoção/inativação de patógenos, cuja determinação apresenta maior viabilidade
técnica e econômica (Bastos et al., 2000). Por outro lado, o monitoramento por si só é uma ação de
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efetividade muito limitada e exige a avaliação das informações geradas e posterior, porém rápida, ação
resposta. Paralelamente ao monitoramento, a seleção e a aplicação de ações corretivas quando
identificadas desconformidades constitui medida essencial, para o restabelecimento da qualidade da
água (WHO, 2011).
Basicamente, o monitoramento realizado pela vigilância da qualidade da água para consumo humano
tem como objetivo:
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4. PLANO DE AMOSTRAGEM DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO
HUMANO
Nesse contexto, cabe aos municípios definir o respectivo plano de amostragem da vigilância da
qualidade da água para consumo humano, em consonância com as orientações descritas no presente
documento, e aos estados orientar e aprovar o plano de amostragem elaborado pelos municípios.
O plano de amostragem de rotina da vigilância da qualidade da água para consumo humano deve
envolver o plano de amostragem básico, cujos parâmetros, número de amostras e frequência de
monitoramento estão descritos neste documento, além do plano de monitoramento de agrotóxicos e,
quando necessário, um plano específico de monitoramento conforme características locais.
Ressalta-se que a Secretaria de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios possuem
competência e autonomia para ampliação do número mínimo de análises aqui estabelecido e também
para a incorporação de outras substâncias e patógenos específicos, presentes ou não no padrão de
potabilidade, cuja ocorrência na região, natural ou antropogênica, possa ampliar significativamente sua
importância para a saúde da população local.
Os parâmetros que compõem o plano de amostragem básico foram definidos tendo em vista o
conhecimento já consolidado na literatura especializada sobre os indicadores da qualidade
microbiológica da água para consumo humano (Ashboltet al., 2001; Bastos et al., 2000; Nieminski et
al., 2000; USEPA, 2006; WHO, 2011). São eles: turbidez, cloro residual livre (ou outro composto
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residual ativo, caso o agente desinfetante utilizado não seja o cloro), coliformes totais / Escherichia coli
e fluoreto. Os quatro primeiros foram definidos devido à sua importância como indicadores básicos da
qualidade microbiológica da água para consumo humano e o flúor por seu significado de saúde em
função de deficiência ou excesso.
O número mínimo mensal de análises previsto para o Plano de Amostragem Básico é definido em
função das faixas populacionais e constitui um quantitativo único a ser distribuído para o
monitoramento da qualidade da água referente às três formas de abastecimento de água (SAA, SAC e
SAI).
Tabela 1 – Número mínimo mensal de amostras analisadas para os parâmetros Cloro residual
livre, Turbidez, Coliformes totais/Escherichia coli, segundo faixa populacional do município(1).
Tabela 2 – Número mínimo mensal de amostras analisadas para o parâmetro fluoreto, segundo a
faixa populacional do município(1).
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4.1.1. Considerações sobre os parâmetros básicos: quando e onde monitorar e quais as
possíveis interpretações dos resultados
O parâmetro cloro residual livre apresenta importância e interpretação distinta em função do local em
que é realizada a coleta da amostra, bem como das características do sistema ou solução alternativa
de abastecimento de água para consumo humano.
A fim de facilitar o adequado entendimento relacionado à utilização desse parâmetro, nas diversas
situações de abastecimento de água, bem como a interpretação dos resultados obtidos, seguem
algumas considerações (BRASIL, 2010):
(ii) Água não submetida à desinfecção: cabe destacar que o número de amostras determinado para
esse parâmetro tem como pressuposto o uso do cloro como agente desinfetante. Portanto, a
realização da análise desse parâmetro deve ser vinculada à prática de cloração da água (sob a
forma de cloro gás, hipoclorito de cálcio e hipoclorito de sódio). Em sistemas ou soluções de
abastecimento de água que utilizam outro desinfetante (dióxido de cloro, cloraminas), a análise
deve ser específica para o agente desinfetante utilizado; quando o processo de desinfecção não
deixa residual (ozônio, radiação ultravioleta), deve ser realizada a análise para o residual
desinfetante do produto adicionado para manter o residual mínimo no sistema de distribuição
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(cloro, cloramina ou dióxido de cloro). Ressalta-se, ainda, que não se justifica a realização da
análise de cloro residual livre, ou de qualquer outro desinfetante, em sistemas ou soluções
alternativas de abastecimento que não possuem etapa de desinfecção da água. Nesses casos,
os esforços devem ser concentrados em medidas que visem à implantação da etapa de
desinfecção.
Em função da fácil degradação das formas de cloro livre na água (ácido hipocloroso e íon hipoclorito), a
análise do parâmetro cloro residual livre deve ser realizada em campo imediatamente após a coleta, de
forma a garantir um resultado mais preciso.
Turbidez
(ii) Pré-desinfecção: valores de turbidez acima de 1,0 uT indicam uma concentração de partículas
em níveis potencialmente prejudiciais ao processo de desinfecção, seja pela possibilidade de
servir de abrigo aos organismos patogênicos e protegê-los da ação do agente desinfetante ou
devido ao consumo excessivo do produto utilizado na desinfecção, aumentando a sua demanda
e, por conseguinte, a dosagem necessária.
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de água. Além disso, águas com turbidez acima de 5,0 uT podem causar rejeição da população
pela sua aparência turva e, consequentemente, a busca por fontes alternativas não seguras.
Diferentemente do que ocorre para o parâmetro cloro residual livre, à água tratada apresenta baixa
variação da turbidez ao longo do tempo. Assim, essa análise deve ser preferencialmente realizada nos
laboratórios de saúde pública, a exceção dos municípios que já possuem o equipamento de campo, os
quais devem observar sempre a calibração do mesmo e a higienização dos recipientes de coleta.
Coliformes totais
O grupo das coliformes totais contempla bactérias de vida livre, as quais podem ocorrer naturalmente
no solo, na água e em plantas e não possuir qualquer relação com poluição da água por material fecal.
Esse grupo de bactérias, em teoria, é mais resistente do que as bactérias patogênicas. Nesse sentido,
o emprego exclusivo desse indicador (coliformes totais) para avaliação da qualidade da água,
especialmente as de fontes individuais, pode levar a superestimava dos riscos à saúde associados ao
consumo de água.
(i) Água não tratada: muito embora a simples presença de coliformes totais em uma dada amostra
pode não guardar qualquer relação com poluição da água por material fecal, tal fato não deve
ser de todo negligenciado, servindo como alerta a uma possível exposição da fonte a focos de
poluição/contaminação.
(ii) Saída do tratamento: o monitoramento de coliformes totais após a etapa de desinfecção permite
avaliar a eficiência desse processo na inativação de bactérias. Sendo assim, o teste de presença
ou ausência de coliformes totais é suficiente para atestar a qualidade bacteriológica da água na
saída do tratamento, sendo que a presença desses microrganismos indica a necessidade de
investigação e execução de medidas corretivas.
(iii) Sistema de distribuição: mesmo quando o tratamento da água é adequado e elimine as bactérias
patogênicas, a água pode, por motivos diversos, deteriorar-se ao longo da sua distribuição ou
em função de condições inadequadas de reservação. E muito embora não guarde relação
conclusiva com contaminação de origem fecal, a presença de bactérias do grupo coliformes
totais no sistema de distribuição (reservatórios e rede) pode indicar possíveis deficiências do
processo de desinfecção, bem como do sistema de distribuição, indicando, por si só, a
necessidade de investigação e execução de medidas corretivas.
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É importante ressaltar que a fase pré-analítica tem fundamental importância para a confiabilidade dos
resultados, por isso a coleta de amostras de água tratada deve ser realizada de acordo com as boas
práticas laboratoriais, utilizando recipientes de coleta devidamente preparados para este tipo de
análise, estéril e com adição de tiossulfato de sódio.
Escherichia coli
A detecção de bactérias do grupo coliformes totais, no qual se inclui a Escherichia coli, não indica
necessariamente contaminação da água bruta (in natura) com matéria fecal, no entanto, guarda grande
importância como indicadores da qualidade da água tratada.
(i) Saída do tratamento: a presença de Escherichia coli na saída do tratamento, após o processo de
desinfecção, explicita a deficiência desse processo empregado e exige medidas imediatas para
correção do problema.
A descrição sobre o emprego dos parâmetros coliformes totais e Escherichia coli para as diversas
situações relatadas pode ser resumida da seguinte maneira:
(i) amostras de água tratada (submetida à desinfecção) devem ser submetidas à análise de
coliformes totais e, caso o resultado da análise seja positivo (presença de coliformes totais),
exige-se a realização de análise específica para Escherichia coli;
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(ii) amostras de água natural (não submetida à desinfecção) devem ser submetidas à análise
específica para Escherichia coli, sendo facultada a realização de análise para o parâmetro
coliformes totais. Ressalta-se que a análise específica para Escherichia coli poderia ser
dispensada, caso a amostra fosse previamente submetida à análise para coliformes totais, com
resultado negativo (ausência de coliformes totais).
Em função das características dos grupos coliformes totais e Escherichia coli, estabeleceu-se um único
número mínimo mensal de amostras de água a serem avaliadas em termos bacteriológicos. Para efeito
de cômputo da quantidade de análises realizadas, esclarece-se que será contabilizada uma amostra
quando:
uma mesma amostra de água for analisada para ambos os parâmetros (coliformes totais e
Escherichia coli);
uma amostra de água seja analisada para apenas um parâmetro (coliformes totais ou
Escherichia coli), conforme admitido acima1.
Fluoreto
O monitoramento da concentração do íon fluoreto na água para consumo humano tem duas
abordagens principais, conforme descrito a seguir (BRASIL, 2010).
(i) SAA ou SAC providos da etapa fluoretação: o monitoramento visa à avaliação do controle
operacional, em termos da dosagem de fluoreto aplicada, bem como a observação do VMP
estabelecido no padrão de potabilidade. A concentração de fluoreto deve estar dentro do que
recomenda a Portaria GM/MS nº 635, de 26 de dezembro de 1975, e não pode ultrapassar o
VMP definido no padrão de potabilidade (1,5 mg/L).
(ii) SAA, SAC ou SAI desprovidos da etapa fluoretação2: o monitoramento visa à verificação do
atendimento do VMP estabelecido no padrão de potabilidade (1,5 mg/L). Quando encontrados
valores que superam esse VMP, em se pensando no uso dessa água para consumo humano,
deve ser avaliada a necessidade de implantação de tratamento específico para remoção de
fluoreto, principalmente em localidades com histórico de ocorrência natural de fluoreto em
concentrações elevadas.
1 Uma amostra de água pode ser analisada para apenas um parâmetro quando, em qualquer situação, a análise de
coliformes totais resultar em ausência desse grupo de bactérias ou quando, em amostras de água não submetida à
desinfecção, for realizada apenas a análise específica de Escherichia coli.
2 Admite-se atenuação do plano de amostragem excepcionalmente em municípios atendidos por sistemas ou soluções de
abastecimento nos quais não é realizada a fluoretação da água e, ou localizados em regiões sem histórico de ocorrência
natural de fluoreto na água (concentração de fluoreto inferior a 1,5 mg/L).
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4.2. Plano de Monitoramento de Agrotóxicos
O plano de monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano deve ser elaborado pelos
técnicos da Secretaria de Saúde dos Estados, de forma conjunta com técnicos das Secretarias
Municipais de Saúde. No caso do Distrito Federal, a Secretaria de Saúde deve elaborar o plano em
articulação com os técnicos responsáveis pelas Regiões Administrativas.
Ressalta-se que para a implantação do monitoramento proposto, quando o abastecimento se der por
Sistema de Abastecimento de Água (SAA), sugere-se como ponto de coleta das amostras a rede de
distribuição. Para Solução Alternativa Coletiva (SAC), o ponto de consumo humano deve ser o local
para coleta das amostras.
O Plano de Monitoramento Específico na água para consumo humano deve ser elaborado pelos
técnicos da Secretaria de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios, considerando as
especificidades regionais e locais e a importância para a saúde pública. Os planos devem conter a
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definição das substâncias e, ou microrganismos a serem monitorados, número de amostras a serem
analisadas e o período e frequência de monitoramento.
A definição dos parâmetros que compõem o plano de monitoramento específico da qualidade da água
pode ser subsidiada pelos parâmetros previstos no padrão de potabilidade (por exemplo, substâncias
químicas orgânicas e inorgânicas, Cryptosporium, cianobactérias/cianotoxinas, organolépticos e
produtos secundários da desinfecção) que representam risco à saúde da população. No entanto,
parâmetros não citados no padrão de potabilidade podem ser selecionados.
potencial tóxico das substâncias químicas que podem estar presentes na água (naturalmente ou
por contaminação);
De acordo com as especificidades de cada evento, as Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito
Federal e Municípios deverão realizar avaliação do cenário em questão e, consequentemente, observar
a necessidade de ampliação do monitoramento de rotina e de implementação de monitoramento
específico para o evento. A ampliação do plano de amostragem deve considerar a definição dos
pontos/locais de coleta de amostras e os parâmetros a serem analisados, com vistas à identificação do
agente, químico ou biológico, e de possíveis fontes de contaminação, bem como à implementação de
medidas de controle e ações corretivas.
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Em eventos de massa, com o objetivo de garantir o fornecimento de água segura, deve ser
estabelecido um plano de monitoramento da qualidade da água contemplando locais estratégicos como
arenas, hotéis, escolas ou outros locais que receberão muitas pessoas, com ações antes e durante a
realização do evento. Destaca-se a necessidade de realização de rigorosa inspeção nas formas de
abastecimento de água disponíveis, bem como das instalações hidrossanitárias internas dos locais de
hospedagem e aglomeração de pessoas, preferencialmente antes da realização do evento e do início
do monitoramento.
Nos itens seguintes são apresentadas sugestões de informações mínimas voltadas à elaboração do
plano de amostragem da vigilância da qualidade da água para consumo humano. Ressalta-se que
informações adicionais poderão ser fundamentais, conforme características específicas do local ou das
formas de abastecimento existentes. Além disso, sugere-se a utilização de mapas do município, que
poderão facilitar a visualização e localização das informações levantadas.
Uma vez que o plano de amostragem tem como intuito a verificação da qualidade da água distribuída à
população, deve incluir um conhecimento prévio da área em que será realizado o monitoramento da
qualidade da água, neste caso, é necessária a coleta de informações, o mais detalhada possível, sobre
o abastecimento de água do município, incluindo características da bacia contribuinte e dos mananciais
de captação.
Cobertura populacional abastecida por cada forma de abastecimento de água (SAA, SAC e SAI);
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Planta e, ou esquema do sistema de esgotamento sanitário (rede coletora, pontos de
lançamento, estações de tratamento de esgotos, entre outras);
Mapeamento das instituições que abriguem populações vulneráveis, tais como serviços de
saúde (por exemplo, hospitais e clínicas de hemodiálise), escolas, creches e asilos;
Mapeamento das áreas de grande circulação, tais como centros comerciais, terminais de
passageiros, locais de eventos, entre outras;
Mapeamento das fontes de poluição existentes a montante dos pontos de captação superficial
(esgotos sanitários, resíduos sólidos, efluentes industriais, áreas contaminadas, áreas sujeitas a
inundações, secas, entre outras);
Resultados das análises do Controle da qualidade da água proveniente dos sistemas e soluções
alternativas coletivas de abastecimento de água, realizadas pelos respectivos responsáveis;
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Dados sobre a localização das obras e manutenção da rede de distribuição e zonas de
intermitência do abastecimento de água;
A definição dos pontos de coleta de amostras pode ser realizada por meio de uma composição entre
pontos críticos e não críticos, fixos e variáveis. A escolha desses pontos deve considerar a
caracterização socioeconômica e do abastecimento de água das áreas abastecidas sob uma
abordagem de análise de risco.
A representatividade das amostras coletadas pode ser alcançada por meio da identificação de
vulnerabilidades (ou situações de risco) e de critérios de distribuição geográfica que garantam a
distribuição espacial das coletas. A identificação de situação de risco envolve, por exemplo, a escolha
de pontos de coleta em locais de grande circulação ou em instituições que abriguem populações
vulneráveis (hospitais, clínicas de hemodiálise, creches, escolas, entre outras). Os critérios de
distribuição geográfica devem envolver a escolha de pontos que permitam uma amostragem do
universo da população e das formas de abastecimento e consumo de água no município.
A priorização das formas de abastecimento a serem monitoradas deve considerar fatores como:
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responsabilidade exclusiva do setor saúde. Diante do exposto, essas formas de abastecimento
oferecem, em geral, maior risco à saúde, e, portanto, devem ser tratadas como prioritárias.
Sabe-se, também, que muitas dessas soluções, coletivas ou individuais, não são dotadas de
tratamento. Nesses casos, o monitoramento deve ser acompanhado de ações como: (i) orientação para
seleção de mananciais mais seguros ou de melhor qualidade; (ii) proteção do manancial de captação
de água; (iii) implementação de programas de educação em saúde com foco na proteção da qualidade
da água, por meio do princípio de múltiplas barreiras e de programas de boas práticas. Essas
atividades podem, por vezes, ser mais efetivas que o monitoramento laboratorial da qualidade da água,
podendo até mesmo substitui-lo em determinadas situações.
(iii) atuação conjunta com os responsáveis pelo abastecimento (por exemplo, na definição dos
pontos de coleta do plano de amostragem dos responsáveis pelo abastecimento, obedecendo
aos princípios expressos nas diretrizes da vigilância, incorporando o olhar da saúde à visão
operacional do controle);
(iv) cobrança efetiva, junto aos responsáveis pelos sistemas ou soluções alternativas coletivas de
abastecimento de água, de providências para adequação da qualidade da água distribuída
sempre que detectadas inconformidades por meio da análise de dados do Sisagua (de
monitoramento da qualidade da água ou de inspeções sanitárias).
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De forma a orientar a elaboração do plano de amostragem, são apresentados, a seguir, alguns critérios
para seleção de áreas prioritárias para coleta de amostras, seguindo o princípio de riscos à saúde:
- Áreas que, do ponto de vista epidemiológico, justifiquem atenção especial (por exemplo, histórico
de ocorrência de casos de doenças de transmissão hídrica);
- Áreas com populações em situação sanitária precária, deficiência dos serviços de saneamento
(drenagem, coleta de lixo e de esgotos);
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- Existência de atividades potencialmente poluidoras (indústrias, lixões, pontos de lançamento de
esgoto, cemitérios, etc.);
Ressalta-se que poderão ser contemplados todos ou apenas alguns critérios listados, em função das
características de cada município. Posteriormente, devem-se definir os pontos de coleta de amostras
em função de especificidades locais ou das formas de abastecimento.
Prioritários Secundários
(1) Embora se reconheça como prioridade do setor saúde o monitoramento da qualidade da água distribuída à população,
eventualmente ou em casos específicos o monitoramento da qualidade da água bruta e, ou em etapas intermediárias
do tratamento pode ser necessário, principalmente quando identificados na água distribuída substâncias ou
microrganismos para os quais a técnica de tratamento empregada apresenta eficiência nula ou limitada, ocorrência de
eventos relacionados à saúde sem causa eminente, quando identificadas elevadas variações na qualidade da água
tratada ou quando realizadas inspeções sanitárias.
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de um plano de amostragem e devem basear-se na avaliação dos riscos associados à saúde da
população abastecida.
Várias são as metodologias disponíveis e aplicáveis para a definição desses pontos, dentre elas a
metodologia descrita a seguir, que se baseia em uma abordagem relativamente simples, por meio da
construção de uma matriz semiquantitativa de priorização de risco como subsídio para a definição de
áreas e pontos de coleta prioritários. A seguir são apresentadas as etapas a serem seguidas para a
espacialização e priorização de pontos de coleta de amostras utilizando a matriz.
b) Após a definição das divisões do município, devem ser levantados, em cada área, critérios de
significado para a saúde pública. A seguir são apresentados alguns exemplos de critérios que
podem ser utilizados:
c) Definir as classes de cada critério. Por exemplo, para o critério “percentual da população
abastecida por solução alternativa coletiva sem tratamento”, podem ser utilizadas as seguintes
classes: 100 a 80%; 80 a 60%; 60 a 40%; 40 a 20% 20 a <10%.
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d) Atribuir pesos para cada classe, que concede maior ou menor importância a cada faixa. Os
pesos assumidos variam de menor a maior grau de risco, para cada critério, ou seja, quanto
maior o peso, maior o risco que o critério representa à saúde da população abastecida.
Sugere-se a seguir descritores para os pesos a serem utilizados, no entanto, essa classificação
pode ser alterada de acordo com especificidades locais:
Peso 1: Insignificante.
Pesos 2: Baixo.
Pesos 3: Moderado.
Peso 4: Grave.
Peso 5: Muito grave.
e) Elaborar a Matriz Semiquantitativa para cada área do município, conforme o exemplo a seguir.
Pesos
Critérios
1 2 3 4 5
Percentual da população abastecida por SAA 100-80 80-60 60-40 40-20 20-0
Percentual da população abastecida por SAA que recebe
0-20 20-40 40-60 60-80 80-100
água sem tratamento
Percentual da população abastecida por SAC 0-20 20-60 60-100
Percentual da população abastecida por SAC que recebe
0-20 20-40 40-60 60-80 80-100
água sem tratamento
Percentual da população abastecida por SAI 0-20 20-60 60-100
Percentual da população atendida por rede de coleta de
100-80 80-60 60-40 40-20 20-0
esgotos;
Existência de instituições que abriguem populações
0 0-5 5-10 10-15 >15
vulneráveis
Variação percentual de casos de doenças de transmissão
0 0-25 25-75 75-100 >100
hídrica
Existência de áreas de grande circulação de pessoas 0 0-5 5-10 10-15 >15
Número “mensal” de reclamações e queixas de
0 0-5 5-10 10-15 >15
intermitência ou falta de água
f) Classificar a área segundo cada critério, ou seja, selecionar a classe em que a área
corresponde, de acordo com o critério utilizado.
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h) A priorização de áreas deve ser realizada com base no valor atingido pelo somatório dos pesos
atribuídos a cada critério para cada área.
OBSERVAÇÃO: Destaca-se que critérios, pesos e classes aqui assumidos podem ser adaptados
conforme especificidades locais e; ou conhecimento técnico do ator do setor saúde.
a) Para a priorização de pontos de coleta de amostras, deve-se, após a seleção das áreas
prioritárias, avaliar as condições sanitárias das formas de abastecimento existentes, SAA, SAC
e/ou SAI, considerando critérios de significado para a saúde pública. A seguir são apresentados
alguns exemplos de critérios que podem ser utilizados:
(xiii) Percentual “mensal” de amostras fora do padrão para “cloro residual livre”;
c) Atribuir pesos para cada classe, que concede maior ou menor importância a cada faixa. Os
pesos assumidos variam de menor a maior grau de risco, para cada critério, ou seja, quanto
maior o peso, maior o risco que o critério representa à saúde da população abastecida. Sugere-
se a seguir descritores para os pesos a serem utilizados, no entanto, essa classificação pode ser
alterada de acordo com especificidades locais:
Peso 1: Insignificante.
Pesos 2: Baixo.
Pesos 3: Moderado.
Peso 4: Grave.
Peso 5: Muito grave.
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página23
d) Elaborar a Matriz Semiquantitativa para cada forma de abastecimento de água do município,
conforme o exemplo a seguir.
g) A priorização dos pontos de coleta deve ser realizada com base no valor atingido pelo
somatório dos pesos atribuídos a cada critério.
OBSERVAÇÃO: Cada uma das formas de abastecimento existentes deve ser submetida à avaliação
por meio da Matriz. Destaca-se que tanto os pontos de coleta quanto os critérios, pesos e faixas aqui
assumidos devem ser adaptados conforme especificidades locais e/ou conhecimento técnico do ator do
setor saúde.
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A etapa de amostragem é crucial no processo de vigilância da qualidade da água para consumo
humano, pois a amostra deve representar de forma fidedigna a situação da água no momento da
coleta. Desta forma, segue um roteiro para a realização do monitoramento da qualidade da água:
Etapa 1 – Planejamento
1. Elaborar, juntamente com o laboratório de saúde pública, o plano de amostragem, que deverá
conter os parâmetros a serem monitorados, frequência de coleta e número de amostras a
serem analisadas;
4. Verificar o prazo de validade da esterilização dos frascos de vidro ou das bolsas de coleta;
6. Selecionar e checar equipamento ou kit de medição de campo (análises de cloro residual livre
ou cloro residual combinado ou dióxido de cloro), verificar calibração do equipamento, a
existência de reagentes e seu prazo de validade;
7. Separar todo o material de apoio necessário para a coleta: solução de hipoclorito de sódio
100mg/L, algodão, avental, barbante para amarrar frascos de coleta para amostragem de água
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página25
em profundidade, caixa térmica, etiquetas para identificação de amostras, fita crepe, gelo
reciclável, luvas e máscaras descartáveis, papel-toalha, pincel atômico e caneta esferográfica,
fichas de solicitação de análise (GAL), sacos plásticos para acondicionamento dos frascos e
para descartes de resíduos; termômetro; tesoura;
8. Agendar o transporte.
Etapa 3- Operacional
3. Abrir a torneira e deixar escoar por dois a três minutos, ou o tempo suficiente para eliminar a
água estagnada na tubulação. A torneira não deverá ter aeradores ou filtros, nem apresentar
vazamento. É necessário ter certeza que a água seja proveniente da rede de distribuição e não
de caixas ou reservatórios internos, por meio do teste de cavalete. Esse teste consiste em
fechar o registro de entrada de água da rede de distribuição e abrir a torneira indicada para a
coleta; se não houver escoamento de água pela torneira, conclui-se que realmente a água é
proveniente da rede de distribuição;
4. Se necessário, a torneira pode ser limpa com aplicação de uma solução de hipoclorito de sódio
100mg/L. Neste caso, o excesso de hipoclorito de sódio deve ser removido antes da coleta.
Para isso, abrir a torneira em jato forte, deixando a água escoar por aproximadamente 2 a 3
minutos. O objetivo desse procedimento é eliminar possíveis resíduos de desinfetante aplicado
(hipoclorito de sódio) ou outras incrustações existentes na canalização, bem como deixar
escoar a água que estava parada na rede de distribuição e no cavalete;
6. Se houver medida de temperatura, encher um frasco de plástico com um pouco de água para
esse fim, enquanto se realizam os demais procedimentos, pois é necessário um tempo de
contato entre a água e o termômetro para a estabilização da temperatura;
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página26
8. Ajustar a abertura da torneira em fluxo médio, calçar as luvas de procedimentos e efetuar as
coletas na seguinte sequência:
9. O frasco não deve ser preenchido até a boca. A água deve atingir ¾ da altura do frasco para
possibilitar a homogeneização do conteúdo.
Encher o balde de aço inox ou a garrafa de Van Dorn de fluxo horizontal e distribuir seu volume
proporcionalmente nos diversos frascos destinados aos ensaios químicos, como forma de
garantir a homogeneidade da amostra, tomando o cuidado de manter um espaço vazio no frasco
para sua posterior homogeneização;
A água do poço deve ser bombeada por tempo suficiente para eliminar a água estagnada na
tubulação;
A coleta deve ser realizada em uma torneira próxima da saída do poço ou na entrada do
reservatório;
Caso necessário, a torneira pode ser desinfetada com a aplicação de uma solução de hipoclorito
de sódio 100mg/L. Neste caso, o excesso de hipoclorito de sódio deve ser removido antes da
coleta;
A coleta deve ser realizada com auxílio de balde de aço inox e corda estéril. O conjunto balde e
corda devem ser desembalados no momento da coleta, para evitar contaminação ;
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página27
Utilizar um conjunto para cada ponto de amostragem, para evitar a contaminação cruzada de um
ponto de coleta para outro e, consequentemente, da própria amostra ;
Descer o balde até que afunde na água evitando-se o contato com as paredes do poço e da
corda com a água. Após enchimento, retirá-lo com os mesmos cuidados supracitados;
Observações Gerais:
ii) Se no município existir laboratório de baixa complexidade, as análises de coliformes e de flúor serão
realizadas no município. Caso não exista, identificar se há na regional, e não havendo, enviar para o
laboratório do estado (LACEN);
iii) Antes da realização da coleta, entrar em contato com o LACEN, para verificar os trâmites
necessários para a viabilização das análises das substâncias não realizadas pelo mesmo. Este será o
responsável por encaminhar para um Laboratório de Referência Regional ou Nacional;
iv) Caso necessite de maiores esclarecimentos sobre coleta de amostras, consultar o Guia Nacional de
Coleta e Preservação de Amostras (água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes industriais)
no site da Agência Nacional de Água (ANA) (BRASIL,2011b):
http://arquivos.ana.gov.br/resolucoes/2011/724-2011.pdf.
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página28
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destaca-se que o plano aqui proposto representa um plano de amostragem mínimo, no qual são
listados os parâmetros básicos a serem monitorados na água proveniente dos sistemas ou soluções de
abastecimento de água (os quais indicam a qualidade microbiológica da água), bem como de
substâncias e, ou compostos químicos prioritários. Para o último grupo, são apresentadas diretrizes
para elaboração de planos de amostragem para realidades específicas. Conforme mencionado
anteriormente, técnicos da Secretaria de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios possuem
autonomia para ampliação do número mínimo de análises aqui estabelecido e também a apreciação de
outras substâncias.
Ressalta-se que, embora seja atividade primordial, o monitoramento não repercute, por si só, em
qualquer proteção à saúde da população abastecida. Nesse sentido, para garantir a melhoria da saúde
da população no que tange o abastecimento de água, é essencial que o monitoramento da qualidade
da água seja acompanhado da abordagem integrada de boas práticas, múltiplas barreiras, metodologia
de gerenciamento de riscos, programas de preservação de mananciais, capacitação de recursos
humanos, controle de qualidade laboratorial, mecanismos de informação e comunicação de risco às
autoridades de saúde pública e mecanismos eficientes de recebimento de queixas e de informações
aos consumidores.
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página29
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASHBOLT, N. J., GRABOW, W. O. K., SNOZZI, M. Indicators of microbial water quality. In: FEWTRELL,
L., BARTRAM J. eds. Water quality—Guidelines, standards and health: Assessment of risk and risk
management for water-related infectious disease. London, IWA Publishing, pp. 289–315, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 2.914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão
de potabilidade. Diário Oficial da União, 14 de dezembro de 2011a.
BARTRAM, J.; BALANCE, R. Water Quality Monitoring - A Practical Guide to the Design and
Implementation of Freshwater Quality Studies and Monitoring Programmes. Edited by Jamie Bartram
and Richard Balance.Published on behalf of United Nations Environment Programme and the World
Health Organization, 1996.
BASTOS, R.K.X.; BEVILACQUA, P.D.; NASCIMENTO, L.E; CARVALHO, G.R.M.; SILVA, C.V.
Coliformes como indicadores da qualidade da água: alcance e limitações. In: CONGRESSO
INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITARIA E AMBIENTAL, 27, 2000, Porto Alegre. Anais...
Rio de Janeiro: ABES/AIDIS, 2000. CD-ROM.
NIEMINSKI, E.C.; BELLAMY, W.D.; MOSS, L.R. UsingSurrogatesto Improve PlantPerformance. Journal
American Water Works Association.V.92, n.3, p.67–78, 2000.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION.Guidelines for drinking water quality.4ª ed. Geneva: WHO,
2011. 541p.
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página2
8. APÊNDICE – ELABORAÇÃO DA DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA
VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
1. INTRODUÇÃO
A primeira versão do plano de amostragem a ser implementado pela Vigilância da qualidade da água
para consumo humano foi publicada no documento “Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da
Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano”. Neste
documento foram definidos os parâmetros a serem regularmente monitorados no plano de amostragem
básico de rotina, bem como respectivos número mínimo de análises e frequência de monitoramento
(BRASIL, 2006). O documento orienta também sobre a determinação das localidades onde devem ser
coletadas as amostras de água.
As bases metodológicas que fundamentaram os cálculos foram estatísticas e tiveram como referência
os textos publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS): “Adequacyofsamplesize in
healthstudies” (Lemeshowet al., 1990), e “Samplesizedetermination in healthstudies” (Lwanga e
Lemeshow,1991).
A metodologia utilizada tem como concepção o cálculo donúmero de amostras suficiente para apontar
anomalias no abastecimento de água a partir da proporção existente de amostras fora do padrão de
potabilidade (o que é inerente à realidade de cada sistema de abastecimento de água) e do plano de
amostragem estabelecido para o Controle.
2. METODOLOGIA
Os parâmetros a serem analisados pela Vigilância foram definidos tendo em vista o conhecimento já
consolidado na literatura especializada sobre os indicadores da qualidade microbiológica da água para
consumo humano (Ashboltet al., 2001; Bastos et al., 2000; Nieminskiet al., 2000; USEPA, 2006; WHO,
2011).
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página3
Os parâmetros elencados para compor o plano de amostragem básico de rotina são: turbidez, cloro
residual livre (ou outro composto residual ativo, caso o agente desinfetante utilizado não seja o cloro),
coliformes totais / Escherichia coli e fluoreto. Os quatro primeiros devido à importância como
indicadores básicos da qualidade microbiológica da água para consumo humano e o flúor por ser uma
substância de incorporação obrigatória à água e devido ao seu significado de saúde (por deficiência ou
excesso).
A metodologia utilizada para determinar o número mínimo de amostras para os parâmetros básicos de
rotina foi a mesma utilizada na primeira versão do plano de amostragem da vigilância da qualidade da
água de consumo humano, a qual, como já destacado, é baseada na proporção existente de amostras
fora do padrão de potabilidade (Equação 1).
z2 p(1 p)
1
Eq. 01
n 2
2
d
Onde:
(iii) d: precisão desejada (margem de erro) – em função da precisão estimada para o controle da
qualidade da água.
A fim de estimar o parâmetro p, foi realizada uma avaliação da base de dados do Sistema de
Informação da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) referente ao período
compreendido entre 2007 e 2013.
Ressalta-se, ainda, que foram considerados apenas os dados de controle da qualidade da água (dados
de Sistemas e Soluções Alternativas Coletivas de Abastecimento de Água). Justifica-se o uso exclusivo
de dados do controle em detrimento dos dados relativos à vigilância em virtude de se assumir que,
muitas vezes, o monitoramento da vigilância da qualidade da água tende a ser realizado em situações
de risco e, ou precariedade do abastecimento, o que poderia resultar em superestimativa do tamanho
da amostra, e que os dados relativos ao controle tendem apresentar maior representatividade espacial.
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página4
Como proporção de amostras fora do padrão, tomou-se aquela que, por processo iterativo, associou o
maior valor percentual de não conformidade do banco de dados a um número de amostras julgado
viável ante ao cenário atual do Programa Vigiagua. Desse modo, foi utilizada a proporção de amostras
fora do padrão equivalente ao percentil 80%. Isso significa dizer que, dos municípios com dados de
controle de SAA e, ou de SAC no Sisagua, 80% possuem percentual de dados fora do padrão inferior
ao utilizado no cálculo (Tabela 1).
Turbidez 2,74%
SAA
Coliformes totais 1,71%
Flúor 11,34%
Para o nível de significância (alfa) foi utilizado um valor igual a 0,10, que corresponde ao nível de
significância de 90% e um quantil da distribuição de probabilidade normal, Z0,95 = 1,65. Um valor de α
igual a 0,10 significa que 90% das proporções amostrais estarão dentro de 1,64 desvios-padrão da
verdadeira proporção populacional (P). Por fim, foi utilizada uma margem de erro (d) 50% maior do que
a utilizada pelo controle de qualidade da água.
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página5
Tabela 2: Número mínimo mensal de análises a serem realizadas pela vigilância qualidade da
água para consumo humano, em função da população do município – metodologia estatística.
Parâmetro 0-5 5-10 10-15 15-20 20-30 30-40 40-50 50-100 >100
CRL 9 11 11 11 11 11 11 11 11
Turbidez 6 9 9 9 9 9 9 9 9
Coliformes Totais 10 11 11 11 11 11 11 11 11
Flúor 5 10 15 18 27 36 44 53 67
Quanto aos valores aqui apresentados, estatisticamente não se justifica adotar o mesmo plano de
amostragem para diferentes parâmetros, Coliformes Totais/Escherichia coli, Turbidez e, ou Cloro
residual livre, uma vez que a proporção de ocorrência de dados não conformes com o padrão de
potabilidade é diferenciada.
Ressalta-se, ainda, que os resultados obtidos demonstraram uma estabilização no número de amostras
em pequenas faixas populacionais, dessa forma, todos os municípios com população superior ou igual
a 10.000 habitantes teriam que realizar o mesmo número de análises para os parâmetros de
monitoramento de rotina, à exceção do fluoreto. Diante disso, para esses parâmetros, julgou-se
necessária a complementação da metodologia utilizada na definição do número de amostras para os
municípios com população superior a 10.000 habitantes, com a aplicação de uma função matemática
(Tabela 3).
DIRETRIZ NACIONAL DO PLANO DE AMOSTRAGEM DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Página6
Tabela 3 – Número mínimo mensal de amostras analisadas para os parâmetros Cloro residual
livre, Turbidez, Coliformes totais/Escherichia coli, segundo a população do município -
metodologia estatística e função matemática.
Tabela 4 – Número mínimo mensal de amostras analisadas para o parâmetro fluoreto, segundo a
população do município.
Destaca-se que o número mínimo mensal de análises do Plano de Amostragem aqui descrito (de
rotina) é definido em função da população total do município e constitui um quantitativo único a ser
distribuído para o monitoramento da qualidade da água referente às três formas de abastecimento de
água (SAA, SAC e SAI).
Ressalta-se, ainda, que Estados, Distrito Federal e Municípios possuem autonomia para ampliar o
número de análises a serem realizadas.
3. Referências Bibliográficas
LEMESHOW S, HOSMER DW, KLAR J, LWANGA S. Adequacy of Sample Size in Health Studies, John
Wiley and Sons: New York published in behalf of the WHO, 1990.
LWANGA, S K; LEMESHOW, S. Sample size determination in health studies' a practical manual. World
Health Organization, 1991.
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