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Psicol. Am. Lat. n.11 México set. 2007
RESUMO
Este artigo mostra aspectos das violações dos direitos humanos no Brasil
evidenciando o agravamento dessa situação em alguns grupos sociais de risco
como: mulheres, crianças e jovens, negros, pobres, analfabetos e homossexuais.
Cita estudos que demonstram essa realidade ainda extremamente perversa no
Brasil, especialmente nos grupos sociais acima enumerados. A questão do gênero
no Brasil revela um quadro dramático, assim como se observa em relação à
situação das crianças e dos jovens. Como conseqüência de uma grande
preocupação com essa situação de violação generalizada dos direitos humanos no
Brasil, mostra-se a importância e a necessidade de uma melhor atuação preventiva
do Estado (políticas públicas efetivas) e da sociedade civil no enfrentamento desses
problemas sociais. Ressaltando a relevância da possível contribuição da Psicologia
nessa área, o trabalho é concluído com algumas sugestões de mudanças na
formação e na prática do psicólogo brasileiro visando a uma atuação profissional
mais comprometida com os direitos humanos no Brasil.
ABSTRACT
Rights in Brazil, the author points out the importance and the need for a more
effective preventive action of the State, through public policies, as well as that of
the civil society to face these social problems. She also highlights the relevance of
a possible contribution of Psychology and psychologists and finishes her work by
suggesting changes in the curricula of Brazilian undergraduate Psychology courses
towards a professional performance that is more committed to Human Rights.
O presente artigo mostra aspectos das violações dos direitos humanos no Brasil e
apresenta uma proposta de mudanças na formação e prática do psicólogo brasileiro
de forma a colaborar mais na reversão desse grave quadro social. Mostra que o
problema se agrava acentuadamente em alguns grupos sociais como: mulheres,
crianças e jovens, negros, pobres, analfabetos e homossexuais, apesar da criação
no Brasil do Programa Nacional de Direitos Humanos em 1996 e da Secretaria
Nacional dos Direitos Humanos em 1997 que implementam políticas públicas nessa
área. No grupo de mulheres, temos dados importantes dessa violação.
Segundo Zampiere, (2004, p. 197). "As mulheres na América Latina estão sendo
infectadas com o vírus da AIDS num ritmo crescente como na África e na Ásia. A
Organização Mundial de Saúde, em conjunto com a UNAIDS, o programa das
Nações Unidas para a AIDS, estima-se que no Brasil a proporção homem-mulher
de casos de AIDS caiu de 16:1 em 1986 para quatro mulheres para cada homem
em 2002" Em outro trecho, afirma a autora na pg. 202: "De acordo com estudos
realizados pela OPAS (1991), na América Latina, a probabilidade de contrair o vírus
da AIDS é mais alta para mulheres que só fazem sexo com um homem, seu
marido, do que para uma prostituta de um bordel que seu marido visita
freqüentemente."(....) "Infelizmente para nossa realidade brasileira, isso deve ser
um alerta." No meu entender, um dado muito importante para a reorientação de
novas campanhas de prevenção de DSTs promovidas pelo Ministério da Saúde. A
última pesquisa do Ministério da Saúde do Brasil em 2006 pesquisando a incidência
da AIDS confirma essa previsão: aumento expressivo da doença em pessoas acima
dos cinqüenta anos.
Segundo pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a População - UNFPA (2005),
pg.66 "A violência doméstica é ,de longe, a forma mais comum de violência de
gênero. Segundo dados de inquéritos, entre 10% das mulheres de alguns países e
69% de outros são sujeitas a violência doméstica. Em cerca de um quarto dos
casos, também ocorrem abusos sexuais."Ainda na pg. 67:" Há muito que a
violência contras as mulheres está envolta numa cultura de silêncio. É difícil obter
dados estatísticos fiáveis(sic), na medida em que a violência não é participada em
grande parte dos casos, devido à vergonha, ao estigma e ao medo de represálias."
Na pg.68, analisando as políticas preventivas comenta: "Na América Latina e nas
Caraíbas, onde a maior parte dos países aprovou leis sobre violência doméstica,
uma análise das dotações orçamentais dos ministérios pertinentes revela que as
verbas destinadas à sua aplicação são insuficientes." Discutindo a feminização do
HIV/SIDA essa pesquisa cita na pg.37: " Cada vez mais, a face do HIV/SIDA é um
rosto de mulher." Analisando a situação, mostra na pg.38 que "Mais de quarto
quintos das novas infecções por HIV entre as mulheres ocorrem no casamento ou
no contexto de relações de longo prazo". Uma constatação perversa!
O cumprimento da igualdade de direitos entre homens, mulheres, povos e nações
constitui-se no fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. Foi para
garantir essa realidade, que em 10/12/1948 foi proclamada pela Assembléia Geral
da Organização das Nações Unidas - ONU, a Declaração Universal dos Direitos do
Homem.
Desde então, há uma vigilância mundial para que esses direitos sejam
efetivamente garantidos. No entanto, é preciso que estejamos atentos para que
esses direitos sejam respeitados. No âmbito internacional, organizações e tratados
cumprem seu papel de resguardar a aplicação dessas leis contra genocídios e
violações dos direitos humanos.
No que diz respeito aos direitos das crianças, observa-se que, apesar da criação do
Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil desde 1990, o quadro da infância e
juventude ainda é perverso no Brasil.
Severiano (2001) faz uma reflexão crítica sobre as relações do homem com os
signos criados pela mídia, desmistificando seus discursos sedutores usados para
essa fetichização da mercadoria. Seu livro vem, de forma importante, colaborar na
demanda de produção e sistematização de um saber capaz de refletir criticamente
sobre essas relações do homem com a mídia. Ela critica o fascínio exercido pelos
objetos de consumo e suas promessas de soluções imediatas, num mundo que
parece segundo ela, negligenciar o esclarecimento. Ela tomou amostras de jovens
do Brasil e da Espanha para desenvolver o seu trabalho, que constituiu sua tese de
doutorado em Psicologia Social.
Zagury (2002) aborda a necessidade da complexa tarefa dos pais imporem limites
na educação dos seus filhos. Entendo que devido às grandes mudanças sociais e à
revolução dos costumes, valores, globalização, influência incontestável da mídia,
esta tarefa não tem sido fácil e questiono: será que os pais estão estabelecendo
um diálogo franco com seus filhos para o estabelecimento de limites aceitáveis de
liberdade? Os próprios pais têm se constituído em bons exemplos para seus filhos?
A partir da família, da escola e do contexto social, as relações humanas estão
sendo pautadas dentro dos preceitos da ética, da moral, da dignidade e do
respeito?
Referências bibliográficas