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Farmacêutica
Ciências Farmacêuticas
Janeiro,
Página | 0 2018
Química Farmacêutica
A Química Farmacêutica, Química Farmacêutica Medicinal ou Química
Medicinal dedica ao estudo das bases moleculares de ação de fármacos, a
relação entre sua estrutura química e atividade farmacológica com o
planejamento e desenho estrutural de novos compostos que tenha utilidade no
tratamento de doenças. A Química medicinal, por pesquisar a relação entre
substâncias químicas naturais e sintéticas com os sistemas biológicos, é uma
ciência multidisciplinar e complexa.
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1. Princípios gerais
Fármaco é definido como uma substância química utilizada para tratamento ou
diagnóstico de estados patológicos, buscando o benefício de pessoa ou animais
em que é administrado (BRASIL, 2013). Para exercer efeito, o fármaco deve
percorrer um caminho desde a sua entrada no organismo até o local onde
manifestará ação. Apesar de simples, fatores relacionados ao organismo e às
propriedades físico-químicas fármaco influenciam a intensidade da ação
esperada. O estudo do movimento do fármaco no organismo é denominado
farmacocinética e estudo da forma que o mesmo interage com locais específicos
do organismo é conhecido como farmacodinâmica (BRUNTON, 2012).
1.1. Farmacocinética
Um fármaco pode ser introduzido no organismo pela via enteral, ou seja, através
do trato gastrintestinal, pela via parenteral representada pelos medicamentos
injetáveis ou por sua aplicação sobre a pele e mucosas, conhecida por via tópica.
A farmacocinética divide o movimento do fármaco pelo organismo em quatro
fases: absorção, distribuição, metabolização e excreção (BRUNTON, 2012).
1.1.1. Absorção
A administração de medicamentos pela via oral é a mais usada por ser prática,
cômoda, segura e não invasiva. Um medicamento ingerido passa pela boca,
garganta, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, podendo ser
eliminado pelas fezes. Para atingir o local de ação no organismo, o fármaco deve
passar do trato gastrintestinal para o sangue ou linfa, tendo como obstáculo a
membrana plasmática das células que revestem o trato gastrintestinal. A
passagem do local onde o fármaco é administrado para o sangue é denominada
absorção (THOMAS, 2003).
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absorção, os fármacos podem atravessar a membrana celular por proteínas
conhecidas como poros (figura 1).
Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/glicocalice.htm
1.1.2. Distribuição
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composição do tecido. Tecidos bastante irrigados recebem maior quantidade de
fármaco. Órgãos com alta concentração de lipídios acumulam fármacos
lipossolúveis, como o cérebro e tecido adiposo e os fármacos hidrossolúveis
atingem altas concentrações de fármacos hidrossolúveis. Dessa forma, a ação
dos medicamentos é maior ou menor de acordo com a concentração do mesmo
em cada tecido (PATRICK, 2013).
1.1.3. Metabolização
1.1.4. Excreção
1.2. Farmacodinâmica
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conhecidos como sítio de ação, divididos em três categorias: enzimas,
receptores específicos e sítios inespecíficos (NADENDLA, 2005).
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Fonte: Barreiro, 2001b
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hidrogênio e ligação covalente. Tais forças determinam a intensidade da
interação e a potência de fármacos específicos ou inespecíficos (BARREIRO,
2008).
1.2.2. Estereoquímica
Isômeros espacial ocorre quando dois compostos que têm a mesma fórmula
estruturas, mas a disposição espacial dos átomos ou grupos funcionais possuem
diferentes posições espaciais. Considera o arranjo tridimensional das moléculas.
Os receptores biológicos, no conceito de chave-fechadura, demonstram
especificidade para um dos isômeros em virtude de sua própria estrutura
tridimensional e composição química. A geometria espacial é dividida em
geométrica e ótica (LIMA, 1997).
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Figura 5: isomeria ótica
Fonte: http://mundodabioquimica.blogspot.com.br/2012/12/enantiomeros.html
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Fonte: Souza, 2012
3. Descoberta de fármacos
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pelos quais os fármacos agem raras vezes foram conhecidos e as pesquisas
concentravam nos efeitos dos protótipos, substâncias químicas naturais ou
sintéticas com atividade biológica (PATRICK, 2013).
4. Síntese de fármacos
Os fármacos sintéticos representam a maioria dos princípios ativos dos
medicamentos da atualidade e a Química Farmacêutica Medicinal é a ferramenta
para o desenvolvimento de novos fármacos, empregando inúmeros processos
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na obtenção, desde modificações das moléculas até modelos computacionais de
modelagem de fármacos (CADD – computer aided drug design). Após a
descoberta do protótipo, alterações moleculares produzem novos compostos
com propriedades terapêuticas melhoradas, seja pelo aumento da
biodisponibilidade, diminuição da toxicidade, prolongamento da ação, aumento
da seletividade nos receptores e escolha de um transportador adequado. Tais
moléculas alteradas são denominadas análogos. Os processos de modificação
molecular de fármacos são métodos clássicos da síntese orgânica: a
simplificação molecular, a síntese de séries homólogas e a latenciação (CERA e
. PANCOTE, 2013)
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Figura 7: simplificação molecular da cocaína
Moléculas que contêm sistemas de anel fechado são simplificados por abertura,
expansão, contração ou até mesmo retirados (figura 8). Dessa forma é possível
determinar qual parte da molécula interage com o receptor. Tal estratégia é
conhecida como dissociação de anel (CERA e PANCOTE, 2013).
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Figura 8: Dissociação de anel
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4.3. Latenciação
Leitura Complementar
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em suas comemorações. Muitos dos componentes químicos destas plantas
foram identificados, posteriormente, como substâncias extremamente ativas
no sistema nervoso central (SNC), como o harmano e a harmina. Esta
atividade central deve-se à semelhança existente entre suas estruturas e a
serotonina, um neurotransmissor que possui um núcleo indólico.
Talvez uma das plantas mais antigas empregadas pelo homem seja a Papaver
somniferum, que originou o ópio e contém alcalóides e substâncias como a
morfina. O ópio era conhecido das civilizações antigas, havendo relatos que
confirmam seu uso desde 400 aC. Os estudos químicos sobre o ópio
começaram no século XIX, e em 1804 Armand Séquin isolou seu principal
componente, a morfina, batizada em homenagem ao deus grego do sono,
Morpheu. Esta substância, com estrutura química particular, tornou-se o mais
poderoso e potente analgésico conhecido e em 1853 e estrutura química da
morfina foi elucidada em 1923 por Robert Robinson e colaboradores. Sua
síntese foi descrita em 1952, cento e quarenta e oito anos após seu isolamento
por Séquin. A partir da estrutura química da morfina, identificaram-se potentes
analgésicos centrais de uso mais seguro, representados pela classe das 4-
fenilpiperidinas.
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estrutura um sistema azo-heterocíclíco, inicialmente acridínico (por exemplo a
quinacrina) ou quinolínico, imitando aquele presente no produto natural. Os
derivados quinolínicos originais pertenciam à classe das 4-amino ou 8-
aminoquinolinas (como a cloroquina, primaquina). A mefloquina, também um
derivado anti-malárico que possui o sistema quinolínico, descoberto mais
recentemente, tem um maior índice de similaridade estrutural com o produto
natural, apresentando em sua estrutura o sistema quinolinil-piperidinometanol,
oriundo do esqueleto rubano da quinina, substituído por dois grupamentos
trifluormetila nas posições C-2 e C-8. Esta substância foi descoberta no
Instituto Walter Reed do exército americano, nos EUA, para ser administrado
em uma única dose diária.
5. Atividades de aprendizagem
1. A farmacocinética estuda o movimento dos fármacos pelo organismo.
Assinale a alternativa correta:
a) A distribuição é definida como a passagem do fármaco do local de
administração até o tecido em que exerce efeito
b) A passagem do fármaco do trato gastrintestinal para o sangue ou linfa
é denominada absorção
c) A passagem do fármaco do sangue para os tecidos é denominada
absorção
d) A distribuição não depende da polaridade dos fármacos
e) Fármacos lipossolúveis acumulam em tecidos com grande conteúdo
de água, como os rins
2. Sobre a absorção de fármacos é correto afirmar:
a) Fármacos com carga elétrica são absorvidos com maior facilidade
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b) Fármacos com polares são facilmente absorvidos
c) Os fármacos lipossolúveis são melhor absorvidos
d) Os fármacos são todos absorvidos, independente de carga,
polaridade ou lipossolubilidade
e) Todos os fármacos são absorvidos por poros presentes na membrana
plasmática
3. Analise as estruturas abaixo e assinale a alternativa correta:
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c) A interação do fármaco com o receptor específico acontece apenas
com um dos isômeros, seja geométrico ou ótico
d) A disposição espacial dos grupos ligados a um carbono assimétrico
não influencia a ligação com o receptor específico.
e) A ligação com o receptor depende apenas de dupla ligação ou
carbono assimétrico.
6. O fármaco A tem um pKa de de 2,7 e o fármaco B um pKa de 8,1.
Considerando que no estômago o pH é abaixo de 1,0, assinale a
alternativa correta:
a) O fármaco B encontra-se totalmente ionizado no estômago e é melhor
absorvido.
b) O fármaco B encontra-se totalmente não-ionizado no estômago e é
melhor absorvido.
c) O fármaco B encontra-se totalmente ionizado no estômago e não é
absorvido.
d) O fármaco A encontra-se totalmente ionizado no estômago e é melhor
absorvido.
e) O fármaco A encontra-se totalmente não-ionizado no estômago e é
melhor absorvido.
7. Na descoberta de novos fármacos, assinale a alternativa que, na
atualidade, é responsável pela maioria das descobertas:
a) Plantas
b) Animais
c) Minerais
d) Síntese orgânica
e) Todas as fontes naturais
8. A reação abaixo é uma estratégia para a síntese de fármacos. Assinale
a alternativa que a representa :
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a) Hibridização molecular
b) Simplificação molecular
c) Síntese de séries homólogas
d) Latenciação
e) Simplificação e latenciação
9. A simplificação molecular tem como objetivos:
a) A síntese de um pró-fármaco
b) Síntese de um protótipo a partir de um análogo
c) Aumentar a lipossolubilidade
d) Eliminar as propriedades indesejável de um protótipo com a
manutenção do efeito farmacológico desejado
e) Reduzir a toxicidade e aumentar a absorção
10. Assinale a alternativa correta:
a) O protótipo é uma molécula que atua apenas como antagonista
b) O protótipo é uma molécula que atua como agonista apenas
c) Protótipo é uma molécula natural ou sintética que serve de modelo
para a síntese de análogos
d) Um análogo tem a mesma estrutura química, isomeria geométrica e
ótica, maior efeito biológico e lipossolubilidade do protótipo
e) Os protótipos são sintetizados a partir da inserção de séries
homólogas num análogo
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BARREIRO, E. J. Química medicinal: as bases moleculares da ação de
fármacos. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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LIMA, L. M. Química medicinal moderna: desafios e contribuição brasileira.
Quimica Nova, vol. 30, n. 6, p. 1456-1468, 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
40422007000600015&script=sci_abstract>. Acesso em: 04 jan. 2018.
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