Você está na página 1de 7

AIDS e INFECÇÕES OPORTUNISTAS

AIDS E INFECÇÕES
OPORTUNISTAS
EPIDEMIOLOGIA

o 30 milhões de pessoas infectadas no mundo (1999)


o 9 milhões de casos de AIDS no mundo(1999)
o 140 000 casos de AIDS no Brasil (1999)Relação homem:mulher (30:1 em 1987 e 3:1
em 1996)
o Homo e Bissexuais do sexo masculino
o Usuários de drogas endovenosas
o Hemofílicos
o Transfusões de sangue
o Heterossexuais

ETIOLOGIA:

 HIV-1(USA, EUROPA, ÁFRICA CENTRAL)


 HIV-2(OESTE DA ÁFRICA, AMÉRICA DO SUL, CARIBE).

HIV

 HIV-1Esférico, 100 nm de diâmetro, 10000 pares de bases


 3 Genes Principais:
 Gag- p55,p40,p24,p17
 Pol- Trancriptase reversa, protease e integrase
 Env- gp160, gp120, gp41

TRANSMISSÃO

o Depende da presença de sangue e fluídos corporais


o Três Maiores vias são:
o Contato sexual
o Inoculação parenteral
o Transmissão mãe-filho

PATOGENIA DA AIDS

 O HIV tem tropismo pelo Sistema Imune e SNC


 Proteína CD4, gp120, CCR4;
 gp41 favorece a fusão do vírus com a membrana celular
 Transcriptase reversa RNA----DNA viral
 Integração ao genoma do hospedeiro

1
PATOLOGIA
AIDS e INFECÇÕES OPORTUNISTAS

HISTÓRIA NATURAL
DA INFECÇÃO PELO HIV
Fase Aguda:

 Produção viral, -disseminação para tecidos linfóides.


 Ocorre em cerca de 50 a 70% dos adultos infectados pelo HIV
 Sintomas inespecíficos como mal-estar geral, mialgias.
 3 a 6 semanas após a infecção e dura cerca de 2 a 3 semanas

Fase Crônica:

 Período de latência clínica


 Replicação viral
 Assintomáticos ou desenvolvem linfadenopatia generalizada

Fase Final ou de Crise:

 Replicação viral
 Doença clínica
 Febre de longa duração (mais de um mês), fadiga, perda de peso.
 Diarréia, sudorese noturna, caquexia, ¯linfócitos CD4.
 Infecções oportunistas
 Neoplasias secundárias

Quadro clínico: polimorfo, com perda de peso (+ de 10%), diarréia crônica (+ de 1 mês), febre
prolongada (+ de 1 mês), tosse persistente (+ de 1 mês), linfadenopatia crônica (2 ou + cadeias
extra-inguinais), Sa de Kaposi, candidíase na orofaringe, herpes simples crônico
(disseminado), alt. do SNC, sudorese noturna.

TESTES PARA DIAGNÓSTICO

ELISA eWestern blot

Diagnóstico laboratorial: (a) Sorologia – teste anti-HIV, por ensaio imunoenzimático (ELISA)
que é o mais indicado para o rastreamento, qdo repetidamente positivo indica infecção, ou
pelo método Western Blot, que confirma a positividade do ELISA, demonstra a presença de
variados anticorpos contra os diversos antígenos virais. (b) Pesquisa do vírus ou de partículas
virais – detecção de antígenos circulantes (Ag P24 – proteína do cerne viral [Ag circulante]
que indica replicação) de aparecimento precoce (antes da positividade do ELISA) e
desaparece na fase latente (ou assintomática) com a produção de Ac anti-P24. O
reaparecimento destas partículas ocorre com a progressão para a fase de AIDS. É usado

2
PATOLOGIA
AIDS e INFECÇÕES OPORTUNISTAS

apenas na detecção de transmissão vertical do HIV. A reação em cadeia de polimerase (PCR)


é o método mais sensível, onde pequenas seqüências de DNA proviral são radiodetectadas.
Confere diagnóstico precoce e é utilizado para determinar a carga viral no seguimento de
tratamento anti-retroviral. (c) Alterações imunológicas – o HIV causa uma série de dist.
imunológicos, principalmente um efeito citopático direto nos linfócitos auxiliares CD4 (2/3 dos
linfócitos circulantes). Há leucopenia (linfopenia), com inversão da relação CD4/CD8;
hipergamaglobulinemia policlonal (funcionalmente deficientes); aumento da -2-
microglobulina; há anergia cutânea; há dist. nas interrelações celulares (deficiência de certas
linfocinas).

Marcadores imunológicos da progressão da infecção:


1. Determinação do número de linfócitos CD4 circulantes – o CDC considera portador de
AIDS aqueles soropositivos com contagem de CD4 < 200 céls/mm 3, mesmo
assintomáticos.
2. Dosagem dos níveis séricos de beta-2-microglobulina – seu aumento reflete ativação e/ou
destruição celular.
3. Testes cutâneos de hipersensibilidade retardada – anergia.
4. Determinação da carga viral.

INFECÇÕES OPORTUNÍSTAS
Inúmeras infecções podem acometer os pacientes com AIDS

INFECÇÕES FÚNGICAS
CANDIDÍASE

o Agente etiológico: Candida sp (Candida albicans mais comum)


o É a infecção fúngica mais freqüente encontrada no ser humano
o Candidíase oral ou vaginal não são indicadores de AIDS, pois podem ocorrer em
outras doenças como: diabetes, pac. transplantados
o Candidíase em orofaringe e vagina que não respondem à terapêutica estão presentes
nos estágios intermediários da AIDS
o 90% dos pac. HIV+ desenvolverão candidíase orofaringeal
o Candidíase de brônquio, traquéia, pulmões ou esôfago são condições indicadoras de
AIDS.
o Candidíase sistêmica é rara na AIDS, pois a função do neutrófilo é adequada para
limitar a candidíase à mucosa.
o Método Diagnóstico: P.A.S, Grocott

Histoplasmose
Etiologia - Histoplasma capsularum (dimórfico); infecção fúngica sistêmica profunda mais
comum nos EUA
Epidemiologia/Patogenia - Solo úmido com excrementos de pássaros e morcegos; esporos são
inalados, vão para o pulmão, são fagocitados por macrófagos, desenvolvendo-se imunidade celular 2 a
3 semanas após; cerca de 500.00 novos casos/ano nos EUA; América Central e do Sul, Europa e Ásia
Formas clínicas:

3
PATOLOGIA
AIDS e INFECÇÕES OPORTUNISTAS

AGUDA (febre, dor de cabeça, mialgia, tosse, anorexia; 2 semanas; calcificações em LN hilares).
CRÔNICA (menos comum; imunodeprimidos ou idosos enfisematosos; similar à tuberculose -
tosse, perda de peso, febre, dispnéia, dor torácica, hemoptise, fraqueza, fadiga; RX tórax: infiltração do
lobo superior e cavitação).
DISSEMINADA (incomum; 1 em cada 2000/5000 com a forma aguda; disseminação extra-
pulmonar; idosos, debilitados e imunodeprimidos; 2 a 10% dos pacientes com AIDS; baço,
adrenais, fígado, LN, trato gastrointestinal, SNC, rim, mucosa oral).
Lesões Orais - Forma disseminada; língua, palato, mucosa jugal; ulcerações dolorosas solitárias,
eritematosas, com bordos firmes e elevados (DD: CEC).
HP - Granulomas com macrófagos, linfócitos, plasmócitos e células gigantes multinucleadas;
PAS e Gomori-Grocott .
Diagnóstico - HP ou cultura; Ags do fungo; sorológico (Acs antifungo); teste imunodifusão Ags
H e M; teste cutâneo da histoplasmina.
Tratamento - Aguda (autolimitante), crônica (anti-fúngicos sistêmicos), disseminada (anti-
fúngicos EV; mortalidade de 7 a 23%).

INFECÇÕES
BACTERIANAS

MICOBACTERIOSE

 Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis


 Tuberculose causa imunossupressão e depressão de linfócitos CD4 em pacientes
HIV+ e HIV-
 Pacientes HIV+ são extremamente suscetíveis a tuberculose
 Histologicamente a formação de granulomas depende do estado imunológico do
paciente.
 Método Diagnóstico: Ziehl-Neelsen, GIEMSA, Grocott, IPX, cultura, PCR.

PNEUMONIA RECORRENTE

 Agentes etiológicos: bactérias (S. pneumoniae, H. influenzae, Klebsiella sp,


Pseudomonas aeruginosa, etc...), fungos, vírus.
 Via de transmissão: Inalação e hematogenicamente
 Pode haver mais de um patógeno
 Resistência bacteriana devido à terapêutica prolongada
 Localização: pulmões
 Podem ser multilobar e estão associados a bacteremia
 Histologicamente há reação rica em neutrófilos
 Método Diagnóstico: B.H., Ziehl, Warthin-Starry
 Tratamento: Antibiótico, Antifúngico.

INFECÇÕES

4
PATOLOGIA
AIDS e INFECÇÕES OPORTUNISTAS

VIRAIS
HERPES SIMPLES (HSV-1)

 Agente etiológico: Herpes simples vírus-1


 Clinicamente manifesta-se como úlceras, precedidas por vesículas, no lábio. As
lesões são duradouras e extensas podendo envolver pele e mucosa do lábio. Pode
haver envolvimento intrabucal em especial palato duro e gengiva, e a sintomatologia
dolorosa pode ser intensa.
 Método Diagnóstico: Clínico, IPX, M.E, PCR
 Tratamento: Aciclovir tópico ou sistêmico, antibiótico quando há infecção
secundária.

PAPILOMAVÍRUS (HPV)

 Associado a papilomas, verrugas e condiloma.


 Clinicamente possui aspecto verrucoso, ou de superfície lisa, em geral
assintomáticos;
 Papilomas são mais comuns em lábio, mas pode ocorrer em qualquer região da boca.
 Verrugas em qualquer região do corpo;
 Condilomas ou verruga venérea; pode afetar a cavidade oral.
 Método Diagnóstico: Clínico, IPX, HIS, PCR.
 Tratamento: Pode ser cirúrgico, nitrogênio, laser.
 Recidiva é freqüente

NEOPLASIAS
1 em cada 6 pessoas com AIDS terão algum
tipo de neoplasia

LINFOMA NÃO-HODGKIN

o Segunda neoplasia mais comum em pac. HIV+


o Maiorias são linfomas tipo B de alto grau (Difuso de grandes células ou
imunoblástico)
o Aproximadamente 3% de pacientes HIV+ desenvolverão um linfoma durante o
curso da infecção pelo HIV· 60 vezes mais chance de ter linfoma do que a população
geral
o Linfomas primários de cérebro e Linfoma de Burkitt são comuns
o LNH são precedidos por Linfadenopatia generalizada persistente
o 75% dos LNH são extranodais
o Ocorrem em estágios mais tardios da doença
o CD4<100cels/ml, Razão CD4/CD8=0,5.
o EBV é detectado em 70% dos casos
o Método Diagnóstico: H/E, PAAF, IPX, EBER (RNAm)
o Tratamento: Quimioterapia - “Entre a cruz e a Espada”

5
PATOLOGIA
AIDS e INFECÇÕES OPORTUNISTAS

o Remissão completa 25 a 50% dos casos

SARCOMA DE KAPOSI

o Neoplasia mais comum em pac. HIV+


o Acometem homossexuais/bissex. principalmente
o Aproximadamente 12-25% de pacientes homossexuais HIV+ apresentam SK·
Etiologia: HHV-8? EBV? CMV?
o Normalmente é multifocal: pele, mucosa oral, linfonodos, tracto gastrintestinal,
pulmões, fígado e baço.
o 50% ou mais dos pac. com SK mucocutâneo apresentarão lesões orais e periorais
freqüentemente na fase final da doença

ULCERAÇÕES INESPECÍFICAS

o Clinicamente apresenta-se como úlceras rasas de fundo granuloso, dolorosas, de


longa duração (2 meses) de 1 a 2 cm de tamanho
o Freqüente em homossexuais e bissexuais· CD4<60 cels/ml
o Etiologia: Viral, Bacteriana, Fúngica, Medicamentosa.
o Tratamento: Medicação analgésica, bochechos com clorexidina, antibiótico.

TRATAMENTO DA AIDS

Atualmente não existe cura para a AIDS. Existem medicamentos denominados anti-retrovirais
(ARV) que podem retardar o progresso da doença e reduzir a velocidade do dano ao seu sistema
imunológico. Estes medicamentos diminuem a replicação viral, porém, não conseguem tirar todo o vírus
do seu corpo.
Também existem medicamentos para prevenir e tratar infecções oportunistas. Estes
medicamentos funcionam bem, na maioria dos casos.
No Brasil, 100% das pessoas que preenchem os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde
têm acesso ao tratamento com os medicamentos anti-retrovirais.
Até janeiro de 2003 existiam cerca de 120 mil pacientes favorecidos pela terapia, o que significou
mudança progressiva do perfil da morbi-mortalidade da epidemia, com redução de mais de 50% na
mortalidade por aids e de até 80% no aparecimento das infecções oportunistas associadas à aids, queda
de internações hospitalares e, o que é mais importante, aumento significativo na sobrevida e da
qualidade de vida dos indivíduos portadores do HIV.

Medicamentos:
A produção nacional de medicamentos anti-retrovirais é fator essencial para a viabilidade da
distribuição universal e gratuita dessas drogas para as pessoas que vivem com a aids
O tratamento anti-retroviral conta com 15 medicamentos divididos em três classes: os inibidores
de transcriptase reversa análogos de nucleosídeos, os inibidores de transcriptase reversa não análogos
de nucleosídeos e os inibidores de protease. Para combater o HIV, é necessário utilizar pelo menos dois
medicamentos de classe diferentes. A maioria das pessoas toma três medicamentos anti-retrovirais,
alguns tomam quatro. Diversas combinações podem ser feitas. Mas muitos medicamentos não podem
ser utilizados juntos.

6
PATOLOGIA
AIDS e INFECÇÕES OPORTUNISTAS

 Inibidores da protease: indinavir (Crixivan); ritonavir (Norvir); saquinavir (Invirase ou Fortovase);


nelfinavir (Viracept); amprenavir (Agenerase); lapinovir (Kaletra).
 Inibidores da Transcriptase Reversa análogos de Nucleosídeos: zidovudina (Retrovir ou AZT);
didanosina (Videx ou ddI); zalcitabina (Hivid ou ddC); estavudina (Zerit ou d4T); lamivudina
(Epivir ou 3TC); combivir (AZT + 3TC); abacavir (Ziagen); Trizivir (AZT + 3TC + abacavir)
 Inibidores da Transcriptase Reversa Não analogos de Nucleosídeos: nevirapina (Viramune);
efavirenz (Sustiva); delavirdina (Rescriptor)
Os efeitos colaterais mais freqüentes que se apresentam no início do tratamento incluem cansaço,
náusea, vômitos, diarréia, dores musculares, dor de cabeça e irritação de pele. Outros efeitos colaterais
variam de acordo com o tipo de remédio que está sendo usado. Pacientes com Aids em estágio avançado
tendem a apresentar reações adversas com mais freqüência.
Até o presente momento, não existe encerramento ou fim de tratamento da infecção pelo HIV: uma
vez iniciado, é mantido indefinidamente, como ocorre em diversas doenças crônicas como diabetes e
hipertensão.
Os esquemas anti-retrovirais, entretanto, podem ser modificados de acordo com a necessidade (falha
terapêutica, resistência ou intolerância aos medicamentos) e algumas profilaxias podem ser suspensas,
de acordo com a melhora da pessoa. Mais recentemente surgiram as estratégias de interrupção
temporária do tratamento – conhecidas como drug holidays – mas as pesquisas ainda se encontram em
fase inicial. Não há, portanto, base científica para apoiar tal conduta.

7
PATOLOGIA

Você também pode gostar