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O EGITO Fundação Bradesco

1ª série do Ensino Médio


Professor Diego
CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito Antigo. Ed. Brasiliense, São Paulo: 1984, p. 9.
DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE ESTADO:
Estado: A palavra Estado, grafada com inicial maiúscula, é uma forma
organizacional cujo significado é de natureza política. É uma entidade com
poder soberano para governar um povo dentro de uma área territorial
delimitada. As funções tradicionais do Estado englobam três domínios: Poder
Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Numa nação, o Estado
desempenha funções políticas, sociais e econômicas.

Também são designadas por Estado, cada uma das divisões político-geográficas
de uma república federativa. Estas divisões são autônomas e possuem um
governo próprio regido por uma estrutura administrativa local. O Brasil é
dividido em 26 Estados e um Distrito Federal.

Grafada com inicial minúscula, a palavra estado significa a situação presente


em que se encontra alguma entidade. Exemplos: estado de pobreza, estado do
tempo, estado civil, estado físico etc.
A ADMINISTRAÇÃO DO EGITO
“A centralização administrativa supõe uma máquina
eficiente que faça com que as ordens emanadas do faraó
cheguem a todo o reino. A própria palavra faraó significa
“casa grande”, sede da administração, de onde tudo
emana e para onde tudo converge. Acredita-se que o rei,
pessoalmente, dirigia tudo, não sendo seus ministros sua
extensão, seus olhos, boca e ouvidos, sem autonomia para
criar ou conceber. Havia a figura do primeiro-ministro, que
ocupava espaços que o rei, eventualmente, deixasse vazios,
por falta de vontade ou talento para governar.

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 13. ed. São Paulo: Atual, 1994, p. 74-6.
A ADMINISTRAÇÃO DO EGITO
TEOCRACIA: Em seu sentido inicial, a teocracia é um
termo de origem grega que significa “governo divino”.
Nesse sentido, definimos a teocracia como todo governo
em que justificativas de natureza religiosa orientam a
formação do poder instituído. Na maioria dos casos, o
chefe político é visto como um representante direto de
alguma divindade ou chega a assumir a condição de
divindade encarnada
A ADMINISTRAÇÃO DO EGITO
A autoridade regional era o nomarca (não
confundir com monarca), espécie de governador
que administrava o nomo, em número de quarenta,
espalhados pelo Egito.
Cada aldeia podia eleger o seu líder local e um
conselho, composto por representantes de
diferentes categorias. A autonomia desses
“prefeitos” e “vereadores” variou muito ao longo
da história egípcia, mas deve ter sido sempre
limitada pela presença de funcionários do governo
central que vinham sempre fiscalizar campos,
conferir rebanhos, orientar construções ou
transmitir normas, de modo a permitir a
manutenção de ligação estreita entre o poder
central e o mais obscuro dos habitantes.
A ADMINISTRAÇÃO DO EGITO

O executor material das ordens reais era o


escriba. Era ele que o funcionário do poder
central, responsável concreto pela articulação
entre as ordens dadas e sua execução. [...] O
escriba não era, pois, prestigiado por saber
escrever e contar, mas sim pelo fato de essas
atividades estarem a serviço do faraó, do poder
central, fonte da autoridade e do poder. “
(PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 13. ed.
São Paulo: Atual, 1994, p. 74-6.)
Placa com hieróglifos – Museu
do Louvre

O Escriba sentado – Museu do Louvre


OSÍRIS
“Osíris é a mais vívida realizada da imaginação egípcia. E é também
a mais complexa. Muito embora não seja o Senhor do universo,
tampouco é uma divindade subordinada. O Deus Supremo, criador e
determinador do destino, a suprema personificação do poder, vontade
e sabedoria, eterno.

Osíris é bem diferente: conquista simpatia. É o sofredor com toda a


mortalidade, mas ao mesmo tempo é o poder do renascimento e
fertilidade do mundo. É o poder germinativo das plantas e da
reprodução nos animais e seres humanos. É o morto e a fonte de toda
a vida. Logo, tornar-se Osíris é tornar-se um dos ciclos cósmicos de
morte e renascimento.”

CLARK, R. T. Rundle. Símbolos e mitos do Antigo Egito. Ed. Hemus, p. 93.


OSÍRIS
a ideia de Osíris ser identificado com o
sofrimento, e ao mesmo tempo com o poder do
renascimento - aproximava o homem egípcio
dessa divindade;
Osíris representa a esperança dos egípcios em
viver em glória para sempre depois da morte.
É sempre importante pensar a civilização egípcia
relacionando-a com a religião porque o universo
cultural e mental dos egípcios estava todo ele
relacionado à vida após a morte.
Imagem: Museu do Louvre – Arquivo Pessoal
Imagem: Museu do Louvre – Arquivo Pessoal
A MÃO DE OBRA
Além da mão de obra ocasional fornecida pelos camponeses na
época da inundação, quando os trabalhos agrícolas se
paralisavam, as obras públicas empregavam também
trabalhadores permanentes, remunerados em espécie. A
Arqueologia revelou verdadeiras “cidades operárias” (por
exemplo, na necrópole tebana e em Tell el-Amarna).
A escravidão teve certa importância econômica nas minas e
pedreiras estatais e, no Reino Novo, também nas terras reais e dos
templos.
Houve igualmente tropas militares auxiliares constituídas de
escravos, e existiram escravos domésticos, às vezes numerosos. A
economia egípcia, no entanto, nunca foi “escravista” no sentido em
que o foi a da Grécia clássica e helenística e a da Roma de fins
da República e do Alto Império.
A MÃO DE OBRA
(...) Já vimos que entre eles os escravos eram uma
pequena minoria. Tanto na agricultura quanto nas
outras atividades, existiam níveis acusados de
divisão do trabalho e especialização funcional. No
entanto, a produtividade do trabalho era baixa,
compensando se tal fato, quando necessário, com a
abundância de mão de obra garantida por uma
população densa. Estas massas populares
exploradas eram mantidas na submissão pela
vigilância, pela repressão e por fatores ideológicos
(em especial a crença no caráter divino da
monarquia).
CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito Antigo. Ed. Brasiliense, São Paulo: 1984, p.15 .
A MÃO DE OBRA
SEM PALAVRA QUE DESIGNE “ESCRAVO” O
funcionamento da realeza egípcia baseava-se
em um elemento essencial – que aproxima muito
o estado de espírito dos trabalhadores egípcios
ao dos construtores de catedrais na Idade
Média: filho dos deuses e seu representante na
Terra, o faraó, no ápice da pirâmide social,
garantia a vida e assegurava a cada um sua
subsistência. Em troca desses benefícios, ele
estava no direito de exigir dos súditos seu
trabalho, de modo que cada um participava da
grande obra coletiva.
OS GRUPOS SOCIAIS:
os sacerdotes: eram responsáveis pela transmissão dos conhecimentos
e da prática religiosas; passavam sua função hereditariamente.
os nobres: auxiliavam o faraó na administração, na defesa e no
comércio exterior; recebiam altos salários e viviam cercados de
conforto.
os escribas: pessoas sabiam ler e escrever e que ocupavam cargos de
funcionários da administração do Estado; conferiam os rebanhos e a
produção agrícola e coletavam impostos.
os soldados: encarregados de proteger o império egípcios;
encarregados pela construção civil em momentos de paz.
os camponeses: semeavam e irrigavam as culturas; faziam a limpeza
das plantações até a colheita; pagavam impostos ao faraó ou aos
donos da terra (nobres ou sacerdotes).
os “escravos”: minoria na sociedade; maioria era prisioneira de
guerra; podiam ser vendidos; apenas a nobreza utilizava seus serviços
etc.
AS CIDADES NO EGITO
Durante o período faraônico houve uma preocupação dos
faraós e dos monarcas em estabelecer centros administrativos
para o controle da produção que era basicamente agrícola.
As vilas e cidades, que diferiam no tamanho, tinham
fundamentalmente a função de serem centros administrativos:
não obstante há cidades que são também cidades-templos e
cidades-fortalezas.

É importante chamar atenção para o fato de serem as


cidades e vilas do Egito faraônico voltadas para o vale do
Nilo e para a sua nascente, na Núbia, em cujas redondezas
foram construídas as cidades-fortalezas. Essa ocupação do
espaço, que é estratégica e pensada, materializa a
preocupação de explorar as riquezas geradas com as
enchentes do Nilo e as provenientes do comércio com o sul,
da Núbia ao reino de Kush.
AS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO EGITO
Pecuária: os pastos localizavam-se quase
sempre em áreas pantanosas e a carne era
um alimento de alto luxo, só muito
ocasionalmente disponível para os menos
favorecidos;
Pesca: era praticada nos canais e nos
pântanos segundo diferentes métodos – o
consumo popular de peixe era grande,
especialmente seco;
AS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO EGITO
Caça: realizadas nos pântanos e no deserto, como
esporte, para prover a mesa dos poderosos;
Comércio: nas transações mais importantes usava-se
um padrão de referência, constituído por pesos de
metal (cobre, prata), que serviam de equivalente de
valor, mas o pagamento efetivo era feito com
objetos diversos. O grande comércio exterior e era
realizado para garantir a importação de matérias-
primas e objetos de luxo, além de objetos
necessários ao culto religioso. Esse comércio se
efetivava por meio das expedições ordenadas pelo
rei ou pelos templos.
AS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO EGITO
A vida agrícola se desenvolvia segundo um ciclo bastante curto, se
considerarmos as produções básicas - cereais (trigo duro e cevada em
especial) e linho -, em função das três estações do ano que eram típicas
do país: a inundação (julho-outubro), a “saída” ou o reaparecimento
da terra cultivável do seio das águas, época da semeadura (novembro-
fevereiro), e a colheita (março-junho). Com a paralisação das
atividades agrícolas durante a inundação, e considerando-se que a
colheita, realizada em abril e maio, terminava bem antes que ocorresse
a nova cheia do rio, vemos que o ciclo da agricultura básica durava
pouco mais de meio ano apenas.
CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito Antigo. Ed. Brasiliense, São Paulo: 1984, p. 10.
Arando e semeando (Reino Novo). François Daumas, La vie dans l’Egypte ancienne, Paris, PUF, 1968, p. 8.
Irrigando com shadut (Reino Novo). (Pierre Montet, L’Egypte étenelle, Verviers, Marabout, 1979, p. 26)
Colheita de cereal e colheita de linho (Reino Antigo), Gustave Jéquier, Histoire de la civilisation égyptienne, Paris, Payot,
1930, p. 182-183 (segundo Lepsius).
AS PIRÂMIDES
Todo mundo sabe que o Egito é a terra das pirâmides, essas montanhas
de pedra que se erguem como marcos desgastados pelas intempéries no
horizonte distante da história. Por mais remotas e misteriosas que
pareçam, elas contam-nos muito sobre a nossa própria história. Falam-
nos de uma terra que estava tão completamente organizada que foi
possível empilhar esses gigantescos morros tumulares durante a vida de
um único rei; e falam-nos de reis que eram tão ricos e poderosos que
puderam forçar milhares e milhares de trabalhadores ou escravos a
labutarem por eles, ano após ano, a cortarem as pedras, a arrastarem-nas
para o local da construção e deslocarem-nas por meios sumamente
primitivos até que o túmulo ficou pronto para receber o rei.

GROMBRICH. E.H. A História da Arte. Zahar Editores, Rio de Janeiro: 1981, p. 31.
Quando a morte é só o começo
“Um egípcio só estaria apto para a vida eterna se, na Terra, seu corpo tivesse sido
preservado. No princípio, a natureza colaborou”
Obcecados pela morte - e, especialmente, pela possibilidade de escapar de um fim
definitivo -, os egípcios desenvolveram seu célebre método de mumificação artificial.
Corpos preservados para a eternidade, porém, não são exclusivamente do reino dos
faraós.
Os egípcios acreditavam em vida após a morte, mas certamente a ideia de
passar desta para uma melhor lhes causava arrepios: um terrível julgamento os esperava
no próximo mundo. Osíris e outros 42 interrogavam o desencarnado, que deveria
declara-se inocente de pecados e confirmar suas virtudes. Em seguida, seu coração,
símbolo da consciência, era pesado em uma balança por Anúbis. Se fosse mais leve do
que uma pena, os portões do paraíso eram abertos; se fosse mais pesado, o destino
seria a completa escuridão. Mas isso não era tudo. Mesmo que fosse considerado
merecedor, um egípcio só estaria apto para a vida eterna se, na Terra, seu corpo tivesse
sido preservado.
No princípio, a natureza colaborou. Os primeiros cadáveres que escaparam
da decomposição foram encontrados, por acaso, em pleno deserto – quando um
corpo é enterrado na areia quente, sem qualquer tipo de envoltório, a areia pode
acabar absorvendo os líquidos corporais, em um processo de desidratação
completa. Surgiram, assim, as primeiras múmias do Egito, que mantinham os
órgãos internos intactos e tinham a pele transformada em casca negra e rígida.
Se virar múmia era uma questão de sorte, nada mais natural que os faraós
desejassem ser os indivíduos mais sortudos de todo o reino – sem que para isso
fosse preciso abrir mão do conforto de ser enterrado em luxuosos sarcófagos, e
não diretamente na areia. Assim, médicos e sacerdotes foram encarregados de
desenvolver um processo de embalsamação artificial, até chegarem ao evoluído
método que preservou as múmias egípcias em suas incríveis tumbas, ao longo
dos milênios.
Revista de História BBC. Ano 1. Edição n. 8. Carine Portela. p. 21.
Imagem: Museu do Louvre – Arquivo Pessoal
Imagem: Museu do Louvre – Arquivo Pessoal
Imagem: Museu do Louvre – Arquivo Pessoal
Imagem: Museu do Louvre – Arquivo Pessoal Imagem: Museu do Louvre – Arquivo Pessoal
AS CONCEPÇÕES DE TEMPO ENTRE OS EGÍPCIOS
O tempo é definido pelo O momento da criação original Após a morte, ou seja, na

CONCEPÇÃO IMÓVEL
CONCEPÇÃO LINEAR
CCONCEPÇÃO CÍCLICA

ritmo da natureza. do universo marca o início do vida extraterrena, o


tempo.
tempo é imóvel e imutável
Dia e a noite, estações do – não existe passado e
ano e o momento anual das A manhã de cada dia era um futuro, mas sim um eterno
exemplo da repetição das
inundações do Nilo eram origens. presente.
determinados pela ação
divina que permitia a
continuidade da existência O tempo de cada indivíduo se Um jovem saudável
humana. dividia em tempo da vida continuará jovem e
terrena e da vida extraterrena.
As festividades funcionavam Na vida terrena , o indivíduo saudável, assim como uma
como um momento de não poderia fugir da dinâmica criança agitada ,
recomeço, regeneração, e de ser concebido, de nascer, continuará assim depois
reintegração das forças crescer, envelhecer e morrer.
cósmicas naturais. Quando o indivíduo morre, ele
da morte.
vence essa dimensão linear do
tempo e ganha a eternidade.

Os Egípcios acreditavam que era possível vencer o tempo.


A eternidade egípcia representa a infinitude do tempo, livre de toda e qualquer
contingência limitativa.
A ARTE:
A Arte no Egito Antigo é antes de tudo uma forma de comunicação e estava
a serviço da religião. A produção artística raramente era assinada, pois era
fruto de um trabalho coletivo, estava ligada a uma funcionalidade e era
encontrada em templos, tumbas e palácios. Era uma arte elitizada na qual
as classes dominantes eram privilegiadas, pois somente elas tinham
condições financeiras para a sua realização.
A estética da época estava preocupada com a representação de um realismo
convencional, o artista não possuía liberdade de expressão, pois
necessitava materializar e transmitir as crenças coletivas. O artista era
considerado um artífice, isto é, um artesão, cujo trabalho manual consistia
em preservar tudo com a maior clareza e permanências possível.
ANDE, Edna Ande, Sueli Lemos. – São Paulo: Calis Ed. 2011. 64p. : il.; 28 cm. (Arte na Idade Antiga), p. 26.

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