Você está na página 1de 21

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF

- FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

2017
1a Edição

Rio Grande
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS
CRISTIANA ANDRADE POFFAL
CINTHYA MARIA SCHNEIDER MENEGHETTI
BÁRBARA DENICOL DO AMARAL RODRIGUEZ
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

2
lemas.furg.br
Cristiana Poffal
Bárbara Rodriguez
Cinthya Meneghetti
Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Instituto de Matemática, Estatística e Física - IMEF


NOTAS DE AULA DE CÁLCULO

Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

Sumário

1 Sequências Numéricas 4
1.1 Uma breve introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Sequências numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Convergência de sequências numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 Calculando limites de sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5 Sequências monótonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.5.1 Sequência limitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5.2 Sequência monótona e limitada . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.6 Lista de Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

Capítulo 1

Sequências Numéricas

1.1 Uma breve introdução


A palavra sequência é usualmente empregada para representar uma su-
cessão de objetos ou fatos em uma ordem determinada. Essa ordem pode ser de
tamanho, de lógica, de ordem cronológica, entre outros. Em matemática é utilizada
comumente para denotar uma sucessão de números cuja ordem é determinada por
uma lei ou função que é chamada de termo geral da sequência ou lei de recorrência.
A teoria de séries é uma ferramenta matemática importante na resolução
de equações diferenciais e na obtenção de resultados em computação numérica. Para
desenvolver a teoria de séries, estudam-se primeiro as chamadas sequências infinitas.
Sequências e séries de funções tiveram seu estudo impulsionado a partir
das contribuições de Newton (1642–1727) e Leibniz (1646–1716). Ambos desenvolve-
ram representações de séries para funções. Usando métodos algébricos e geométricos,
Newton determinou as séries de potências para as funções trigonométricas sen(x)
e cos(x) e para a função exponencial. Ele utilizou séries para desenvolver muitos
resultados do Cálculo, tais como área, comprimento de arco e volumes. Para calcu-
lar áreas, por exemplo, ele, frequentemente, integrava uma função, primeiramente
expressando-a como uma série, e então integrando cada termo.

1.2 Sequências numéricas


Uma sequência numérica, ou simplesmente, uma sequência, é uma suces-
são de números. Ela pode ser pensada como uma lista de números escritos em uma

4
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.2. SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

ordem definida a1 , a2 , a3 , . . . , an , . . . .
Os valores a1 , a2 , a3 , . . . , an , . . . são chamados termos da sequência. O
número a1 é chamado de primeiro termo, a2 é o segundo termo e, em geral, an é dito
o n-ésimo termo.

Observação 1.2.1. Em algumas ocasiões é conveniente denotar o primeiro termo


da sequência por a0 . Neste caso, a sequência tem a forma: a0 , a1 , a2 , . . . , an , . . . .

Definição 1.2.1. Uma sequência de números reais (an ) é uma função a : N → R


que associa a cada número natural n um número real an .

Observação 1.2.2. A notação (an ) é utilizada com frequência ao longo deste texto
para denotar uma sequência. Também pode-se escrever (an )n∈N , (a1 , a2 , a3 , . . .),
{an } ou simplesmente an , nos dois últimos supõe-se que n ≥ 1. Pode-se também
usar quaisquer outras letras, como por exemplo (bn ) ou (cn ).

Exemplo 1.2.1. Iniciando em n = 1, escreva os cinco primeiros termos de cada


uma das seguintes sequências cujos n-ésimos termos são representados por

a) an = 3 + (−1)n
2n
b) bn =
1+n
n2
c) cn =
2n − 1
1
d) dn = .
2n
Solução:

a) an = 3 + (−1)n

Substitui-se o valor de n na expressão de an para obter os termos da


sequência, isto é:

a1 = 3 + (−1)1 = 2;
a2 = 3 + (−1)2 = 4;
a3 = 3 + (−1)3 = 2;
a4 = 3 + (−1)4 = 4;
a5 = 3 + (−1)5 = 2.

Assim, os cinco primeiros termos da sequência são: 2, 4, 2, 4, 2.

5 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.2. SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

2n
b) bn =
1+n
Substitui-se o valor de n na expressão de bn para calcular os termos
da sequência:
2·1 2
b1 = = ;
1+1 2
2·2 4
b2 = = ;
1+2 3
2·3 6
b3 = = ;
1+3 4
2·4 8
b4 = = ;
1+4 5
2·5 10
b5 = = .
1+5 6
2 4 6 8 10
Logo, os cinco primeiros termos da sequência são: , , , , .
2 3 4 5 6
n2
c) cn =
2n − 1
Aplica-se o valor de n na expressão de cn para determinar os termos
da sequência:
12
c1 = = 1;
21 − 1
22 4
c2 = = ;
22 − 1 3
32 9
c3 = = ;
23 − 1 7
42 16
c1 = = ;
24 − 1 15
52 25
c1 = = .
25 − 1 31

4 9 16 25
Portanto, os cinco primeiros termos da sequência são: 1, , , , .
3 7 15 31
1
d) dn =
2n
Na expressão de dn , aplica-se o valor de n para calcular os termos da
sequência:
1 1
d1 = = ;
21 2
1 1
d2 = 2 = ;
2 4
1 1
d3 = 3 = ;
2 8
1 1
d4 = 4 = ;
2 16

6 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.2. SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

1 1
d5 = = .
25 32

1
Consequentemente, os cinco primeiros termos da sequência são: ,
2
1 1 1 1
, , , .
4 8 16 32
Exemplo 1.2.2. Começando em n = 1, determine uma expressão para o n-ésimo
termo das sequências em função de n:

a) 1, 4, 7, 10, . . .
2 3 4 5
b) , , , ,...
3 4 5 6
1 1 1
c) 2, −1, , − , , . . .
2 4 8
1 1 1 1
d) 2, 1 + , 1 + , 1 + , 1 + , . . ..
2 3 4 5

Solução:

a) 1, 4, 7, 10, . . .

Analisando a sequência, observa-se que se trata de uma progressão


aritmética (PA) que inicia em a1 = 1 e tem razão 3, pois a diferença entre um
termo e seguinte é de 3 unidades.

O termo geral da PA é an = a1 + (n − 1)r, logo, an = 1 + (n − 1) · 3,


isto é, an = 3n − 2.
2 3 4 5
b) , , , ,...
3 4 5 6
Neste caso, verifica-se que os numeradores formam uma sequência de
números naturais iniciando em 2. Os denominadores também, entretanto inicia
n+1
em 3. Assim, escreve-se o termo geral da sequência como: an = .
n+2
1 1 1
c) 2, −1, , − , , . . .
2 4 8
Neste caso, percebe-se a alternância de sinais positivo e negativo, o
que acarreta a presença do termo (−1)n+1 , uma vez que a sequência inicia em 1.
Este termo deve multiplicar 22−n para produzir as potências do número 2.

Portanto, o termo geral da sequência é an = (−1)n+1 · 22−n .

7 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.3. CONVERGÊNCIA DE SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

1 1 1 1
d) 2, 1 + , 1 + , 1 + , 1 + , . . ..
2 3 4 5
1
A partir do segundo termo, tem-se 1 + , como a sequência inicia em
n
n = 1 verifica-se que a expressão serve desde o primeiro termo.
1
Logo, escreve-se an = 1 + .
n
Observação 1.2.3. Nem sempre é possível representar o termo geral de uma sequên-
cia por uma fórmula. Observe o exemplo da sequência dos números primos,

2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, . . . .

Não existe uma fórmula para o termo geral da sequência dos números primos, mas
todos eles estão determinados e podem ser encontrados, por exemplo, pelo chamado
“crivo de Erastóstenes”.

1.3 Convergência de sequências numéricas


Sequências cujos termos se aproximam de um valor limite são ditas
convergentes, enquanto que sequências que não possuem limites são ditas diver-
gentes.

Definição 1.3.1. A sequência (an ) converge para o número L se

lim an = L ou an → L quando n → +∞,


n→+∞

isto é, para todo número positivo  existe um número inteiro N tal que para todo n

n > N ⇒ |an − L| < .

O número L é dito limite da sequência. Se este número L não existe,


dizemos que (an ) diverge.

Observação 1.3.1. Ao representar os pontos (n, an ) no plano cartesiano, pode-se


observar que an convergir para L significa que para todo  > 0, existe um ponto na
sequência a partir do qual todos os termos estão entre as retas y = L −  e y = L + .
n
Exemplo 1.3.1. Considere a sequência cujo termo geral é an = . Neste caso,
n+1

lim an = 1.
n→+∞

8 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.4. CALCULANDO LIMITES DE SEQUÊNCIAS

De fato, seja  > 0, observe que



n
<  ⇔ 1 <  ⇔ n > 1 − 1.


n + 1 − 1 n+1 

A última desigualdade sugere escolher N como o primeiro natural maior do que


1
− 1. Observe que outro número natural maior do que este N estabelecido também

atende a definição de convergência.

Exemplo 1.3.2. Iniciando em n = 1 represente graficamente a sequência (an ) =


(n + 1), analisando o seu comportamento.

Figura 1.1: Sequência (an ) = (n + 1)

Observando o gráfico, pode-se confirmar que a sequência diverge.

1.4 Calculando limites de sequências


Como sequências são funções reais cujo domínio está restrito aos inteiros
positivos, propriedades e teoremas para limites de funções estudadas durante o curso
de Cálculo Diferencial possuem versões para sequências numéricas. A seguir estão
enunciadas algumas das propriedades para o cálculo de limites.
Sejam (an ) e (bn ) sequências de números reais convergentes e tais que
lim (an ) = L, lim (bn ) = M e L, M e c números reais.
n→+∞ n→+∞

1. Regra da soma: lim (an + bn ) = L + M.


n→+∞

2. Regra da diferença: lim (an − bn ) = L − M.


n→+∞

9 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.4. CALCULANDO LIMITES DE SEQUÊNCIAS

3. Regra do produto: lim (an · bn ) = L · M.


n→+∞

4. Regra da multiplicação por uma constante: lim (c · an ) = c · L.


n→+∞
 
an L
5. Regra do quociente: lim = , se M 6= 0.
n→+∞ bn M
Teorema 1.4.1. Teorema para convergência de sequências numéricas.

a) Se |c| < 1, então lim cn = 0.


n→+∞

b) Se |c| > 1, então (cn ) diverge.

c) Se c = 1, então lim 1n = 1.
n→+∞

O teorema a seguir nos permite aplicar a regra de L’Hospital para en-


contrar o limite de algumas sequências.

Teorema 1.4.2. Suponha que f (x) seja uma função definida para todo x > n0 ,
onde n0 ∈ N fixo. Seja (an ) uma sequência de números reais tal que an = f (n) para
todo n > n0 . Então,
lim f (x) = L ⇒ lim an = L.
x→+∞ n→+∞

Demonstração:
Suponha que lim f (x) = L. Então, para cada número positivo  existe
x→+∞
um número M tal que para todo x,

x > M ⇒ |f (x) − L| < .

Seja n0 um número inteiro maior tal que n0 ≥ M . Então,

n > n0 ⇒ an = f (n) e |an − L| = |f (n) − L| < .

Exemplo 1.4.1. Se possível, calcule os limites das sequências cujos n-ésimos termos
são:
n
a) an =
1 − 2n
b) bn = (−1)n
2n
c) cn =
3n+1
π
d) dn = nsen .
2n
10 Notas de aula de Cálculo - FURG
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.4. CALCULANDO LIMITES DE SEQUÊNCIAS

Solução:
n
a) an =
1 − 2n
x
O limite pode ser escrito como lim , considerando que x ∈ R.
x→+∞ 1 − 2x
x 1
Neste caso, pode-se utilizar a regra de L’Hospital, lim =− .
x→+∞ 1 − 2x 2
1
Portanto, a sequência an converge para .
2
b) bn = (−1)n

O limite lim bn não existe, pois para n par, resulta 1 e para n ímpar,
n→+∞
resulta −1. Logo, diz-se que a sequência diverge.
2n
c) cn =
3n+1
2n
O limite desta sequência pode ser escrito como lim cn = lim ,
n→+∞ n→+∞ 3 · 3n
isto é:
 n
1 2n 1 2
lim cn = lim n = lim = 0, pelo Teorema 1.4.1.
n→+∞ 3 n→+∞ 3 3 n→+∞ 3
π
d) dn = nsen
2n
Pode-se reescrever o limite desta sequência de modo a obter o limite
sen(x)
fundamental lim .
x→0 x
π
sen
Assim, escreve-se: lim dn = lim 2n . Multiplica-se o nume-
n→+∞ n→+∞ 1
n
π π
rador e o denominador da fração por , define-se a nova variável x = .
2 2n
Esta nova variável tende a zero quando n tende a ∞. O novo limite
é
π sen(x) π
lim dx = lim = .
x→0 2 x→0 x 2
π
Portanto, a sequência dn converge para .
2
Exemplo 1.4.2. Determine o n-ésimo termo da sequência e verifique se a mesma é
convergente ou divergente.

4 8 16 32
an = 2, , , , , . . . .
3 5 7 9

Solução:

11 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.4. CALCULANDO LIMITES DE SEQUÊNCIAS

Inicia-se com a determinação do termo geral da sequência através da


análise dos termos dados. Verifica-se que o numerador contém potências de 2, ini-
ciando em n = 1, isto é, pode-se escrever 2n . Já a sequência dos denominadores é
composta pelos números ímpares, ou seja, 2n − 1.
2n
Portanto, o termo geral da sequência é an = .
2n − 1
A convergência ou não da sequência é obtida através do cálculo do limite
do n-ésimo termo quando n tende a infinito. Com o intuito de usar o Teorema 1.4.2,
escreve-se para x ∈ R:

2x 2x ln(2)
lim = lim = +∞.
x→∞ 2x − 1 x→∞ 2
2n
Logo, a sequência an = diverge.
2n − 1
Teorema 1.4.3. (Teorema do Confronto ou Sanduíche para sequências) Seja n0 ∈
N. Se an ≤ bn ≤ cn para todo n > n0 e

lim an = lim cn = L,
n→+∞ n→+∞

então
lim bn = L.
n→+∞

Demonstração. A demonstração é análoga ao Teorema do Confronto para funções.

Observação 1.4.1. Suprimindo-se de uma sequência (an ) um número finito de seus


termos, o caráter da sequência, com n tendendo ao infinito, não será alterado. Assim,
se a sequência original converge para L ou diverge, a nova sequência terá o mesmo
comportamento, ou seja, convergirá para L ou divergirá, respectivamente.

Exemplo 1.4.3. Aplicando o teorema do confronto, calcule os limites das sequên-


cias:
cos(n)
a) an =
n
1
b) bn =
2n
1
c) cn = (−1)n .
n
Solução:

12 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.5. SEQUÊNCIAS MONÓTONAS

cos(n)
a) an =
n
Sabe-se que −1 ≤ cos(n) ≤ 1, logo, dividindo a desigualdade por n,
chega-se a:
1 cos(n) 1
≤ − ≤ .
n n n
−1 1
Como lim = lim = 0, aplicando o Teorema do Confronto,
n→+∞ n n→+∞ n
obtém-se que
cos(n)
lim = 0.
n→+∞ n

Portanto, a sequência converge para 0.


1
b) bn =
2n
1 1
Sabe-se que 0 ≤ n
≤ , logo, pelo Teorema do Confronto, escreve-
2 n
se:
1 1
lim 0 ≤ lim
n
≤ lim .
n→+∞ n→+∞ 2 n→+∞ n

1
Consequentemente, lim n = 0. A sequência converge para 0.
n→+∞ 2

1
c) cn = (−1)n
n
1 (−1)n 1
Sabe-se que −
≤ ≤ .
n n n
−1 1
Como lim = lim = 0, aplicando o Teorema do Confronto,
n→+∞ n n→+∞ n
obtém-se que
(−1)n
lim = 0.
n→+∞ n
Assim, a sequência converge para 0.

1.5 Sequências monótonas


Definição 1.5.1. Uma sequência (an ) é denominada não-decrescente se, para todo
o número natural n, an ≤ an+1 , isto é, a0 ≤ a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ . . . ≤ an ≤ . . ..

Definição 1.5.2. Uma sequência (an ) é denominada crescente se, para todo o nú-
mero natural n, an < an+1 , isto é, a0 < a1 < a2 < a3 < . . . < an < . . ..

Definição 1.5.3. Uma sequência (an ) é denominada não-crescente se, para todo o
número natural n, an ≥ an+1 , isto é, a0 ≥ a1 ≥ a2 ≥ a3 ≥ . . . ≥ an ≥ . . ..

13 Notas de aula de Cálculo - FURG


FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF -

FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF -
1.5. SEQUÊNCIAS MONÓTONAS

Definição 1.5.4. Uma sequência (an ) é denominada decrescente se, para todo o
número natural n, an > an+1 , isto é, a0 > a1 > a2 > a3 > . . . > an > . . ..

Definição 1.5.5. Uma sequência (an ) é denominada monótona se for não-crescente


ou não-decrescente.

Exemplo 1.5.1. Determine se cada sequência é crescente, decrescente ou não ne-


nhum dos dois.

a) an = 3 + (−1)n
2n
b) bn =
1+n
2n + 1
c) cn = .
3n − 2
Solução:

a) an = 3 + (−1)n

Analisando os primeiros termos da sequência, isto é, 2, 4, 2, 4, ... e


assim sucessivamente, verifica-se que a sequência não é crescente e nem decres-
cente.
2n
b) bn =
1+n
4 6 8 10
Os primeiros termos da sequência são 1, , , , , ....
3 4 5 6
Suspeita-se que a sequência seja crescente. Com o intuito de confir-
mar o resultado, calcula-se a diferença bn+1 − bn , caso seja positiva, a sequência
é crescente:
2n + 2 2n 2
bn+1 − bn = − = .
n+2 1+n (n + 2)(n + 1)
Como o resultado obtido é positivo para n ≥ 1, pode-se afirmar que
a sequência é crescente.
2n + 1
c) cn =
3n − 2
Calcula-se a diferença cn+1 − cn para verificar se a sequência é cres-
cente ou decrescente:
2n + 3 2n + 1 7
cn+1 − cn = − =− .
3n + 1 3n − 2 (3n + 1)(3n − 2)
Como o resultado obtido é negativo para n ≥ 1, conclui-se que a
sequência cn é decrescente.

14 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.5. SEQUÊNCIAS MONÓTONAS

1.5.1 Sequência limitada

Definição 1.5.6. Uma sequência (an ) é limitada se existe um número real positivo
M tal que |an | ≤ M , ∀n ∈ N. O número M é chamado de cota superior da sequência
(an ).

Teorema 1.5.1. Se (an ) é uma sequência convergente, então (an ) é limitada.

Demonstração.
Seja (an ) uma sequência convergente com limite L. Pela definição de
limite: seja  = 1, então existe um valor n0 ∈ N a partir do qual tem-se que
|an − L| < 1. Aplicando a desigualdade triangular, tem-se

|an | = |an − L + L| ≤ |an − L| + |L| < 1 + |L|, ∀n ≥ n0 . (1.5.1)

Os únicos termos da sequência (an ), que possivelmente, não atendem à


condição representada pela equação (1.5.1) são: a1 , a2 , a3 , . . . , an0 −1 . Considerando o
número real C como o maior entre todos os números 1+|L|, |a1 |, |a2 |, |a3 |, . . . , |an0 −1 |,
tem-se |an | < C, ∀n ∈ N.

Observação 1.5.1. Pode-se verificar que uma sequência não converge, mostrando
que ela não é limitada. Entretanto a recíproca do teorema 1.5.1 não é verdadeira,
isto é, existem sequências que são limitadas e divergentes. Por exemplo, a sequência
cujo termo geral é an = (−1)n é limitada, pois |an | ≤ 1, ∀n ∈ N, porém é divergente,
uma vez que os valores desta sequência alternam de −1 para 1 indefinidamente e
portanto, não existe lim an .
n→+∞

1.5.2 Sequência monótona e limitada

Teorema 1.5.2. Toda sequência (an ) monótona e limitada é convergente.

Demonstração.
O teorema será demonstrado para o caso de sequências não-decrescentes,
pois para o caso de sequências não-crescentes a demonstração é análoga.
Seja (an ) uma sequência não-decrescente e com termos positivos. Como
a sequência é limitada, existe uma cota superior M tal que a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ . . . ≤
an ≤ M .

15 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.5. SEQUÊNCIAS MONÓTONAS

O conjunto dos números reais é completo, então existe um valor L que é


a menor das cotas superiores tal que a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ . . . ≤ an ≤ L. Para provar que
a sequência converge para L, toma-se um número  > 0. Para  > 0, L −  < L, e
portanto L− não pode ser uma cota superior para a sequência. Consequentemente,
existe pelo menos um an maior que L − . Em outras palavras, L −  < aN para
algum N inteiro positivo. Como (an ) é não-decrescente, segue que aN < an para
todo n > N . Portanto,

L −  < aN < an ≤ L < L + , ∀n > N.

Logo, |an − L| <  para todo n > N o que significa, por definição, que
(an ) converge para L.

Exemplo 1.5.2. Determine se cada sequência é limitada, monótona, convergente.


1
a) an =
n
b) bn = (−1)n .

Solução:
1
a) an =
n
1
Todos os termos da sequência an = assumem valores menores ou
n
iguais a 1, portanto a sequência é limitada.

A sequência também é monótona decrescente, pois a diferença an+1 −


1 1
an = − é negativa.
n+1 n
Pelo Teorema 1.5.2, pode-se afirmar que a sequência an é convergente,
pois é monótona e limitada.
1
Calculando lim , obtém-se o valor para o qual a sequência con-
n→+∞ n
verge. Neste caso, zero.

b) bn = (−1)n

Todos os termos da sequência bn = (−1)n assumem valores menores


ou iguais a 1, portanto a sequência é limitada.

A sequência não é monótona, pois os valores da sequência são −1, 1, −1, 1


e assim por diante.

16 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.6. LISTA DE EXERCÍCIOS

Neste caso, o Teorema 1.5.2 não pode ser usado para determinar se
a sequência bn é convergente.

Como lim (−1)n não existe, diz-se que a sequência diverge.


n→+∞

Algumas observações relevantes para os exercícios

Observação 1.5.2. Seja n um inteiro positivo, então n fatorial é definido por n! =


1 · 2 · 3 · 4 · . . . · (n − 1) · n.

Observação 1.5.3. Zero fatorial é, por definição, igual a 1, isto é, 0! = 1.

1.6 Lista de Exercícios


1. Escreva os cinco primeiros termos de cada sequência cujos n-ésimos termos são
definidos por:
√ √
a) an = n+1− n

b) bn = n(−1)n
2n
c) cn =
2n + 1
2. Iniciando com n = 1, escreva uma expressão para o n-ésimo termo das sequên-
cias:

a) 1, 9, 25, 49, 81, . . .


1 1 1 1
b) 1, , , , ,...
2 6 24 120
c) 1, −1, 1, −1, 1, −1, . . .

3. Iniciando em n = 1 represente graficamente as sequências, analisando o com-


portamento de cada uma delas:

a) (bn ) = (−1)n+1
n
b) (cn ) =
n+1
 n
1
c) (dn ) = 1 + .
2
4. Determine se a sequências dadas convergem ou divergem. Calcule os limites
nos casos em que há convergência.

17 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.6. LISTA DE EXERCÍCIOS

 
3n − 2
a) {an } =
4n + 7
n  nπ o
b) {bn } = sen
2
2
 
n
c) {cn } =
3n3 + 7
 
3
d) {dn } = n +
n
(−1)n
 
e) {fn } =
7n
 
2 + ln(n)
f) {gn } =
n
(−3)n
 
g) {hn } =
n!
 
ln(n)
h) {in } =
2n
(r )
2n + 3
i) {kn } =
3n − 1
 √
j)

{pn } = n 2n − 4
 n 
n
k) {qn } =
1+n
( −n )
1
l) {rn } = 1+
n
 
n+5
m) {sn } =
n
( 3n )
7
n) {tn } = 1+
n
 
ln(3n + 1)
o) {un } =
n
 n 
1
p) {vn } = 1+
n
 n 
3
q) {zn } = n
3 +1
n√ √ o
r) {αn } = n+1− n
 
1 + 2 + 3 + ... + n
s) {βn } =
n2 + n
 
(2n)!
t) {φn } =
(n!)2
n + (−1)n
 
u) {ψn } =
n − (−1)n

18 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.6. LISTA DE EXERCÍCIOS

v) {σn } = n2 (−1)n


ln(n2 )
 
w) {θn } =
n
5. Determine se as sequências são monótonas.
 
4n
a) {an } =
n+1
n  nπ o
b) {bn } = sen
6
n
 
(−1)
c) {cn } =
n

6. Um programa governamental, que custa atualmente R$2, 5 bilhões ao ano, vai


sofrer um corte em seu orçamento em relação à verba original de 20% ao ano.

a) Expresse a quantia orçada para esse programa após n anos.

b) Calcule os orçamentos para os quatro primeiros anos.

c) Determine se a sequência de orçamentos com esse corte converge ou diverge.


Se ela convergir, calcule o seu limite.

Respostas da Lista de Exercícios

√ √ √ √ √ √ √ √ √
1. a) 2 − 1, 3 − 2, 4 − 3, 5 − 4, 6 − 5.

b) −1, 2, −3, 4, −5.


2 4 8 16 32
c) , , , , .
3 5 9 17 33
2. a) (2n − 1)2 .
1
b) .
n!
c) (−1)n+1 .

3. a) (bn ) = (−1)n+1

19 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.6. LISTA DE EXERCÍCIOS

n
b) (cn ) =
n+1

 n
1
c) (dn ) = 1 +
2

3
4. a) converge para .
4
b) diverge.

c) converge para 0.

d) diverge.

e) converge para 0.

f) converge para 0.

g) converge para 0.

h) converge para 0.
r
2
i) converge para .
3
j) converge para 1.

k) converge para e−1 .

l) converge para e−1 .

m) converge para 1.

n) converge para e21 .

20 Notas de aula de Cálculo - FURG


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
1.6. LISTA DE EXERCÍCIOS

o) converge para 0.

p) converge para e.

q) converge para 1.

r) converge para 0.
1
s) converge para .
2
t) diverge.

u) converge para 1.

v) diverge.

w) converge para 0.

5. a) an é monótona crescente.

b) bn não é monótona.

c) cn não é monótona.

6. a) 2, 5 · (0, 8)n

b) 2 bilhões; 1, 6 bilhões; 1, 28 bilhões; 1, 024 bilhões

c) converge para 0.

21 Notas de aula de Cálculo - FURG

Você também pode gostar