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2020
Rio Grande
Atualizado em 12/2020
CRISTIANA ANDRADE POFFAL

FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS


CINTHYA MARIA SCHNEIDER MENEGHETTI
BÁRBARA DENICOL DO AMARAL RODRIGUEZ
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Cristiana Poffal
Bárbara Rodriguez
Cinthya Meneghetti

wwww.lemas.furg.br
Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Instituto de Matemática, Estatística e Física - IMEF


NOTAS DE AULA DE CÁLCULO

Notas de aula de Cálculo - FURG


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Sumário

1 Funções reais de n variáveis 4


1.1 O espaço Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Funções de n variáveis: definição e exemplos . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.3 Gráfico de uma função real de n variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3.1 Gráficos de funções de 2 variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3.2 Curvas de Nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.3 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.4 Limites de funções reais de n variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.5 Propriedades dos limites de funções de 2 variáveis . . . . . . . . . . . 29
1.5.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.6 Continuidade de funções reais de n variáveis . . . . . . . . . . . . . . 32
1.6.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.7 Conceitos básicos do estudo de superfícies (Opcional) . . . . . . . . . 37
1.7.1 Esfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.7.2 Cilindros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.7.3 Superfícies quádricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.7.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.8 Lista de Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

2 Atividades Computacionais - Funções reais de n variáveis 51


2.1 Representação geométrica do domínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.1.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.2 Curvas de Nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.2.1 Exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

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SUMÁRIO

2.3 Gráfico de uma função de n variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57


2.3.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.4 Superfícies de nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.5 Limites de funções de n variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

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Capítulo 1

Funções reais de n variáveis

Nem sempre é possível modelar situações práticas por meio de uma fun-
ção de uma variável. Em economia, por exemplo, a função demanda de um produto
não depende somente de seu preço, mas também do preço de bens substituíveis e
complementares, da renda dos consumidores, do gasto em propaganda, dentre ou-
tros. O poder aquisitivo de um sujeito depende não só de seu salário, mas também
de deduções especificadas bem como do número de dependentes.
Em topologia, a altura de uma montanha ou a profundidade de um lago
podem ser expressas como uma função de duas coordenadas longitudinais, x e y.
Em geometria, o volume V de um cilindro dado por V = πr2 h, onde r é o raio e h
é a altura pode ser representado por uma função de 2 variáveis: V (r, h) = πr2 h.
A frequência de um circuito sintonizador depende de sua capacitância,
de sua indutância e de sua resistência. Em termos gerais os sistemas físicos reais
raramente dependem de uma só variável. Por essa razão é importante o estudo de
funções de várias variáveis. Abordam-se nesta seção formas de representação de
funções que usam duas ou mais variáveis.

1.1 O espaço Rn
Definição 1.1.1. Seja n um número natural. O espaço Rn é o produto cartesiano
de n fatores iguais a R:

Rn = R × R × R × . . . × R.

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1.1. O ESPAÇO RN

Ou seja, o espaço Rn é o conjunto das n-uplas ordenadas (x1 , . . . , xn ) onde cada


xi ∈ R e n ∈ N.
Notação:

Rn = {(x1 , . . . , xn )|x1 , . . . , xn ∈ R}.

Cada n-upla é um ponto de Rn .

Exemplo 1.1.1. R1 = R é a reta, ou seja, o conjunto dos números reais.

R1 = {x| x ∈ R}.

O ponto A(−2) na reta da Figura 1.1


é um ponto de R1 .
Figura 1.1: Gráfico do Exemplo 1.1.1

Exemplo 1.1.2. R2 é o plano, isto é, o conjunto de pares ordenados (x, y) de


números reais.
R2 = {(x, y)| x, y ∈ R}.

Os pontos A(1, 3) e B(−4, 3) na Fi-


gura 1.2 são pontos de R2 .

Figura 1.2: Gráfico do Exemplo 1.1.2

Exemplo 1.1.3. R3 é o espaço tridimensional cujos pontos são ternas ordenadas


(x, y, z).
R3 = {(x, y, z)| x, y, z ∈ R}.

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1.2. FUNÇÕES DE N VARIÁVEIS: DEFINIÇÃO E EXEMPLOS

O ponto C(1, 1, 1) na Figura 1.3 é um


ponto de R3 .

Figura 1.3: Gráfico do Exemplo 1.1.3

1.2 Funções de n variáveis: definição e exemplos


Definição 1.2.1. Uma função real de n variáveis f : Rn → R é uma correspondência
onde cada n-upla (x1 , . . . , xn ) ∈ Rn relaciona um único número z = f (x1 , . . . , xn ) ∈
R. Os números x1 , . . . , xn são chamados de variáveis independentes e z é a variável
dependente.
O domínio de f é um subconjunto de Rn no qual f está bem definida,
e é denotado por D(f ). Ao definir uma função de duas ou mais variáveis, segue-se
a prática de excluir entradas que levem a números complexos ou à divisão por zero.
Considera-se o domínio de uma função como sendo o maior conjunto para os quais
a regra de definição gera um número real.
A imagem de f é um subconjunto de R, denotado por Im(f ), definido
por Im(f ) = {f (x1 , . . . , xn ) ∈ R|(x1 , . . . , xn ) ∈ D(f )}.

A Tabela 1.1 apresenta uma comparação entre os domínios e imagens de


funções reais de uma, duas e três variáveis.

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1.2. FUNÇÕES DE N VARIÁVEIS: DEFINIÇÃO E EXEMPLOS

Domínio Imagem Exemplo de função

D(f ) = [a, b] R+ f (x) = x2

D(f ) = [a, b] × [c, d] R+ f (x, y) = x2 + y 2

D(f ) = [0, a] × [0, b] × [0, c] R+ f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2

Tabela 1.1: Comparação de domínio e imagem de funções

Exemplo 1.2.1. Considere a função f : R3 → R dada por f (x1 , x2 , x3 ) = x21 + x22 +


x23 . Determine:

a) o domínio de f ;

b) a imagem de f .

Solução:
Tem-se que f é uma função de 3 variáveis pois associa a cada terna
ordenada (x1 , x2 , x3 ) ∈ R3 , o valor x21 + x22 + x23 ∈ R.

a) D(f ) = R3 .

b) Im(f ) = R+ .

Em particular, dado A(1, −2, 4) ∈ D(f ), tem-se:

f (1, −2, 4) = (1)2 + (−2)2 + (4)2 = 21.


Exemplo 1.2.2. Considere a função f : R2 → R dada por f (x1 , x2 ) = x1 − x 2 e
representada na Figura 1.4. Determine:

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1.2. FUNÇÕES DE N VARIÁVEIS: DEFINIÇÃO E EXEMPLOS

a) o domínio de f ;

b) a imagem de f .


Figura 1.4: Gráfico de f (x1 , x2 ) = x1 − x2

Solução:
A função f é uma função de 2 variáveis, pois associa a cada par ordenado

(x1 , x2 ) ∈ R2 , o valor x1 − x2 ∈ R.

a) D(f ) = {(x1 , x2 ) ∈ R2 |x1 ≥ x2 }.

b) Im(f ) = R+ .

Em particular, dado B(7, 2) ∈ R2 , tem-se:


√ √
f (7, 2) = 7−2= 5.

Atenção! Não é possível calcular f (2, 7) pois B(2, 7) ∈


/ D(f ). É importante obser-
var que os pares ordenados (2, 7) e (7, 2) são distintos, ou seja, (2, 7) 6= (7, 2).

√ √
Exemplo 1.2.3. Considere a função f (x, y) = y−x+ 1 − y. Represente geo-
metricamente o domínio de f (x, y).
Solução:

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1.2. FUNÇÕES DE N VARIÁVEIS: DEFINIÇÃO E EXEMPLOS

O domínio D(f ) é um subconjunto


de R2 constituído pelos pares ordena-
dos (x, y) que satisfazem y − x ≥ 0 e
1 − y ≥ 0, isto é, y ≥ x e
1 ≥ y. Portanto, a interseção desses
conjuntos é o domínio de f , represen-
tado pelo gráfico na Figura 1.5.
Figura 1.5: Gráfico do Exemplo 1.2.3

Exemplo 1.2.4. Seja a função f (x, y) = x ln(y 2 − x), determine graficamente o


domínio de f (x, y).
Solução:
O domínio D(f ) é um subconjunto de R2 constituído pelos pares orde-
nados (x, y) tais que y 2 − x > 0, ou seja, x < y 2 , representado pelo gráfico na Figura
1.6.

Figura 1.6: Gráfico do Exemplo 1.2.4

Exemplo 1.2.5. Determine o domínio de f (x, y) = ln(x − y) + xysen(|x|). Calcule


π   π
f , 0 . É possível calcular f 0, ?
2 2
Solução:

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1.2. FUNÇÕES DE N VARIÁVEIS: DEFINIÇÃO E EXEMPLOS

O domínio de f (x, y) é o conjunto D(f ) = {(x, y) ∈ R2 | x > y}. Isso


ocorre pois a função ln só está definida para valores estritamente positivos. O ponto
π  π  π   π
, 0 ∈ D(f ), logo f , 0 = ln . O ponto 0, / D(f ), portanto não é

2  π 2 2 2
possível calcular f 0, .
2

1.2.1 Exercícios

Exercício 1.2.1. Determine o domínio e a imagem das funções:

a) f (x, y, z) = 1
p
x2 + y 2 + z 2 d) n(x, y, z) =
x2 + y 2 + z 2
b) h(x, y) = cos(xy) e) m(x, y) = y − x2
p

1
c) g(x, y) = f) w(x, y, z) = xy ln(z).
xy

2x + y
Exercício 1.2.2. Considere a função f (x, y) = , calcule:
y

a) f (1, 1) c) f (0, 3) + f (5, 5) e) f (3 + ∆x, 4) − f (3, 4).


f (0, 2)
b) f (8, 9) d)
f (1, 6)

Exercício 1.2.3. Considere a função f (x, y) = x + y. Para quais valores de x e y


tem-se f (x, y) = 2 ?

Exercício 1.2.4. Uma loja vende apenas 2 produtos, o primeiro a R$ 500, 00 a


unidade, e o segundo, a R$ 600, 00 a unidade. Sejam x e y as quantidades vendidas
dos dois produtos.

a) Qual é a expressão da receita de vendas?

b) Qual é o valor da receita se forem vendidas 10 unidades do primeiro produto e


15 do segundo?

Respostas

1.2.1

a) D(f ) = R3 , Im(f ) = [0, ∞)

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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

b) D(h) = R2 , Im(h) = [−1, 1]

c) D(g) = {(x, y) ∈ R2 |xy 6= 0} , Im(g) = (−∞, 0) ∪ (0, ∞)

d) D(n) = {(x, y, z) ∈ R3 |(x, y, z) 6= (0, 0, 0)} , Im(n) = (0, ∞)

e) D(m) = {(x, y) ∈ R2 |y ≥ x2 } , Im(m) = [0, ∞)

f) D(w) = {(x, y, z) ∈ R3 |z > 0} , Im(w) = (−∞, ∞).

1.2.2

a) 3 25 c) 4 3 ∆x
b) d) e) .
9 4 2

1.2.3 y = 2 − x.
1.2.4

a) R(x, y) = 500x + 600y b) R(10, 15) = 14.000.

1.3 Gráfico de uma função real de n variáveis


Definição 1.3.1. Seja f : Rn → R uma função real de n variáveis. Considerando:

X = (x1 , . . . , xn ) e Y = f (x1 , . . . , xn ),

o gráfico de f é dado pelo conjunto de pontos:

σ(f ) = {(X, Y ) ∈ Rn+1 | Y = f (X), X ∈ D(f )}.

Exemplo 1.3.1. Considere f : R2 → R dada por f (x1 , x2 ) = 2x1 + x2 . O gráfico


de f é dado por:

σ(f ) = {(x1 , x2 , f (x1 , x2 )) ∈ R3 | f (x1 , x2 ) = 2x1 + x2 , (x1 , x2 ) ∈ R2 }

= {(x1 , x2 , z) ∈ R3 | z = f (x1 , x2 ), (x1 , x2 ) ∈ R2 } .

O gráfico pode ser visualizado na Figura 1.7.

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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

Figura 1.7: Gráfico de f (x1 , x2 ) = 2x1 + x2

1.3.1 Gráficos de funções de 2 variáveis

Se f : R2 → R, tem-se σ(f ) ⊂ R3 , ou seja, a totalidade dos pontos


(x1 , x2 , f (x1 , x2 )) constitui uma superfície no espaço tridimensional. Sem perda de
generalidade, o gráfico de uma função de 2 variáveis pode ser representado por uma
superfície de equação z = f (x, y) no espaço R3 . Neste caso, o domínio de z = f (x, y)
é um subconjunto de pontos (x, y) pertencentes a R2 que usualmente é representado
em z = 0.
Para esboçar o gráfico de uma função de 2 variáveis, é necessário esta-
belecer um sistema de coordenadas tridimensional. Cada ponto em um espaço tri-
dimensional é representado por uma terna ordenada (x, y, z), como na Figura 1.8.

A(2, 0, 0) B(2, 2, 0)
C(0, 2, 0) D(0, 0, 0)
E(2, 2, 2) F (2, 0, 2)
G(0, 0, 2) H(0, 2, 2)

Figura 1.8: Pontos em R3

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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

Existem duas formas de visualizar os valores de uma função. Uma delas


consiste em desenhar e identificar as curvas (curvas de nível) nas quais f tem um
valor constante (veja seção 1.3.2). A outra consiste em esboçar z = f (x, y) no
espaço.
Alguns exemplos desses esboços no espaço podem ser vistos na Figura 1.9,
que representam as funções f (x, y) = x3 − 3y 2 x e g(x, y) = x2 + y 2 , respectivamente.

Figura 1.9: Esboço de f (x, y) = x3 − 3y 2 x e g(x, y) = x2 + y 2

1.3.2 Curvas de Nível

Uma interessante aplicação de curvas de nível ou curvas de contorno pode


ser encontrada no estudo de superfícies físicas, por exemplo, na representação de um
relevo. Isso é possível pois curvas de nível são curvas planas que unem pontos de
igual altura, ou seja, são resultantes da intersecção da superfície física considerada
com planos paralelos ao plano xy.

14 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

A Figura 1.10 mostra as curvas de nível obtidas através da intersecção


do terreno por planos horizontais equidistantes.

Figura 1.10: Curvas de nível

As curvas de nível são utilizadas por cartógrafos para mapear terrenos


com vales, montanhas e morros. O desenho dessas curvas que unem pontos de
uma mesma elevação colocado num mapa, chamado mapa topográfico, permite a
um usuário experimentado obter um panorama mental dos contornos do terreno no
plano tridimensional.

Definição 1.3.2. Seja z = f (x, y) uma função de 2 variáveis. O conjunto de pontos


(x, y) ∈ D(f ) tais que f (x, y) = k, onde k é uma constante, é chamado curva de
nível de f , correspondente ao nível k.

Observação 1.3.1.

- A função f (x, y) é constante sobre cada curva de nível, pois f (x, y) = k;

- As curvas de nível são subconjuntos do gráfico de f ;

- As curvas de nível são utilizadas para facilitar o esboço do gráfico de f . Se a


distância entre as curvas de nível é grande, tem-se que f (x, y) varia (cresce ou
decresce) lentamente. Curvas de nível próximas indicam f (x, y) varia rapidamente.

Exemplo 1.3.2. Trace o gráfico das curvas de nível de f (x, y) = x2 − y 2 .


Solução:

15 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

O domínio de f é R2 e sua imagem é R. Para traçar as curvas de nível


deve-se considerar x2 − y 2 = k, onde k ∈ R. Assim:

Para k = 0 ⇒ y 2 = x2 ⇒ y = ±x (Bissetrizes)
y 2 x2
Para k > 0 ⇒ − =1
k k
y2 x2
√ − √ = 1 (Hipérbole com foco no eixo y)
( k)2 ( k)2
Para k < 0 ⇒ x2 − y 2 = −k
x2 y2
√ − √ = 1 (Hipérbole com foco no eixo x)
( −k)2 ( −k)2

A Figura 1.11 representa o esboço do gráfico da função e o traço das


curvas de nível, respectivamente.

Figura 1.11: Gráfico da função e das curvas de nível do Exemplo 1.3.2

Exemplo 1.3.3. Considere f (x, y) = x2 + y 2 . Determine:

a) o domínio e a imagem de f ;

b) as curvas de nível de f correspondentes aos níveis k = 1, 2 e 3;

c) um esboço do gráfico.

Solução:

16 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

a) D(f ) = R2 , pois ∀(x, y) ∈ R2 pode-se calcular x2 + y 2 e Im(f ) = R+ , pois


x2 + y 2 ≥ 0.

b) As curvas de nível são dadas por f (x, y) = k, onde k R 0.

Para k = 1 ⇒ x2 + y 2 = 1 (circunferência de raio 1);



Para k = 2 ⇒ x2 + y 2 = 2 (circunferência de raio 2);

Para k = 3 ⇒ x2 + y 2 = 3 (circunferência de raio 3);

Geometricamente, as curvas de nível correspondentes ao níveis


√ √
k = 1, 2 e 3 são as circunferências de raio 1, 2 e 3, respectivamente. Pode-se
escolher níveis k ≥ 0 pois, caso contrário, obtém-se x2 + y 2 < 0, o que é um
absurdo.

c) O gráfico de f e gráfico das curvas de nível estão, respectivamente, na Figura


1.12.

Figura 1.12: Exemplo 1.3.3

Exemplo 1.3.4. Considere f (x, y) = 9 − x2 − y 2 . Determine:

a) o domínio e a imagem de f (x, y);

b) as curvas de nível de f correspondentes aos níveis k = 0, 1 e 2;

17 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

c) o gráfico de f (x, y).

Solução:

a) O domínio é dado por D(f ) = R2 , pois ∀(x, y) ∈ R2 , pode-se calcular f (x, y) =


9−x2 −y 2 . Para a imagem tem-se Im(f ) = {z ∈ R|z ≤ 9}, pois x2 +y 2 ≥ 0, então
9 − x2 − y 2 ≤ 9.

b) As curvas de nível são dadas por f (x, y) = k, onde k ≤ 9.

Para k = 0 ⇒ 9 − x2 − y 2 = 0

x2 + y 2 = 9 (Circunferência de raio 3)

Para k = 1 ⇒ 9 − x2 − y 2 = 1

x2 + y 2 = 8 (Circunferência de raio 2 2)

Para k = 2 ⇒ 9 − x2 − y 2 = 2

x2 + y 2 = 7. (Circunferência de raio 7)

Pode-se escolher níveis k ≤ 9, inclusive negativos, uma vez que, caso


contrário, obtém-se 9 − x2 − y 2 > 9, o que é um absurdo.

c) O gráfico de f e o gráfico das curvas de nível estão, respectivamente, na Figura


1.13.

Figura 1.13: Exemplo 1.3.4

18 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

Exemplo 1.3.5. Considere f (x, y) = 9 − x2 − y 2 . Determine:


p

a) o domínio e a imagem de f (x, y);

b) as curvas de nível de f correspondentes aos níveis k = 0, 1, 2 e 3;

c) o gráfico de f (x, y).

Solução:

a) O domínio da função f corresponde aos pares ordenados (x, y) tais que


9 − x2 − y 2 ≥ 0, portanto

D(f ) = (x, y) ∈ R2 |9 − x2 − y 2 ≥ 0 = (x, y) ∈ R2 |9 ≥ x2 + y 2 .


 

Assim, imagem da função f é dada por:

Im(f ) = {z ∈ R|0 ≤ z ≤ 3}.

b) As curvas de nível são dadas por f (x, y) = k, ou seja,

Para k = 0 ⇒
p
9 − x2 − y 2 = 0

x2 + y 2 = 9 (Circunferência de raio 3)

Para k = 1 ⇒
p
9 − x2 − y 2 = 1

x2 + y 2 = 8 (Circunferência de raio 2 2)

Para k = 2 ⇒
p
9 − x2 − y 2 = 2

x2 + y 2 = 5 (Circunferência de raio 5)

Para k = 3 ⇒
p
9 − x2 − y 2 = 3

x2 + y 2 = 0 (Ponto (x, y) = (0, 0)).

Note que para valores de k > 3, a intersecção do plano z = k com a


superfície é vazia. Além disso, os valores de k não precisam ser números inteiros.

c) O gráfico das curvas de nível e o gráfico de f estão, respectivamente, na Figura


1.14.

19 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

Figura 1.14: Exemplo 1.3.5

Para o caso de funções de 3 (ou n) variáveis é possível obter as superfícies


de nível, que são as superfícies com equação f (x, y, z) = k, onde k é uma constante.
Se (x, y, z) se move ao longo de uma superfície de nível, o valor de f (x, y, z) perma-
nece fixo.

Exemplo 1.3.6. Determine as superfícies de nível da função f (x, y, z) = 4(x2 +


y 2 + z 2 ).
Solução:
A função f é sempre positiva, logo só faz sentido calcular as superfícies
de nível k ≥ 0. Se k = 0, temos 4(x2 + y 2 + z 2 ) = 0 ⇔ (x, y, z) = (0, 0, 0). Para obter
as curvas de nível k > 0, calcula-se 4(x2 + y 2 + z 2 ) = k, de onde decorre a equação

k
x2 + y 2 + z 2 = .
4

k
Portanto, para k > 0 tem-se uma família de esferas de centro (0, 0, 0) e raio .
2

1.3.3 Exercícios

Exercício 1.3.1. Descreva e esboce as curvas de nível de cada função para os valores
dados de c.

a) f (x, y) = 25 − x2 − y 2 ,
p
c = 0, 1, 2, 3, 4, 5

b) f (x, y) = x2 + y 2 , c = 2, 4, 6, 8

c) f (x, y) = xy, c = ±1, ±2, . . . , ±5.

20 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

Exercício 1.3.2. Seja f (x, y) = ln(2x + y − 2).

a) Estime f (1, 1).

b) Calcule f (1, e).

c) Determine D(f ) e Im(f ).

d) Esboce D(f ) graficamente.

e) Obtenha as curvas de nível de f (x, y).

Exercício 1.3.3. Seja f (x, y) = x4 e2xy .

a) Calcule f (2, 0).

b) Determine D(f ) e Im(f ).

c) Esboce D(f ) graficamente.

Exercício 1.3.4. Seja g(x, y, z) = ln(36 − x2 − y 2 − z 2 ).

a) Cacule g(5, 3, 1).

b) Determine D(f ) e Im(f ).

Exercício 1.3.5. Determine e esboce o domínio das funções:



a) f (x, y) = x − y ln(x + y)
√ √
b) g(x, y) = x+ y
p
y − x2
c) h(x, y) =
1 − x2
6x + 2y
d) m(x, y) = .
x2 + y 2 − 9
Exercício 1.3.6. Determine e descreva o esboço do domínio das funções de 3 va-
riáveis:

a) f (x, y, z) = 4 − x2 − y 2 − z 2 ;
p

b) g(x, y, z) = ln(36 − 4x2 − y 2 − 4z 2 ).

Respostas

21 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO REAL DE N VARIÁVEIS

1.3.1.

a) c = 5: ponto, c = 1, 2, 3, 4: circunferência de raio 25 − c2 .

b) c = 2, 4, 6, 8 : circunferência de raio c.

c) c = ±1, ±2, . . . , ±5: curvas y = ± xc .

1.3.2.

a) 0.

b) 1.

c) D(f ) = {(x, y) ∈ R2 |y > 2 − 2x}; Im(f ) = R.

d)

e) A curva de nível k é a reta y = −2x + 2 + ek .

1.3.3.

a) 16.

b) D(f ) = R2 ; Im(f ) = R+ .

1.3.4.

a) 0.

b) D(g) = {(x, y, z) ∈ R3 |x2 + y 2 + z 2 < 36}; Im(g) = {w ∈ R|w < ln(36)}.

1.3.5.

a) D(f ) = {(x, y) ∈ R2 | − x < y ≤ x}.

b) D(g) = {(x, y) ∈ R2 |x ≥ 0, y ≥ 0}.

c) D(h) = {(x, y) ∈ R2 |y ≥ x2 , x 6= ±1}.

d) D(m) = {(x, y) ∈ R2 |x2 + y 2 6= 9}.

1.3.6.

a) D(f ) = {(x, y, z) ∈ R3 |x2 + y 2 + z 2 ≤ 4}.


2
y2 z2
 
3 x
b) D(g) = (x, y, z) ∈ R + + <1 .
9 36 9

22 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.4. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

1.4 Limites de funções reais de n variáveis


Quando se calcula o limite de funções de 1 variável, isto é,
lim f (x) = L, toma-se uma vizinhança de L, de tamanho ε, e obtém-se uma
x→x0
vizinhança de x0 , de tamanho δ. Ou seja, dado ε > 0, ∃ δ > 0 tal que, se
0 < |x − x0 | < δ, então |f (x) − L| < ε. Ambas as vizinhanças são unidimensio-
nais: para garantir a existência do limite, calculam-se os limites laterais (à esquerda
lim f (x) e à direita lim+ f (x) de x = x0 ).
x→x−
0 x→x0
Quando se calcula o limite de uma função de 2 variáveis f (x, y), uma
vizinhança de um ponto (x0 , y0 ) é uma bola bidimensional, como se observa na
Figura 1.15.

Figura 1.15: Limite de funções de 2 variáveis

Além de considerar os limites laterais "pela direita"e "pela esquerda",


existem outras possibilidades como "por cima", "pela diagonal", "por baixo", etc.
Se a função for de 3 variáveis, uma vizinhança de um ponto (x0 , y0 , z0 ) é
uma bola tridimensional (geometricamente uma bola de raio δ). Para quatro ou mais
dimensões não é possível visualizar geometricamente uma bola, embora de maneira
abstrata todos os cálculos podem ser feitos.
Portanto, será formalizada a noção de limite e continuidade de funções de
2 variáveis a fim de tornar as contas mais simples. Todas as definições e resultados
são análogos para funções de n variáveis.

Definição 1.4.1. Sejam f : A ⊂ R2 → R uma função de 2 variáveis, (x0 , y0 ) um


ponto de acumulação de A e L um número real, então:
lim f (x) = L ⇔ ∀ ε > 0, ∃ δ > 0 tal que ∀ (x, y) ∈ D(f ), se
(x,y)→(x0 ,y0 )

0 < k(x, y) − (x0 , y0 )k < δ então |f (x, y) − L| < ε.

23 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.4. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

Observação 1.4.1. Considerando d((x, y), (x0 , y0 )) a distância euclidiana entre os


pontos (x, y) e (x0 , y0 ), temos
p
||(x, y) − (x0 , y0 )|| = d((x, y), (x0 , y0 )) = (x − x0 )2 + (y − y0 )2 .

Exemplo 1.4.1. Mostre que lim 3x + 2y = 7.


(x,y)→(2,1/2)
Solução:
Pela definição de limite, dado um valor ε > 0, deve-se exibir um δ > 0
q 2
(sendo o valor δ dependente do valor ε dado) tal que se 0 < (x − 2)2 + y − 21 <
δ então |3x + 2y − 7| < ε.
De fato, |3x + 2y − 7| = |3x − 6 + 2y − 1| = |3(x − 2) + 2 y − 21 |.


Como |3(x−2)+2 y − 21 | ≤ |3(x−2)|+2| y − 12 | e ainda 3|(x−2)| =


 
q
[3(x − 2)] , 2| y − 2 | = [2 y − 12 ]2 tem-se
p 1
 
2

p q 2
|3x + 2y − 7| ≤ 3 (x − 2)2 + 2 y − 21
q q
1 2
2
≤ 3 (x − 2) + y − 2 + 2 (x − 2)2 + y − 21

2

< 3δ + 2δ
= 5δ.
Portanto, para que |3x + 2y − 7| < 5δ < ε, bata considerar δ < 5ε .

Observação 1.4.2. Note que  o valor L = 7 é justamente a imagem da função


1
f (x, y) = 3x + 2y no ponto 2, .
2
A imagem da função no ponto, se existir, será o candidato L a limite da
função neste ponto. De maneira geral, se f (x, y) é um polinômio de duas variáveis
então
lim f (x, y) = f (x0 , y0 ).
(x,y)→(x0 ,y0 )

Se h(x) = f (x, y0 ) e g(y) = f (x0 , y) e, além disso, se os limites lim h(x)


x→x0
e lim g(y) existem então
y→y0

lim f (x, y) = lim h(x) e lim f (x, y) = lim g(y).


(x,y)→(x0 ,y0 ) x→x0 (x,y)→(x0 ,y0 ) y→y0

Exemplo 1.4.2. Considere a função f (x, y) = ax + by, onde a, b ∈ R e a 6= 0.


Mostre que lim f (x, y) = ax0 + by0 , para todo (x0 , y0 ) ∈ R2 .
(x,y)→(x0 ,y0 )

24 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.4. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

Solução:
Pela definição de limite, dado um valor ε > 0, deve-se exibir um δ > 0
q
tal que se 0 < (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < δ então |ax + by − ax0 − bx0 | < ε.
De fato, |ax + by − ax0 − bx0 | = |a(x − x0 ) + b (y − y0 ) |.
Como |a(x − x0 ) + b (y − y0 ) | ≤ |a(x − x0 )| + |b (y − y0 ) | e ainda |a||(x −
q
x0 )| = |a| (x − x0 )2 , |b|| (y − y0 ) | = |b| (y − y0 )2 tem-se
p

q
|ax + by − ax0 − bx0 | ≤ |a| (x − x0 )2 + |b| (y − y0 )2
p
q q
≤ |a| (x − x0 ) + (y − y0 ) + |b| (x − x0 )2 + (y − y0 )2
2 2

< |a|δ + |b|δ


= (|a| + |b|)δ.

Portanto, para que |ax+by −ax0 −bx0 | < (|a|+|b|)δ < ε, bata considerar
ε
δ< .
|a| + |b|
Teorema 1.4.1. Seja f : A ⊂ R2 → R uma função. Se o limite de f quando (x, y)
se aproxima de (x0 , y0 ) existe, então ele é único.

Escrever que lim f (x, y) = L significa que não importa como ou


(x,y)→(x0 ,y0 )
em qual direção os pontos (x, y) aproximam-se de (x0 , y0 ), o valor do limite, quando
existe, é unico. O próximo Teorema será útil para o caso em que é necessário mostrar
que uma função não é limitada, isto é, que o limite não existe no ponto (x0 , y0 ).

Teorema 1.4.2. Se a função f (x, y) tem limites diferentes quando (x, y) tende a
(x0 , y0 ) através de pelo menos dois conjuntos distintos que tem (x0 , y0 ) como ponto
de acumulação, então não existe lim f (x, y).
(x,y)→(x0 ,y0 )

xy
Exemplo 1.4.3. Seja f (x, y) = , calcule os limites:
x2 + y 2

a) lim f (x, y) b) lim f (x, y).


(x,y)→(1,2) (x,y)→(0,0)

Solução:

a) Como a função está definida em (1, 2), então calcula-se o limite lim f (x, y)
(x,y)→(1,2)
substituindo x por 1 e y por 2, isto é,
xy 1·2 2
lim = 2 = .
(x,y)→(1,2) x2 +y 2 1 +2 2 5

25 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.4. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

xy
b) lim .
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

A função f (x, y) não está definida em (0, 0), assim para calcular o
limite é necessário provar a sua existência. Primeiramente, procura-se um can-
didato a limite utilizando diferentes caminhos que contenham o ponto (0, 0).

Os caminhos mais usuais são os próprios eixos x e y, mas também


podem ser utilizadas curvas distintas, tais como a bissetriz x = y, as parábolas
x = y 2 e y = x2 ou ainda as coordenadas polares x = r cos(θ) e y = r sen(θ). Se
todos apontarem um mesmo valor L, deve-se usar a definição 1.4 para demonstrar
que o limite é L.

Escolhendo um primeiro caminho como sendo o eixo x,isto é, a reta


y = 0 tem-se:
x·0
lim f (x, 0) = lim = lim 0 = 0.
x→0 x→0 x2 + 0 x→0

Escolhendo a bissetriz y = x, tem-se:

x2 1 1
lim f (x, x) = lim 2
= lim = .
x→0 x→0 2x x→0 2 2

Assim, de acordo com o Teorema (1.4.2) não existe lim f (x, y).
(x,y)→(0,0)
xy
A Figura 1.16 apresenta o gráfico da função f (x, y) = . A
x2
+ y2
superfície e as curvas de nível, respectivamente, são apresentadas nas Figuras
1.16 e 1.17.

26 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.4. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

xy
Figura 1.16: Gráfico de f (x, y) =
x2 + y2

xy
Figura 1.17: Curvas de nível de f (x, y) =
x2 + y2

3x2 y
Exemplo 1.4.4. Considere a função f (x, y) = . Calcule lim f (x, y).
x2 + y 2 (x,y)→(0,0)
Solução:
Existem duas possibilidades: o limite da função existe ou não existe.
Para calcular o limite, primeiramente utilizam-se diferentes caminhos na tentativa
de obter um candidato a limite pois a função não está definida em (0, 0). A seguir,
utiliza-se a definição formal de limite para provar que o candidato é de fato o valor
do limite da função.
Caso seja possível exibir dois caminhos distintos que resultem em valores
diferentes para o limite, pode-se afirmar que o limite não existe.
Utilizando como primeiro caminho s1 = {(x, y) ∈ R2 | y = 0} (o eixo

27 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.4. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

horizontal):
0
lim f (x, 0) = lim = lim 0 = 0.
x→0 x→0 x2 x→0

Usando a bissetriz y = x, isto é, s2 = {(x, y) ∈ R2 | y = x} tem-se:

3x3 3x
lim f (x, x) = lim 2
= lim = 0.
x→0 x→0 2x x→0 2

Em coordenadas polares, utilizando circunferências centradas em (0, 0)


tem-se para s3 = {(x, y) ∈ R2 | y = r cos(θ), x = rsen(θ)}:

3(r cos(θ))2 r sen(θ)


lim f (r cos(θ), rsen(θ)) = lim = 0.
(r,θ)→(0,0) (r,θ)→(0,0) r2

Esses resultados nos levam a supor que o limite existe e o candidato é


L = 0.
Por definição, dado  > 0, ∃ B((0, 0), δ) tal que se 0 < k(x, y)−(0, 0)k < δ
3x2 y
então 2 − 0 < .
x + y2
De fato:

3x2 y 3x2 |y| x2 p p 


2 2
− 0 = 2 2
= 3|y| 2 2
≤ 3|y| = 3 y 2 ≤ 3 x2 + y 2 <  ⇔ δ = .
x +y x +y x +y 3

Tomando δ = e como k(x, y) − (0, 0)k = x2 + y 2 , tem-se:
p
3
3x2 y p
2 + y 2 < 3δ < 3

− 0 ≤ 3 x = .
x2 + y 2 3

Logo, lim f (x, y) = 0.


(x,y)→(0,0)
3x2 y
Outra maneira de verificar que o limite lim = 0 usa o Teo-
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
rema do Confronto. Basta verificar que
3x2 y p
2 + y2 e
p
0≤ 2 − 0 ≤ 3 x lim 3 x2 + y 2 = 0.
x + y2 (x,y)→(0,0)
3x2 y
O gráfico da função f (x, y) = 2 pode ser visto na Figura 1.18. As
x + y2
curvas de nível são apresentadas na Figura 1.19.
x2 y
Exemplo 1.4.5. Considere f (x, y) = .
x4 + y 2
a) Calcule lim f (x, y).
(x,y)→(−1,3)

b) Mostre que não existe o limite lim f (x, y).


(x,y)→(0,0)

Solução:

28 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.4. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

xy
Figura 1.18: Gráfico de f (x, y) =
x2 + y2

Figura 1.19: Curvas de nível

x2 y 1·3 3
a) lim 4 2
= = .
(x,y)→(−1,3) x + y 1+9 10
b) Considere o caminho s1 = {(x, y) ∈ R2 | y = 0 e x 6= 0}. Tem-se

x2 0
lim f (x, 0) = lim 4 = lim 0 = 0.
x→0 x→0 x + 02 x→0

Considere o caminho s2 = {(x, y) ∈ R2 | y = x}. Tem-se

x2 x x
lim f (x, x) = lim 4 2
= lim 2 = 0.
x→0 x→0 x + x x→0 x + 1

Considere o caminho s3 = {(x, y) ∈ R2 | y = x2 }. Tem-se

x2 x2 1 1
lim f (x, x2 ) = lim 4 2 2
= lim = .
x→0 x→0 x + (x ) x→0 2 2

29 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.5. PROPRIEDADES DOS LIMITES DE FUNÇÕES DE 2 VARIÁVEIS

Portanto, @ lim f (x, y).


(x,y)→(0,0)
  
1
 x+ y2, x 6= 0

Exemplo 1.4.6. Considere a função f (x, y) = x .

 0, x=0

a) Calcule lim f (x, y) ao longo de y = mx, m 6= 0.


(x,y)→(0,0)

b) Determine lim f (x, y) ao longo de x = y 2 .


(x,y)→(0,0)

c) Existe lim f (x, y)?


(x,y)→(0,0)

Solução:
 
1
a) lim x + (mx)2 = lim m2 x3 + m2 x = 0.
x→0 x x→0
 
1
b) lim y 2 + 2 y 2 = lim y 4 + 1 = 1.
y→0 y y→0

c) lim f (x, y) não existe pois os dois limites dos itens anteriores são distintos.
(x,y)→(0,0)

xy cos(y)
Exemplo 1.4.7. Mostre que lim @.
(x,y)→(0,0) 3x2 + y 2

Solução:
Os limites considerando os caminhos s1 = {(x, y) ∈ R2 | x = y 2 } e
s2 = {(x, y) ∈ R2 | x = y} têm valores distintos: 0 e 1, respectivamente. Logo não
xy cos(y)
existe o limite lim .
(x,y)→(0,0) 3x2 + y 2

1.5 Propriedades dos limites de funções de 2 variá-


veis
Sejam f (x, y) e g(x, y) funções de 2 variáveis tais que

lim f (x, y) = L e lim g(x, y) = M.


(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )

Nessas condições, valem as propriedades:

1. lim [f (x, y) + g(x, y)] = L + M ;


(x,y)→(x0 ,y0 )

2. lim cf (x, y) = cL, onde c ∈ R é uma constante qualquer;


(x,y)→(x0 ,y0 )

30 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.5. PROPRIEDADES DOS LIMITES DE FUNÇÕES DE 2 VARIÁVEIS

3. lim f (x, y)g(x, y) = L · M ;


(x,y)→(x0 ,y0 )

f (x, y) L
4. lim = , desde que M 6= 0;
(x,y)→(x0 ,y0 ) g(x, y) M

5. lim [f (x, y)]n = [L]n ;


(x,y)→(x0 ,y0 )

p √
6. f (x, y) = L, se L ≥ 0 e n ∈ N∗ ou L ≤ 0 e n ∈ N∗ ímpar;
n n
lim
(x,y)→(x0 ,y0 )

7. lim ln (f (x, y)) = ln(L), se L > 0.


(x,y)→(x0 ,y0 )

Exemplo 1.5.1. Utilizando as propriedades dos limites de funções de 2 variáveis,


calcule:

a) lim [x4 y + 3xy − 2];


(x,y)→(3,−1)

x3 − 2xy
b) lim ;
(x,y)→(2,2) x2 − 2y

x+y−1
c) lim+ √ √ .
(x,y)→(0 ,1− ) x− 1−y
Solução:

a) Pelas propriedades 1, 2, 3 e 5 tem-se:

lim [x4 y + 3xy − 2] = (3)4 (−1) + 3(3)(−1) − 2 = −102.


(x,y)→(3,−1)

b) Ao tentar calcular o limite diretamente, percebe-se que ocorre uma indetermina-


ção do tipo 00 . Para levantar a indeterminação deve-se simplificar a expressão:

x3 − 2xy x(x2 − 2y)


lim = lim ,
(x,y)→(2,2) x2 − 2y (x,y)→(2,2) (x2 − 2y)

de onde tem-se

(x3 − 2xy)
lim = lim x = 2.
(x,y)→(2,2) (x2 − 2y) (x,y)→(2,2)

31 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.5. PROPRIEDADES DOS LIMITES DE FUNÇÕES DE 2 VARIÁVEIS

c) Trata-se de uma indeterminação do tipo 00 . Deve-se levantar a indeterminação


multiplicando e dividindo a função pelo conjugado do denominador:
√ √
x+y−1 (x + y − 1) ( x + 1 − y)
lim √ √ = lim √ √ √ √
(x,y)→(0+ ,1− ) x− 1−y (x,y)→(0+ ,1− ) ( x − 1 −√y) ( √x + 1 − y)
(x + y − 1)( x + 1 − y)
= lim+ −
(x,y)→(0 ,1 ) (x + y − 1)
√ p
= lim+ − x + 1 − y
(x,y)→(0 ,1 )

= 0.

É importante observar que no caso do Exemplo 1.5.1, algumas indeter-


minações podem ser levantadas sem utilizar os diferentes caminhos para encontrar
um candidato a limite. Utilizando manipulações algébricas (simplificação da função
e/ou multiplicação pelo conjugado) e com as propriedades dos limites de funções de
várias variáveis foi possível calculá-los sem a necessidade da definição.

1.5.1 Exercícios

Exercício 1.5.1. Calcule os limites:

a) lim exy − ey + 1
(x,y)→(1,2)

exy − 1
b) lim
(x,y)→(0,0) xy
x2 − xy
c) lim
(x,y)→(1,1) x2 − y 2
 
xy − 1
d) lim ln
(x,y)→(1,2) 2xy + 4
ysen(x)
e) lim .
(x,y)→(0,1) xy + 2x

Respostas

a) 1

b) 1
1
c)
2
 
1
d) ln
8
1
e) .
3
32 Notas de aula de Cálculo - FURG
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1.6. CONTINUIDADE DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

1.6 Continuidade de funções reais de n variáveis


Definição 1.6.1. Seja f : D(f ) → R, D(f ) ⊂ Rn uma função de n variáveis. Diz-se
que f é contínua em P ∈ D(f ) se e somente se:

i) existe lim f (X);


X→P

ii) f (P ) = lim f (X).


X→P

Caso contrário, diz-se que f é descontínua em P . Se existe lim f (X)


X→P
mas este limite é diferente de f (P ), diz-se que X = P é uma descontinuidade
evitável ou removível. Se não existe lim f (X), então se diz que X = P é uma
X→P
descontinuidade essencial.
xy


 p , (x, y) 6= (0, 0)
Exemplo 1.6.1. Mostre que f (x, y) = x2 + y 2 é contínua

 0, (x, y) = (0, 0)
em (0, 0).

Solução:
Para mostrar que f (x, y) é contínua em (0, 0), é necessário verificar as
duas condições:

i) existe lim f (X);


X→P

Para verificar a existência do limite, é necessário primeiramente to-


mar diferentes caminhos para encontrar um candidato a limite.
0
- eixo x (s1 = {(x, y) ∈ R2 | y = 0}): lim f (x, 0) = lim √ = 0.
x→0 x→0 x2
x2
- bissetriz s2 = {(x, y) ∈ R | y = x}: lim f (x, x) = lim
2 √ = 0.
x→0 x→0 2x2
y3 y2
- parábola s3 = {(x, y) ∈ R2 | x = y 2 }: lim f (y 2 , y) = lim p = lim p =
y→0 y→0 y 4 + y 2 y→0 y 2 + 1
0.

Os resultados levam a supor que ∃ lim f (X) e que lim f (X) = 0.


X→P X→P

Por definição, dado  > 0, ∀(x, y) ∈ D(f ), ∃δ > 0 tal que se


xy
0 < x2 + y 2 < δ então p
p
− 0 < .
x2 + y 2

33 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.6. CONTINUIDADE DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

Nota-se que:

xy |x||y| |y| x2 p p
p −0 = p =p ≤ |y| = y 2 ≤ x2 + y 2 <  ⇔ δ = .
x2 + y 2 x2 + y 2 x2 + y 2

xy
Seja δ = , tem-se que se 0 < x2 + y 2 < δ então p
p
−0 <
x2 + y 2
.

Logo, lim f (x, y) = 0. Lembre-se de que outra possibilidade


(x,y)→(0,0)
para garantir a existência do limite é usar o Teorema do Confronto.

ii) f (P ) = lim f (X);


X→P

O valor da função no ponto P é igual ao valor do limite quando


X → P , ou seja, igual a 0. Logo a função f (x, y) é contínua em (0, 0).
 2
 4x y ,

(x, y) 6= (0, 0)
Exemplo 1.6.2. Verifique que f (x, y) = x3 + y 3 é descontí-
 2,

(x, y) = (0, 0)
nua em (0, 0). Classifique a descontinuidade.

Solução:
Para mostrar que f (x, y) é descontínua em (0, 0), deve-se verificar qual
das duas condições de continuidade não é satisfeita.

i) existe lim f (X);


X→P

Para verificar a existência do limite, é necessário primeiramente to-


mar diferentes caminhos para encontrar um candidato a limite ou concluir que
não existe o limite. Tomando os caminhos y = 0, x = y 2 e y = x tem-se:
0
- eixo x (s1 = {(x, y) ∈ R2 | y = 0}): lim f (x, 0) = lim = 0.
x→0 x→0 x3
4y 5
- parábola s2 = {(x, y) ∈ R2 | x = y 2 }: lim f (y 2 , y) = lim 3 3 = 0.
y→0 y→0 y (y + 1)
4x2 x 4x3
- bissetriz s3 = {(x, y) ∈ R2 | y = x}: lim f (x, x) = lim 3 = lim = 2.
x→0 x→0 x + x3 x→0 2x3

Logo, @ lim f (x, y). A descontinuidade é essencial.


(x,y)→(0,0)


4x2 y
, (x, y) 6= (0, 0)


Exemplo 1.6.3. Mostre que a função f (x, y) = x2 + y 2 é
 2,

(x, y) = (0, 0)
descontínua em (0, 0). Classifique a descontinuidade.

34 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.6. CONTINUIDADE DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

Solução:
Para mostrar que f (x, y) é descontínua em (0, 0), deve-se verificar qual
das duas condições de continuidade não é satisfeita.

i) existe lim f (X);


X→P

Para verificar a existência do limite, é necessário primeiramente to-


mar diferentes caminhos para encontrar um candidato a limite ou concluir que
não existe o limite caso obtenham-se valores diferentes, pois o limite é único.
0
- eixo x (s1 = {(x, y) ∈ R2 | y = 0}): lim f (x, 0) = lim = 0.
x→0 x→0 x2
4y 5
- parábola s2 = {(x, y) ∈ R2 | x = y 2 }: lim f (y 2 , y) = lim 2 2 = 0.
y→0 y→0 y (y + 1)
4x2 x 4x3
- bissetriz s3 = {(x, y) ∈ R2 | y = x}: lim f (x, x) = lim 2 = lim =
x→0 x→0 x + x2 x→0 2x2
lim 2x = 0.
x→0

Os resultados levam a supor que o limite existe e é igual a 0. É


necessário provar que esta afirmação é verdadeira.

Por definição, dado  > 0, ∃ B((0, 0), δ) tal que se 0 < k(x, y) −
4x2 y
(0, 0)k < δ então 2 − 0 < .
x + y2
De fato:
4x2 y 4x2 |y| x2 p p 
2 ≤ 4 x2 + y 2 <  ⇔ δ = .
2 2
− 0 = 2 2
= 4|y| 2 2
≤ 4|y| = 4 y
x +y x +y x +y 4

Tomando δ = e como k(x, y) − (0, 0)k = x2 + y 2 , tem-se:
p
4
2
4x y p
2 + y 2 < 4δ < 4

− 0 ≤ 4 x = .
x2 + y 2 4

Logo, lim f (x, y) = 0.


(x,y)→(0,0)

ii) f (P ) = lim f (X);


X→P

O valor da função no ponto P (0, 0) é f (0, 0) = 2, diferente do valor


do limite calculado em (i). Logo a função f (x, y) possui uma descontinuidade
removível, pois pode-se redefinir f no ponto P (0, 0).
 2
 4x y ,

(x, y) 6= (0, 0)
Exemplo 1.6.4. Mostre que a função f (x, y) = x2 + y 2 é
 0,

(x, y) = (0, 0)
contínua em (0, 0).

35 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.6. CONTINUIDADE DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

Solução:
Pelo Exemplo 1.6.3, como lim f (x, y) = 0 tem-se que esta função
(x,y)→(0,0)
é comtínua em (0, 0).

Teorema 1.6.1. Sejam f e g funções de n variáveis contínuas no ponto


f
P (x01 , x02 , . . . , x0n ) ∈ Rn . Se g(P ) 6= 0, então f + g, e f · g são contínuas em
g
P.

Exemplo 1.6.5. Discuta a continuidade das funções:

a) f (x, y) = 4x3 y + 5xy 2 + x + 7;


x+y−1
b) f (x, y) = ;
x2 y + x2 − 3xy − 3x + 2y + 2
c) f (x, y) = ln(x2 y 4 + 3).

Solução:
As funções de a) e b) são resultado de soma, produto e quociente de
funções contínuas. Portanto, as duas são funções contínuas em seus domínios. Pre-
cisamente no caso do item c), o resultado que garante a continuidade da função em
seu domínio é o Teorema 1.6.2.

Teorema 1.6.2. Se f (x) é uma função contínua em um ponto (a, f (a)) e g(x, y)
uma função tal que lim g(x, y) = a então
(x,y)→(x0 ,y0 )
 
lim f (g(x, y)) = f lim g(x, y) .
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )

Exemplo 1.6.6. Calcule os limites:

a) lim ln(x2 + xy − 1);


(x,y)→(1,2)

b) lim cos(x + y).


(x,y)→(0, π2 )

Solução:

a) Pelo Teorema 1.6.2, fazendo f (z) = ln(z) e g(x, y) = x2 + xy − 1 tem-se:


 
2 2
lim ln(x + xy − 1) = ln lim x + xy − 1 = ln(2).
(x,y)→(1,2) (x,y)→(1,2)

b) Pelo Teorema 1.6.2, para f (z) = cos(z) e g(x, y) = x + y tem-se:


  π 
lim cos(x + y) = cos lim x + y = cos = 0.
(x,y)→(0, π2 ) (x,y)→(0, π2 ) 2

36 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.6. CONTINUIDADE DE FUNÇÕES REAIS DE N VARIÁVEIS

1.6.1 Exercícios

Exercício 1.6.1. Calcule os limites:

sen(x + y) d) lim (x + 3y 2 )
a) lim (x,y)→(2,1)
(x,y)→(0,0) x+y
x2 + y 2 e) lim (5x + 3xy + y + 1)
b) lim p (x,y)→(0,0)
(x,y)→(2,4) x2 + y 2 + 4 − 2
x−y x+y
c) lim f) lim .
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 (x,y)→(2,4) x − y

Exercício 1.6.2. Discuta a continuidade das seguintes funções:


 x+y  √
xy

2 + y2
, (x, y) 6= (0, 0) 
 , (x, y) 6= (0, 0)
a) f (x, y) = x c) g(x, y) = x+y
0, (x, y) = (0, 0)
  0, (x, y) = (0, 0)

2
b) h(x, y) = x ln(xy) d) m(x, y) = .
y − x2

Respostas

1.6.1

a) 1 c) não existe e) 1

b) 2( 6 + 1) d) 5 f) −3

1.6.2

a) É descontínua apenas em (0, 0).

b) É contínua em seu domínio.

c) Não é contínua em (0, 0).

d) É contínua em seu domínio.

37 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

1.7 Conceitos básicos do estudo de superfícies (Op-


cional)

1.7.1 Esfera

A equação padrão para a esfera de raio a e centro em C(x0 , y0 , z0 ) é dada


por:

(x − x0 )2 + (y − y0 )2 + (z − z0 )2 = a2 .

A Figura 1.20 mostra uma esfera de raio 1 centrada na origem.

Figura 1.20: Esfera de raio 1 e centro no origem O(0, 0, 0)

Exemplo 1.7.1. Determine o centro e o raio da esfera de equação

x2 + y 2 + z 2 − 4x − 2y + 1 = 0.

Solução:
Para determinar o centro e o raio da esfera, primeiro se deve agrupar os
termos semelhantes e logo em seguida completar os quadrados:

(x2 − 4x) + (y 2 − 2y) + z 2 = −1


(x2 − 4x + 4) + (y 2 − 2y + 1) + z 2 = −1 + 4 + 1
(x − 2)2 + (y − 1)2 + z 2 = 4.

Com a equação escrita na forma padrão, pode-se determinar o centro da


esfera, que é C(2, 1, 0) e o raio 2.

Exemplo 1.7.2. Interprete as desigualdades:

38 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

a) x2 + y 2 + z 2 < 1

Solução:

A equação representa todos os pontos interiores da esfera centrada na


origem O(0, 0, 0).

b) x2 + y 2 + z 2 ≤ 1.

Solução:

A equação representa uma esfera centrada na origem O(0, 0, 0) com


raio igual a 1, incluindo todos os pontos interiores.

1.7.2 Cilindros

Um cilindro é uma superfície composta por todas as retas que são para-
lelas a uma reta dada no espaço e que passam por uma curva plana f (x, y) dada.
Tal curva é dita uma curva geradora para o cilindro.
Qualquer curva f (x, y) = c no plano xy define um cilindro paralelo ao
eixo z cuja equação também é f (x, y) = c.
De maneira análoga, qualquer curva g(x, z) = c no plano xz define um
cilindro paralelo ao eixo y cuja equação espacial é também g(x, z) = c.

Figura 1.21: Cilindro de raio 1, centro na origem O(0, 0, 0) e altura 2

Qualquer curva h(y, z) = c define um cilindro paralelo ao eixo x cuja


equação é h(y, z) = c.

Observação 1.7.1. Um cilindro é dito circular se a curva plana f (x, y) for uma
circunferência, um exemplo de cilindro circular é visto na Figura 1.21. Na Figura
1.22, o cilindro é elíptico, pois f (x, y) é uma elipse.

39 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

Figura 1.22: Cilindro gerado pela curva 9x2 + y 2 = 16

Exemplo 1.7.3. Determine o tipo de cilindro representado por cada equação abaixo:

a) x2 + y 2 = 1

Solução:

Cilindro circular de raio igual a 1 paralelo ao eixo z.

b) x2 + 4z 2 = 4

Solução:
x2
Cilindro elíptico gerado pela elipse + z 2 = 1 paralelo ao eixo y.
4
c) x2 + 4y 2 = 9

Solução:
x2 4y 2
Cilindro elíptico gerado pela elipse + = 1 paralelo ao eixo z.
9 9
d) y 2 − z 2 = 1

Solução:

Cilindro hiperbólico paralelo ao eixo x.

e) z − y 2 = 4 Solução:

Cilindro parabólico paralelo ao eixo x.

1.7.3 Superfícies quádricas

Essas superfícies são os análogos tridimensionais de elipses, parábolas


e hipérboles. Uma superfície quádrica é o gráfico no espaço de uma equação do
segundo grau em x, y e z.

40 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

A forma mais geral é

Ax2 + By 2 + Cz 2 + Dxy + Eyz + F xz + Gx + Hy + Jz + K = 0,

onde A, B, C, ... são constantes.

1. Elipsóide
O elipsóide pode ser representado pela equação

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
+ + = 1,
a2 b2 c2

com centro em C(x0 , y0 , z0 ) nas quais as seções paralelas aos planos xy, xz e yz são
elipses e a, b, c são os semi-eixos do elipsóide.
A superfície será uma esfera se a = b = c 6= 0. A Figura 1.23 ilustra um
elipsóide centrado na origem.


Figura 1.23: Elipsóide com centro na origem O(0, 0, 0) e (a, b, c) = (1, 2, 1)

2. Parabolóide elíptico
O parabolóide elíptico pode ser representado pelas equações

(x − x0 )2 (y − y0 )2
z − z0 = + ,
a2 b2
(x − x0 )2 (z − z0 )2
y − y0 = + ,
a2 c2
(y − y0 )2 (z − z0 )2
x − x0 = + ,
b2 c2

com vértice em P (x0 , y0 , z0 ). O eixo do parabolóide corresponde à variável de pri-


meiro grau.

41 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

(x − x0 )2 (y − y0 )2
Por exemplo, no caso de z − z0 = + , o traço será de
a2 b2
uma elipse em planos paralelos a xy e corresponderá a parábolas em planos paralelos
a xz e yz.
Um parabolóide elíptico com vértice na origem pode ser visto na Figura
1.24.

Figura 1.24: Parabolóide elíptico com vértice na origem O(0, 0, 0)

3. Parabolóide hiperbólico
O parabolóide hiperbólico pode ser representado pelas equações

(x − x0 )2 (y − y0 )2
z − z0 = − ,
a2 b2
(x − x0 )2 (z − z0 )2
y − y0 = − ,
a2 c2
(y − y0 )2 (z − z0 )2
x − x0 = − ,
b2 c2

com vértice em P (x0 , y0 , z0 ). O eixo do parabolóide corresponde à variável de pri-


meiro grau.
(x − x0 )2 (y − y0 )2
Por exemplo, no caso de z − z0 = − , o traço será
a2 b2
de uma hipérbole em planos paralelos a xy e corresponderá a parábolas em planos
paralelos a xz e yz. Observe o parabolóide hiperbólico da Figura 1.25.

42 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

Figura 1.25: Parabolóide hiperbólico com vértice na origem O(0, 0, 0)

4. Cone elíptico
O cone elíptico pode ser representado pelas equações

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
+ = ,
a2 b2 c2
(y − y0 )2 (z − z0 )2 (x − x0 )2
+ = ,
b2 c2 a2
(z − z0 )2 (x − x0 )2 (y − y0 )2
+ = ,
c2 a2 b2

com centro em P (x0 , y0 , z0 ).

Figura 1.26: Cone elíptico

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
Por exemplo, no caso de + = , planos per-
a2 b2 c2
pendiculares ao eixo z cortam o cone em elipses acima e abaixo do plano xy. Planos
verticais que contém o eixo do cone o cortam em pares de retas concorrentes. Se
a = b, então o cone é um cone circular reto.
A Figura 1.26 apresenta um cone elíptico centrado na origem O(0, 0, 0).

43 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

5. Hiperbolóides
a) Hiperbolóide de uma folha
O hiperbolóide de uma folha ilustrado na Figura 1.27 pode ser represen-
tado pelas equações

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
+ − = 1,
a2 b2 c2
(y − y0 )2 (z − z0 )2 (x − x0 )2
+ − = 1,
b2 c2 a2
(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
− + = 1,
a2 b2 c2

com centro em P (x0 , y0 , z0 ).

Figura 1.27: Hiperbolóide de uma folha

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
Por exemplo, no caso de + − = 1, os planos
a2 b2 c2
perpendiculares ao eixo z cortam o hiperbolóide em elipses, planos verticais contendo
seu eixo o cortam em hipérboles.

b) Hiperbolóide de duas folhas


O hiperbolóide de duas folhas pode ser representado pelas equações

(z − z0 )2 (x − x0 )2 (y − y0 )2
− − = 1,
c2 a2 b2
(y − y0 )2 (x − x0 )2 (z − z0 )2
− − = 1,
b2 a2 c2
(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
− − = 1,
a2 b2 c2

com centro em P (x0 , y0 , z0 ).

44 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

Figura 1.28: Hiperbolóide de duas folhas

Observe na Figura 1.28 que a superfície hiperbolóide de duas folhas é


separada em duas partes.
(z − z0 )2 (x − x0 )2 (y − y0 )2
Por exemplo, no caso de − − = 1, os planos
c2 a2 b2
perpendiculares ao eixo z acima e abaixo dos vértices cortam o hiperbolóide em
elipses. Os planos verticais contendo seu eixo o cortam em hipérboles.

Exemplo 1.7.4. Classifique e esboce a superfície representada por cada uma das
equações:

a) 4x2 − 3y 2 + 12z 2 + 12 = 0 d) 12z = −3y 2 + 4x2

b) x2 − y 2 − 12z 2 = 0
x2 y 2 z 2 y2
c) + + =1 e) z 2 = x2 + .
9 16 9 4

Solução:

a) 4x2 − 3y 2 + 12z 2 + 12 = 0

Escrevem-se os traços em cada um dos planos coordenados:

No plano xy, para z = k tem-se as hipérboles dadas pela equação


4x2 − 3y 2 = −12 − 12k 2 .

No plano xz, com y = k tem-se a equação 4x2 + 12z 2 = −12 + 3k 2


que gera elipses com eixo maior em z.

Para o plano yz. fazendo x = k, novamente tem-se hipérboles com a


equação −3y 2 + 12z 2 = −12 − 4k 2 .

Portanto, a superfície representada em R3 é um hiperbolóide de duas


folhas conforme mostra a Figura 2.1.

45 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

Figura 1.29: Figura Exemplo 1.7.4 a

b) x2 − y 2 − 12z 2 = 0

Reescrevendo a equação como x2 = y 2 + 12z 2 , tem-se:

No plano yz, fazendo x = k, a equação y 2 + 12z 2 = k 2 descreve elipses


y2 z2
de equação 2 + 2 = 1.
k k
12
Por fim, no plano xz, com y = 0 tem-se a equação x2 = z 2 que
descreve retas concorrentes dadas pela equação x = ±z.

Logo, em R3 a superfície descrita é um cone elíptico, mostrado na


Figura 2.2.

Figura 1.30: Figura Exemplo 1.7.4 b

x2 y 2 z 2
c) + + =1
9 16 9

Nos planos xy e yz, fazendo respectivamente z = k e x = k, tem-se


x2 y 2 k2 y2 z 2 k2
as elipses geradas pelas equações + =1− e + =1− .
9 16 9 16 9 9

46 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

No plano xz, com y = k tem-se circunferências geradas pela equação


2 2
x z k2
+ = 1− . Assim, a superfície representado no R3 é um elipsóide conforme
9 9 16
Figura 2.3.

Figura 1.31: Figura Exemplo 1.7.4 c

d) 12z = −3y 2 + 4x2

Nos eixos xz e yz tem-se parábolas geradas, respectivamente pelas


equações 12z = 4x2 − 3k 2 e 12z = −3y 2 + 4k 2 .

Fazendo z = k, tem-se hipérboles de equação −3y 2 + 4x2 = 12k no


eixo xy.

Portanto a superfície em R3 é um parabolóide hiperbólico, mostrado


na Figura 2.4.

Figura 1.32: Figura Exemplo 1.7.4 d

47 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.7. CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO DE SUPERFÍCIES (OPCIONAL)

y2
e) z 2 = x2 +
4
y2
No eixo xy, com z = k tem-se elipses cuja equação é x2 + = k2.
4
Nos eixos xz e yz tem-se retas concorrentes descritas respectivamente
y
pelas equações z = x e z = √ .
2
Logo, a superfície representada em R3 é um cone elíptico, conforme
ilustra a Figura 2.7.

Figura 1.33: Figura Exemplo 1.7.4 e

1.7.4 Exercícios

Exercício 1.7.1. Associe os gráficos à equação correspondente e justifique sua res-


posta. Esboce os gráficos para as demais equações.

a) x2 + y 2 + 4z 2 = 10 e) x = y 2 − z 2 i) x = z 2 − y 2

b) z 2 + 4y 2 − 4x2 = 4 f) x = −y 2 − z 2 j) z = −4x2 − y 2

c) 9y 2 + z 2 = 16 g) x2 + z 2 = 8 k) x2 + 4z 2 = y 2

d) y 2 + z 2 = x2 h) z 2 + x2 − y 2 = 1 l) 9x2 + 4y 2 + 2z 2 = 36.

48 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.8. LISTA DE EXERCÍCIOS

Exercício 1.7.2. Esboce as superfícies descritas pelas equações:

a) x2 + y 2 = 4 c) x2 + y 2 − z 2 = 1 e) z 2 + x2 − y 2 = 1.

b) z = x2 + 4y 2 d) z = y 2 − 1

Respostas

1.7.2

a) Esfera de raio 2.

b) Parabolóide Elíptico.

c) Hiperbolóide de 1 folha.

d) Cilindro parabólico.

e) Hiperbolóide de 1 folha.

1.8 Lista de Exercícios


Exercício 1.8.1. Para cada função, determine o domínio e o conjunto imagem.

a) f (x, y) = cos(xy)
xy
b) f (x, y) =
y2 − x2

49 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.8. LISTA DE EXERCÍCIOS


c) f (x, y, z) = z
x2
d) f (x, y, z) = .
x2 + y 2 + z 2

Exercício 1.8.2. Descreva as curvas de nível das funções.


1
a) f (x, y) = √
x+y
b) f (x, y) = ln(x2 + y 2 )

y
c) f (x, y) =
x
−1 y
 
d) f (x, y) = tg .
x

Exercício 1.8.3. Determine os limites, se existirem.

x2 − y 2
p
a) lim d) lim cos( 3 |xy| − 1)
(x,y)→(1,1)
(x,y)→(1,1) x − y

ey sen(x) x2 − 2xy + y 2
b) lim e) lim .
(x,y)→(0,0) x (x,y)→(1,1) x−y

c) lim ex−y
(x,y)→(0,ln(2))

Exercício 1.8.4. Considerando diferentes caminhos, demonstre que as funções não


possuem limite quando (x, y) → (0, 0).
 2 2
x − y2
a) f (x, y) =
x2 + y 2
x2 + y 2
b) g(x, y) =
xy
x
c) h(x, y) = p .
x + y2
2


 sen(xy) , se xy =

6 0
Exercício 1.8.5. Analise a continuidade da função f (x, y) = xy .
1, se xy = 0

Respostas

50 Notas de aula de Cálculo - FURG


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1.8. LISTA DE EXERCÍCIOS

1.8.1

a) D(f ) = R2 ; Im(f ) = [−1, 1]

b) D(f ) = {(x, y) ∈ R2 | y 6= ±x}; Im(f ) = (−∞, ∞)

c) D(f ) = {(x, y, z) ∈ R3 | z ≥ 0}; Im(f ) = [0, ∞)

d) D(f ) = R − {(0, 0, 0)}; Im(f ) = [0, 1].

1.8.2 As curvas de nível k são:


1
a) retas y = − x, k > 0
k2
b) círculos x2 + y 2 = ek

c) parábolas y = k 2 x2 , k ≥ 0, x 6= 0

d) retas y = tg(k)x, x 6= 0 passando pela origem.

1.8.3

a) 2 1 d) 1
c)
2
b) 1 e) 0.

1.8.4

a) Considerar, por exemplo, y = x e x = 0.

b) Considerar, por exemplo, x = 0 e y = x2 .

c) Considerar, por exemplo, x = 0 e y = 0.

1.8.5 f é contínua em R2 .

51 Notas de aula de Cálculo - FURG


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Capítulo 2

Atividades Computacionais -
Funções reais de n variáveis

Neste capítulo serão resolvidos problemas envolvendo funções de várias


variáveis por meio de ferramentas computacionais.
Além do software wxMaximar , serão utilizados os softwares gatt(Math),
Winplot e Geogebra, todos em versões livres disponíveis na internet.
Os exercícios sugeridos neste material requerem a utilização de ferramen-
tas computacionais.

2.1 Representação geométrica do domínio


O domínio D(f ) de uma função de n variáveis pode ser representado
graficamente no plano cartesiano.

Exemplo 2.1.1. Seja a função f (x, y) = y − x2 , determine o seu domínio.


p

Solução:
O domínio D(f ) é um subconjunto de R2 constituído pelos pares orde-
nados (x, y) definido quando y − x2 ≥ 0, ou seja, y ≥ x2 .
Para a representação gráfica da função f (x, y) no software Winplot veja
Figura 2.1.
Abrindo a janela 2D escolhendo a opção “Equação - Explícita”, escreve-se
a equação na caixa de diálogo apresentada na Figura 2.1.
O gráfico da função f (x, y) é então apresentado na Figura 2.2.

52
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FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF -
2.1. REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO DOMÍNIO

Figura 2.1: Janela 2D “Equação - Explícita”

Figura 2.2: Gráfico de f (x, y)

Note que o D(f ) é o conjunto de todos os pontos sobre e acima da curva


representada na Figura 2.2.

2.1.1 Exercícios
1
Exercício 2.1.1. Considere a função f (x, y) = , determine seu domínio e faça a
xy
visualização do mesmo a partir da curva.
sen(xy)
Exercício 2.1.2. A função f (x, y) = está definida para xy 6= 0.
xy
a) É possível estender o domínio de f (x, y) para todo R2 de tal modo que o resultado
seja uma função contínua?

b) Esboce o gráfico de f (x, y). O resultado confirma sua conclusão em (a)?

53 Notas de aula de Cálculo - FURG


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2.2. CURVAS DE NÍVEL

2.2 Curvas de Nível


Uma curva de nível é o conjunto de pontos (x, y) no espaço bidimensional
onde a função possui valor constante k, ou seja, f (x, y) = k.
As curvas de nível servem para identificar como se comporta uma função
de duas variáveis, uma vez que seu gráfico consiste nos pontos (x, y, f (x, y)) num
espaço de três dimensões.
A equação da curva de nível é obtida quando calculamos a intersecção
do plano z = k com o gráfico z = f (x, y).

Exemplo 2.2.1. Seja a função f (x, y) = x2 + y 2 , determine as curvas de nível de f


correspondentes aos níveis k = 1, 2 e 3.
Solução:
As curvas de nível são dadas por f (x, y) = k, ou seja,
Para k = 1 ⇒ x2 + y 2 = 1 (circunferência centrada na origem e de raio 1);

Para k = 2 ⇒ x2 + y 2 = 2 (circunferência centrada na origem e de raio 2);

Para k = 3 ⇒ x2 + y 2 = 3 (circunferência centrada na origem e de raio 3).
Geometricamente, as curvas de nível correspondentes ao níveis
√ √
k = 1, 2 e 3 são as circunferências de raio 1, 2 e 3, respectivamente.
Utilizando o software winplot, será feito um esboço das curvas de nível
k = 1, 2, 3.
Abrindo a janela 2D escolhendo a opção “Equação - Implícita”, escrevem-
se as equações na caixa de diálogo apresentada na Figura 2.3.

Figura 2.3: Janela 2D “Equação - Implícita”

O gráfico das curvas de nível de f (x, y) é apresentado na Figura 2.4.

54 Notas de aula de Cálculo - FURG


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2.2. CURVAS DE NÍVEL

Figura 2.4: Curvas de nível de f (x, y)

Exemplo 2.2.2. Esboce o gráfico e as curvas de nível da função f (x, y) = y 2 − x2


para k = −2, −1, −, 1, 2.
Solução:
Neste exemplo será utilizado o software wxMaximar tanto para plotar
o gráfico da função, quanto para desenhar as curvas de nível. Este software possui
um comando específico para plotar as curvas de nível.
Primeiramente carrega-se o pacote draw através do comando:

(%i1) load(draw);

(%o1) C : /P ROGRA 2/M AXIM A 1.0/share/maxima/5.26.0/share/draw/draw.lisp

55 Notas de aula de Cálculo - FURG


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2.2. CURVAS DE NÍVEL

Utilizando o recurso “Gráfico 3d” obtém-se na tela o gráfico da função


f (x, y):

(%i2) wxdraw3d(xaxis = true, yaxis = true, zaxis = true,


xlabel = "X", ylabel = "Y", zlabel = "Z",
palette = color, enhanced3d = true,
surface_hide = true,
explicit(y^2-x^2, x,-3,3, y,-3,3) )$

(%t2)

Para as curvas de nível acrescentam-se as informações contour_levels e


contour=map:

(%i4) wxdraw3d(xaxis = true, yaxis = true,


xlabel = "X", ylabel = "Y",
explicit(y^2-x^2,x,-3,3,y,-3,3),
contour_levels = {-2,-1,0,1,2}, contour = map ) $

(%t3)

56 Notas de aula de Cálculo - FURG


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2.2. CURVAS DE NÍVEL

Maiores detalhes sobre o comando “wxdraw3d” podem ser encontrados


no material disponível na internet através dos links:
http://sodilinux.itd.cnr.it/sdl6x2/documentazione/wxmaxima%20(con%20xmaxima)
/maxima-5_15.pdf
http://emp.byui.edu/BrownD/CAS/wxMaxima/Graphs-Graphics-07-wxMax.pdf

Exemplo 2.2.3. Trace o gráfico das curvas de nível de f (x, y) = x2 − y 2 para os


níveis k = −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3.
Solução:
Utilizando o software GeoGebra 5.0 se pode traçar o gráfico da função
f (x, y), bem como suas curvas de nível. As equações são digitadas diretamente na
linha de comando na parte inferior da tela em “Entrada”, os gráficos são apresentados
nas janelas de visualização conforme Figura 2.5.
Note que todas as equações devem ser digitadas em “Entrada”, tanto as
equações da curvas de nível quanto a equação que descreve o gráfico de f (x, y).

Figura 2.5: Tela inicial GeoGebra 5.0

A Figura 2.6 apresenta os gráficos da função e das curvas de nível. Na


janela de álgebra à esquerda da tela é possível visualizar as equações utilizadas.

57 Notas de aula de Cálculo - FURG


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2.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO DE N VARIÁVEIS

Figura 2.6: Gráficos do exemplo 2.2.3

2.2.1 Exercício

Exercício 2.2.1. Descreva e esboce as curvas de nível da função f (x, y) = x2 + y 2


para k = 2, 4, 6, 8.

2.3 Gráfico de uma função de n variáveis


Para ajudar a analisar gráficos, definem-se traços que são obtidos pela
intersecção do gráfico com os planos paralelos aos planos coordenados. Há três tipos
de traços:

• Traço horizontal à altura c ou curva de nível c: é a intersecção do gráfico com


o plano horizontal z = c, consistindo nos pontos (x, y, c) tais que f (x, y) = c.
Esse traço pode ser projetado verticalmente para a curva f (x, y) = c do plano
xy.

• Traço vertical no plano x = a: é a intersecção do gráfico com o plano vertical


x = a, consistindo nos pontos (a, y, f (a, y)).

• Traço vertical no plano y = b: é a intersecção do gráfico com o plano vertical


y = b, consistindo nos pontos (x, b, f (x, b)).

58 Notas de aula de Cálculo - FURG


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2.3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO DE N VARIÁVEIS

2.3.1 Exercícios

Exercício 2.3.1. Com a definição de traço, explique a diferença entre traço hori-
zontal e uma curva de nível.

Exercício 2.3.2. Considere a função f (x, y) = 3x2 − y 2 .

a) Determine as intersecções de f (x, y) com os eixos coordenados.

b) Descreva os traços horizontais e verticais de f (x, y).

c) Exiba um mapa de contornos para f (x, y), isto é, um conjunto de curvas de nível
de f (x, y) com valores igualmente espaçados de k.

d) Discuta o espaçamento das curvas de nível.

xy
Exercício 2.3.3. Considere f (x, y) = .
x2 + y2 + 1
a) Esboce o gráfico de f (x, y).
 
1
b) Mostre que a curva de nível f (x, y) = c tem uma equação − 1 y2 −
4c2
 2
1
x − y = 1.
2c
1 1
c) Mostre que a curva de nível é vazia se |c| > e é uma hipérbole se |c| < . Qual
2 2
1
é a curva de nível para c = ?
2

Exercício 2.3.4. Esboce as superfícies descritas pelas equações:

a) x2 + y 2 = 4 d) z = y 2 − 1 g) z = x2 + 4(y − 1)2

b) z = x2 + 4y 2 e) z 2 + x2 − y 2 = 1 h) z = y 2 + 2y − 3

c) x2 + y 2 − z 2 = 1 f) (x − 1)2 + (y + 4)2 = 1 i) z 2 + x2 + 2x − y 2 = 3.

Exercício 2.3.5. Esboce o sólido limitado por f (x, y) = 2 − x − 2y e pelos três


eixos coordenados. Escreva os intervalos de variação para x, y e z.

Exercício 2.3.6. Faça o gráfico do sólido limitado por z = 4 − x2 − 2y 2 e o plano


xy. Escreva os intervalos de variação para x, y e z. Observando o gráfico da função
você identifica pontos de máximo ou de mínimo absoluto? Explique.

59 Notas de aula de Cálculo - FURG


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2.4. SUPERFÍCIES DE NÍVEL

2.4 Superfícies de nível


Uma superfície de nível é o conjunto de pontos (x, y, z) no espaço tridi-
mensional onde a função possui valor constante, ou seja, f (x, y, z) = c.
As superfícies de nível servem para identificar como se comporta uma fun-
ção de três variáveis, uma vez que seu gráfico consiste nos pontos (x, y, z, f (x, y, z))
num espaço de quatro dimensões, assim não há como esboçá-lo de forma eficaz no
sistema de coordenadas tridimensionais.
Por exemplo, as superfícies de nível da função f (x, y, z) =
p
x2 + y 2 + z 2
são esferas de raio c centradas na origem, pois cada superfície de nível é descrita por
p
x2 + y 2 + z 2 = c.

Exercício 2.4.1. Se V (x, y) é o potencial elétrico de um ponto (x, y) do plano xy,


as curvas de nível de V são chamadas curvas equipotenciais, porque nelas todos os
pontos têm o mesmo potencial elétrico. Esboce algumas curvas equipotenciais de
c
V (x, y) = p , onde c é uma constante positiva.
r 2 − x2 − y 2

Exercício 2.4.2. Descreva as superfícies de nível de:

a) f (x, y, z) = x + 3y + 5z

b) g(x, y, z) = x2 − y 2 + z 2 .

2 +y 2
Exercício 2.4.3. Estude o comportamento da família de funções f (x, y) = ekx .
Como a forma da função é afetada pelo valor de k?


Exercício 2.4.4. Sejam g(t) = t + t2 e f (x, y) = 3x + 2y − 5, determine h(x, y) =
g(f (x, y)) e o conjunto no qual h é contínua.

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2.5. LIMITES DE FUNÇÕES DE N VARIÁVEIS

2.5 Limites de funções de n variáveis


Quando se calcula o limite de uma função de 2 variáveis f (x, y), uma
vizinhança de um ponto (x0 , y0 ) é uma bola bidimensional. Além de considerar os
limites laterais “pela direita” e “pela esquerda”, existem outras possibilidades como
“por cima”, “pela diagonal”, “por baixo”, etc.
Para calcular limites utilizando o software wxMaximar é necessário con-
siderar uma das variáveis como constante, conforme exemplo a seguir.
xy
Exemplo 2.5.1. Seja f (x, y) = , calcule lim f (x, y).
x2 + y2 (x,y)→(1,2)
Solução:
Primeiramente, define-se a função f (x, y):

(%i1) f(x,y):=(x*y)/(x^2+y^2);
xy
(%o1) f (x, y) :=
x2 + y 2
Calcula-se o limite considerando y como constante, utilizando a caixa de
diálogo no menu “Cálculo - Encontrar limite”, conforme apresentado na Figura 2.7.

Figura 2.7: Cálculo do limite com wxMaximar

Assim, obtém-se:

(%i2) limit(f(x,y), x, 1);


y
(%o2)
y2 +1

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2.5. LIMITES DE FUNÇÕES DE N VARIÁVEIS

Considerando y como constante, tem-se:

(%i3) limit(f(x,y), y, 2);

2x
(%o3)
x2 +4
Para calcular o limite, novamente utilizando a opção “Cálculo - Encontrar
limite”, escolhendo qualquer um dos resultados acima.
Utilizando o primeiro resultado em que x foi considerado como constante,
obtém-se:

(%i4) limit(y/(y^2+1), y, 2);

2
(%o4)
5
2
Portanto, lim f (x, y) = .
(x,y)→(1,2) 5

Exercício 2.5.1. Calcule os limites:

a) lim (x + 3y 2 )
(x,y)→(2,1)

b) lim (5x + 3xy + y + 1)


(x,y)→(0,0)

x+y
c) lim .
(x,y)→(2,4) x − y

x2 y
Exercício 2.5.2. Considere a função f (x, y) = 4 .
x + y2
a) Mostre que lim f (x, y) existe ao longo de qualquer reta y = mx. Determine
(x,y)→(0,0)
seu valor.

b) Mostre que lim f (x, y) não existe. (Sugestão: calcule o limite ao longo de
(x,y)→(0,0)
y = x2 .)

c) Esboce o gráfico de f (x, y).

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