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DIRETOR DA CEPLAC
HILTON KRUSCHEWSKY DUARTE
SERVIÇO DE PESQUISA
RAIMUNDO CARLOS MÓIA BARBOSA
SERVIÇO DE PESQUISA
CAIO MÁRCIO VASCONCELOS CORDEIRO DE ALMEIDA
SISTEMA DE PRODUÇÃO
DE CACAU PARA A
AMAZÔNIA BRASILEIRA
2001
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ORGANIZAÇÃO
633.74
S586 Silva Neto, P. J. da et ai
Sistema de produção de cacau para a Amazónia brasileira.
Belém, CEPLAC, 2001.
125p.
ISSN 0102-5511
1. Botânica 2. Agricultura 3. Cacau 4. Vassoura-de-bruxa
I. Matos, Paulo Gil Gonçalves de II. Martins, António Carlos
de Souza III. Silva, Acácio de Paula IV. Título.
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APRESENTAÇÃO
Nos últimos anos, e particularmente nesta década, o cenário agropecuário brasileiro tem
passado por profundas transformações. Tais mudanças, sinalizam de forma bastante clara para a
seguinte conjuntura: nos dias atuais, não basta simplesmente que o produtor rural disponha de
determinação, força e terra disponível para plantar. A realidade tem demonstrado, que além
desses fatores, é de suma importância que o homem do campo busque e utilize tecnologias que
viabilizem a produção e o acúmulo de riquezas, ou seja, a qualificação e o uso de tecnologias
apropriadas são condições indispensáveis para que o agricultor não só possa produzir com
segurança e competitividade, mas principalmente, lhe possibilite manter a viabilidade económica
de suas ati vidades agropecuárias. Com base nessas considerações e sintonizada com os anseios e
necessidades advindas do meio rural, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira -
CEPLAC tem a satisfação de oferecer ao público em geral - e em particular aos seus parceiros -
clientes (produtores), técnicos, empresários, organizações associativistas ligadas à cadeia
produtiva do cacau e aos estudantes de Ciências Agrárias - a publicação revisada do "Sistema de
Produção de Cacau para a Amazônia Brasileira" .
Dessa forma, este trabalho significa mais uma contribuição atualizada e organizada para
difundir o elenco de tecnologias desenvolvidas através dos resultados da pesquisa e
experimentação agrícola, bem como de experiências bem sucedidas de técnicos e produtores.
Almeja-se desse modo, que as informações e recomendações possam reduzir os custos de
implantação e de manutenção de áreas cacaueiras e gerar aumento de produtividade para os
agricultores amazônidas, através da oferta de opções tecnológicas que sejam adaptáveis e
acessíveis aos produtores tornando os sistemas de produção mais rentáveis técnica e
economicamente.
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
COMISSÃO ORGANIZADORA
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INTRODUÇÃO
Antonio Carlos de Souza Martins
1
Com esse programa - que objetivava a maximização da produção brasileira para elevá-la a um patamar de 700 mil toneladas de amêndoas secas/ano e garantir a
consolidação do Brasil como principal produtor mundial -, o Governo Federal deu início, através da CEPLAC, a implantação de 300 mil hectares de novos
cacaueiros e a renovação de outros 150 mil hectares em plantações decadentes e de baixa produtividade da Bahia e Espírito Santo. Além dessa área, tendo em vista a
impossibilidade das regiões cacauicultoras tradicionais assumirem sozinhas as diretrizes e metas estabelecidas pelos planos de expansão da cacauicultura, a CEPLAC
sincronizou seus objetivos com as ações do Governo Federal de apoio e incentivo à ocupação da Região Amazônica e também direcionou para o norte do país uma
parcela desse programa.
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CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
Paulo Júlio da Silva Neto
O caule é ereto, e com a idade aproximada de 2 anos, tem o crescimento da gema terminal
detido a uma altura entre 1,0 e 1,5m, surgindo nessa ocasião a primeira ramificação ou coroa,
composta de 3 a 5 ramos principais, os quais multiplicam-se em outros laterais e secundários.
Nos primeiros anos, o cacaueiro apresenta a casca do tronco lisa. Mais tarde, em
decorrência do permanente desenvolvimento das almofadas florais, a mesma torna-se áspera e
rugosa. As folhas, quando novas, apresentam uma gradação de tonalidades a depender de cultivar
ou clone, do verde pálido mais ou menos rosado ao violeta, de acordo com a quantidade de
pigmentos de antocianina presente. Com o amadurecimento, as folhas perdem sua pigmentação,
tornando-se de cor verde-pálidas, e por fim, verde-escuras, adquirindo rigidez. As folhas são
oblongas, acuminadas e glabas com nervura central proeminente.
O cacaueiro é uma planta caulifloria, as flores surgem em almofadas florais no tronco ou
nos ramos lenhosos, em uma gema desenvolvida no lugar da axila de uma antiga folha. As flores
são hermafroditas e possuem a seguinte constituição: cinco sépalas, cinco pétalas, cinco
estaminóides, cinco estames e um pistilo cujo ovário possui cinco lojas.
Na Região Amazônica o cacaueiro apresenta dois picos de floração: um menor que coincide
com o início do período menos chuvoso e um principal que ocorre no final do período de estiagem
e início do período chuvoso. Anualmente, um cacaueiro adulto pode produzir até mais de 100.000
flores, das quais menos de 5% são fertilizadas, sendo que apenas cerca de 0,1% se transformam em
frutos. As flores não polinizadas caem no período de quarenta e oito horas.
Os botões florais, atingindo o máximo de desenvolvimento, iniciam a abertura à tarde com
a separação das extremidades das sépalas, completando-se na manhã seguinte, nas primeiras
horas. Quando as flores, depois de polinizadas, são realmente fertilizadas, permanecem fixadas no
pedúnculo, desenvolvendo o ovário em futuro fruto.
As flores do cacaueiro apresentam caracteres estruturais que limitam sua polinização quase
que exclusivamente a insetos, apesar de hermafroditas e homógamas. Isto deve-se ao fato do
estigma (feminino) encontrar-se envolvido por um círculo de estaminóides (masculino) e de suas
anteras apresentarem envolvidas por formação recurvadas das pétalas, denominadas de cógula.
Os principais agentes polinizadores do cacaueiro são constituídos por um pequeno grupo de
insetos, da família Ceratopogonidae, gênero Forcipomya. A sincronização entre os períodos de
floração intensa e o período de maior população de adultos Forcipomya é que permitirá o maior ou
menor sucesso no processo reprodutivo do cacaueiro. Por esta razão não é recomendável realizar a
aplicação de agrotóxicos, principalmente de inseticidas, evitando-se assim, prejudicar a
polinização.
O fruto de cacau apresenta um pericarpo carnoso composto de três partes distintas: o
epicarpo que é carnoso e espesso, cujo extrato epidérmico exterior pode estar pigmentado, o
mesocarpo, que é delgado e duro, mais ou menos lignificado, e o endocarpo, que é carnoso,
mais ou menos espesso.
O fruto está sustentado por pedúnculo lenhoso, proveniente do engrossamento do pedicelo
da flor.
Normalmente, os frutos quando jovens apresentam coloração verde, e amarela quando
maduros. Outros são de cor roxa (vermelho-vinho) na fase de desenvolvimento e alaranjado no
período de maturação.
O período compreendido entre a polinização e o amadurecimento do fruto varia de 140 a
205 dias, com uma média de 167 dias.
O índice de frutos (nº de frutos necessários para obter 1 kg de cacau comercial) é em geral,
de 15 a 31 frutos.
A semente de cacau tem a forma que varia de elipsóide a ovóide, com 2 a 3cm de
comprimento é recoberta por uma polpa mucilaginosa de coloração branca, de sabor açucarado e
ácido. O embrião é formado por dois cotilédones, cujas cores podem variar do branco ao violeta.
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A Amazônia brasileira é uma região possuidora de uma vasta extensão de terras, que
totalizam 488 milhões de hectares. Destas, aproximadamente 32 milhões de hectares são solos com
excelentes características físicas e químicas. No início da década de 70, como diretriz da política de
integração nacional, o governo federal passou a incentivar a expansão da fronteira agrícola para a
região.
Para o estabelecimento dessa estratégia governamental, grandes rodovias foram abertas,
projetos integrados de colonização foram criados, a política de incentivos fiscais facilitou a
expansão do capital aos Estados localizados na região e, por conta dessas iniciativas, houve a
implantação de um novo modelo agropecuário.
Nesta nova perspectiva, o fato do cultivo do cacaueiro apresentar de um lado, significativo
potencial no que diz respeito aos aspectos estratégicos, ecológicos e políticos, e de outro,
reconhecida adaptabilidade a sistemas de multicultivos com outras espécies florestais, se
constituíram em fatores determinantes para a criação, em parte desta área, dos pólos cacaueiros da
Amazônia.
O trabalho de expansão da cacauicultura na Região Amazônica foi efetivado com respaldo
institucional da CEPLAC, Órgão do governo federal subordinado ao Ministério da Agricultura e
do Abastecimento. O modelo agrícola usado está embasado na ação de um único órgão integrando
todas as atividades necessárias ao desenvolvimento técnico e racional da cacauicultura: pesquisa
agrícola, assistência técnica, fomento agrícola e treinamento de mão-de-obra, bem como ao Manejo
Integrado de Sistemas Agroflorestais (SAF), com vistas ao enriquecimento das lavouras de cacau já
existentes ou que venham a ser implantadas, com essências madeireiras florestais e frutíferas
regionais de reconhecido valor econômico.
Atualmente na Amazônia, a região produtora de cacau assistida pela CEPLAC, engloba os
seguintes Estados: Rondônia, Amazonas, Pará e Mato Grosso. Nos Estados de Rondônia e
Amazonas as atividades da CEPLAC são coordenadas e executadas pela Superintendência
Regional da Amazônia Ocidental (SUPOC).
No Estado de Rondônia, a CEPLAC desenvolve suas atividades em um universo de 6.000
produtores rurais, em 31 Municípios, especificados no mapa político-administrativo de Rondônia
(ver mapa nº1). Nesses Municípios estão implantados cerca de 40 mil hectares de cacaueiros, com
produção em torno de 16 mil toneladas/ano, de amêndoas secas de cacau.
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1. Ariquemes
2. Theobroma
3. Machadinho
4. Cacaulândia
5. Cujubim
6. Alto Paraíso
7. Rio Crespo
8. Buritis 19. Mirante da Serra
9. Campo Novo 20. Alvorada do Oeste
10. Monte Negro 21. Vale do Paraíso
11. Gov. Jorge Teixeira 22. Ministro Andreazza
12. Ji-Paraná 23. Cacoal
13. Presidente Médice 24. Rolim de Moura
14. Urupá 25. São Filipe
15. Ouro Preto d'Oeste 26. Santa Luzia
16. Jarú 27. Corumbiara
17. Nova União 28. Colorado do Oeste
18. Teixeirópolis 29. Cerejeiras
30. Pimenteiras
31. Cabixi
No Estado do Amazonas, a CEPLAC atua com 706 famílias, nos seguintes Municípios:
Manaus, Manacapurú, Careiro da Várzea, Itacoatiara, Silves, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã,
Urucurituba, Urucará, Apuí, Manicoré e Novo Aripuanã. Estes 12 Municípios possuem uma área de 5
mil hectares de cacaueiros e produzem mil e quinhentas toneladas de amêndoas secas de cacau/ano.
Torna-se importante salientar que, no Estado do Amazonas, a CEPLAC vem dando ênfase a
exploração de cacauais em várzeas, uma vez que o maciço cacaueiro nesse Estado concentra-se nessas
áreas. Isso se justifica em função dos seguintes aspectos: essas plantações nativas se constituem na
forma tradicional de exploração, tal atividade tem se configurado uma importante fonte de renda para
os produtores ribeirinhos, haja vista o baixo custo de sua exploração e os preços praticados atualmente.
Já no tocante aos Estados do Pará e Mato Grosso, os trabalhos estão ao encargo da
Superintendência Regional da Amazônia Oriental (SUPOR).
No âmbito do Estado do Pará, a atuação da CEPLAC encontra-se direcionada para o
atendimento de agricultores e comunidades rurais estabelecidos em 45 Municípios e 7 pólos
espontâneos localizados nas Mesorregiões Metropolitanas de Belém, Baixo Amazonas, Nordeste, Sudoeste e
Sudeste Paraense, especificadas no mapa político-administrativo do Pará (ver mapa nº2).
Para expressarem plenamente seu potencial genético, as plantas necessitam ser cultivadas
sob condições ótimas de solo e de clima, principalmente aos fatores relacionados com o
crescimento e desenvolvimento vegetal.
Na Amazônia, de um modo geral, o clima caracteriza-se pela abundância das chuvas e pela
constância de temperaturas elevadas. O cacaueiro é uma planta típica dos trópicos úmidos, e é
cultivado em regiões onde o clima apresenta variações relativamente pequenas durante o ano,
especialmente em termos de temperatura, radiação solar e comprimento do dia.
Pelo fato da precipitação pluvial, junto com a radiação global, ser o componente mais
importante do clima e de esta apresentar muita variabilidade é que a chuva se constitui um dos
principais fatores de risco para a cacauicultura regional. Por esse motivo é que, para o
estabelecimento de plantios de cacauais economicamente viáveis, deve ser rigorosamente
observado o regime das chuvas, principalmente em relação à sua distribuição ao longo dos meses,
nas áreas onde deverão ser instalados os empreendimentos cacaueiros.
A precipitação ideal para o cacau deve apresentar um total anual acima de 1.250mm, bem
distribuídos em todos os meses, com mínimas mensais de 100mm e ausência de estação seca bem
definida e intensa que apresente meses com menos de 60 mm de chuva.
Por regra geral a quantidade ótima de chuva está entre 1.800 a 2.500mm ao ano. Os
períodos secos com mais de três meses são prejudiciais.
Outro componente climático que deve ser considerado é a velocidade do vento, pois em
localidades com ventos que apresentam velocidade superior a 2,5 m/s, é recomendável a instalação de
quebra ventos, para que seja reduzida a evapotranspiração dos cacaueiros, a queima e queda das
folhas, principalmente as mais novas, que são sensíveis ao movimento do ar. Cacaueiros expostos a
ventos fortes crescem com as copas envassouradas e dificilmente atingem desenvolvimento normal.
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Solo
Raimundo Carlos Moia Barbosa
O solo deve apresentar uma profundidade mínima de 1 metro e 20 centímetros sendo ideal
em torno de 1 metro e 50 centímetros. Para o desenvolvimento normal do sistema radicular do
cacaueiro, o solo não deve conter concreções lateríticas em sua parte superior, bem como não deve
possuir camadas pedregosas e compactas no seu perfil. Solos com impedimentos físicos dessa
natureza dificultam o desenvolvimento normal do sistema radicular do cacaueiro, provocando
principalmente o atrofiamento da raiz principal (Fig. 1).
Fig.1 – Desenvolvimento do
sistema radicular do
cacaueiro.
A – Sistema radicular prejudicado
por impedimento físico
(camada pedregosa e/ou
piçarra).
B – Sistema radicular com
desenvolvimento normal
quando em solos profundos e
sem impedimento físico.
Deve ser bem drenado e quando apresentar sinais de gleização, mosqueamento ou possuir
lençol freático próximo a superfície, deve ser recuperado através da abertura de canais de
drenagem. Sua textura deve permitir boa capacidade de retenção de água. Solos argilosos e siltosos
são apropriados para regiões com períodos definidos de estiagem, embora possam ocorrer problemas
de encharcamento do solo em períodos intensos de chuva. A textura areno-argilosa é apropriada para
regiões de altas precipitações pluviométricas, mas bem distribuídas durante o ano. Solos leves, com
pouca argila não são recomendados por apresentarem baixa retenção de umidade e permitirem a
lixiviação intensa de nutrientes. A fertilidade é fundamental, considerando-se o alto custo dos
corretivos e fertilizantes. O cacaueiro desenvolve-se, entretanto, em solos com os mais diferentes níveis
de fertilidade, sendo ideal aqueles que apresentam níveis de média a alta fertilidade natural, com pH
na faixa de 6,0 – 6,5, onde ocorre disponibilidade máxima de muitos nutrientes (Fig. 2)
Áreas ocupadas com mata, capoeira, outros cultivos ou até pastagem, podem ser
selecionadas, desde que o clima e o solo apresentem condições desejáveis para a cacauicultura.
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Preparo de área
Para o preparo de área há que se considerar inicialmente o sistema de implantação a ser
adotado, que por sua vez está condicionado ao tipo de cobertura florística existente e a condição
do produtor para instalar e manter o modelo escolhido. Esses aspectos são de grande importância,
pois, a partir dessas considerações deverá ser tomada uma decisão que terá implicações diretas no
sucesso ou insucesso do empreendimento.
O estabelecimento do cacaual, nas diversas regiões produtoras do mundo, é realizado
basicamente de duas maneiras, após a eliminação parcial da vegetação original ou em seguida ao
desmatamento completo. O primeiro método é conhecido no Brasil, como ―cabruca‖ e o segundo,
como ―derruba total‖.
Têm-se verificado na Região Amazônica que no método de ―cabruca‖ os cacaueiros,
quando comparados com os que crescem e desenvolvem-se em áreas de derruba total, apresentam
diâmetro do caule inferior, na fase de implantação (até 5 anos) e baixa produtividade na fase
produtiva.
Para o plantio do cacaual, a derruba total é o sistema mais utilizado na região e o que tem
mostrado melhores resultados. Consiste na eliminação da vegetação primária ou secundária para
posterior formação dos sombreamentos provisório e definitivo. Este sistema consiste nas seguintes
fases: broca, derruba, queima, balizamento e plantio dos sombreamentos.
Para implementação desse sistema, dependendo do tamanho da área a ser preparada, há
necessidade de autorização prévia para desmatamento expedida pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, conforme legislação vigente.
Em áreas já trabalhadas com cultivo (ex.: pastagens, cana-de-açúcar, cultivos anuais etc.) ou
em áreas alteradas, inicia-se o trabalho a partir do balizamento, após a limpeza de área.
Balizamento
Após o preparo de área inicia-se o balizamento para o cacaueiro. Recomenda-se o
espaçamento de 3,0 x 3,0 metros o que eqüivale a 1.111 plantas/hectare, porém, dependendo das
condições poderá ser utilizado 3,5 x 3,5 metros (816 plantas/hectare); 4,0 x 4,0 metros (625
plantas/hectare) e 2,0 x 2,0 x 4,0 metros (1666 plantas/hectare). As balizas marcam os lugares onde
serão abertas as covas para plantio das mudas de cacau.
O balizamento tem a vantagem do melhor aproveitamento da área, bem como, permite
melhor crescimento e distribuição uniforme da copa dos cacaueiros, permitindo ainda, maior
facilidade na execução das práticas culturais como limpeza de área, combate às pragas e doenças,
adubação e colheita.
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FORMAÇÃO DE MUDAS
Paulo Gil Gonçalves de Matos
O plantio de cacaueiros é feito a partir de mudas, por fornecerem vantagens como vigor e
uniformidade dos cacaueiros, menor número de falhas nas plantações e provavelmente
antecipação da fase produtiva das plantas.
Os trabalhos de formação da muda de cacau devem ser iniciados durante o plantio dos
sombreamentos provisório e definitivo. Na formação das mudas, três fases são bem distintas:
construção do viveiro, semeadura e tratos culturais.
Construção do Viveiro
Alguns fatores devem ser considerados no sentido de fornecer as condições adequadas ao
bom desenvolvimento das mudas e de reduzir seus custos durante a manutenção e transporte para
o local definitivo.
Tamanho - Varia em função do número de mudas que se pretende formar. Um método
prático para se calcular o tamanho do viveiro é dividir o número de mudas por 30. Assim, se
precisamos preparar 15.000 mudas, temos:
15.000 30= 500. O viveiro deverá medir 500 m2, podendo ser de 20x25 metros.
Localização – Deve-se considerar alguns fatores importantes:
Distância – não deve ficar distante da área do plantio definitivo, pois na época do transplantio o
custo com transporte será menor. Também não deve ficar distante de uma fonte de água, já que durante
o verão será necessário regar as mudas.
Topografia – o local deve ser plano ou levemente inclinado para facilitar a arrumação dos
saquinhos.
Drenagem – deve ser construído em local com solos bem drenados para evitar excesso de
umidade que possa favorecer o aparecimento de doenças.
Penetração de luz – a penetração dos raios solares é fundamental para permitir maior aeração ao
ambiente, diminuindo assim os riscos de doenças. Permite ainda o desenvolvimento mais rápido das
plântulas.
Material – Para construção do viveiro devem ser utilizados
materiais de baixo custo, de preferência encontrados na
propriedade. A altura deve permitir que um homem de estatura
média caminhe normalmente dentro do mesmo. Com esteios de
2,50 metros consegue-se uma boa altura. Os esteios devem ser
dispostos de 3 em 3 metros e a cobertura é feita com palhas de
palmeira estendidas sobre fios de arame. A cobertura deve permitir
50% de entrada de luz e as laterais também devem ser protegidas
contra a ação de ventos e animais. Fig.3 – Viveiro rústico
Semeadura
Também devem ser considerados alguns fatores de relevada importância, como:
Escolha e preparo do terriço – O terriço pode ser retirado da manta superficial (até 20
centímetros de profundidade) de solos ocupados com mata primária ou secundária. Quando
coletados a maior profundidade, o substrato deve ser misturado na seguinte proporção: utilizar
700 l de terra de subsolo (abaixo de 50 cm) acrescido de 300 l de esterco de galinha + 5,0 kg de
Yoorin Master (P, Ca, Mg, B, Cu, Fe, Mn, Zn e Si) + 2,0 kg de calcário dolomítico + 0,5 kg de cloreto
de potássio.
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2
Normas Técnicas e Padrões para Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado de Rondônia (atualizada pela Portaria nº 026, de 27 de Maio de 1999).
3
Normas Técnicas e Padrões para a Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado do Pará (1997).
4
Normas Técnicas para a Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado de Mato Grosso (1998).
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c) adubação – Esta prática deve ser realizada somente quando as mudas de cacau
apresentarem deficiência de nitrogênio caracterizada pela coloração verde pálido das folhas velhas
ou de outros nutrientes. Neste caso, recomenda-se pulverizar quinzenalmente uréia a 0,5%
(cinqüenta gramas de uréia em dez litros de água) até que as plantas voltem a mostrar aspecto
normal.
d) manejo de sombra – Para permitir melhor arejamento e penetração de luz no viveiro,
ao iniciar o período chuvoso, deve-se retirar algumas palhas de sua cobertura. O mesmo
procedimento deve ser feito nos dias que antecedem ao transplante, para que as mudas comecem a
se adaptar às futuras condições ambientais.
e) combate às pragas e controle de enfermidades – Durante a fase de viveiro, as plântulas
estão sujeitas ao ataque de pragas e à incidência de doenças. Nos quadros 1 e 2 estão relacionados
às pragas e enfermidades, os danos causados às plantas e os métodos de controle. Tanto no
combate às pragas como no controle de doenças é aconselhável usar máquinas manuais com o
objetivo de não causar danos às plantas jovens.
Quadro 1 – Ocorrência das principais pragas de mudas enviveiradas, danos e medidas de controle.
Me dida s de Co ntr ole
Natureza dos Inseticida Dosagem Época de aplicação
Enfermidade
Danos (Principio Formulação e/ou e equipamentos
Ativo) concentração recomendados
Ácaro
Aparecimento de
Mexicano Malatol 50E Concentrado Usar pulverizador
manchas cloróticas 0,5%
(Tetranychus (malation) emulsionável manual
no limbo foliar
mexicanus)
Vaquinhas
Rendilhamento das Thiodan 20P ou
(Percolaphis
folhas novas, 30P
ornata)
manifestam-se nas (endosulfan) Pó - Quando observado
(Colaspis spp)
épocas de malatol 4% algum dano usar
(Taimbezinha
lançamento. (malation) polvilhadeira
theobroma)
manual
Caracteriza-se pelo
Pulverizações
aparecimento de
Cobre Sandoz Pó molhável mensais intercaladas
grandes manchas 0,3%
(óxido cuproso) 50% com os tratamentos
irregulares nas
para a antracnose.
folhas.
As folhas Funguran
Pó molhável Usar pulverizador
apresentam aspecto (oxicloreto de 0,3%
50% manual.
de queima. cobre)
Queima-das-
folhas Em alguns casos, o
(Phytophthora coleto das plantas é Coprantol
spp.) lesionado, (oxicloreto de F.W. 30% 0,5%
ocorrendo a morte cobre)
da planta.
Kauritol
(oxicloreto de Oleosa 35% 0,5%
cobre)
Cupuran
Pó molhável
(hidróxido de 0,3%
45%
cobre)
Se necessário, usar espalhante adesivo a 0,1% em caso de usar pulverizador motorizado (não recomendado) a
concentração deve ser de 2%.
Obs.: Pode-se usar Preposan (oxicloreto + zineb + maneb) a 0,5% em pulverização, objetivando o controle às
duas enfermidades e, neste caso, basta que se façam pulverizações de 30 dias no período crítico
(condições favoráveis à ocorrência de doenças).
Fonte: CEPLAC/CEPEC – Seção de Fitopatologia
21
copa. Dentre as espécies arbóreas, as recomendadas são as seguintes: mogno (Swietenia macrophylla
King), freijó (Cordia alliodora), bandarra (Schyzolobium amazonicum) e Eritryna spp.
O espaçamento varia em função do diâmetro da copa, utilizado comumente de 18 x 18
metros, 21 x 21 metros e 24 x 24 metros entre plantas e linhas.
As árvores de sombra podem ser plantadas na mesma linha do cacaueiro, permitindo assim
a roçagem mecanizada na fase inicial da plantação. Neste caso é aconselhável utilizar essências
florestais de menor competitividade com o cacaueiro.
O plantio do sombreamento definitivo é feito na mesma época do sombreamento
provisório, exceto o mogno, cujo plantio poderá ser efetuado de 2 a 3 anos após o plantio das
mudas de cacau no campo.
PLANTIO DO CACAUEIRO
Paulo Gil Gonçalves de Matos
Para o plantio das mudas de cacau no local definitivo, dois fatores importantes devem ser
considerados: o sombreamento e a distribuição das chuvas. Se o sombreamento provisório já
estiver formado, o plantio das mudas deve ser feito no início do período chuvoso, com mudas de
dois a seis meses de idade. Em casos excepcionais, as mudas podem ainda ser transplantadas com
uma antecedência de dois meses do início do período seco do ano, preferindo-se neste caso,
plantas de maior idade, ou seja, de quatro a seis meses.
Após a seleção das plantas vigorosas e sadias o plantio do cacaueiro deve ser feito em covas
de 40 x 40 x 40 centímetros removendo-se o saco plástico sem que seja destruído o torrão. A muda
deve ser colocada na cova de modo que o nível superior do torrão fique no mesmo plano da
superfície do solo. Para isso, coloca-se a terra no fundo da cova até que se consiga a altura ideal e
depois se completa com o enchimento dos lados, sempre fazendo ligeira pressão no solo.
Recomenda-se deixar um montículo ao redor do caule e nunca uma depressão (Fig. 5).
Em cacaueiros safreiros, o controle de plantas daninhas é realizado somente nos locais onde
há penetração de luz, em decorrência de falhas e/ou má formação de cacaueiros. Nestes locais, as
plantas daninhas crescem e desenvolvem-se e o controle deverá ser realizado através de roçagens
e/ou aplicação de herbicidas. Em época oportuna, realizar o replantio nas falhas com cacaueiro,
bananeira, espécies arbóreas ou frutíferas.
Poda e Desbrota
Paulo Júlio da Silva Neto
A poda de formação em cacaueiros jovens deve ser evitada devido aos seus efeitos danosos
na planta e conseqüente aumento de lançamentos de brotos e chupões. Entretanto,
aproximadamente 96% dos frutos produzidos em cacaueiros safreiros estão de 3,5m para baixo.
Assim, surge a necessidade de se controlar a altura do cacaueiro desde a sua formação,
eliminando-se ramas que possuem crescimento vertical, principalmente, as ramas chupadeiras,
que são vigorosas, semelhantes aos chupões, de coloração marrom brilhante, e tendem, quando
desenvolvidos, possuir uma forma achatada, atrofiando as ramas vizinhas e deformando a
arquitetura inicial das plantas. Esta prática inicial contribuirá futuramente para redução dos custos
de controle cultural da vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa).
Em cacaueiros safreiros é desejável realizar a poda fitossanitária que consiste na retirada
de ramos enfermos, sombreados, mal formados, de frutos secos e doentes. A desbrota ou retirada
dos ―chupões‖ deve ser realizada sempre que necessário, durante todo o ano.
Manejo do Sombreamento
Paulo Júlio da Silva Neto
Sementes (1) 50-87 20,4 3,6 10,5 1,1 2,7 0,03 0,05
Casca (1) 50-87 31,0 4,9 53,8 4,9 5,2 0,11 0,09
(1) Nutrientes extraídos em sementes e casca de uma plantação com 50-87 meses de idade e produtividade
de 1000 kg/ha de sementes secas de cacau.
A ordem de extração dos nutrientes, portanto para plantas em plena produção, é: K > N >
Ca > Mg > P > Mn > Zn.
Verifica-se que os nutrientes K, Ca e N são removidos em maior quantidade pelo cacaueiro
de 50-87 meses de idade. Para manter seu crescimento e produzir 1000 kg de sementes secas por
ano, precisa-se de 824 kg de K2O, 529 kg de CaO, 469kg de N, 212 kg de MgO e 121 kg de P2O5.
b) diagnose foliar – análises dos tecidos vegetais. O uso deste método baseia-se na
premissa de que, dentro de certos limites, devem existir relações diretas entre: b1) dose de adubo
(ou nível de fertilidade do solo) e produção; b2) dose do adubo e teor foliar; e b3) teor foliar e
produção. Neste caso a avaliação do estado nutricional depende de um órgão representativo. De
um modo geral, a folha recém madura, a 3ª folha a partir da ponta de lançamento recém-
amadurecido, reflete bem o estado nutricional da planta inteira.
c) análises químicas do solo – entre os métodos de avaliação da fertilidade, a análise do
solo é o método mais difundido e utilizado devido as seguintes vantagens: c1) pode ser feita em
tempo relativamente curto e permitindo analisar um grande número de amostras; c2) as análises
podem ser feitas em qualquer época do ano, são relativamente baratas e oferecem boa precisão nas
determinações; e c3) os resultados obtidos podem ser aplicados para a cultura do ano. Entretanto,
o sucesso na interpretação correta de uma análise de solo exige um bom conhecimento dos solos
de uma região, dos sistemas de produção utilizados e do meio ambiente (clima).
Dentre as fases citadas acima, a amostragem do solo é a mais crítica, devido a
heterogeneidade do solo. Uma amostragem mal feita pode causar facilmente erros de 50% ou mais
na avaliação da fertilidade.
A amostragem do solo em áreas para plantio deve ser coletada antes e depois da
queima, a fim de considerar o efeito das cinzas como corretivo de solo e teor de
nutrientes, principalmente cálcio e magnésio. O procedimento para a retirada de
amostras a uma profundidade de 0 – 20 cm, deve ser efetuado da seguinte maneira:
divide-se a gleba ou quadras em áreas homogêneas de 1,0 a 2,0 hectares, após esta
etapa, percorre-se a área demarcada em ―zigue-zague‖, retirando amostras de solos,
procurando-se cobrir toda a área. Cada amostra deve ser composta de, no mínimo, 15
amostras simples (sub-amostras) para cada quadra. As manchas de fertilidade de
determinada área devem constituir amostras a parte. Em plantações que vem sendo
adubada, a cada 2 a 3 anos é interessante retirar amostras para monitorar a fertilidade
da mesma.
A interpretação dos dados para o fósforo e potássio está dividida em três
classes de teores, enquanto que para o Ca+ Mg e Al em duas classes.
Calagem
Os dados de pesquisas obtidos nos solos da Amazônia, têm mostrado que o crescimento e
produção do cacaueiro não apresentaram resposta à calagem (Campos, 1981; Morais e Campos,
1984; Pereira e Morais, 1987). No Latossolo Amarelo, argiloso da série Manaus, Campos (1981)
observou somente melhoria nas propriedades químicas deste solo quanto ao aumento do pH, dos
teores trocáveis de Ca e Mg e diminuição do alumínio trocável. Pereira e Morais (1987) mostraram
que os solos das áreas Bragantina e de Tomé-Açu(PA) apresentaram teores de Ca + Mg < 3,0 meq.
100-1g, considerados baixos, numa freqüência de 60 a 95% das amostras analisadas. Apesar destes
resultados é interessante considerar que:
A calagem bem efetuada traz inúmeros benefícios, dentre os quais podem ser citados: a)
fornece Ca2+ e Mg2+ como nutrientes; b) neutraliza o Al 3+ e Mn2+ tóxicos às plantas; c) aumenta a
disponibilidade de P e do Mo; d) favorece a mineralização da matéria orgânica; e) aumenta a
fixação simbiótica do N; f) estimula o desenvolvimento do sistema radicular e a absorção de água e
nutrientes; e g) melhora as propriedades físicas do solo (devido ao fato do Ca2+ e Mg2+ serem
elementos floculantes)
Apesar de todos estes benefícios, a calagem precisa ser criteriosa, pois pode reduzir a
disponibilidade de K+ e de micronutrientes. A resposta da cultura à calagem depende de uma
série de fatores ligados à planta, ao solo e ao corretivo utilizado, a conjugação destes fatores, leva à
obtenção da máxima eficiência desta prática agrícola. Assim, deve-se considerar que o cacaueiro
não foge a regra das outras culturas, necessitando-se de cálcio e magnésio como nutrientes para o
crescimento, desenvolvimento, início e plena produção, principalmente quando esta cultura está
localizada na região com Latossolo Amarelo distrófico e de textura média, necessitando elevar os
teores de cálcio e magnésio trocáveis, no mínimo, para 3, 0 meq.100-1g (ou 30 mmolc. kg-1).
A calagem tem um efeito residual prolongado, que perdura por vários anos, sendo o
retorno deste investimento, cumulativo.
Os produtos considerados corretivos da acidez dos solos são aqueles que contêm como
―constituinte neutralizante‖, carbonatos, óxidos, hidróxidos ou silicatos de Ca2+ e/ou Mg2+.
Os calcários agrícolas passam a ter as classificações:
29
Potássio
Para o cacaueiro o potássio é o nutriente absorvido em maiores quantidades. O potássio
encontrado nos tecidos vegetais não é incorporado à fração orgânica, permanecendo como íon.
Dessa forma, grande parte do material vegetal é reciclado após a colheita e o K presente pode
voltar rapidamente ao solo, em forma prontamente disponível.
Os fertilizantes potássicos empregados no Brasil estão listados no Quadro 11. As formas de
cloreto, sulfatos ou nitratos são todos solúveis em água e prontamente disponíveis às plantas.
Os sais e óxidos inorgânicos, silicatos fundidos e quelatos são usados como fontes de
micronutrientes, de forma isolada ou incorporados em formulações com macronutrientes, este
último caso com tendência de aumento, devido à dificuldade de aplicações de pequenas
quantidades normalmente necessárias nas adubações. No caso de culturas perenes existe grande
possibilidade de utilizar fertilizantes simples portadores de micronutrientes em aplicações
localizadas, no sulco ou em covas, ou mesmo na superfície do solo. Dependendo das quantidades
aplicadas os micronutrientes apresentam efeito residual das adubações, com exceção do ferro.
Para as diversas culturas perenes, a pulverização foliar com micronutrientes é uma prática
comum, associado a aplicação de pesticidas. A aplicação foliar pode ser utilizada com sais
inorgânicos solúveis em água e quelatos.
Quadro 13. Principais fontes de micronutrientes utilizados no Brasil e garantias mínimas exigidas
pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento.
Garantia mínima
Nutriente Fertilizante Solubilidade em água
(conc. do elemento) %
Bórax 11 Solúvel
Boro Ácido bórico 17 Solúvel
Silicato 1 Insolúvel
Sulfato 13 Solúvel
Óxido cúprico (CuO) 75 Insolúvel
Cobre
Silicato 2 Insolúvel
Quelato 5 Solúvel
Sulfato ferroso 19 Solúvel
Ferro Sulfato férrico 23 Solúvel
Quelato 5 Solúvel
Sulfato manganoso 26 Solúvel
Óxido manganoso 41 Insolúvel
Manganês
Silicato 2 Insolúvel
Quelato 5 Solúvel
Molibdato de sódio 39 Solúvel
Molibdênio Molibdato de amônio 54 Solúvel
Silicato 0,1 Insolúvel
Sulfato de zinco 20 Solúvel
Óxido 50 Insolúvel
Zinco
Silicato 3 Insolúvel
Quelato 7 Solúvel
Parcelar em duas vezes a adubação, aplicando a lanço e em área total no início e final das
chuvas.
Quadro 16 – Acrescentar boro, manganês e zinco de acordo com a análise de solo:
B no solo B Mn no solo Mn Zn no solo Zn
mg/dm3 kg/ha mg/dm3 kg/ha mg/dm3 kg/ha
0 – 0,20 2 0 – 1,2 5 0 – 0,5 5
O controle químico deve ser realizado somente quando a população do tripes atingir o nível
de controle (Quadro 17). Para isso, deve-se efetuar amostragens no cacaual, subdividindo-o em
quadras de 5 hectares, o mais uniforme possível quanto ao sombreamento e idade das plantas. De cada
quadra amostrar 20 árvores distribuídas uniformemente na área, contando em cada árvore, a
população do tripes na face abaxial de 5 folhas parcialmente maduras, totalizando 100 folhas por
quadra. O levantamento deve ser iniciado no fim do período chuvoso e repetido a cada 15 dias. A
população do tripes atingirá o nível de controle quando ao se constatar uma população, em média, de
3 tripes por folha.
Quadro 17 – Inseticidas recomendados para o controle químico do tripes.
Dosagem
Princípio Classe
Produto Comercial Produto Comercial
Ativo g. i.a/há Toxicológica
Hectare p/ 100 litros água
carbaryl Carbaryl Fersol, Carvin, Sevin 5 P 800 16 kg - III
endosulfan Thiodan 2 P, Malix 3 P 320 - - III
endosulfan Thiodan 35 CE 320 800ml 800 ml II
malation Malatol 50 E 300 600 ml 600 ml III
malation Malatol 2 P 320 16 kg - IV
arprocarb Unden 1 P 160 16 kg - II
Obs.: - Nas pulverizações utilizar 100 litros de calda por hectare.
g.i.a = grama de ingrediente ativo
Classes Toxicológicas : I – extremamente tóxico;
II – altamente tóxico;
III – medianamente tóxico;
IV – pouco tóxico.
Fig. 19 – Adulto de Monalonion Fig. 20 – Ninfa do monalonio Fig. 21 – Ramos com sintomas
annulipes de ataque (Abreu, et al. 1989)
37
hectares, uniformes quanto ao sombreamento e idade das plantas e amostrar 20 plantas por
quadra, examinando 5 frutos por planta. Constatada a presença de pelo menos 1 fruto com ninfas
e/ou adultos, está caracterizada a área-foco e a necessidade de se realizar o controle. Esta medida
deve se restringir às áreas-foco. O intervalo entre as amostragens é de 15 dias.
Vários inseticidas (Quadro 18) são atualmente recomendados para o controle químico do
Monalonio com eficiência técnica e econômica satisfatórias quando se segue rigorosamente as
prescrições técnicas para sua utilização.
Escolitídeos
(Xyleborus spp.) – Ocorrem principalmente em cacaueiros adultos, brocando seus galhos e
troncos. Quando o ataque se verifica nos galhos provoca o secamento dos mesmos. Se o ataque
evolui para o tronco, a planta começa a apresentar sintomas de amarelecimento geral das folhas
até secar totalmente. A morte é conseqüência da penetração de fungos patogênicos, através dos
orifícios abertos por esses insetos.
(Xylosandrus compactus) – Ocorre em mudas no viveiro e no campo, mais freqüentemente
em mudas recém - transplantadas. Os sintomas são caracterizados pelo escurecimento da casca e
exudação de um líquido através do orifício de penetração do inseto, o qual, ao secar, exibe uma
coloração esbranquiçada, culminando com o murchamento da parte superior e morte da planta
(Fig. 24 e 25). Também há penetração de fungos patogênicos, entre os quais Fusarium spp. e
Lasiodiplodia theobromae. Solos pobres e ácidos e deficiência hídrica são os fatores que favorecem o
ataque da praga.
39
Fig. 24 – Ataque de Xylosandrus compactus Fig. 25 – Muda morta por Xylosandrus compactus
a b
Fig. 27 – A larva (a) e os sintomas de seu ataque ao tronco e ramos do cacaueiro (a, b)
imediatamente penetram nos frutos até atingirem a parte central, local de concentração do ataque
(Figs. 29 e 30). Decorridos cerca de 30 dias, ao atingirem o máximo desenvolvimento larval, abrem
orifícios, de saída para empuparem no solo. Através destes orifícios, penetram fungos patogênicos
que irão contaminar os frutos e sementes, tornando-os impróprios para o consumo e
beneficiamento, respectivamente.
a b
Fig. 31 – A vaquinha Maecolaspis ornata (Abreu et al., 1989) Fig. 32 – Folha atacada por vaquinha (Mendes et al., 1979)
O controle químico das vaquinhas deve ser realizado apenas quando a(s) espécie(s)
apresentar(em), densidade populacional que justifique a prática. As maiores populações de vaquinhas na
Amazônia são observadas durante o período menos chuvoso na região, que via de regra coincide com a
emissão de folhas novas pela planta. Neste período, realizar amostragens no cacaual, dividindo-o em
quadras de 5 hectares. Em cada quadra, selecionar ao acaso 20 plantas, percorrendo uma a uma
estendendo sob a copa lençol de coleta de 4 x 4. Sacudir rápida e vigorosamente a planta e seus galhos e
coletar rapidamente as vaquinhas caídas sobre o lençol. Repetir quinzenalmente a amostragem. A
aplicação do inseticida somente deve ser efetuada quando forem encontradas 10 vaquinhas em média
por planta.
Lagartas
Constitui, como as vaquinhas, grupo dos mais diversificados em espécies. Poucas são
aquelas que chegaram a causar danos econômicos. Surtos esporádicos de Euclystes plusioides,
Cerconota dimorpha e da broca Cossula nigripennata foram registrados em Ouro Preto D'Oeste(RO),
Tomé-Açu(PA) e Uruará(PA), respectivamente.
As espécies mais comuns nos cacauais são:
Euclystes plusioides ataca folhas, renovos, flores e frutos (Fig. 33). É a espécie de maior freqüência
nos cacauais. Ao atacar os frutos novos, destroem a casca prejudicando o desenvolvimento dos mesmos.
Cerconota dimorpha ataca as folhas maduras do cacaueiro, alimentando-se da parte do limbo
entre as nervuras. As lagartas são de hábito noturno, escondendo-se durante o dia em ―ninhos‖ ou
"túneis" construídos com fios de seda e fezes, entre duas ou mais folhas secas presas entre si (Fig. 34). À
noite abandonam seus esconderijos e saem a procura de alimento.
43
Fig. 33 – Lagarta de Euclystes plusioides Fig. 34 – "Ninho" de Cerconota dimorpha Fig. 35 – A broca Cossula nigripennata
Formigas
Os formicídios constituem um dos grupos de insetos de grande ocorrência nas lavouras
cacaueiras da Amazônia. Algumas espécies causam danos diretos através da desfolhação e
podação dos brotos terminais. Outras, indiretos, devido a simbiose (protocooperação) com
homópteros que sugam a seiva do cacaueiro que por sua vez fornecem excreções açucaradas que
servem de alimento às formigas. No cacaual encontramos também formigas benéficas, predadoras
de outros insetos e que devem ser preservadas.
Formiga de fogo (Solenopsis sp.) - As formigas pertencentes a este gênero vivem em
colônias sob a casca e copa das árvores, cupinzeiros abandonados, madeira em decomposição, no
solo e sobre os cacaueiros.
Apesar de benéficas, já que são predadoras de outros insetos, causam prejuízos quando em
altas infestações pela criação, proteção e transporte de cochonilhas e pulgões com os quais vive em
protocooperação. Estes insetos sugam a seiva do cacaueiro definhando-o e fornecem uma
substância açucarada através de suas fezes das quais as formigas se alimentam. As formigas de
fogo causam ainda sérios problemas ao homem através de dolorosas ferroadas, dificultando a
realização das práticas culturais na lavoura.
44
O controle químico somente deve ser realizado quando ocorrerem em altas populações,
através da aplicação de inseticidas diretamente nos ninhos, que devem ser revolvidos durante o
tratamento. Os seguintes produtos podem ser utilizados: carbaril 5% (Carvin 5 e Sevin 5) ou
endosulfan (Thiodan e Malix) ou deltametrina (Decis 25 CE, K-otrine e K-obiol 25 CE).
Formiga saúva (Atta sexdens) – Estas formigas cortam as folhas do cacaueiro, provocando o
desfolhamento parcial ou total da planta, podendo levá-la à morte. As saúvas estão entre as pragas
mais importantes da agricultura brasileira. O controle deve ser dirigido, visando a destruição do
formigueiro onde se encontra a rainha.
As saúvas requerem um processo especializado de controle, necessitando para isso, a
observação de diversos detalhes de suma importância como identificação das espécies, cálculo da
área do formigueiro, escolha do produto, época de aplicação etc. A escolha do inseticida é feita de
acordo com a época do ano e a quantidade a ser aplicada, multiplicando-se a área do formigueiro
pela dosagem (Quadro 19).
Granulado
sulfluramida (Mirex-S, Mirex Plus, 6-10g - Seca
Fluramin etc.)
Gases liquefeitos Chuvosa
4 ml 5
brometo de metila (Brometila etc.)
Líquidos
5 ml 2 Chuvosa
bifetrin (Bistar)
Pós
30 g 3 Seca
clorfenvinfos (Birlane 50P)
Termonebulização
2,5ml/queros. - Quente
deltametrina TN (Decis Fog etc.)
Número de olheiros a serem tratados = área do formigueiro compasso
Quantidade de formicida a usar = área do formigueiro x dosagem
Além das espécies pertencentes aos gêneros Theobroma e Herrania da família das Sterculiaceas,
C. perniciosa tem sido relatado atacando espécies de outras famílias botânicas a exemplo das Bixacea,
Solanacea e Malpigiaceae. Porém, maiores impactos econômicos verificam-se nas culturas do cacau
(Theobroma cacao) e cupuaçu (Theobroma grandiflorum), por serem as duas espécies mais cultivadas. Este
fungo ataca os tecidos meristemáticos do hospedeiro em crescimento, causando os mais variados
sintomas a depender do tipo de infecção, natureza, idade e estágio fisiológico do tecido atacado.
Provoca inchações (hipertrofias) dos ramos, acompanhadas de intensa brotação das gemas
laterais, cujos sintomas assemelham-se a uma vassoura. Os ramos infectados são, geralmente, de
diâmetro maior que os ramos sadios, com entrenós curtos e folhas grandes, curvadas e retorcidas (Figs.
36 e 37). Podem ocorrer também na superfície dos ramos infectados, hipertrofias que posteriormente
necrosam e são denominadas ―cancros‖.
As almofadas florais infectadas transformam-se num agrupamento de flores anormais,
hipertrofiadas, de pedicelo alongado e inchado, dando origem a frutos partenocárpicos, deformadas
que morrem prematuramente (Fig. 38). Nas almofadas florais infectadas podem também desenvolver
vassouras semelhantes às que ocorrem nos lançamentos. As flores infectadas após a necrose ficam
aderidas ao tronco por algum tempo.
de controle não são realizadas de forma sistemática todos os anos. Em tal situação, a viabilidade
econômica da cultura pode ser agravada pelos efeitos indiretos da doença, a redução da área foliar
e a danificação das almofadas florais, causando, desestímulo e em casos mais graves o abandono
das plantações.
Embora nos últimos anos tenha havido avanços dos conhecimentos sobre a biologia deste
fungo, ainda não é conhecida a sua forma assexual, bem como o papel desempenhado pelas várias
estruturas já verificadas ―in vitro‖ no seu ciclo de vida (Fig. 42). Até o presente, a única forma
infectiva conhecida que ocorre no campo é o basidiosporo que é disseminado pelo vento e, em
menor escala, pelas chuvas.
Ciclo de vida do Crinipellis perniciosa
O controle da vassoura-de-bruxa faz parte de uma série de práticas normais das roças
cacaueiras, práticas estas que constitui o ―manejo integrado da lavoura‖ que reúne de forma
compatível, as práticas agrícolas necessárias para a recuperação e manutenção dos cacauais. Este
sistema integrado de práticas (tratos fitossanitários e culturais), com ênfase para o controle da
47
Todo o material infectado removido deve permanecer no solo dentro das plantações, após
serem picotados para permitir o acamamento na liteira, possibilitando a degradação mais rápida
pelos microorganismos do solo.
Repasse – Esta prática é efetuada durante os meses de Novembro ou Dezembro, para a
retirada de vassouras que escaparam à atenção do trabalhador por ocasião da remoção principal
ou novas vassouras que apareceram após as brotações do cacaueiro devido as primeiras chuvas do
período.
A aplicação de fungicidas não deve ser uma prática isolada, mas uma prática
complementar à poda fitossanitária, pois além de ajudar no controle da vassoura-de-bruxa,
controla outras doenças, a exemplo da podridão parda, além de combater o limo que, no período
chuvoso cresce na superfície do tronco do cacaueiro prejudicando a emissão de flores e causando
queda da produção.
Recomenda-se realizar cinco pulverizações anuais na época de floração e bilração, nos
meses de Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Março e Abril. O fungicida recomendado é o Cobre sandoz
(óxido cuproso a 50% de ingrediente ativo), na dosagem de 6 kg do produto comercial por hectare,
em cada aplicação. Deve-se adicionar um adesivo espalhante na dosagem de 1ml por litro de calda.
A necessidade de aplicar fungicidas não é a mesma para todas as plantações de cacau. Em
geral, plantações bem manejadas onde o controle da vassoura-de-bruxa é feito sistematicamente
todos os anos, as condições fitossanitárias são boas, dispensando a aplicação de fungicidas.
A severidade da vassoura-de-bruxa nas propriedades cacaueiras é resultado direto do
manejo aplicado pelos produtores às plantações. Como esta prática não ocorre de forma igual,
diferentes situações são encontradas em campo, exigindo do extensionista conhecimento e
experiência para intervir de forma correta na estratégia a ser adotada pelo produtor no controle da
doença.
Produtividades maiores poderão ser obtidas em prazos mais longos (acima de três anos),
desde que o produtor substitua as plantas mais suscetíveis e menos produtivas por material
genético de melhor qualidade, isto é, por plantas mais resistentes e mais produtivas.
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confundido com murcha fisiológica. Quando frutos já desenvolvidos são infectados, as amêndoas
podem ser parcialmente ou totalmente aproveitadas.
No tronco – A doença se desenvolve no tronco como resultado da disseminação do micélio
do fungo a partir de frutos infectados, atingindo o pedúnculo e interior das almofadas, onde por
meio de ferimentos da casca pode atingir o câmbio.
Em plantações mal manejadas e com alta incidência de
podridão parda é comum a ocorrência no tronco de manchas
escurecidas de forma geralmente arredondadas na superfície da
casca, sintomas do cancro (Fig. 46).
Controle
No campo: são recomendadas práticas culturais e aplicação de fungicidas cúpricos.
Práticas culturais: remoção de todos os frutos infectados existentes nas árvores, fazendo-se
amontoa dos mesmos, prática esta realizada nos meses de Setembro ou Outubro, na época da poda
fitossanitária para o controle da vassoura-de-bruxa e no período de máxima frutificação, meses de
Janeiro a Maio, deve-se fazer a colheita dos frutos infectados, para evitar a contaminação dos
demais frutos.
Caso haja excesso de umidade e excesso de sombra na plantação, deve-se fazer drenagem e
raleamento das árvores de sombra, criando condições desfavoráveis para o desenvolvimento da
doença.
Aplicação de fungicidas – Recomenda-se quatro pulverizações mensais nos meses de maior
frutificação, meses de Janeiro, Fevereiro, Março e Abril, com fungicidas cúpricos (Cobre Sandoz a
50% de ingrediente ativo), na dosagem de 400 gramas do produto para 10 litros de água. No caso
das plantações da Amazônia, não há necessidade de realizar esta prática, uma vez que o controle
químico realizado para o controle da vassoura-de-bruxa, serve também para controlar a podridão
parda.
Outras Doenças
Antracnose – De pouca importância na região, esta doença é provocada pelo fungo,
Colletotrichum gloeosporioides, que se manifestam nas folhas, ramos e frutos. As folhas novas são
as mais suscetíveis ao ataque, nas quais provoca o aparecimento de manchas escuras, necróticas,
com mais freqüência no ápice e nas bordas do limbo. É comum observar-se o enrolamento do ápice
e das margens afetadas. Com o desenvolvimento da doença pode ocorrer a queda das folhas e
morte regressiva dos ramos.
Nos frutos adultos a doença é de pouca importância econômica, havendo maiores danos em
condições de viveiro com umidade excessiva, onde o controle da incidência nas mudas é feito
através de pulverizações quinzenais com Dithane M-45 ou Fungineb 80 S (40 gramas do produto
para 10 litros de água mais 10ml de adesivo).
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Mal Rosado – Doença provocada pelo fungo Corticium salmonicolor, ataca com maior
freqüência os galhos finos e a forquilha das plantas novas em condições de campo. No início do
ataque, observa-se na superfície do galho afetado, o micélio na forma de pontuações brancas que
posteriormente adquire cor rosada. Nas folhas observa-se o amarelecimento precoce seguido de
morte do ramo afetado.
A esporulação do fungo ocorre durante a noite, favorecida pelas condições de umidade
elevada, sendo os esporos rapidamente disseminados pelo vento. Tem-se verificado maior
incidência nos meses mais chuvosos em áreas bastante sombreadas.
Para o controle desta enfermidade recomenda-se pulverizações quinzenais com Dithane M-
45 ou Fungineb 80 S (200 gramas do produto para 10 litros de água, mais 10 ml de adesivo). Após a
primeira pulverização remover os galhos afetados com um corte a 30 cm abaixo do ponto de
infecção na forquilha. A seguir fazer a raspagem dos tecidos lesionados e, em seguida, pincelar a
parte afetada com Dithane M-45 a 50% (500 gramas do produto para 10 litros de água).
Todos os defensivos agrícolas têm seus usos devidamente registrados pelo Ministério da
Agricultura e do Abastecimento e aprovados pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Além dessas exigências, também são
obrigados a fornecer informações quanto às culturas a serem protegidas, bem como aos cuidados a
serem observados na proteção da saúde dos aplicadores e na preservação do meio ambiente, ou
seja, os rótulos, as bulas e os folhetos complementares dos agrotóxicos devem conter todas as
instruções de uso devidamente aprovadas, conforme determina a legislação.
Porém, o grande problema dos agrotóxicos no Brasil está na sua utilização. Desta forma, de
nada adiantam um registro perfeito, estudos toxicológicos e de resíduos, se no momento da
aplicação não são obedecidas as prescrições necessárias e obrigatórias, sem as quais todo aquele
esforço inicial deixa de ter sentido.
51
Outro fator a ser considerado refere-se ao fato de que, apesar de ser comum entre os
agricultores, as misturas de tanque de produtos fitossanitários, não devem ser recomendadas, haja
vista se desconhecer as características toxicológicas das misturas.
É importante lembrar que o agricultor lida com diversos produtos químicos: solventes,
tintas, lubrificantes, produtos para limpeza e desinfecção de estábulos, produtos de uso zoo e
fitossanitários, e que em todos os casos há um risco potencial de intoxicação.
Assim sendo, não se pode aceitar que um trabalhador use produtos potencialmente
perigosos sem que antes passe por um treinamento sob orientação de um técnico habilitado, com o
objetivo de adquirir conhecimentos relativos ao produto, aos equipamentos de aplicação, ao uso de
roupas de proteção, aos cuidados com as pessoas e ao meio ambiente.
Durante o seu trabalho, o aplicador se depara com situações diferentes, e precisa estar
preparado para conhecer cada etapa desse trabalho. Deverá, portanto, ter conhecimento sobre
preparo da calda, aplicação do produto no campo, transporte e armazenamento de produtos, além
de cuidados com relação ao intervalo de segurança e reentrada na área tratada.
A proteção ao aplicador através do uso de vestimenta apropriada, parte da premissa de que
um produto somente poderá manifestar qualquer ação tóxica, se conseguir penetrar no organismo
do trabalhador. A função da roupa protetora, portanto, é a de impedir a penetração do produto.
São três as vias de entrada de produtos químicos no organismo humano:
a) cutânea – (dérmica) – absorção do produto através da pele, sendo que neste caso a penetração
poderá ser facilitada pela presença de cortes ou abrasões nela existentes. É a via mais
importante de penetração. Pesquisas realizadas têm indicado que aproximadamente 97% dos
casos de intoxicação são devidos a penetração do produto pela via cutânea, principalmente nos
casos de pulverização;
b) respiratória – é a segunda em ordem de importância. Em todas as aplicações em que se tem o
produto sob a forma de gás ou vapor, ou quando se tem partículas líquidas e sólidas em
suspensão no ar, há a probabilidade de penetração do produto pela via respiratória; e,
c) digestiva – é a que menos perigo oferece ao aplicador. A contaminação só ocorre quando o
trabalhador ingere alimentos contaminados com produtos químicos, ou quando come ou fuma
com as mãos contaminadas.
Feitas as considerações acima, é necessário analisar, para cada via de penetração, que tipo
de equipamento de proteção individual (EPI) deverá ser usado.
No trabalho com equipamento costal, não só as pernas do trabalhador ficam molhadas,
pelo fato dele caminhar entre as linhas tratadas, bem como as costas, devido a possíveis
vazamentos na tampa. Por outro lado, devido ao vazamento que poderá ocorrer na válvula que
libera o jato do produto, as mãos também ficam sujeitas ao contato com agrotóxicos.
Assim, estas partes do corpo deverão receber proteção especial. A mesma cultura sendo
pulverizada com equipamento tratorizado, fará com que o tratorista (que é o aplicador), tenha uma
exposição diferente, o que já evidencia que as roupas dos dois trabalhadores deverão ser
diferentes. Se a aplicação dessa mesma cultura for por via aérea, não só a exposição do piloto como
a dos ―bandeirinhas‖ serão diferentes.
Dentro dessa linha de raciocínio, há neste exemplo quatro tipos de exposição, e neste caso é
necessário que cada um desses trabalhadores se proteja de maneira diferente.
Considerando que a proteção só é necessária desde que haja exposição, haverá situações em
que o trabalhador aplica produtos de Classe I – Extremamente Tóxicos, sem necessitar de proteção
alguma. Exemplos desse caso são aplicações de herbicidas com barras protegidas com ―saias‖ para
evitar a deriva, ou nos equipamentos que aplicam granulados no solo. Nesse caso o equipamento
abre um sulco no solo, injeta o produto, e cobre o sulco com terra. O tratorista, que no caso é o
52
aplicador do produto, não tem nenhum contato com o produto, e portanto não necessita de roupa
protetora.
Dentro desta análise, o único equipamento de proteção individual a ser recomendado a um
trabalhador que usa gás (brometo de metila) será o protetor respiratório (máscara), assim como o
aplicador de iscas granuladas deverá apenas usar luvas, uma vez que as outras partes do corpo
não estarão expostas ao produto.
Quanto maior a diluição usada, menor será o risco de intoxicação. O momento crítico em
termos de risco é o preparo da ―calda‖. Nesta situação o produto está puro, com alta concentração,
além de estar veiculado na maioria das vezes em solventes que facilitam a penetração do ativo na
pele do trabalhador. Como as situações de exposição ao produto são diferentes, a vestimenta
protetora para as operações de preparo de calda e enchimento de tanque deverá ser diferente
daquela recomendada para a aplicação do produto no campo.
Para cada tipo de operação executada pelo agricultor, haverá um tipo de exposição
diferente. Assim, nas operações de transporte, armazenamento, enchimento de tanques, aplicação
propriamente dita, lavagem do tanque, lavagem das embalagens vazias, descarte de embalagens,
partes diferentes do corpo do trabalhador são expostas, o que faz com que se devam recomendar
as vestimentas protetoras de acordo com a avaliação da exposição a ser feita no momento da
operação.
Em resumo são os seguintes os equipamentos de proteção individual (EPI) a serem
utilizados pelo trabalhador :
a) no preparo da calda e enchimento do tanque: boné ou chapéu; viseira de acetato para
proteção do rosto e principalmente dos olhos; luvas de nitrila ou neoprene; roupas de
algodão (calças compridas e camisas de mangas compridas); botas de borracha e avental
impermeável; e,
b) na aplicação do produto:
b1-) com equipamento costal ou operador de equipamento tratorizado que não seja o tratorista:
roupas de manga comprida e calças compridas; luvas; chapéu; botas de borracha; folha
de plástico para proteger os ombros e as costas do trabalhador para prevenir possíveis
vazamentos da tampa do tanque do pulverizador costal;
b2-) com equipamento tratorizado – (tratorista): camisa de manga comprida e calças
compridas; botas; boné ou chapéu comum de palha; as luvas devem ser usadas no
enchimento do tanque e na regulagem de vazão e desentupimento de bicos; e,
b3-) Na aplicação de gases ou fumigação: máscara (protetor respiratório) com filtro específico,
de acordo com a recomendação do fabricante; roupas bastante ventiladas.
O uso correto e seguro dos agrotóxicos devem objetivar melhores resultados econômicos da
atividade agrícola e, ao mesmo tempo, evitar problemas de intoxicação de pessoas ou animais, de
poluição ambiental e de contaminação de alimentos com resíduos acima dos limites permitidos.
Assim, as pessoas que manipulam com produtos tóxicos devem tomar uma série de precauções no
sentido de evitar sérios riscos a sua saúde e graves danos ao meio ambiente. As recomendações
mais importantes são:
Ler e entender as instruções do rótulo antes de abrir a embalagem. Se outras pessoas vão
estar em contato com o produto durante sua utilização, alertá-los no sentido de tomarem
conhecimento das precauções a serem adotadas;
Seguir rigorosamente as instruções e as indicações dos rótulos e bulas dos produtos;
Procurar manipular os produtos sempre ao ar livre;
Guardar os produtos nas embalagens originais em locais separados de alimentos, longe
do alcance de crianças e animais domésticos;
53
Em dias de ventos fortes, não realizar pulverizações porque ocorrerá muita deriva,
tornando a aplicação antieconômica;
Usar sempre água limpa para o preparo das soluções;
Procurar não se alimentar, tomar líquidos ou fumar durante os trabalhos, evitando-se na
medida do possível, todo contato direto com o produto;
Lavar as mãos ou parte do corpo com sabão e bastante água sempre que, acidentalmente,
entrar em contato com o produto;
Usar o equipamento de proteção individual (EPI) de acordo com as recomendações;
Nunca usar a boca para proceder o desentupimento de bicos, mangueiras, válvulas e
barras do aparelho;
Durante a aplicação, evitar que os operários trabalhem muito juntos;
Evitar a aproximação de crianças ou outras pessoas e animais domésticos durante as
aplicações;
Conservar o produto sempre em sua embalagem original a qual, deve estar com a etiqueta
legível;
Evitar a contaminação de rios, lagos e mananciais ao aplicar o produto ou descartar os
excedentes da aplicação;
Nunca armazenar os produtos em garrafas de refrigerantes, cervejas, pinga etc;
Imediatamente após o esvaziamento das embalagens, faça a tríplice lavagem, lavando-as
internamente, por três vezes consecutivas, vertendo a água da lavagem no tanque do
pulverizador; e,
Após o término do trabalho com aplicação de agrotóxicos, retire a roupa, tome banho, e
vista roupa limpa. Lave as roupas utilizadas separadamente.
A tríplice lavagem de embalagens de produtos fitossanitários deve ser realizada durante a
operação de preparo da calda, na ocasião em que o conteúdo da embalagem é totalmente
despejado no tanque do pulverizador. Embora pareça óbvio, é importante salientar a importância
de se realizar a tríplice lavagem imediatamente após o esgotamento do produto contido na
embalagem para facilitar a remoção, aproveitar ao máximo o conteúdo líquido e evitar que o
produto resseque e fique aderido nas paredes da embalagem, dificultando o processo de remoção
dos resíduos internos.
Também é importante destacar que, para permitir uma boa lavagem, a embalagem deve ser
preenchida com água até atingir ¼ de sua capacidade, devendo ser novamente fechada, agitada
por alguns segundos e, na seqüência, a calda resultante deverá ser despejada no tanque do
pulverizador. Outro aspecto a ser observado, é que tal operação deverá ser repetida três vezes.
Além dessas providências, é imprescindível que se tenha em mente, que após a tríplice
lavagem, a embalagem deverá ser perfurada e inutilizada, para garantir que não será reutilizada
para transportar água ou outras finalidades. Quando as embalagens de agrotóxicos são
descartadas com a tríplice lavagem, os riscos de contaminação tornam-se bastantes reduzidos.
Primeiros socorros:
O pronto atendimento a uma pessoa intoxicada é fundamental para preservar a vida, e
deve ser realizado ainda no campo se não houver recurso médico imediato. Os primeiros socorros
são os seguintes:
1- retirar o paciente do local de trabalho;
2- Se a contaminação for por contato, tirar a roupa contaminada e lavar imediatamente as
partes contaminadas do corpo com água fria e sabão. De preferência, tomar banho
completo;
54
3- Contaminação dos olhos – lavar com água limpa e corrente por 10 a 15 minutos;
4- Ingestão – se o tóxico for ingerido, provocar vômito desde que recomendado no rótulo da
embalagem; e,
5- Ingerir grande quantidade de água é geralmente benéfico para diluir o produto, facilitando
a eliminação. Não deve ser administrado leite ou produtos alcoólicos. Nunca provocar
vômito em pessoas inconscientes, semiconscientes ou em convulsão.
Mesmo que tenha tomado as primeiras medidas de socorro, deve-se buscar imediatamente o
atendimento médico.
Sempre que possível, levar junto o rótulo do produto contendo nome, o ingrediente ativo,
grupo químico e concentração.
O conteúdo de matéria orgânica desse solo é muito alto, variando de 24,6 a 99,4% na
camada de 40cm com média de 62%, sendo responsável pela manutenção da nutrição das plantas
cultivadas nessas áreas. Este fato ocorre pela deposição de sedimentos que anualmente ocorre por
ocasião das enchentes e marés.
A textura desse solo é dominantemente muito argilosa, embora superficialmente, até a
profundidade de 15cm, apresenta textura média. Esses solos ocorrem na Planície Fluvial e em
menor proporção nas margens dos rios que se encontram no interior do Município de Cametá.
Já no tocante aos Glei Pouco Húmico eutróficos, trata-se de solos férteis, com alta saturação
de bases trocáveis, decorrentes dos valores médios de cálcio e altos de magnésio, porém os valores
de potássio são baixos, demonstrando que apesar de serem eutróficos necessitam de
complementação desse elemento. O mesmo acontece com o teor de fósforo que é muito baixo,
necessitando, por conseguinte, de adubação fosfatada para promover o crescimento e
produtividade das culturas.
A atividade alta dos minerais de argila é a principal diferença entre esses solos, sendo
responsável pela constante liberação de nutrientes às plantas. Dentro dessas características, estão
enquadrados os ecossistemas das várzeas da Microrregião de Cametá – Baixo Tocantins e do
Estado do Amazonas.
A Microrregião de Cametá que compreende os Municípios de Abaetetuba, Baião, Cametá,
Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba e Oeiras do Pará se constitui em uma das mais
tradicionais zonas produtoras de cacau da Amazônia, com maior destaque para os Municípios de
Cametá e Mocajuba.
Os trabalhos da CEPLAC na Região foram iniciados a partir de 1969 através de um acordo
de colaboração técnica celebrado entre a CEPLAC e o Governo do Estado do Pará. No decorrer de
1970 a CEPLAC deu início as atividades de assistência técnica aos produtores da Região, com o
propósito de capacitá-los a práticas de manejo visando incrementar o aumento de produtividade
dos cacauais.
Inicialmente foi priorizado um programa de implantação de cacaueiros híbridos nas
várzeas, pois, segundo as observações e considerações dos técnicos responsáveis pela
implementação do programa à época, as cheias eram de menor proporção e aconteciam em
períodos espaçados, aspectos estes, considerados como não impeditivos a implantação e
exploração das lavouras com cacaueiros.
Porém, a partir de 1974 as grandes cheias do Rio Tocantins se registraram com maior freqüência,
e com isso, passaram a comprometer de forma significativa a atividade, haja vista que tais fatos,
contribuíram de forma direta para o fenecimento de um elevado número de cacaueiros, notadamente os
híbridos plantados até 1974. Por conta desses acontecimentos, o programa do plantio em várzeas sofreu
um processo de estancamento. De certa forma, podemos dizer que, somente a partir de 1984, com o
funcionamento da Hidrelétrica de Tucuruí, a cacauicultura tradicional começou a experimentar um novo
alento, com evidência do efeito da barragem no controle das cheias do Tocantins.
Nas várzeas da Microrregião de Cametá observa-se que a exploração do cacaueiro está
inserida de forma muito intensiva na cultura e economia do homem da região, pois, não obstante a
maioria das áreas com cacauais apresentar tamanho inferior a 10 hectares, a renda auferida com a
exploração desse produto, contribui com cerca de 70% na composição da renda familiar dos
agricultores. Além disso, embora outras atividades também contribuam para a formação da renda
familiar das populações ribeirinhas, entre as quais: a exploração do açaí, da seringueira, a coleta de
sementes de andiroba e ucuuba, à exceção do açaí, as demais vêm perdendo importância comercial
devido o processo de exploração continuar eminentemente extrativo.
De acordo com informações fornecidas pelo Setor de Extensão Rural da CEPLAC/SUPOR,
estima-se em 7.160 hectares a área com cacau na Microrregião Cametá, sendo a quase totalidade
constituída por material nativo da região. O Município de Cametá destaca-se entre os demais com
56
Quadro 21. Manejo integrado do cacaueiro no ecossistema das várzeas do Estado do Amazonas.
Épocas de realização
Práticas
J F M A M J J A S O N D
Roçagem X
Controle da Vassoura-de-Bruxa X
Controle da Podridão Parda X
Desbaste de touceiras X
Raleamento de sombra X
Colheitas X X X
BENEFICIAMENTO DO CACAU
Jefferson Carlos Dias
As amêndoas devem ser transportadas, sempre que possível, no mesmo dia para os cochos
de fermentação. Caso não haja esta possibilidade, recomenda-se proteger a massa com folhas de
bananeira, contra eventuais chuvas. Se após a quebra, a massa permanecer por um dia no campo,
este será considerado como o primeiro dia da fermentação.
Amêndoas resultantes de quebras realizadas em dias diferentes não devem ser misturadas
sob pena de promover uma fermentação desuniforme, prejudicando a qualidade do produto final.
As cascas devem ser amontoadas e afastadas dos troncos dos cacaueiros, tendo em vista
que elas se constituem em foco de doença.
c) fermentação
A fase mais importante no processo de beneficiamento do cacau é a fermentação, durante a
qual, ocorre a morte semente e o início da formação dos precursores do sabor e aroma de
chocolate.
Nos três primeiros dias do processo, ocorre a fermentação propriamente dita e daí por
diante processa-se a cura. A fermentação se processa na polpa que envolve as sementes pela ação de
microrganismos e a cura no interior das mesmas.
Para o processo de fermentação recomenda-se a utilização de caixas de madeira
(comumente chamadas de cochos) que poderão ter as seguintes especificações:
d) secagem
A finalidade principal da secagem é eliminar o excesso de umidade que, na amêndoa de cacau ao
final da fermentação contém mais de 50%, teor que deve ser reduzido para menos de 8% para um
armazenamento seguro do produto.
A secagem pode ser feita através de dois processos: natural e artificial.
SECAGEM NATURAL – É a realizada através de ação direta dos raios solares. Neste processo
utilizam-se barcaças onde a massa de cacau fermentada é espalhada no lastro, auxiliado por um rodo,
com o intuito de expor as amêndoas à radiação solar nas mais diversas posições, proporcionando a perda
de umidade de maneira uniforme. Esta massa espalhada sobre o lastro da barcaça deve ter espessura de
no máximo 5 centímetros, para melhor revolvimento, que nos primeiros dias deve ser de 30 em 30
minutos.
Durante à noite dos primeiros dias da secagem deve-se juntar as amêndoas em montículos, a fim
de reduzir a superfície de exposição das amêndoas em contato com o ar, evitando-se a proliferação do
mofo branco externo.
A secagem se complementará entre seis a dez dias a depender das condições do tempo.
Outro modelo já bastante utilizado na região produtora da Bahia é a ―ESTUFA SOLAR‖ cuja
vantagem principal é o baixo custo de sua construção. No Quadro 22 compara-se o desempenho dos
vários modelos atualmente disponíveis e em uso na região cacaueira da Bahia e que podem
perfeitamente ser recomendados e implementados na Amazônia.
SECAGEM ARTIFICIAL – A utilização de secadores tendo como fonte de calor a queima de
lenha, gás, diesel etc, é uma necessidade do agricultor principalmente durante a época chuvosa ou ainda
durante a maior concentração da colheita nas propriedades.
A secagem artificial requer cuidados especiais pois a temperatura deve subir lentamente sem
ultrapassar 55ºC, mantendo-se por todo período de secagem que se completa em torno de 30 horas.
Temperaturas altas e bruscas torram as amêndoas tornando-as quebradiças, prejudicando assim a
qualidade do cacau. A secagem rápida, mesmo que não chegue a torrar as amêndoas, poderá acarretar a
perda acelerada de umidade da periferia, deixando a parte interior úmida, sujeita ao aparecimento do
mofo interno.
Tradicionalmente, na região produtora de cacau da Bahia, a secagem artificial vem sendo feita
através do secador tubular que embora eficiente é de custo elevado. Basicamente consiste em uma
construção de alvenaria tendo uma ―câmara de calor‖, no interior da qual fica um tubulão de ferro que
transmite o calor produzido pela queima de lenha em uma fornalha. Acima da ―câmara de calor‖ fica o
lastro de secagem.
Em conseqüência do alto custo do secador tubular e mediante a necessidade da secagem artificial,
foram projetados outros tipos de secadores, principalmente em função das exigências do pequeno
produtor.
O secador ―PLATAFORMA CEPEC‖ foi um dos protótipos desenvolvidos e que pode
perfeitamente ser recomendado para a secagem do cacau com algumas vantagens sobre o secador
tubular.
1. menor área de lastro construída;
2. maior carga por metro quadrado de lastro;
3. maior capacidade anual de secagem;
4. maior relação entre peso de cacau seco e peso de lenha gasta;
5. menor custo de instalação. Quase três vezes menor que o secador tubular; e
6. possibilidade de ser instalado debaixo de uma barcaça com redução de seu investimento
inicial da ordem de 26,3%.
Outro modelo concebido principalmente para atender ao pequeno produtor é o ―SECADOR
BURAREIRO‖. É de construção artesanal e visa a utilização da própria mão-de-obra familiar. Possui 4 m2
60
de lastro de chapa de ferro perfurada (2,0 x 2,0 metros) com dois tubos de ferro de 15cm de diâmetro
interno cada, funcionando como trocador de calor. A cobertura é rústica, podendo ser de zinco, alumínio,
fibrocimento e até sapé.
O secador burareiro pela sua alta eficiência e custo relativamente baixo em relação aos outros
modelos, atende plenamente às necessidades do pequeno produtor de cacau.
Pode-se ainda utilizar, a combinação dos dois processos de secagem; inicialmente, as amêndoas
de cacau são submetidas ao sol, por um período de dois a três dias, sendo o processo complementado,
em secador artificial, por um tempo de 15 a 20 horas. Qualquer que seja o processo de secagem
utilizado, o controle da umidade final deve ser feito com critério. Os fabricantes de chocolate preferem
amêndoas com 6 a 7% de umidade. Amêndoas com uma percentagem de umidade mais elevada ficam
susceptíveis a uma contaminação por mofos, nos armazéns, e com um teor mais baixo se tornam
quebradiças, o que resulta num processamento industrial menos eficiente.
ARMAZENAMENTO DE CACAU
Jefferson Carlos Dias
Um armazém para guardar amêndoas beneficiadas de cacau deve obedecer aos seguintes
requisitos: ser construído em local seco a fim de diminuir a influência da umidade; ter o eixo maior
orientado no sentido nascente – poente; dispor de janelas de arejamento não só voltadas para a
direção dos ventos dominantes bem como serem protegidas com telas de malha fina para evitar a
entrada de insetos; as fundações devem ser sólidas e com camada impermeabilizante na parte
superior para evitar infiltrações nas paredes durante o período chuvoso; e ser construído de
modo a não deixar frestas ou outros pontos de acesso a roedores.
Para manipulação do produto a granel com vistas a posterior ensacamento, o armazém
deve ter um ou dois cantos revestidos de madeira ocupando 15 a 20% do piso e as paredes
adjacentes até 1,5 a 2 metros de altura, também forradas de madeira.
61
Quanto às Definições:
Características:
a) amêndoas fermentadas:
I – amêndoas de coloração marrom, mesmo com variações de tonalidade em toda superfície
exposta, e com cotilédones facilmente separáveis;
II – amêndoas de coloração marrom, em mistura com as cores violeta, roxo ou púrpura, em
pontos ou difusas na superfície exposta e com cotilédones separáveis.
b) amêndoas secas:
Uniformemente secas, com teor de umidade não superior aos indicados para cada tipo.
Defeitos, pela ordem decrescente da sua gravidade:
a) amêndoas mofadas: as que se apresentam, internamente, com desenvolvimento miceliar
de fungos, visíveis a olho nu;
b) danificadas por insetos: amêndoas em cuja parte interna são visíveis a olho nu estragos
causados por insetos ou larvas;
c) amêndoas ardósias: não fermentadas, de coloração cinzenta – escura (cor de ardósia) ou
roxas, com embrião claro e compactas;
d) odores estranhos: amêndoas contaminadas por odores estranhos de qualquer natureza;
e) amêndoas germinadas: as que se apresentarem com a casca furada pelo
desenvolvimento do embrião;
f) amêndoas ―chochas‖ ou achatadas: as que se apresentarem com ausência de cotilédones,
ou tão finas que não permitam o corte;
g) amêndoas quebradas: as que se apresentarem partidas ou fragmentadas;
h) impurezas: restos de polpa, fragmentos da placenta ou cordão central e de casca de fruto
que, acidentalmente, possam acompanhar a amêndoa fermentada e seca;
i) matérias estranhas: qualquer material estranho à semente ou ao fruto do cacau.
Cascas, películas e outros desperdícios de cacau:
Compreende as cascas, películas e resíduos de cacau que se separam das amêndoas durante
seu beneficiamento; os germes de cacau; bem como os fragmentos e poeira da amêndoa de cacau.
MÔFO INTERNO
ARDÓSIAS
É importante ressaltar que a produção de suco, mel, geléia e outros produtos para consumo
humano requer o cumprimento de normas e da legislação pertinentes, as quais são bastante
restritivas e exigentes com relação, principalmente, à higiene do processo de obtenção e às
características qualitativas desses produtos. A norma mais restritiva, entre todas as existentes, é a
rejeição pelo consumidor, diante de um produto em estado de conservação que deixa a desejar.
Desta forma, o aproveitamento de subprodutos tem como requisitos: pessoal capacitado e
presença do proprietário em todas as fases do processamento até a entrega ao comerciante.
Durante a comercialização, cuidados devem ser tomados para que não ocorram perdas de
aceitabilidade do produto, devido à negligência de terceiros.
O Quadro 26 mostra os rendimentos das operações de processamento dos subprodutos do
cacau, em termos de uma produtividade média de 750 kg de cacau seco por hectare, aproveitando-
se 85% da colheita anual e, também, em função dos aumentos de eficiência de algumas práticas,
conseguidos com o desenvolvimento da pesquisa.
Quadro 26 – Rendimentos normais das operações de utilização de subprodutos de cacau com
referência a uma produtividade anual de 750 Kg do produto seco por hectare.
Produto e subprodutos Rendimento por hectare
Amêndoas secas 750 kg
Semente fresca 1875 kg
Mel de cacau 200 litros
Geléia 150kg
Vinagre 180 litros
Destilado 25 litros
Polpa 300 a 400 litros
Suco congelado 300 a 400 litros
Néctar 600 a 800 litros
Geleiado 200 a 300 litros
Fonte: Freire et al., 1990.
Não se pode deixar de registrar ainda que a casca do grão obtida após o processo de
torrefação na indústria, pode ser usada no preparo de chá, extração de pectina e theobromina;
como ração animal, adubo orgânico e fonte de energia; através de sua combustão em geradores de
calor como fornalhas e caldeiras.
Entretanto, apesar da reconhecida importância econômica da
casca e da polpa do cacau, a semente ainda é o principal produto
gerador de riquezas.
A sua maior utilização sem dúvida nenhuma, é na fabricação
do chocolate, nas diversas formas (Fig. 50).
No Brasil o alimento obtido da mistura de cacau tostado,
descascado e moído (liquor de cacau) com açúcar, é denominado de
chocolate. Na Colômbia e outros países é utilizado com toda a sua
Fig. 50 - Chocolate
gordura na forma de suspensão aquosa quente (chocolate de mesa).
Na Europa e América do Norte a bebida predileta é na forma de chocolate em pó (instantâneo);
este produto é obtido através da prensagem do ―liquor‖ de cacau para extração de uma parte da
gordura ou manteiga, triturando-se posteriormente a torta resultante. No Brasil é bastante
utilizado na forma de chocolate em pó, também para confecção de bebida.
Possivelmente não exista outra guloseima de maior aceitação no mundo, por parte do
público, que a obtida pela mistura de "liquor" de chocolate com leite, açúcar, manteiga de cacau,
essências e outros ingredientes (ex. as barras de chocolate e os bombons). O consumo mundial de
barras de chocolate e bombons alcança volumes significativos, especialmente na Europa e Estados
Unidos onde as indústrias de confeitaria têm se desenvolvido bastante.
Em 1996 o consumo "per capita" de chocolate no mundo, por continente, era o seguinte: Europa
Ocidental 2,42 kg, Europa Oriental 0,85 kg, Ásia 0,68 kg (não incluindo a China), África 0,13 kg e nas
67
Américas 1,33 kg, sendo que no Brasil se consumia em média 1,94 kg. A média do consumo mundial,
tabulada no ano agrícola de 95/96, era de 1,02 kg / pessoa (não incluindo a China).
O produto cacau é considerado um bem de acesso restrito aos consumidores de renda elevada.
Assim, os principais demandantes estão localizados nos países do primeiro mundo, onde o fator variável
de renda não é limitante para o seu consumo.
O principal uso da manteiga de cacau se encontra na fabricação de chocolate. Também existe um
amplo consumo na indústria farmacêutica e na de cosméticos. Para a fabricação de sabões finos se utiliza
a gordura de cacau extraída por solventes.
O valor energético dos produtos de cacau é extraordinário por seu grande conteúdo de gorduras
assimiláveis e de carboidratos. A bebida preparada com leite ou as barras de chocolate que o contém ,
pode–se considerar quase como um alimento completo, além de se caracterizar por um sabor muito
agradável. A barra de chocolate é bastante energética, daí sua venda maciça em países rigorosamente
frios ou com estações frias.
O valor nutritivo e energético do chocolate é indiscutível; 100 gramas equivalem em valor
alimentício a seis ovos ou três copos de leite, ou 220 gramas de pão branco, ou 750 gramas de peixe ou
ainda 450 gramas de carne bovina.
Tem-se dito que o chocolate é de difícil digestão. Na realidade o que ocorre é que as gorduras
contidas neste (ácidos graxos: palmítico, olêico e esteárico) são de absorção mais lenta, o que implica na
sensação de satisfação alimentar por um maior tempo.
No cacau em pó encontramos as vitaminas A, B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina) e B5 (Ácido
nicotínico), além de ferro e fósforo na forma assimilável. A cafeína e theobromina, presentes no chocolate,
têm propriedades estimulantes e terapêuticas bastante notáveis.
S C C S
S – Seringueira
2m 3m 2m C – Cacaueiro
7m
3,0 x 3,5 m. Os plantios das culturas de seringueira e bananeira deverão ser efetuados no primeiro
ano de implantação do sistema, enquanto o cacaueiro será plantado no segundo ano. No primeiro
ano poderão ser implantadas culturas anuais nas entrelinhas das plantas perenes.
3,0 m
Seringueira
Cacaueiro
Um sistema de cacau x coco x gliricídia que poderá ser viável, com base na adaptação de
resultados de pesquisa realizadas em outras regiões e em observações de campo, em Rondônia e
Alta Floresta – MT, deverá ser constituído de filas duplas de cacaueiros, no espaçamento de 3,0 x
3,0 m, estabelecidas entre filas de coqueiros no espaçamento de 9,0 x 9,0 m . O modelo terá uma
densidade populacional de 680 cacaueiros/ha e de 123 coqueiros/ha . A variedade recomendada
será a coco-anã.
A bananeira, como sombreamento provisório do cacaueiro, será estabelecida na mesma fila
do cacaueiro, obedecendo o espaçamento de 3,0 x 3,0 m. A gliricídia (Gliricidia sepium) será
utilizada para assegurar a proteção contra o excesso de luz no cacaueiro, até que exista sombra
suficiente fornecida pelos coqueiros e, também, para aporte de biomassa através de podas
periódicas e deposição do material como cobertura morta. O espaçamento indicado é de 3,0 x 3,0
m, estabelecido apenas nas linhas dos coqueiros, em um único sentido, totalizando 267 plantas /
ha.
ÍNDICES TÉCNICOS
I - MÃO-DE-OBRA d/h 83 -
II – INSUMOS
. Inseticida litro 2 -
. Adubo (NPK) saco 6 -
. Fungicida Kg 6 -
. Podão un 1 -
. Facão un 1 -
. Gasolina litro 2 -
. Óleo 2T litro 0,25 -
. Sacaria un 10 -
77
Controle de vassoura-de-bruxa:
Poda fitossanitária (remoção de
Durante o período seco
―vassouras‖)
Repasse (**) Após a remoção, antes do período chuvoso
Poda em roças velhas A partir do final da colheita
Escoramento de cacaueiros Durante a poda fitossanitária
Controle da podridão parda:
Raleamento da sombra Durante a poda fitossanitária
Remoção de frutos pecos e presos às
Durante a colheita e poda fitossanitária
árvores
Remoção dos frutos infectados Durante todo o período da frutificação
4 pulverizações com fungicidas a
Aplicações mensais a partir dos primeiros sintomas de ataque
base de cobre
Controle do câncro de Phythophtora sp. Durante o período chuvoso quando necessário
Controle do mal rosado (Corticium) Durante o período chuvoso quando necessário
(*) Períodos secos e chuvosos dos principais Municípios produtores de cacau da Amazônia brasileira estão
expressos no Quadro 36.
(**) Após o repasse a remoção de ―vassouras‖ é feita durante o ano todo.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA