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DIREITO AMBIENTAL
2. COMPETÊNCIA
2.1. ANIMAIS: Viola a CF/88 lei municipal que proíbe o transporte de animais
vivos no Município – (Info 919)
Viola a Constituição Federal lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam
eles motorizados ou não, transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de
expansão urbana do Município.
Essa lei municipal invade a competência da União.
O Município, ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de expansão
urbana de seu território, transgrediu a competência da União, que já estabeleceu, à
exaustão, diretrizes para a política agropecuária, o que inclui o transporte de
animais vivos e sua fiscalização.
Além disso, sob a justificativa de criar mecanismo legislativo de proteção aos
animais, o legislador municipal impôs restrição desproporcional ao direito dos
empresários do agronegócio de realizarem a sua atividade.
Esta desproporcionalidade fica evidente quando se verifica que a legislação federal
já prevê uma série de instrumentos para garantir, de um lado, a qualidade dos
produtos destinados ao consumo pela população e, de outro, a existência digna e a
ausência de sofrimento dos animais, tanto no transporte quanto no seu abate.
STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 11/10/18
(Info 919).
2.2. É inconstitucional lei estadual que prevê a supressão de vegetal em APP para
a realização de atividades exclusivamente de lazer – (Info 916) – IMPORTANTE!!!
2.4. Normas municipais podem prever multas para os proprietários de veículos que
emitem fumaça acima dos padrões aceitáveis – (Info 870) – IMPORTANTE!!!
O Município poderia ter legislado sobre esse tema? Essas normas são compatíveis
com a CF/88? SIM.
Mas os Municípios não estão elencados no caput do art. 24...: É verdade. No entanto,
mesmo assim eles podem legislar sobre os assuntos do art. 24, desde que o façam
para atender peculiaridades municipais, ou seja, no interesse local. Essa autorização
para que os Municípios legislem sobre matérias de competência concorrente está
prevista no art. 30, I e II, da CF/88:
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que
couber;
Dessa forma, os Municípios podem tratar sobre os assuntos do art. 24, no que couber,
ou seja, naquilo que for de interesse local. Em virtude do exposto, conclui-se que os
Municípios possuem competência para legislar sobre o meio ambiente, limitada
esta, no entanto, ao tratamento normativo de assuntos de interesse estritamente
local.
2.5. Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam
fundamentadamente – (Info 857)
3. SISNAMA
3.1. É inconstitucional lei estadual que exige prévia autorização da ALE para que
os órgãos do SISNAMA possam celebrar instrumentos de cooperação no Estado –
(Info 919)
É inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, lei estadual que
exige autorização prévia do Poder Legislativo estadual (Assembleia Legislativa)
para que sejam firmados instrumentos de cooperação pelos órgãos componentes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.
Também é inconstitucional lei estadual que afirme que Fundação estadual de
proteção do meio ambiente só poderá transferir responsabilidades ou atribuições
para outros órgãos componentes do SISNAMA se houver aprovação prévia da
Assembleia Legislativa.
STF. Plenário. ADI 4348/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 10/10/18 (Info 919).
4. CÓDIGO FLORESTAL
4.1. Análise da constitucionalidade do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012) –
(Info 892)
2) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de
modo a se condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou
utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade
proposta.
Veja o que diz a Lei:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
VIII - utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos
serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive
aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano
aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos,
energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações
necessárias à realização de competições esportivas estaduais,
nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto,
neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho;
c) atividades e obras de defesa civil;
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias
na proteção das funções ambientais referidas no inciso II deste
artigo;
e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e
motivadas em procedimento administrativo próprio, quando
inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento
proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo
federal;
IX - interesse social:
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da
vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do
fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção
de plantios com espécies nativas;
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena
propriedade ou posse rural familiar ou por povos e
comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a
cobertura vegetal existente e não prejudique a função
ambiental da área;
c) a implantação de infraestrutura pública destinada a
esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre
em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as
condições estabelecidas nesta Lei;
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos
ocupados predominantemente por população de baixa renda
em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições
estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009;
e) implantação de instalações necessárias à captação e
condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos
recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da
atividade;
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro
e cascalho, outorgadas pela autoridade competente;
g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e
motivadas em procedimento administrativo próprio, quando
inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta,
definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;
3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV,
para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água
intermitentes configuram área de preservação permanente.
Veja o que diz a Lei:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que
apresenta perenidade e dá início a um curso d’água;
5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir
compensação apenas entre áreas com identidade ecológica.
Veja o que diz a Lei:
Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou
gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito
público ou privado, mediante termo assinado pelo titular da
CRA e pelo adquirente.
(...)
§ 2º A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva
Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual
o título está vinculado.
Quem tem uma propriedade que cumpre os percentuais de Reserva Legal e possui
vegetação excedente (“a mais” do que exige a lei) pode emitir CRA e quem tem déficit
de Reserva Legal pode compensá-lo comprando CRA. Nesse sentido:
http://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/decisao-do-stf-sobre-o-
novo-codigo-florestal-enfraquece-a-cota-de-reserva-ambiental/.
O STF afirmou que esses dispositivos são válidos, mas que se deve evitar a
prescrição e a decadência. Assim, deve-se dar interpretação conforme a Constituição
ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo que, durante a execução dos termos de compromissos
subscritos nos programas de regularização ambiental, não corra o prazo de decadência
ou prescrição. Aplica-se aqui a mesma solução prevista no § 1º do art. 60 da Lei nº
12.651/2012:
Art. 60. A assinatura de termo de compromisso para
regularização de imóvel ou posse rural perante o órgão
ambiental competente, mencionado no art. 59, suspenderá a
punibilidade dos crimes previstos nos arts. 38, 39 e 48 da Lei
nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, enquanto o termo estiver
sendo cumprido.
§ 1º A prescrição ficará interrompida durante o período de
suspensão da pretensão punitiva.
§ 2º Extingue-se a punibilidade com a efetiva regularização
prevista nesta Lei.
Princípio da vedação ao retrocesso não está acima do princípio democrático: Por fim,
o STF ressaltou que o princípio da vedação ao retrocesso não se sobrepõe ao princípio
democrático, no afã de transferir ao Judiciário funções inerentes aos Poderes Legislativo
e Executivo, e nem justifica afastar arranjos legais mais eficientes para o desenvolvimento
sustentável do país como um todo.
5. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
5.1. É inconstitucional a redução de unidade de conservação por meio de MP – (Info
896) – IMPORTANTE!!!
Atenção: mesmo que a unidade de conservação tenha sido criada por decreto, ela só
poderá ser suprimida mediante lei. Essa determinação consta no art. 225, § 1º, III, da
CF/88:
Art. 225. (...)
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
Poder Público:
(...)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços
territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas
somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção;
Mas o art. 225, § 1º, III, da CF/88 fala em espaços territoriais especialmente
protegidos... isso abrange as unidades de conservação? SIM. As unidades de
conservação são uma das espécies de espaços territoriais especialmente protegidos.
Podemos citar outros dois exemplos:
• Áreas de Preservação Permanente (APP);
• Áreas de Reserva Legal.
O STF concordou com a ADI proposta? SIM. O STF julgou procedente a ADI para,
sem pronunciamento de nulidade, declarar a inconstitucionalidade da MP 558/2012,
convertida na Lei nº 12.678/2012.
MP pode ser utilizada para ampliar, mas não para reduzir espaços de proteção
ambiental: A jurisprudência do STF aceita o uso de medidas provisórias para
ampliar espaços de proteção ambiental, mas nunca para reduzi-los. Assim, é
possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, mas
sempre veiculando normas favoráveis ao meio ambiente. Normas que signifiquem
diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado só podem ser editadas por meio
de lei formal, com amplo debate parlamentar e participação da sociedade civil e dos
órgão e instituições de proteção ambiental, como forma de assegurar o direito de todos
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A adoção de medida provisória nessas
hipóteses possui evidente potencial de causar prejuízos irreversíveis ao meio ambiente
na eventualidade de não ser convertida em lei. Dessa forma, é inconstitucional a
edição de MP que importe em diminuição da proteção ao meio ambiente
equilibrado, especialmente em se tratando de diminuição ou supressão de unidades
de conservação, com consequências potencialmente danosas e graves ao ecossistema
protegido. A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de
medida provisória, ainda que não conste expressamente do elenco das limitações
previstas no art. 62, § 1º, da CF/88.
Art. 225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido formal: Ao se interpretar o art. 225, §
1º, III, da CF/88, chega-se à conclusão de que a alteração ou supressão de espaços
territoriais especialmente protegidos haverá de ser feita por lei formal, com
possibilidade de abrir-se amplo debate parlamentar, com participação da sociedade
civil e dos órgãos e instituições de proteção ao meio ambiente. Essa é a finalidade do
dispositivo constitucional, que assegura o direito de todos ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Apesar de medida provisória ter força de lei, em caso
de diminuição do regime jurídico protetivo do meio ambiente deve ser observado
o princípio da reserva legal.
Por que o STF julgou procedente a ADI, mas sem pronunciamento de nulidade? Porque
os efeitos da MP, convertida em lei, já se concretizaram. Com a redução do tamanho
das unidades de conservação, foram instaladas usinas no local, empreendimentos que
já estão em funcionamento. Assim, houve um alagamento irreversível das áreas
desafetadas e a execução dos empreendimentos hidrelétricos já não permite a
invalidação dos efeitos produzidos, dada a impossibilidade material de reversão ao
status quo ante. O STF considerou, portanto, que havia uma situação de fato
irreversível e que não se poderia determinar a retirada dessas usinas de lá. Ficou,
então, assentado que, daqui para a frente (ou seja, a partir desse julgamento),
quaisquer outras medidas no sentido de desafetação ou diminuição de áreas de
proteção ambiental haverão de cumprir o que a Constituição exige. Dessa forma, é
como se o STF tivesse dito o seguinte: neste caso concreto, não iremos anular os efeitos
produzidos pela MP porque se tornaram irreversíveis. No entanto, fica assentado que
é inconstitucional a edição de futuras medidas provisórias que reduzam a proteção
ao meio ambiente.
6. VAQUEJADA
6.1. É inconstitucional a prática da vaquejada – (Info 842) – IMPORTANTE!!!
A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados. Isso significa que os Estados-membros podem
complementar a legislação federal editada pela União. Obviamente, as normas
estaduais não podem contrariar as normas gerais elaboradas pela União.
Se a União ainda não tiver editado as normas gerais sobre esse assunto, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Em
outras palavras, não havendo normas gerais da União, o Estado-membro fica livre
para legislar a respeito daquele tema. Vale ressaltar, no entanto, que se a União vier a
editar posteriormente as normas gerais, a lei estadual terá sua eficácia suspensa
naquilo que for contrário à legislação da União. Importante também esclarecer que
a competência da União restringe-se a estabelecer “normas gerais”. Logo, se a União
fizer uma lei geral que estabeleça muitos detalhes, esta lei também será
inconstitucional por invadir a competência dos Estados-membros.
Lei do Rio Grande do Sul: Em 2000, o Estado do Rio Grande do Sul editou a Lei
estadual nº 11.463 tratando sobre o tema da seguinte forma:
Art. 1º O cultivo comercial e as atividades com organismos
geneticamente modificados (OGMs), inclusive as de pesquisa,
testes, experiências, em regime de contenção ou ensino, bem
como os aspectos ambientais e fiscalização obedecerão
estritamente à legislação federal específica.
O art. 2º diz que a Lei entra em vigor no dia de sua publicação e o art. 3º fala que ela
revoga as leis em sentido contrário. Em outras palavras, a lei estadual é só isso mesmo.
Ela diz apenas que, no RS, toda e qualquer atividade relacionada com os OGMs
“obedecerão estritamente à legislação federal específica”.
Essa Lei estadual possui algum vício? SIM. O STF considerou que essa lei é
INCONSTITUCIONAL.
Por quê? Em primeiro lugar, deve-se reiterar que o Estado-membro poderia legislar
sobre esse tema. O “problema” está no conteúdo. O STF entendeu que essa lei do
Estado do Rio Grande do Sul significou uma verdadeira “renúncia” ao exercício da
competência legislativa concorrente prevista no art. 24, V, VIII e XII, da CF/88. Em
outras palavras, o Estado abriu mão de sua competência suplementar prevista no art.
24, § 2º da CF/88. O ente federado não pode se recusar a implementar as providências
impostas a ele pelo legislador constituinte. Segundo o Min. Marco Aurélio,
“O descompasso da lei impugnada é ainda maior quando se
considera o federalismo cooperativo. A lógica mostra-se
intransponível e direciona ao estabelecimento de normas
gerais pela União e à atuação dos Estados no atendimento das
peculiaridades regionais. O Estado se exime de cumprir o
dever constitucional de providenciar a implementação,
harmoniosa e atenta aos interesses regionais, de valores
consagrados na Lei Fundamental.”
O Brasil possui uma extensa dimensão territorial e, por essa razão, é indispensável
que exista um tratamento particularizado para essa matéria, tendo em vista a
diversidade biológica verificada no país. Assim, é necessário que sejam elaboradas
políticas públicas específicas à realidade local. O respeito às necessidades regionais é
uma condição de viabilidade da Federação. Em outras palavras, só há Federação com
a autonomia dos Estados-membros sendo exercida. Essa Lei do RS foi uma lei
remissiva, ou seja, ela falou o seguinte: a competência para tratar sobre esse assunto é
minha também, mas façam aí tudo o que a legislação federal determinar. Para o STF,
“a banalização de normas estaduais remissivas fragiliza a estrutura federativa
descentralizada, e consagra o monopólio da União, sem atentar para nuances
locais.”
8. AMIANTO
8.1. É proibida, em todo o Brasil, a utilização de qualquer forma de amianto – (Info
886)