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Direcção Académica

Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Coordenação do Curso de Mestrado em Saúde Públia
AVALIAÇÃO FINAL DA CADEIRA DE ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO,
FUNCIONAMENTO E FINANCIAMENTO DE UM SISTEMA DE SAÚDE.

Tema: O Sistema de Saúde Moçambicano: história, avanços e desafios;

Discentes:
Hebet Teresa
Castiano Francisco Gabriel
Fidel Augusto Fulede
Miranda João Luís Uanela Nombora

ABRIL DE 2022
Hebet Teresa
Castiano Francisco Gabriel
Fidel Augusto Fulede
Miranda João Luís Uanela Nombora

Tema: O Sistema de Saúde Moçambicano: história, avanços e desafios

Trabalho a ser apresentado a UnIsced,


como um dos requisitos para a avaliação
da disciplina de planificação e gestão de
sistemas de Saúde, sob orientação do
Prof. Doutor Etelvino Carlos João Migode

O Orientador

______________________________

(Prof. Doutor Etelvino Carlos João Migode)

ABRIL DE 2022
INTRODUÇÃO

Moçambique, tem uma superfície de 800.000 km2, que se encontra na zona oriental e
austral da Africa, e tornou-se independente no ano de 1975.

No momento da independência, Moçambique constituía um dos países mais pobres do


mundo, desde 1976 e ate 1992, o pais foi fustigado por uma guerra que culminou com a
destruição total das infraestruturas económicas e socias, bem como o sofrimento de
pouco mais de 5 milhões de Moçambicanos, dos quais 4 milhões foram deslocados do
seu local de residência e perderam a vida pouco mais de 1 milhão de Moçambicanos de
acordo com ( Pim & Kristensen 2007).

Apos o término da guerra em 1992, Moçambique era considerado o pais mais pobre a
nível mundial com um produto interno bruto per capita (PIB), na ordem dos 354USD
(2011PPP) (Gradin & Tarp 2019).

Actualmente o pais, com uma população estimada em 29.000.000 de habitantes, mais da


metade, o correspondente a 66% vive nas zonas rurais, e vivem na pobreza extrema com
menos de 2USD, por pessoa por dia (Gradin & Tarp 2019).

Os desafios do sistema de saúde, continuam os seguintes: baixa cobertura da rede


sanitária; aumento de casos de doenças transmissíveis e não transmissíveis, que
contribuem para a rotura dos recursos de saúde e a redução da fertilidade, englobam as
essenciais preocupações do sector da saúde.

No concernente a evolução do sistema de saúde moçambicano apos a independência ate


a atualidade nota-se uma expansão da rede sanitária em quase todas as províncias do
pais e com grande enfoque para a zona sul, situação esta que esta contribuindo bastante
para um desequilíbrio de alocação de recursos essenciais para a população, visto que o
equilíbrio entre a saúde e o desenvolvimento, espelham um bem-estar das populações e
abre uma concordância confiável em investimentos, para alem de diminuir as mortes
nas crianças dos 0-5anos, no entanto, o desenvolvimento/ evolução de uma sociedade e
de um estado pró-ativo, contribui de forma efectiva de modo com que os indivíduos
alcancem uma determinada autonomia de raciocínio, de fazer escolhas e ter consciência
da relevância de preservar a sua propiá saúde e a dos outros, exercendo o seu próprio
direito a saúde.
METODOLOGIA

O presente trabalho, é de natureza aplicada, tendo em conta que busca conhecimentos


para aplicação prática dirigida a solução de problemas, o artigo privilegia a abordagem
mista (quantitativa e qualitativa), por viabilizar uma análise com maior profundidade do
contexto.

Quanto aos objectivos, o artigo é de caracter descritivo, que permitira uma maior
contextualização do objeto.

Quanto ao procedimento técnico de pesquisa, que será usado neste artigo, caracteriza-se
como uma revisão bibliográfica, pois se baseou na comparação de referências teóricas
face ao tema em alusão.

Do ponto de vista de método de abordagem, a pesquisa é indutiva, uma vez que esta,
parte do particular e coloca na generalidade um produto posterior do trabalho de coleta
de dados.
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Sistema de saúde Moçambicano
Breve contextualização histórica do sistema de saúde Moçambicano
O sistema de saúde em Moçambique, antes e apos da independência nacional
de 1975, o historial do sistema de saúde, compreende quatro diferentes
momentos que passo a citar:
I. O momento antes da independência de Moçambique em 1975;
II. O momento a seguir pós-independência 1975 a 1980;
III. O momento de 1980 a 1993;
IV. O momento de 1993 ate a atualidade do pais.
1.2. O momento antes da independência de Moçambique em 1975
Embora a chegada dos portugueses ter acontecido nos finais do seculo XV
em Moçambique, a organização pela forca do colonialismo dos serviços de
saúde, em todos os antigos distritos (Que actualmente são províncias), a
partir do seculo XIX, com a construção das primeiras infraestruturas de
saúde bem como a criação de padrões para o seu funcionamento.
Em 1898, o sistema de saúde dos colonos este organizado, em 11 distritos,
tendo um hospital civil em cada distrito e um hospital militar. O sistema de
saúde originado pelo governo colonial português na época em Moçambique,
que perdurou ate 1975 encontrava-se centrado nas cidades e vilas, onde
residiam a maior parte dos colonos. O sistema de saúde na era colonial não
priorizava a promoção da saúde, simplesmente dava mais primazia a
componente curativa e a sua estrutura era racista, nas áreas rurais onde
habitavam cerca de 85% da população moçambicana, percorriam mais de
20km para terem acesso a cuidados de saúde, esta prática obrigava esta
grande massa de população a recorrer em casos de enfermidades aos
praticantes da medicina tradicional.

1.3. O momento a seguir pós-independência 1975 a 1980


Depois da formação do governo de transição, houve a necessidade de criação
da comissão de reestruturação e reorganização do sector da saúde, com inicio
em 1975 e com base nas constatações e recomendações da comissão de
restruturação e reorganização do sector da saúde, o primeiro governo de
Moçambique independente, começou a executar uma política de saúde, na
qual os princípios essenciais estão disponíveis no decreto-lei n. 1/75, de 29
de julho de 1975, no seu artigo 37 reza o seguinte: “o ministério da saúde
visa essencialmente, por em aplicação do disposto no artigo 16 da
constituição, na qual compete ao estado organizar um sistema de saúde que
beneficie todo o povo moçambicano”. O acesso a saúde é um direito do
cidadão e a prestação de serviços de saúde é o dever do estado Gulube
(1996)
As acções preventivas e curativas no sistema nacional de saúde, devem estar
inteiramente integradas ao nível da base, no entanto, a prevenção deve ter
prioridade diante da cura. O saneamento do meio e a educação sanitária,
terão um papel um papel preponderante nas ações do sector da saúde.
No dia 24 de junho de 1975, o governo moçambicano anunciou a abolição
da medicina privada, devido a abolição de todas as práticas de medicina
privada, iniciou-se o processo de criação e estruturação do sector público de
saúde, ao qual chama-se serviço nacional de saúde.
Em 1977, diante da aprovação da Lei de Medicina gratuita, o governo
restringiu a gratuitidade dos cuidados de saúde as acções de prevenção da
doença, no entanto, as actividades curativas passaram a ser pagas, apesar dos
valores serem tao baixo.
A população assim como os trabalhadores de saúde, tiveram a maior
dificuldade de extrema carência dos seguintes aspetos:
I. Recursos humanos de todas as categorias e níveis;
II. Recursos financeiros. Nos estabelecimentos prisionais, existiam antes
e depois da independência, unidades de saúde gerenciadas pelo
ministério da justiça.
O desconforto político-militar e a devastação económica foram
agravadas, desde 1987, as intituladas instituições de Breton Woods
(banco mundial e o fundo monetário internacional), fizeram com que
o governo moçambicano, estabelece-se politicas económicas que
levariam uma redução das despesas públicas, que incluíam a oferta
de cuidados de saúde gratuitos para os Moçambicanos, devido as
imposições do Banco mundial e do fundo monetário internacional em
1992, o governo Moçambicano, voltou a introduzir o exercício da
medicina privada, com fins lucráveis.
A partir de 1993 ate a atualidade, e com o acordo de paz datado de 4
de outubro de 1992, a guerra teve o seu termino, e em 1993, o
governo de Moçambique começou com a prossecução de construção
de um sistema de saúde e em particular o serviço nacional de saúde,
no entanto também foi criado o conselho nacional de combate do
HIV/SIDA, na qual é presidido pelo primeiro-ministro, por causa da
pobreza extrema observada em Moçambique, o sector da medicina
privada possui uma cobertura menor de 5% da população
moçambicana.
2. Desafios do sistema de saúde Moçambicano.
O panorama geral do sector da saúde moçambicano mostra que por um lado a
pobreza é a causa dos maiores problemas de saúde do país, e por outro lado
mostra que este sector afeta fortemente o desenvolvimento social. e prevenção
de doenças como a malária, considerada a principal causa de morte no país,
cólera, tuberculose e HIV/AIDS, infetantes para cerca de 500 pessoas por dia,
com soro prevalência de cerca de 16,2%. , Segundo dados dos Institutos
Nacionais de 2005.
Esse cenário chama a atenção para o urgente respeito às estratégias e políticas de
saúde cujo objetivo principal é fortalecer o enfrentamento dos principais
problemas de saúde do país, por meio da elaboração e desenvolvimento de
programas de prevenção e controle de doenças, em para além de assegurar
gradualmente o reforço dos recursos humanos, técnicos e financeiros, para
fornecer informação formativa, aconselhamento, formação especializada e
acesso a meios complementares de diagnóstico e terapêutica.
Mas dada a situação sociocultural e económica dos moçambicanos, as
prioridades do sector da saúde devem ser abordagens preventivas, com foco
na promoção de estilos de vida saudáveis. Neste capítulo, as escolas são
espaços privilegiados de intervenção, mas as apostas são fortes na formação
de professores, pais e educadores.
No entanto, a verdadeira resposta aos problemas de saúde em Moçambique
está na expansão das redes de saúde e no desenvolvimento de recursos em
alto nível.
Apesar de 20 anos de paz total e inúmeros investimentos externos,
Moçambique continua a lutar para pagar os serviços de saúde e ter
indicadores de saúde satisfatórios. Guerras civis, transições demográficas e
epidemiológicas, desastres naturais cíclicos e a pandemia de HIV/AIDS
podem ser obstáculos no setor da saúde. Assim, a história evolutiva de um
determinado sistema de saúde pode explicar os fracassos e sucessos dos
serviços de saúde e determinar os caminhos de seu desenvolvimento.
3. Avanços do sistema de saúde Moçambicano
Avanços no sistema de saúde em Moçambique são os seguintes:
Houve aumento da rede sanitária nos pais, nos últimos cinco anos de 2.8 por
cento que corresponde a 1643 unidades sanitárias existentes.
Aumento de cobertura dos indicadores de saúde materno e saúde sexual e
reprodutiva em moçambique mostrou grandes avanços nos últimos 5 anos:
Diminuição de taxa de mortalidade materna de 550/100.000 nascimentos em 208
para 289 /100.000 nascidos em 2017. Segundo OMS.
Aumento de partos institucionais nas unidades sanitárias de 85 por cento Para
97 por cento. Aumento da cobertura vacinal em crianças de zero a onze meses
tenham atingido cerca de 90 por cento no alcance das metas.
Taxa de cura em caso de desnutrição cronica no pais estado em 90 por cento.
Nos casos de rastreio de doenças cancerígenas, estas são feitos o rastreio de
cancro do colo uterino e da mama no sector de planeamento familiar em quase
96 porcentos de todas unidades sanitárias. Os esforços de moçambique na
prestação de serviços de cuidados e tratamentos de HIV/SIDA foram
considerados bons no relatório da UNDASSE 2012 pois tinha uma serie de
actividades desenvolvidas para a expansão rápidas dos serviços TARV,
melhorias dos serviços pré TARV, a implementação de estratégia de retenção de
pacientes, desenvolvimento de monitoria, avaliação de novos instrumentos
TARV.
No programa de lepra em 2007 foram implementadas novos guiões de
supervisão da lepra. Os programas de saúdes maternas infantis foram integrados
aso serviços TARV de forma a dinamizar o fluxo e o atendimento mas unidades
sanitárias.
4. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.
Resultados significativos foram alcançados em termos de saúde materna e saúde
sexual e reprodutiva. A taxa de mortalidade materna de diminuiu de 6 para 550
por 100.000 entre 2003 e 2008, e a taxa de natalidade em unidades também
aumentou 8,8%. Por outro lado, as tendências de planejamento familiar se
invertem: 21% em 2003, 16% em 2008 e finalmente 11% em 2011. Foram
observadas melhorias na saúde do recém-nascido, com a taxa de mortalidade
infantil de 135 caindo para 6%,nasceram entre 1997 e 2011. A taxa de AIDS tem
se mantido estável nos últimos anos em torno de 11,5%.
Implementar a política de atenção primária à saúde em âmbito nacional, de
forma integral e em todos os níveis de saúde. Para o efeito, o Governo deve:
• Reforçar gradualmente o Serviço Nacional de Saúde, que é o principal
subsistema do Sistema Nacional de Saúde;
• Priorizar as actividades de promoção da saúde, prevenção de doenças,
reabilitação, socorro e cura;
• Estabelecer uma coordenação efectiva entre o Ministério da Saúde (por um
lado) e outros sectores (ministérios, autarquias locais como as autarquias
centrais, ONGs, confissões religiosas), sindicatos e outros órgãos) cujas
actividades afectam a saúde de moçambicanos.
Essa implementação intersectorial deve se basear na experiência de outros
países.
• Para que a coordenação interinstitucional seja efetiva e eficiente, deve ser
institucionalizada;
Nesse contexto, é necessário estabelecer um Conselho Interagencial de
Coordenação de Saúde (CCIS), órgão responsável por garantir a coordenação
intersetorial, para atuar de forma coordenada nos fatores sociais;
A sociedade define saúde em diferentes graus.
É importante detalhar na missão, missão e composição do ICC.
• Dar prioridade a população comunitária para a contribuição na tomada de
decisões.
A Participação comunitária envolve dois principais aspetos:
(a) Direitos e obrigações de cada cidadão para participar de indivíduos e comuns
no planejamento e realizar seus cuidados de saúde; e
(b) obrigações de entidades responsáveis pelo fornecimento de cuidados de
saúde prestadas contas periódicas às suas atividades para os cidadãos (ou
representantes de).
Neste contexto e com base na experiência de outros países, como o Brasil
(Cornwall e Shankland 2008) e a Tailândia (Rasanathan et al., 2011), precisam
institucionalizar a comunidade de participação por facilidade nas organizações
Responsável, fornecendo uma maior participação de pessoas e Comunidades nas
atividades do setor da saúde em Moçambique.

5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Ministério da Saúde, INE – Instituto Nacional de Estatística & ICFI – ICF
International (2013). Moçambique Inquérito Demográfico e de Saúde 2011.
Calverton, Maryland, USA: Ministério da Saúde; INE; ICFI. Disponível em
https://dhsprogram.com/pubs/pdf/FR266/FR266.pdf.
OMS (2006). ‘INDICADORES DE SAÚDE: Elementos Conceituais e Práticos
(Capítulo 1) ‘. World Health Organization – Regional Office for the Americas.
Disponível em https://www.paho.org/hq/index.php?
Option com content&view=article&id=14401:health-indicators-conceptual-and-
operational considerations-section-1&Itemid=0&showall=1&lang=pt;
OMS (2010). Health Systems Financing: the Path to Universal Coverage.
Disponível em https://www.who.int/ whr/2010/en/.
Wilkinson, R. & Pickett, K. (2009). The Spirit Level: Why More Equal Societies
Almost Always Do Better. London: Allen Lane.
Regulamentação e legislação consultada
Lei n.º 26/91, de 31 de Dezembro de 1991. Boletim da República, I Série, n.º 52,
de 31 de Dezembro de 1991.
Resolução n.º 73/2007 do Conselho de Ministros, de 18 de Dezembro de 2007.
Boletim da República, I Série, n.º 50, de 18 de Dezembro de 2007;
Decreto-Lei n.º 1/75, de 29 de Julho.
Boletim da República de 29 de Julho de 1975.
Diploma Ministerial n.º 52/2010, do Ministério da Saúde, de 23 de Março de
2010. Boletim da República, I Série, n.º 11, de 23 de Março de 2010. Lei n.º
2/77, de 27 de Setembro de 1977.
Boletim da República, I Série, n.º 112, de 27 de Setembro de 1977Constituição
da república de Moçambique;

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