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Introdução
A situação dos cuidados primários são muito semelhantes em todo Moçambique, havendo
uma ligeira diferença nas zonas urbanas onde encontramos os hospitais privados que
beneficiam um punhal de burgueses que lá reside. Mas nas zonas rurais há muito que
lamentar quanto ao acesso a serviços de saúde, o nosso autor aponta alguns factores que
influenciam este fenómeno, que são: factores culturais, políticos e económicos. Este
trabalho ira tentar perceber esses factores, como é que cada um deles interfere no
funcionamento da saúde pública.
Factor político — na década 70 sob o sistema socialismo, Moçambique lutou para construir
um sistema de saúde condigno que contava com "agentes comunitários de saúde, postos e
centros de saúde, hospitais rurais e hospitais provinciais. O sistema de saúde público
moçambicano incrementou fortemente a sua infra-estrutura em apenas dez anos, de 326
unidades de saúde em 1975 para 1.195 em 1985, tornando-se num modelo de Cuidados de
Saúde Primários, apostando na equidade e eliminando o serviço médico colonial que
enfatizava o cuidado curativo e urbano" (Gironés at all 11:2018).
Mas na década 80 a 90, Moçambique passou por profundas mudanças sociais, económicas
e política, mas do momento este trabalho esta focado nas mudanças politicas, por isso "em
1989, doze anos após o início da guerra civil e após duas greves de doadores em 1983 e 1986,
quando a ajuda alimentar foi suspensa, a FRELIMO abandonou formalmente o marxismo.
Sob as pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM)"
(Gironés at all 11:2018). Como pode se ver, além da guerra cível que Moçambique estava a
desencadear com a RENAMO tinha também a guerra política económica que tinha que travar
com os doadores internacionais.
Para conseguir estas doações Moçambique foi obrigado a mudar do seu sistema de
governação, isto é, do marxismo a democracia. Estas eram as condições impostas pelos
doadores. Após isso acontecer, "uma nova constituição proporcionou eleições
multipartidárias que levaram à privatização dos serviços, reduções nos gastos do governo e
uma transição para uma economia de mercado. O aumento contínuo da ajuda externa depois
do PAE tornou Moçambique num dos maiores beneficiários dos cuidados de saúde em África
actualmente (IHME, 2016a) e a ampla gama de actores no sector da saúde - organizações
multilaterais, doadores bilaterais, ONGs, fundações ou universidades - levou à fragmentação
dentro do sector através de fluxos de ajuda externa não coordenados e interesses de doadores
concorrentes" (Gironés at all 12:2018). Em outras palavras os ditos doadores sufocaram o
sistema de saúde com as suas doações, porque cada um tinha seus interesses e como
consequência o sistema entrou em colapso.
Segundo Gironés at all (2018) na década 90, "a governabilidade de Moçambique era fraca, o
orçamento do Estado para a saúde era muito escasso e várias instalações de saúde foram
destruídas no âmbito da guerra civil, principalmente nas áreas rurais. Além disso, o clima
neoliberal político e económico prevalecente introduziu grandes mudanças negativas para o
funcionamento eficaz do sistema público, por exemplo, em 1996, os salários dos funcionários
públicos eram apenas um terço do que tinham sido em 1991".
Factores culturais o elemento cultural é muito preponderante para a saúde nas zonas rurais,
porque quanto menos escolarizados mais acreditam na utilização dos médicos locais e
tradicionais ao envés das unidades sanitárias, por natureza verifica se escassez das unidades
sanitárias, mas mesmo as poucas que lá estão, não estão a ter aderência. Gironés at all (:2018)
vão para mais além dizendo que o " elemento fundamental na avaliação do acesso aos cuidados
de saúde, especialmente relevante no caso dos países da África Subsaariana, é a avaliação das
'necessidades de saúde não satisfeitas' que não são realmente expressas no uso dos serviços
de saúde". O que é que isso realmente significa?
Isso quer dizer que: " um indivíduo se apercebe da necessidade de cuidado, mas escolhe não
exigir serviços de saúde disponíveis; necessidade não seleccionada não atendida, quando
um indivíduo não recebe serviços de saúde por causa de barreiras de acesso além ou fora do
seu controlo; e expectativas não satisfeitas referem-se a um indivíduo que se apercebe da
necessidade de cuidados, procura cuidados, mas recebe um tratamento inadequado conforme
o julgue"(Gironés at al 25:2018.
Bibliografia
Gironés, A. L., Belvis, F., Julià, M & Benach, J. (2018). Desigualdades em Saúde em
Moçambique: necessidades, acesso, barreiras e qualidade de atendimento. Barcelona:
medicusmundi.